domingo, 25 de novembro de 2012

Saiba tudo sobre a dor e acabe com ela.

Todo Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”, escreveu William Shakespeare. No que se refere à saúde, a mulher brasileira parece discordar do dramaturgo inglês. Ela sente e suporta a dor — mais do que deveria. Uma pesquisa feita em 2008 pela Pfizer e pelo Ibope com 1,4 milhão de pessoas constatou que 93% das entrevistadas já tiveram cefaleias, 65% sofreram com a coluna e 56% padeceram de cólicas menstruais. A maioria das mulheres (69%) só procura o médico quando o incômodo vai de moderado a intenso. Até lá, engole uma pílula, faz compressas e lança mão de outras receitinhas da vovó.
Seja sob a forma de perfuração, queimação, compressão, seja sob a forma de choques, o incômodo tem um papel a cumprir. Ao ignorar o sintoma, corre-se o risco de deixar passar batido doenças que seriam controladas mais facilmente se apanhadas no início. Confira as últimas descobertas antes de esquentar a bolsa de água quente.

NUANCES PESSOAIS
A ciência confirma: você não está com frescura se sofre para depilar a axila, enquanto suas amigas não se importam com isso. “Imagens obtidas por ressonância magnética mostram que, se alguém diz que algo dói, de fato dói”, afirma Michael S. Gold, professor de medicina da Universidade de Pittsburgh, nos EUA. Um dos responsáveis por essa diferença é o DNA. “Pesquisas em animais mostram que a carga hereditária influencia a percepção de 30 a 75%”, diz Jeffrey S. Mogil, especialista em genética da dor na Universidade McGill, no Canadá. Então, se sua mãe grita ao bater o dedão no pé da mesa, é provável que você reaja do mesmo modo. Fatores psicológicos também contam. Pesquisadores da Universidade Wake Forest, nos EUA, testaram o peso da expectativa: voluntários avisados de que sentiriam um leve desconforto relataram menos sofrimento em comparação aos alertados para se prepararem para o pior. A diferença foi de 28%, semelhante ao alívio produzido por analgésicos potentes.

ALARME QUEBRADO
Uma dor é chamada de crônica se persiste por mais de três meses, como se o alarme que deveria soar só em emergências quebra e não desliga. Submetido a estímulo prolongado, o sistema se desgasta. Nervos projetados para conduzir outros impulsos sensoriais são recrutados, de modo que o tormento continua mesmo na ausência do estímulo. Em casos de martírios ininterruptos, seu corpo envia sinais reais, que, além de aumentar as chances de depressão, agridem a mente. Uma pesquisa do Journal of Neuroscience constatou que o cérebro de pessoas com sofrimento crônico nas costas tinha até 11% menos massa cinzenta em comparação aos que estavam livres do tormento. A explicação provável: os neurônios requisitados são tão exigidos que morrem mais cedo.

TOMANDO PARTIDO
Quem já cuidou de namorado gripado jura que as mulheres são mais resistentes à dor. Mas, de acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor, é o contrário: o sexo feminino possui menor tolerância a esses estímulos. “Na mulher, o incômodo é mais intenso, recorrente, dura mais tempo e responde menos a analgésicos”, diz a anestesista Fabíola Peixoto Minson, coordenadora da equipe de tratamento de dor do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Dores na face, pescoço, ombros, joelho e costas atingem 1,5 mulher para cada homem; na enxaqueca, a proporção é 2,5 para 1, e na fibromialgia, de 4 para 1. Nós representamos 72% dos sofredores crônicos. Os hormônios contribuem para a diferença entre os sexos e nós somos mais sensíveis na segunda metade do ciclo menstrual. Por isso, evite marcar o dentista e a depilação nesse período. E, quando as dores persistirem, considere procurar um centro especializado. “Às vezes, não é possível zerar a dor”, diz Fabíola Minson. “Mas o incômodo pode ser aliviado.”

O CAMINHO DA DOR

1. As terminações nervosas disparam o impulso doloroso para a medula, que o reenvia ao cérebro, se julgar importante.

2.O tálamo recebe a informação e a interpreta como dor.

3.O córtex cerebral e o sistema límbico decidem como reagir.

4.Os tecidos ao redor da lesão, o sangue e os gânglios linfáticos liberam substâncias que limpam e protegem a área.

5.O sistema nervoso produz endorfinas, nossos analgésicos naturais.

A ERA DOS SUPERMEDICAMENTOS
>> Analgésicos Comuns
Medicamentos: Paracetamol, dipirona
Indicações: Dores em geral, de leves a moderadas
Mecanismos de ação: Interferem no processamento da informação dolorosa
Como eram: Alguns necessitavam de prescrição e possuíam tarja na embalagem. A dose de um comprimido de paracetamol era de 500 miligramas
Como são: Mais fortes. Há comprimidos de paracetamol que, além da dosagem de 750 miligramas, são associados a substâncias como a cafeína (atenuante de efeitos colaterais como a sonolência). Já a dipirona pode ser combinada a fármacos como a prometazina e a edifenina para acelerar a ação analgésica

>> Analgésicos Opiáceos
Medicamentos: Codeína, tramadol, oxicodona e fentanil
Indicações: Dores intensas como as provocadas por câncer, traumas, cirurgias, cólica renal e neuropatias
Mecanismos de ação: Ocupam os receptores das endorfinas e estimulam os centros de prazer e recompensa no cérebro
Como eram: Ingeridos apenas por via oral ou injetável. A codeína, comum em xaropes para tosse, era usada isoladamente
Como são: Há novas apresentações, como em adesivos. Medicamentos associam codeína a paracetamol para aumentar o efeito analgésico

>> Anti-Inflamatórios Tradicionais
Medicamentos: Ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, diclofenaco, naproxeno, nimesulida
Indicações: Dores associadas a processos inflamatórios, cólicas menstruais, entre outras
Mecanismos de ação: Interferem na produção de componentes responsáveis pela inflamação e pela dor
Como eram: Ingeridos somente por via oral ou injetável, de rápida absorção
Como são: Há novas apresentações, como em adesivos. Medicamentos associam codeína a paracetamol para aumentar o efeito analgésico

>> Anti-Inflamatórios (inibidores da Cox 2)
Medicamentos: Parecoxibe, celecoxibe e etoricoxibe
Indicações: Dores lombares e articulares e dores crônicas em geral
Mecanismos de ação: Oferecem menor risco gastrintestinal. Mas alguns fármacos foram recolhidos por risco cardiovascular
Como eram: Considerados uma promessa por melhorar a tolerabilidade gastrintestinal em relação aos anti-inflamatórios tradicionais
Como são: Não estão mais fortes, mas passaram a ser vendidos sob prescrição

>> Anticonvulsivantes
Medicamentos: Divalproato de sódio, topiramato, carbamazepina, gabapentina, oxcarbazepina e pregabalina
Indicações: Neuralgia do trigêmeo, fibromialgia, neuropatias e alguns tipos de dores de cabeça
Mecanismos de ação: Alteram a troca de informações entre as células nervosas
Como eram: Apenas utilizados em casos de doenças com manifestações convulsivas ou epilepsia, além de transtornos psiquiátricos
Como são: Passaram a ser utilizados também para efeito analgésico em quadros dolorosos crônicos e enxaquecas. Há versões em comprimidos de liberação prolongada

>> Triptanos
Medicamentos: Sumatriptano, rizatriptano, zolmitriptano, naratriptano
Indicações: Dores de cabeça (interrompem crises de enxaqueca e cefaleia em salvas)
Mecanismos de ação: Reduzem o calibre dos vasos do crânio para impedir a liberação de substâncias que provocam dor
Como eram: De uso isolado e com poucas moléculas representativas no grupo
Como são: Novas moléculas com apresentações de liberação lenta e também sublingual, que otimizam a absorção e facilitam o uso. Já a dipirona pode ser combinada a fármacos como a prometazina e a edifenina para acelerar a ação analgésica. Salvo exceções, a venda desses medicamentos é livre

