Uma discussão entre casal resultou em um acidente de trânsito no final da tarde de segunda-feira, 5. O fato aconteceu na PR 483, no trecho da Bica D'Água, em Francisco Beltrão. Paulo Ricardo Oliveira Freitas, de 25 anos, colidiu seu automóvel Ford Ka, placas de Francisco Beltrão, com um caminhão Volkswagen 18-310, placas de Porto União (SC), conduzido por Silvio Tibes. O motorista do caminhão não se feriu e Paulo teve ferimentos leves, e foi conduzido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital São Francisco.
Contudo, o que chamou a atenção foram as circunstâncias que resultaram no fato. De acordo com informações coletadas pela reportagem da Rádio Onda Sul FM, que esteve no local, Paulo Ricardo conduzia o veículo acompanhado de sua companheira Juliana, os dois filhos dela, um de 13 anos e outro de seis meses, e ainda um sobrinho de seis anos. Eles iniciaram uma discussão e, segundo relatos de Juliana, Paulo ameaçou a todos de morte por diversas vezes.
"Nós estávamos na casa de um amigo, onde ele foi para vender o carro pra comprar os móveis pra casa. E não sei o que não deu certo, mas ele saiu nervoso, acelerando muito, e parou em outro lugar pedindo pra trocar o carro por um revólver, e daí ele veio dizendo que iria matar todos que estavam dentro do carro, eu, o bebê, os dois garotos, daí comecei a gritar pra ele parar com o carro. Então ele parou e mandou a gente descer e saiu acelerando a toda", declarou Juliana à Onda Sul.
Em seguida, conforme as vítimas, o indivíduo ainda teria tentando atropelar a família e, por fim, desceu do veículo e iniciou uma série de agressões contra a mulher a ao garoto de 13 anos. "Ele agrediu a gente e daí disse bem assim: 'agora, pra você aprender, eu vou matar teus filhos'. E daí veio de novo com o carro, contudo, pra tentar passar por cima da gente. Daí meu filho correu e pediu socorro. E então vimos bater contra o caminhão", conta Juliana.
Relação conturbada
Juliana revelou que os dois vivem juntos há três meses, mas ele sempre se portou de forma bastante agressiva. Por outro lado, Paulo confessou que os dois brigaram, mas nega ter agredido a mulher e o adolescente. "A gente veio do Pinheirinho, e ia parar na casa da minha tia que mora aqui perto, e ela mandou eu parar o carro, falou que não queria parar ali, daí ela desembarcou e eu fiz o balão e voltei para pegar eles. Daí falei: "amor entra no carro". Aí desembarquei pra falar com ela, fui abraçar ela e ela já veio com socos e ponta pé pra cima de mim. Em nenhum momento ergui o braço pra ela, e não tentei atropelar ninguém, a hora que saí com o carro já bati no caminhão", relatou Paulo.
Contudo, o garoto de 13 anos contou sua versão da história para a Polícia e o Conselho Tutelar, que foi acionado para acompanhar o caso. "Ele parou o carro ali e falou pra mãe descer do carro. Nós descemos e daí ele foi e depois voltou, e quase atropelou a gente no calçamento. Daí ele falou pra entrar no carro de novo, e a mãe falou que nós não íamos entrar, daí ele desceu e começou a chutar e bater nela, daí eu pulei nele pra impedir, aí ele começou a me dar socos também, daí eu saí correndo pedir socorro, daí parou um carro pra me ajudar", disse o adolescente.
Investigação
O fato chamou a atenção e a Polícia Civil vai instaurar um inquérito para investigar o caso. De acordo com o delegado-chefe da 19ª SDP, David Passerino, as partes serão interrogadas para avaliar o que ocorreu. "Por enquanto, do meu ponto de vista, não podemos afirmar que o fato configura tentativa de homicídio, mas sim ameaça e, possivelmente, agressão. Precisamos ouvir as partes e acompanhar a investigação. O rapaz ainda não foi detido, mas nada impede que seja interrogado e indiciado", destaca.
Na noite de segunda-feira, Juliana e as crianças foram encaminhadas para a casa de amigos da família, que se dispuseram a abrigá-los. Ontem, pela manhã, Juliana esteve na Delegacia de Polícia para registrar um Boletim de Ocorrência e fazer os exames no IML para identificar as lesões corporais dela e do filho.
De acordo com a conselheira tutelar Clemair Guedes Colpani, ainda ontem, pela manhã, a PM foi acionada para acompanhar Juliana até a residência, onde ela foi buscar roupas e pertences. "O rapaz estava na casa e não queria deixá-la entrar, por isso chamamos o apoio da polícia. Mas posso afirmar que a mulher e a criança sofreram agressões, pois as lesões no corpo são visíveis. Juliana estava sob proteção da Lei Maria da Penha, mas por ameaça dele retornou com ele e daí, segundo a PM, anula a proteção da lei. Agora, ela irá representar contra ele para que as providências sejam tomadas", comenta.
Fonte: JORNALDEBELTRAO