sábado, 9 de outubro de 2010

Aquecimento global — o outro lado da moeda.

Constantemente nos deparamos, nas diferentes mídias, com os resultados de estudos relacionados ao clima global desenvolvidos por organizações não governamentais de cunho ambientalista, governos, ONU, universidades, entre outros. Um dos temas mais abordados é, sem dúvida, o aquecimento global.
Blocos de gelo se desprendendo de geleiras são imagens comuns em campanhas contra o Aquecimento Global. Foto: Jessica. Licenciada pelo Creative Commons Atribuição 2.0 genérica.
Blocos de gelo se desprendendo de geleiras são imagens comuns em campanhas contra o Aquecimento Global. Foto: Jessica. Licenciada pelo Creative Commons Atribuição 2.0 genérica.
   Na maioria esmagadora dos casos, os resultados referentes ao assunto se mostram assustadores, muitas vezes apocalípticos, gerando em nosso âmago um sentimento de culpa. A verdade - tomada como absoluta - é que o modelo adotado pela atual sociedade capitalista é responsável pelo aumento das temperaturas em nível global, devido principalmente à emissão de CO2 liberado nas diferentes etapas do processo produtivo.
Emissão de CO2 por atividades humanas. Foto: *~Dawn~*. Licenciada pelo Creative Commons Attribution 3.0 United States License.
Emissão de CO2 por atividades humanas. Foto: *~Dawn~*. Licenciada pelo Creative Commons Attribution 3.0 United States License.
   Em outras palavras, somos todos culpados, seres humanos e CO2. A saída para contornar esse problema, de acordo com os ambientalistas, seria frear o processo produtivo dos países, o que comprometeria o desenvolvimento econômico mundial, principalmente dos países em desenvolvimento da América Latina, África e Ásia.
Somos mesmo culpados pelo aquecimento global?
   Bem, registros comprovam que, ao longo da história geológica, o planeta Terra passou por constantes mudanças e alterações climáticas. Ocorreram tanto períodos de aumento quando de diminuição da temperatura média global. Os períodos de resfriamento, ou glaciais, corresponderam a 90% da evolução geológica da Terra.  Os motivos dessas oscilações climáticas ainda não foram comprovados a partir de estudos científicos concretos. Da mesma forma, não se sabe se os motivos do atual aquecimento global estão relacionados ao aumento de emissão de poluentes, principalmente o CO2. Estudos mostram que a poluição natural gerada por atividades vulcânicas emite maiores quantidades de poluentes atmosféricos do que as atividades humanas. Uma única erupção vulcânica pode poluir mais do que anos de produção industrial. Recentemente, vários pesquisadores, incluindo brasileiros, constataram que ao longo dos próximos 20 anos o Oceano Pacífico sofrerá um processo de resfriamento, o que causará a diminuição da temperatura média no planeta, ou seja, ocorrerá um resfriamento global. Segundo o meteorologista do INPE Luis Carlos Molion, essa constatação está fundamentada nos estudos sobre as atividades solares, que mostram uma diminuição da produção de energia por parte do Sol. De acordo com o especialista, esse processo de resfriamento do Oceano Pacífico poderá diminuir os efeitos dos fenômenos El Niño e La Niña. Neste sentido, conclui Molion, o clima é determinado pelas atividades solares e pela capacidade dos oceanos absorverem energia, e não pela ação humana.
