por Victor Bianchin
Cortando as raízes da planta, içando-a com um guindaste e levando a galhosa para sua casa nova. Esse processo pode ser feito tanto com árvores pequenas como com as que já estão adultas e pesam mais. É comum ver transplantes que ultrapassam 20 toneladas. Atualmente, um dos principais motivos para transportar uma árvore de um lugar a outro é a urbanização, que tira as plantas do caminho de obras. Pode parecer simples, mas a transferência exige muito cuidado, já que a árvore pode ser danificada e até morrer em um procedimento malfeito. Em alguns estados existe até uma lei exigindo que, caso a árvore não sobreviva, o responsável compense a perda com outras mudas. Por isso, para evitar transtornos, o ideal é planejar tudo com antecedência, para que as novas raízes tenham tempo de crescer - o que facilita a adaptação da planta ao novo habitat.
Vida nômade
Para se fixar bem na nova terra, a árvore precisa de um corte especial nas raízes e ser plantada na mesma posição
1. Meses antes do transplante, é preciso cavar um círculo ao redor da árvore (com pás ou escavadeira) com cerca de seis vezes o diâmetro do tronco. A cavidade pode ter, em média, 60 cm de profundidade, já que as raízes principais estão mais próximas à superfície.
2. As raízes são cortadas com serrote de poda, instrumento específico para esse tipo de procedimento. Com o círculo já escavado e as raízes serradas, é preciso jogar terra úmida e muito adubo na valeta, além de regar o local com frequência, dia sim, dia não.
3. Após seis meses, novas raízes começam a brotar e a árvore está pronta para o transplante. O torrão - bloco de terra e raízes - é embalado antes da mudança. Quando não há preparação, o torrão e as folhas são borrifados com uma mistura viscosa que mantém a planta nutrida.
4. O torrão é embalado com saco de juta, que é biodegradável e não precisa ser retirado na hora em que a árvore é recolocada no solo. Até dá para usar outros materiais, como saco de plástico, por exemplo, mas aí é preciso retirá-los antes de replantar.
5. Cabos de aço envolvem o torrão, e cabos extras são amarrados nos galhos para equilibrar a árvore enquanto ela estiver no ar. Ela é içada por um guindaste e viaja até o seu destino. O novo local deve ter o solo fofo, adubado e irrigado.
6. Se o trajeto for longo, um caminhão é utilizado no transporte. É importante plantar a árvore na mesma posição em que ela foi retirada, já que foi assim que ela cresceu e se adaptou ao ambiente.
7. Como as raízes ainda não estão fixadas, a árvore recebe escoras de madeira para resistir aos ventos. Essa estrutura de apoio fica até que a árvore se adapte, ganhe força e se sustente sozinha. Isso pode demorar, em média, um ano.
Consultoria Demóstenes Silva Filho, professor de silvicultura urbana da Esalq-USP; Josué Borges, diretor técnico da Technoplanta; Marcelo Urtado, engenheiro agrônom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário