Audrey Wood
Análise do Livro A Casa Sonolenta
POR PROFESSORA LEILA PRYJMA
livro “A Casa Sonolenta” foi escrito por Audrey Wood e possui ilustrações de Don Wood, pertence à coleção Abracadabra, produzido pela Editora Ática. Trata-se de uma narrativa versificada, com caráter descritivo, sendo um bom exemplo de como a sequência é fundamental para o estabelecimento da coerência textual.
A acessibilidade à leitura e ao livro impresso, imprimiu ao ilustrador, ou à ilustração um papel importante na Literatura Infantil. A ilustração pode proporcionar a mediação entre o mundo letrado e o mundo visual, visto que o público-alvo do livro é o infantil, é inegável que sua leitura passa pela instância do olhar. Dessa forma, na literatura infantil a ilustração passa a ser uma linguagem de acesso rápido que ajuda o leitor em processo a interagir com a palavra. No livro “A Casa Sonolenta” as duas linguagens, visual e não visual compartilham o mesmo suporte de forma que facilita a leitura e cria redes mentais interpretativas, dando-lhe um todo:
“A ilustração convive e faz parte do contexto da história da arte. Ela é um objeto de reprodução e está inserida em uma indústria cultural. Inter-relaciona-se com outras linguagens, transita em um espaço multifacetado. Dialoga com o verbal, mas pode utilizar recursos advindos do cinema, da pintura, dos quadrinhos. Pertence a um período em que diferentes manifestações artísticas interagem, se interpenetram. Não há, ou não deveria ter, mais a divisão preconceituosa em arte maior e menor, nem a divisão rígida de categorias artísticas. Picasso, Matisse ou Miró pintam, produzem cartazes, criam cenários”. (Mokarzel, 1998).
Figura 1 – página do Livro A Casa Sonolenta
Na primeira página, surge a casa, limpa, bonita, florida, janelas com vidros fechados e persianas abertas, cores frias, portão aberto, uma chuva torrencial e é de dia. Cara de dia preguiçoso, bom de dormir... e dentro da casa, o livro apresenta um único ambiente o quarto, no qual todas as personagens dormem, a avó, o menino, o cachorro, o gato e o rato, mas eis que surge alguém acordado... quem? Uma pulga que ao picar o rato, desencadeia uma série de acontecimentos fazendo com que todos acordem.
Será possível?
Um pulga acordada,
que picou o rato,
que assustou o gato,
que arranhou o cachorro,
que caiu sobre o menino,
que deu um susto na avó,
que quebrou a cama,
numa casa sonolenta,
onde ninguém mais estava dormindo.
A sequência escrita é sempre acompanhada do indutor visual, uma recriação da história através da linguagem visual. A ilustração vai muito além do que uma simples imagem do texto, ela é recheada de significações, constituinte de uma linguagem própria, extremamente presente na obra A Casa Sonolenta. A ilustração, enquanto código visual, dá brilho à palavra:
Figura 2 – Página do livro A casa Sonolenta Figura 3 – Página do livro A casa Sonolenta
Portanto, em relação ao livro A Casa Sonolenta, não podemos desconsiderar as ilustrações, que conforme pode ser observado pela figura 2 e 3, acompanham o desenrolar da história, além de que as cores frias apresentam a sensação de sonolência, conforme a narrativa caminha para o despertar dos personagens as cores acompanham.
Dessa forma, percebe-se que além da escrita, a presença da ilustração pode desempenhar um forte papel na literatura, assumindo diferentes funções tais como descrever, simbolizar, pontuar pela arte plástica, narrar, brincar, normatizar ou até persuadir.
FONTE:
Referência:
MOKARZEL, Marisa de Oliveira. O era uma vez na ilustração. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998.
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