sexta-feira, 4 de maio de 2012

POESIA DE CORDEL:













AGRADEÇO AO MEU DEUS





Agradeço ao meu Deus
Por minha mulher dizer
Meu querido no jantar
Pouco temos pra comer
Eu olho pra ela e digo
Só em você está comigo
Muito tenho a agradecer


Agradeço ao meu Deus
Por minha filha falar
Não quero lavar a louça
Nem a roupa engomar
Isto me deixa contente
Pois a filha adolescente
Ao meu lado sempre está


Agradeço ao meu Deus
Pelas broncas do gerente
A maioria das vezes
Magoa demais a gente
Isso é coisa do passado
Ainda estou empregado
De Deus isto é um presente


Agradeço ao meu Deus
Pelo estrago que ficou
Depois daquela festinha
Que muito me alegrou
Pois sei que estou rodeado
De amigo por todo lado
Honras que Deus ofertou


Agradeço ao meu Deus
Por muito ter engordado
Porque isto quer dizer
Que estou bem alimentado
Não me falta suprimento
Isto é um lenimento
Neste mundo flagelado


Agradeço ao meu Deus
Por ser justo e fiel
E por ter o meu espaço
Nesta torre de Babel
Louvo-te de coração
Por me dar a permissão
De fazer este cordel.

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Dalinha Catunda no palco da Estação Cordel na FLIT 






DEU SAUDADE DE REPENTE


*


Lembro-me dos belos dias


Tão repletos de alegrias


Onde as velhas cantorias


Encantavam meu rincão.


Com jeitinho de repente


Eu revivo no presente


Este canto absorvente


Nos oito pés a quadrão.


*


Gostava da brincadeira


De pegar numa peixeira


E descascar macaxeira


Pras bandas do meu sertão


Porém minha realidade,


Residindo na cidade


É matar minha saudade


Nos oito pés a quadrão.


*


Morando na minha oca,


Descascava a mandioca


Para fazer tapioca


Naqueles tempos de então


Depois deitava na rede


Tacava o pé na parede


Hoje mato minha sede


Nos oito pés a quadrão


*


O rádio eu sempre ligava


Quando a aurora raiava,


E cantando acompanhava


O canto do Gonzagão.


Nosso bom cabra da peste,


O rei caboclo do agreste


E que já cantou o Nordeste


Nos oito pés a quadrão.


*


Sei que não sou repentista,


Porém vou seguindo a pista


Sem baixar a minha crista


Sem ter medo de esporão.


Eu gosto de versejar


Não importa o lugar


Mas você vai me escutar


Nos oito pés a quadrão.


*


Isto é canto de mulher


Que vai metendo a colher


E como quem nada quer


Na cumbuca mete a mão.


De lá tira agulha e linha


Não dá nó nem desalinha


Pois é canto de Dalinha


Nos oito pés a quadrão.


*


Foto do acervo de Dalinha Catunda[


Texto de Dalinha Catunda

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