segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

RENAULT FLUENCE GT.










TESTE: RENAULT FLUENCE GT – CHOCOLATE COM PIMENTA


Saudoso do Civic Si? Pensando num Jetta TSI? Então talvez o Fluence GT não seja exatamente o que você procura. O visual incrementado e o motor 2.0 turbo de 180 cv com câmbio manual de seis marchas estão lá para mostrar que esse Renault não é bobo, mas se é pegada realmente esportiva que você quer, melhor buscar um Si usado. A receita desse carro é mais light, com ênfase no equilíbrio entre desempenho e conforto: tem pimenta, mas é doce como chocolate.

O Civic Si é bem ardido, pede motor girando, marchas esticadas até 8 mil rpm e tem uma suspensão dura que maltrata sua coluna em pisos ruins. O Jetta TSI é mais civilizado, dispensa o pé esquerdo (é automatizado de dupla embreagem) e não tem tanta rigidez na suspensão, mas não oferece o mesmo conforto do Fluence e custa mais caro tanto na hora de comprar quanto ao fazer o seguro. Não que o GT seja o melhor dos três (traz o novo Si logo, Honda…), estou dizendo apenas que o Renault serve a um público diferente do Honda e do Volkswagen. Tabelado a R$ 80.640, esse Fluence vem com pacote fechado de equipamentos, já com seis airbags, ESP, faróis de xenônio, ar digital e GPS Tom Tom com tela de 5 polegadas e controle remoto, só para citar os itens mais importantes.




O estilo do GT é até um pouco exagerado para o tipo de cliente dele. Se eu comprasse um, deixaria-o mais careta possível, só com as rodas aro 17 de desenho exclusivo e o discreto aerofólio na traseira (tem ainda as saias na frente, traseira e laterais). A graça desse carro é ser um Fluence quando você quer um sedã para viajar com a família e oferecer 180 cv quando você estiver mais, digamos, animado. Vestir o GT é mais legal que as versões aspiradas, por causa dos ótimos bancos com abas pronunciadas, da pedaleira esportiva e do quadro de instrumentos digital – eu trocaria só o grafismo amarelo do conta-giros por um vermelho, para combinar com a costura do banco e do volante.




Dirigindo de forma sossegada, você não diz que está num carro turbo – parece um aspirado de cilindrada superior, como um 2.5. É um típico Fluence: roda macio e silencioso, tem câmbio de trocas fáceis, pedais leves e direção (elétrica) peso pluma nas manobras. A diferença fica por conta do amplo torque disponível. Com turbo de duplo fluxo, como nos BMWs, o GT entrega fartos 30,6 kgfm logo a 2.250 rpm, sendo 20 kgfm já em 1.200 rpm. Ou seja, você mal acelera e o carro já mostra muita disposição. Na cidade, essa característica faz da terceira marcha um coringa – você pode usá-la em quase todas as situações que o sedã responde a contento. Já o consumo vai depender do quanto você exigir do turbo. Em ambiente urbano, andando moderado, conseguimos média de 7,6 km/l.



Na estrada, pode esquecer o câmbio na sexta marcha. A rotação a 120 km/h fica abaixo de 3 mil rpm e o consumo passa dos 12 km/l. Mas mesmo com a relação alongada em relação ao Fluence “normal”, o GT “enche” rápido e exibe força de sobra para as ultrapassagens em pistas de mão dupla. No máximo você reduz para quinta e vê o velocímetro digital ganhar números acima da lei rapidamente. Basta observar que a retomada de 80 a 120 km/h, feita em 8,2 s, foi mais ágil que a marca do Citroën DS3 testado por CARPLACE mês passado – um esportivo bem mais leve que o Fluence.

Esperávamos, porém, um pouco mais de apetite nas acelerações. Não que a marca de 9,2 s de 0 a 100 km/h registrada em nosso teste seja ruim, mas é que a Renault divulga apenas 8,0 s. Para efeito de comparação, o Peugeot 308 THP (com motor 1.6 turbo de 165 cv e câmbio automático de seis marchas) cumpriu a mesma prova em 8,7 s. Por outro lado, o GT voltou a agradar nas medições de frenagem: bons 39,3 metros até parar, vindo a 100 km/h. Vale lembrar que não foram feitas alterações no sistema de freios em relação às versões aspiradas.



O que também não mudou, curiosamente, foi a medida dos pneus: 205/55 R17 da Continental. E a suspensão foi apenas levemente enrijecida, ao passo que o GT não deixou de ser um Fluence, superando buracos e valetas com suavidade e sem raspar os para-choques. “Mas e quando a gente resolve correr?”, você me pergunta. Bom, o GT deixa a carroceria “rolar” mais que um Si ou um Jetta TSI numa tocada de serra mais agressiva, no entanto, ainda é um carro de bitolas largas, rodas grandes, pneus bem aderentes e suspensão um pouco mais firme do que o Fluence comum – que já é um modelo estável. Ou seja, dá para se divertir sem passar sustos.

No fim do dia, o GT não é aquele carro que desperta paixões, mas também não é tipo ame-o ou deixe-o como o Civic Si. Quem procura bom desempenho sem ter de conviver com os desconfortos de um esportivo, pode gostar do tempero desse novo Renault.

Por Daniel Messeder

Ficha técnica – Renault Fluence GT

Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.998 cm3, 16 válvulas, turbo, comando de válvulas variável na admissão, gasolina; Potência: 180 cv a 5.500 rpm; Torque: 30,6 kgfm a 2.250 rpm; Transmissão: câmbio manual de seis marchas, tração dianteira; Direção: elétrica;Suspensão: Independente Mac Pherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: disco nas quatro rodas, com ABS; Peso: 1.341 kg; Porta-malas: 530 litros; Dimensões: comprimento 4,640 mm, largura 1,810 mm, altura 1,470 mm, entreeixos 2,700 mm; 

Medições CARPLACE – valores entre parênteses se referem ao teste com ar-condicionado ligado 

Aceleração

0 a 60 km/h: 4,4 s (4,5 s)

0 a 80 km/h: 6,2 s (6,4 s)

0 a 100 km/h: 9,2 s (9,4 s) 


Retomada

40 a 100 km/h em 3a marcha: 7,9 s (8,4 s)

80 a 120 km/h em 5a marcha: 8,2 s (8,3 s) 


Frenagem

100 km/h a 0: 39,3 m

80 km/h a 0: 24,2 m

60 km/h a 0: 13,8 m 


Consumo

Ciclo cidade: 7,6 km/l

Ciclo estrada: 12,3 km/l 


Números do fabricante

Aceleração 0 a 100 km/h: 8,0 s

Consumo cidade: N/D

Consumo estrada: N/D

Velocidade máxima: 220 km/h 




FONTE
www.r7.com/
FOTOS ILUSTRATIVAS

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