sexta-feira, 14 de junho de 2013

Volvo apresenta o primeiro caminhão a diesel-GNL do Brasil.

Modelo FM 460 adaptado roda em testes no Brasil e marca sueca aposta no futuro dos veículos “flex”.


O setor de caminhões passou por grandes transformações nos últimos anos. A preocupação com o consumo de combustível e nível de emissões dos veículos pesados ficou evidenciado com a adoção do Proconve P7 no Brasil em 2012, correspondente ao Euro 5. A União Europeia, por sua vez, se prepara para adotar o padrão Euro 6, bem mais rígido, que será obrigatório por lá em 2014 e que aqui ainda não tem data certa para chegar – a previsão é que seja em 2016. Nesse intervalo, uma nova tecnologia pode surgir no mercado brasileiro, com a promessa de reduzir o consumo de diesel e as emissões de poluentes em trajetos de longa distância. A Volvo apresentou o primeiro caminhão movido a diesel e a Gás Natural Liquefeito. O sistema que combina os dois combustíveis passou a ser introduzido em modelos na Europa no segundo semestre do ano passado e ainda não tem previsão para ser comercializado no Brasil. 

O grande apelo do sistema é a redução do consumo de diesel, já que o GNL substitui 62% do uso do combustível fóssil. Os primeiros testes da Volvo indicam que ele reduz ainda em cerca de 28% a produção de CO2, além baixar a emissão de compostos de enxofre, nitrogênio e particulados. O modelo mostrado no Brasil é um FM 460 6X4, importado da Suécia, com motor 13 litros de 460 cv de potência e 234,5 kgfm de torque. A tecnologia do propulsor é baseada no motor diesel convencional equipado com injetores para gás, um tanque criogênico com um isolamento térmico que mantém o gás liquefeito e resfriado a -135ºC e um conversor catalítico. O projeto é uma parceria com a GásLocal – joint-venture formada por White Martins e Petrobras. A empresa é responsável pela liquefação do gás por meio de um processo de resfriamento a 162ºC negativos.“Até 2020, esperamos que o GNL responda de 15% a 20% no uso de combustíveis” , aposta Sérgio Gomes, diretor de estratégia de caminhões do Grupo Volvo América Latina.

Por aqui, o caminhão está em fase de testes desde fevereiro – rodando com uma licença especial, já que o sistema não é reconhecido nas regras do Proconve P7 – e já totalizou mais de 50 mil km percorridos. “Os primeiros caminhões movidos a GNL fabricados pela Volvo já estão circulando com sucesso na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, os resultados iniciais são animadores e temos potencial para viabilizar a comercialização de caminhões GNL num futuro próximo” , declara Gomes. A Volvo não quer antecipar informações sobre venda ou preço do novo caminhão. A tendência, porém, é que os novos modelos sejam mais caros, já que trazem uma série de componentes novos. Mas como o GNL é mais barato que o diesel, o sistema deve reduzir sensivelmente os custos na operação.

Equipado com um tanque de diesel para 330 litros e outro de GNL para 290 litros, o caminhão alcança a autonomia de 900 km – 600 deles só com GNL. Apesar de ser um “flex”, o FM460 GNL necessita do diesel para rodar. Os dois combustíveis se combinam na câmara de combustão e é o diesel que atua no momento da ignição por compressão, enquanto o GNL garante o restante da potência após a combustão inicial. Nos testes realizados pela Volvo, o pesado circulou 580 quilômetros com 27 toneladas de carga e consumiu apenas 90 litros de diesel – juntamente com os 290 litros de GNL. Em um trajeto só usando diesel, o consumo
seria de 222 litros.

Outra vantagem é que o gás em estado liquefeito permite armazenar mais combustível nos tanques em comparação com o combustível comprimido, já que o volume é 600 vezes menor. Isto proporciona ao caminhão GNL uma autonomia muito maior do que a dos caminhões tradicionais movidos a gás que recorrem a ignição por velas. Segundo a Volvo, a tecnologia diesel-GNL oferece o mesmo nível de confiabilidade operacional aos caminhões que o motor diesel “normal”. A dirigibilidade também é similar. E, caso o gás acabe, o sistema automaticamente passa para o diesel. O motorista é então alertado por uma luz que acende no painel de instrumentos.
A infra-estrutura necessária para receber os caminhões diesel-GNL é outro ponto que precisa ser solucionado antes da implantação do sistema. A planta da White Martins em Paulínia tem capacidade de produzir 380 mil m³ do gás por dia. O composto já é distribuído pela empresa para uso industrial. Gilney Bastos, executivo da White Martins, afirma que o processo de implantação do GNL nos postos é extremamente fácil. “Sempre que existe gás natural comprimido em um posto, há também um tanque de GNL para gerar essa compressão. Basta fazer uma pequena adaptação para abastecer os veículos” , garante. Atualmente na Europa já existem 38 estações de abastecimento GNL, com projetos de chegar a 181 a curto prazo.
Texto:
 Raphael Panaro /
 Fonte:
  MotorDream / Fotos: Raphael Panaro / Carta Z Notícias e Divulgação

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