O começo de julho de 1983 foi de dificuldades e muita angústia para os moradores do Vale do Itajaí. No dia 5 daquele mês, a chuva forte atingiu a região por cinco dias e o rio Itajaí-Açu atingiu 15 metros. A enchente de 1983 matou 49 pessoas e deixou 197.790 mil desabrigados em 90 municípios catarinenses, segundo a Defesa Civil do estado.
A Prefeitura de Blumenau ficou completamente ilhada. Casas foram arrastadas, pessoas tiveram que se abrigar em sótãos, em marquises. Faltou água e comida. No centro ou nos bairros, o cenário era desolador. Não havia energia, água potável ou telefone. Quem podia, ajudava. Conforme a Defesa Civil, as cidades mais atingidas foram Blumenau, Itajaí e Rio do Sul.
Só em Blumenau, foram 50 mil desabrigados, representando 29,3% da população, e oito mortos. Em Itajaí, a enchente deixou 42,3% da população local desabrigada, um total de 40 mil pessoas, além de cinco mortos. Em Rio do Sul, os 25 mil desabrigados representavam nada menos que 64,7% da população.
“Eu tinha medo que Blumenau se transformasse em uma cidade fantasma”, confessou Dalto dos Reis, que era o prefeito do município na época. Ele, juntamente com outras cerca de 600 pessoas, ficaram ilhados no prédio da prefeitura. O político relembra: “tomar banho era na água da chuva. O que se bebia não era água potável, era água da chuva. E se comia quando tinha comida”. No ano seguinte, ocorreu a primeira edição da Oktoberfest. “Era exatamente para o seguimento moral, para se viver algo diferente, que não aquela angústia”, disse.
Todo o Vale do Itajaí foi atingido. Em Taió, cerca de 90% da zona urbana do município foi totalmente alagada. Em Rio do Sul, 400 casas foram arrastadas ou desapareceram. Uma delas, no bairro Canos, ficou de cabeça para baixo. “Olha, é indescritível. Só quem viveu pode saber o que realmente aconteceu. As águas subiram assim, assustadoramente. A gente via a água subir, só que era de meio em meio metro. Em duas, três horas, destruiu Rio do Sul”, relatou um morador à equipe da RBS TV na época.
Em relação ao que está sendo feito para previnir novas grande enchentes na região, o secretário de estado da Defesa Civil, Milton Hobus, afirmou que um projeto foi contratado junto a uma instituição japonesa que já fez trabalhos preventivos no país oriental, “em um rio idêntico ao nosso, com aproximadamente 150 quilômetros, e resolveram completamente os problemas de enchente”.
Além das obras, o secretário disse que “nós vamos estar muito mais preparados para o monitoramento e a operação adequada de barragens”. Estão sendo abertas neste mês de julho obras específicas de barragens em Ituporanga e Taió, explicou o secretário, além de projetos executivos para mais oito novas barragens.
A ajuda a cidade de Blumenau partiu de vários cantos do país, com doações, e fez a diferença para quem perdeu tudo na enchente. As cheias de 1983 causaram prejuízos de mais de R$ 1 bilhão para a região do Vale do Itajaí.
Em 05 de Julho de 1983 começava uma das maiores enchentes que Blumenau já registrou, que duraria 32 dias e terminaria apenas em 05 de agosto de 1983. O pico da enchente foi dia 09 de Julho onde o Rio Itajaí-Açu subiu 15,34 metros.
O ano de 1983 registrou outras 3 enchentes : em 04 de março com 10,60 metros, em 20 de maio com 12,62 metros e em 24 de setembro com 11,75 metros.
O Jornal de Santa Catarina lançou um site especial com o nome "O Vale não esquece", com um diário sobre aquele dias nebulosos daquele fatídico ano de 1983 que a cidade quer esquecer. Neste especial estão as edições do jornal que puderam ser publicadas na época, além de infográficos e vídeos sobre quem viveu a enchente.
As fotos abaixo mostradas fazem parte da galeria online de fotos enviadas por leitores do jornal e são documentos históricos de uma época que câmeras fotográficas não eram tão acessíveis e seu compartilhamento era quase nulo.
Prefeitura Municipal de Blumenau. Foto foi feita por um membro da família Marx.
Vista do alto da rua Cristina Blumenau, para o bairro do Garcia. Foto foi enviada por Dieter Hüskes
Vista do alto da Rua Pastor Stutzer, para a Alameda. Foto foi enviada por Dieter Hüskes
Visão à partir da Prefeitura. Av. Castelo Branco. Foto foi feita por um membro da família Marx
Avenida Beira-Rio. Foto foi feita por um membro da família Marx
Rua Paraiba. Foto foi enviada por Dieter Hüskes
Praça do estudante e posto Jóia no Bairro Vila Nova. Foto enviada por Paulo Machota
Em frente aos bombeiros, na rua 7 de Setembro. Foto enviada por Paulo Machota
Região da Vila Germânica. À esquerda em construção o condomínio Pedro II. Foto de Paulo Machota
Rua Antonio da Veiga na Praça do Estudante. Foto de Paulo Machota
Centro de Blumenau. Foto enviada por Aldo Pereira
Ponte dos arcos. Foto enviada por Aldo Pereira
Foto Artur Moser
Foto Artur Moser
Para ler interessantes relatos de pessoas que viveram a situação, estes 3 links do Historiador e Cientista Social Adalberto Day são ótima sugestão :
http://adalbertoday.blogspot.com.br/2007/11/as-enchentes-em-blumenau.html
http://blog-do-charles.blogspot.com.br/
http://blog-do-charles.blogspot.com.br/
As fotos da enchente de 1983 abaixo tenho salvas no meu computador porém não tenho seus autores. Algumas são do site da Prefeitura Municipal com autoria do Foto Helio. Se alguém souber do nome dos autores das demais fotos, entre em contato que adicionarei :
Trevo da Velha com a rua Paraíba
Estádio do BEC
Cruzamento rua 7 de setembro com Paul Hering
Teka
Avenida Brasil, próximo da ponte de ferro
Helicóptero da marinha com mantimentos pousava ao lado da Prefeitura
Rua XV defronte a escadaria da Catedral
Livraria Blumenauense
Limpeza da rua Floriano Peixoto
Rua Antonio da Veiga e Furb
Hotel Gloria
Eu tinha 10 anos na época da enchente, e relembro o mês chuvoso passado em casa, sem aulas, pois o Conjunto Educacional Pedro II, na rua Pandiá Calógeras, estava completamente inundado. Para piorar, era inverno e frio, dificultando ainda mais para os milhares de desabrigados.
Retomamos as aulas no Salão Porta Aberta da Igreja Matriz no centro da cidade até que reconstruíram o colégio.
Eu morava na rua Bruno Hering (morro da companhia) e no terreno em frente à minha casa pousavam os helicópteros do exército para levar os mantimentos doados pela CooperHering aos desabrigados. Foram dezenas e dezenas de caminhões doados pela Cooper, que naquela época pertencia à Cia Hering.
Na foto abaixo, o terreno onde pousavam os helicópteros e eu e meus primos e mais curiosos pendurados na cerca para assistir aos pousos e atrapalhar observar os soldados do exército no seu trabalho. Hoje neste local está uma distribuidora de equipamentos hospitalares.
Rua Bruno Hering no terreno onde pousavam os helicópteros. Eu sou o menino menor de camisa azul.
E para completar, uma foto de um outdoor assinado pelo blumenauense sofredor que a exemplo de todos, queriam esquecer aquele ano de 1983. Foi colocado na rua São Paulo, defronte à Furb.
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