Toda a graça e exuberância do flamingo-americano nas salinas e manguezais no litoral mexicano.
Um flamingo mais parece uma ave desenhada por excitadas crianças de três ou quatro anos – as pernas absurdamente compridas, os tornozelos protuberantes (que lembram joelhos), o pescoço sinuoso e o bico exagerado – que usam os crayons mais berrantes que tem à mão. Mas é exatamente esse conjunto de características físicas inusitadas que permite ao flamingo-americano (Phoenicopterus ruber) sobreviver e prosperar em salinas, várzeas lamacentas, lagunas e manguezais. Com os bicos curvos ele revolve pedaços de lama para fazer um ninho. E no interior do bico, cerdas rijas filtram a água e retêm pequenos crustáceos, moluscos, insetos e suas larvas, assim como a vegetação submersa.
E as penas tão deslumbrantes? Elas parecem existir apenas para o nosso deleite, mas na realidade nem começam sendo rosadas. Quando saem dos ovos, os filhotes têm penas brancas que logo se tornam acinzentadas – e só mais tarde adquirem o tom rosado, devido a bactérias aquáticas e ao betacaroteno ingerido com os alimentos.
Embora tenham virado um clichê visual, imortalizado em baratos ornamentos plásticos de jardim, os flamingos ainda são estranhamente misteriosos. “Por mais reconhecíveis que sejam, o fato é que não sabemos grande coisa a respeito deles”, comenta Chris Brown, o responsável pelas aves no zoológico e aquário infantil de Dallas, que estuda os flamingos-americanos da península de Yucatán, no México. Os cientistas não têm certeza nem mesmo a respeito dos comportamentos mais corriqueiros, como a propensão a se apoiarem apenas em uma perna. (Alguns avançam a hipótese de que isto está relacionado com o modo como essas aves repousam.) Além disso, como os flamingos vivem em áreas remotas e se mudam à medida que as áreas de alimentação são inundadas ou ficam secas, não é fácil para os pesquisadores sequer fazer a contagem e acompanhar a movimentação das populações – e muito menos entender como elas são afetadas por secas, furacões e variações no nível das águas em função de mudanças climáticas ou da ocupação humana dos litorais.
O que de fato sabemos sobre os grandes bandos de flamingos em condições naturais é que eles são extremamente sociáveis e dedicados uns aos outros. E que realizam danças de acasalamento em grupo. Os pais são muito ciosos de seus filhotes, reunindo-os em berçários enquanto machos e fêmeas saem em busca de comida. E quando surge alguma ameaça, milhares deles se movem em perfeita sincronia – um balé que talvez aumente a probabilidade de sobrevivência em um mundo repleto de perigos. – Nancy Shute.
FONTE
www.superinteressante.com/
FOTOS ILUSTRATIVAS
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