ACUPUNTURA
Cada vez mais a acupuntura é aceita pela comunidade científica. Estudos realizados pelo departamento de anestesiologia da Universidade Duke, nos EUA, mostraram que, além de diminuir o uso de analgésicos após cirurgias, a técnica reduz a frequência e a intensidade de dores de cabeça crônicas. Feita com agulhas ou equipamentos a laser, ela se destaca sobretudo quando há um componente muscular envolvido.

ALERTA MÁXIMO
Dor de cabeça forte - Se você sentir uma britadeira perfurando o seu cérebro, mas sem os sintomas típicos de enxaqueca (dor latejante, unilateral, acompanhada de náuseas e de intolerância à luz), ela pode sinalizar quadros mais graves, como meningite, tumores e até aneurisma, inchaço em artéria que irriga o cérebro — a dor surge quando a bolha formada se rompe e o sangue inunda o tecido ao redor.
Dor nas costas e pés formigando - Ajudou a prima a carregar as caixas da mudança? Anti-inflamatórios e compressas quentes devem resolver. Mas, se não cometeu extravagância e sente a dor nas costas irradiando para as pernas, talvez seja hérnia de disco. Ela surge quando o disco existente entre as vértebras para amortecer os impactos e distribuir os esforços da coluna se rompe e seu conteúdo gelatinoso vaza, inflamando os nervos ao redor.
Do braço para o peito - A sensação é de estar presa num espartilho? Cresce a incidência de infarto em mulheres abaixo de 45 anos, e o sintoma nem sempre é a dor no peito que caminha em direção ao braço esquerdo. Você pode sentir apenas pressão, fadiga e diminuição da respiração. Olho vivo se o mal-estar vier durante o treino.
Desconforto abdominal - Quem nunca se sentiu como um balão inflado às vésperas de menstruar? Mas, se o inchaço ocorrer diariamente por mais de duas semanas, junto com dor abdominal, dificuldade para comer e alterações urinárias, atenção. A pior hipótese é câncer de ovário. Embora não seja tão comum quanto o de mama, quase sempre é descoberto em estágios avançados.
Dor pélvica constante ou incapacitante - A cólica menstrual pode ser pista de endometriose, distúrbio em que o revestimento do útero aparece embaixo dos ovários, atrás do útero e na superfície do intestino. Ela atinge 15% da população em idade fértil, provocando fluxo menstrual abundante, dor na relação sexual e infertilidade.
Inchaço e dor nas pernas - Sua panturrilha está inchada, vermelha e quente? Suspeite de trombose venosa profunda, ainda mais se você acaba de chegar de Tóquio ou passou horas sentada trabalhando. O sangue começa a se empoçar nas pernas e pode formar um coágulo capaz de obstruir um vaso local ou viajar para o pulmão e interromper a passagem do ar.

OS PERIGOS DO EXCESSO
Conheça os riscos à saúde oferecidos por analgésicos populares quando usados indiscriminadamente:
>> Ácido acetilsalicílico
A curto prazo: Azia, sangramento e alergias cutâneas e respiratórias
A longo prazo: Gastrite e úlcera; alterações na coagulação sanguínea que levam a hemorragias

>> Dipirona
A curto prazo: Queda da temperatura e da pressão arterial e reações alérgicas
A curto prazo: Redução de granulócitos, células de defesa do sangue

>> Paracetamol
A curto prazo: Reações alérgicas e gastrintestinais
A curto prazo: Lesões no fígado e nos rins

>> Ibuprofeno
A curto prazo: Náuseas e desconforto abdominal
A curto prazo: Danos aos rins, modificação na coagulação e distúrbios visuais

FONTE.:

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