E o nosso cúmplice neste processo, o CO2? Será ele culpado ou inocente?
   Segundo pesquisas, os níveis de CO2 na atmosfera são definidos por vários fatores, entre eles as atividades antrópicas, a poluição natural e até mesmo as atividades solares. Há uma corrente científica que aponta que o gás carbônico não pode ser considerado um gás poluente nem como o principal responsável pelo aquecimento global, pois está inserido no processo de fotossíntese das plantas, ou seja, quanto maior sua quantidade na atmosfera, maior seria o desenvolvimento das plantas. Apontam o fato de que no período de maior aumento da temperatura, que se deu entre as décadas de 1920 e 1950, o processo produtivo mundial emitia cerca de 10% do gás carbônico que emite na atualidade. Também defendem a ideia de que existem poluentes que contribuem muito mais para o aquecimento global, como o enxofre. Para outra corrente, há um limite de absorção de CO2 por parte das plantas, ou seja, há mais gás carbônico na atmosfera do que as plantas podem absorver. Fica, portanto, a dúvida.
Aquecimento global, verdade ou mito?
   As correntes científicas contrárias ao aquecimento global se confrontam com a maioria esmagadora das pesquisas que defendem essa teoria, aliadas à mídia tendenciosa e a milhares de ativistas que tratam o aquecimento global de maneira fundamentalista. O fato é que falta visão crítica por parte da população mundial, que aceita os fatos sem contestação. Uma saída para esse impasse é conhecermos os dois lados da moeda. Voltemos à pergunta: o aquecimento global é verdade ou mito? Isso somente estudos científicos sérios poderão desvendar.
Ativistas em manifestação contra o Aquecimento Global na COP15 em Copenhague. Foto: Greenpeace Finland. Licenciada pelo Creative Commons Atribuição 2.0 genérica.
Ativistas em manifestação contra o Aquecimento Global na COP15 em Copenhague. Foto: Greenpeace Finland. Licenciada pelo Creative Commons Atribuição 2.0 genérica.
Existem pontos positivos no aquecimento global?
   Caso o planeta esteja realmente passando por um processo de aquecimento, alguns pontos podem ser apontados como positivos, segundo algumas correntes de pesquisa. Entre eles, podemos citar:
  • Maior conscientização das nações em relação à utilização dos recursos naturais, com destaque para o desenvolvimento de energias renováveis e não poluentes, promovendo assim o desenvolvimento sustentado.
  • Maior desenvolvimento da agricultura, devido ao fato de as plantas possuírem maior oferta de CO2 na atmosfera. Estudos realizados no Brasil comprovaram que a cana-de-açúcar se desenvolveu melhor em algumas áreas devido à maior quantidade de CO2 na atmosfera.
  • Países localizados nas altas latitudes, como Rússia, Estados Unidos e Canadá, onde o clima frio impede o desenvolvimento de atividades agrícolas, poderão aumentar sua produtividade no setor.
Por: Dorival dos Santos

Tempo seco, baixa umidade, estiagem e queimadas… O que Geografia pode explicar?

     As notícias estão em todos os meios de comunicação e os problemas podem ser sentidos por todos os sentidos (a repetição é proposital): no olfato, no tato, nos olhos, também na garganta, no coração, em todo o organismo, deixando as pessoas preocupadas e incomodadas.
     A OMS (Organização Mundial de Saúde) alerta para os cuidados que as pessoas devem ter quando os índices de umidade relativa atingem níveis considerados perigosos para a saúde. De acordo com o órgão, quando os índices de umidade relativa são inferiores a 30%, caracteriza-se estado de atenção; de 20% a 12%, estado de alerta; e abaixo de 12%, estado de alerta máximo.
Estiagem - Castanheira em paisagem amazônica. Foto: Ana_Cotta. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
Estiagem - Castanheira em paisagem amazônica. Foto: Ana_Cotta. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica. 
     Nos últimos dias, a umidade relativa do ar chegou a indicadores extremamente preocupantes. Em várias cidades do Estado de São Paulo, o índice ficou entre 11% e 17%. Na terça-feira, 24 de agosto, seis das 27 estações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) instaladas em território paulista marcavam índices abaixo de 12%, enquanto na capital federal o índice foi de apenas 7% no mesmo dia. Para se ter uma ideia, no Deserto do Saara a umidade relativa do ar oscila entre 10% e 15%.
O futuro?!? Foto: Matt Eckelberg. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
O futuro?!? Foto: Matt Eckelberg. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
A umidade relativa do ar.
     Dentro do ciclo hidrológico, a evaporação da água de lagos, mares e oceanos somada à evapotranspiração da cobertura vegetal, de solos e demais corpos que possuem água em sua composição - incluem-se aqui os seres humanos, que transpiram e respiram - transferem para a atmosfera grandes volumes de vapor d’água, que formam a umidade atmosférica.
Ciclo da água. Autor: John M. Evans/USGS-USA Gov
Ciclo da água. Autor: John M. Evans/USGS-USA Gov - Free for all use.
     Essa umidade pode ser relativa ou absoluta. A umidade relativa é a relação entre a umidade absoluta e o ponto de saturação, que é quantidade máxima de água que uma porção da atmosfera pode conter, medida em porcentagem. O ponto de saturação varia de acordo com a temperatura - quanto maior a temperatura, maior o ponto de saturação, ou seja, maior capacidade de conter umidade. Por sua vez, a umidade absoluta é a quantidade total de vapor d’água na atmosfera em determinado momento, medida em gramas pelo higrômetro. Também varia com a temperatura.
     Assim, quando a mídia noticia que a umidade relativa do ar é de 50%, por exemplo, quer dizer que a atmosfera atingiu 50% da capacidade de retenção de vapor d’água. Para que haja precipitação, é necessário, além de chegar ao ponto de saturação, que ocorra condensação da água na atmosfera. Em dias chuvosos, a umidade relativa do ar está em 100%, ou seja, atingiu a capacidade máxima de retenção e o ponto de saturação.
Estiagem e queimadas:
     Os períodos em que não ocorrem precipitações ou em que os volumes de chuva são insignificantes ou muito abaixo da média são conhecidos como períodos de estiagem. Os meses de inverno são normalmente períodos mais secos, com volumes menores de precipitação. Porém, estamos sob a influência da La niña, que, de acordo com os modelos de previsão climática divulgados pelo CPTEC/INPE (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no dia 18 de agosto, provocará chuvas abaixo da média em boa parte do Centro-Sul do País.
La Niña e a influência nos índices de pluviosidade para os próximos meses. Fonte: CPTEC/INPE.
La Niña e a influência nos índices de pluviosidade para os próximos meses. Previsão probabilística. Fonte: CPTEC/INPE.
     A menor incidência de chuvas somada aos baixos índices de umidade relativa do ar aumentam o risco de incêndios, que podem piorar ainda mais a situação, devido à poluição lançada na atmosfera durante as queimadas. Por isso, é necessária a conscientização da população, para que não acenda fogueiras, não solte balões, não queime lixo, não utilize queimadas para limpar terrenos, etc.
Prática corriqueira, queimada para "limpeza" do terreno. Foto: Otávio Nogueira. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
Prática corriqueira, queimada para ‘limpeza’ do terreno. Foto: Otávio Nogueira. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
Dicas para aliviar o desconforto:
     A baixa umidade relativa do ar pode provocar irritação nos olhos e até mesmo conjuntivite viral, problemas respiratórios, desidratação, desconforto no nariz e na garganta, inflamações no sistema respiratório, alterações no sistema circulatório, problemas cardiovasculares, entre outros problemas de saúde.
Poluição na cidade de Curitiba. Foto: Leonardo Boiko. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
Poluição na cidade de Curitiba. Foto: Leonardo Boiko. Licenciado pelo Creative Commons, atribuição 2.0 Genérica.
     Especialistas recomendam beber o dobro de líquido ingerido em dias normais; oferecer água várias vezes ao dia para crianças pequenas e idosos; utilizar umidificadores ou colocar vasilhas com água e pendurar toalhas molhadas nos ambientes, mantendo as janelas fechadas; evitar práticas esportivas ao ar livre, especialmente nos horários mais quentes do dia; nas principais refeições, ingerir comidas leves, frutas e saladas.

Por: Claudio Lopes Takayasu