quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Uso de anabolizante pode provocar infertilidade e até câncer. Busca desenfreada pelo corpo escultural pode ser compulsão.

Na luta pelo corpo sarado, torneado e com pouca gordura, há quem escolha pagar um preço alto pela saúde. Viciado em academia, ojovem David Tadeu Oliveira, de 24 anos, contou ao R7 que usa anabolizantes para ajudar a aumentar sua massa muscular. Se usado por um longo período, estas substâncias podem causar desde problemas cardiovasculares a infertilidade e até mesmo câncer.
De acordo com a endocrinologista da SBE (Sociedade Brasileira de Endocrinologia) Claudia Chang, geralmente, os anabolizantes mais utilizados atualmente são os injetáveis, que são derivações do hormônio masculino, a testosterona. 

— Se usado de forma prolongada pode provocar aumento significativo da próstata e provocar quadros de infertilidade, já que prejudica a formação de espermatozoides. Além disso, tende a piorar o colesterol ruim e reduzir o colesterol bom. Há também a possibilidade de se ter o aumento da pressão arterial e até apneia do sono.

Além disso, o uso do hormônio testosterona em excesso pode provocar o desenvolvimento de mamas femininas em homens, chamado de ginecomastia. Já nas mulheres, o anabolizante pode desenvolver “acnes, queda de cabelo" e a voz pode engrossar, segundo a médica.

— Além disso, o hormônio pode aumentar a irritabilidade, alteração do colesterol, casos de elevação da pressão arterial.

Apesar de “mais antigas”, Claudia afirma há substâncias anabolizantes de uso oral que prejudicam ainda mais o organismo, já que atingem as funções hepáticas. Segundo ela, nesses casos a pessoa poderá desenvolver até mesmo um câncer.

— Por isso, o ideal para ter músculos mais avantajados é combinar uma alimentação balanceada, hiperproteica. Porém os próprios suplementos proteicos tem que ser acompanhados por prescrição médica, pois o indivíduo que tem cálculo renal, por exemplo, pode ter uma sobrecarga. O ideal é sempre procurar a ajuda médica.

Qual limite?
De acordo com o psicólogo e diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, Ângelo Monesi, a busca desenfreada e a todo custo pelo corpo escultural pode é uma espécie de compulsão.
— Melhoro minha autoestima [malhando bastante], mas quando vejo que estou melhorando, vou sempre querer mais e mais. A compulsão esta relacionado ao corpo. Tem haver com o prazer. Não existe um fim. Todo excesso vai gerar doença, por mais que esteja melhorando autoestima.

Segundo o psicólogo, a academia pode ser comparada ao Facebook. De acordo com ele, as "pessoas estão sempre bonitas nas fotos da rede social, a ideia é aparecer feliz".

— Esse fenômeno é o de parecer feliz e aí aparecer para os outros. Na academia é a mesma coisa. Tem a questão de parecer e aparecer com saúde. Mas, na verdade, a grande motivação porque precisamos malhar é a saúde e não é essa o ideal de quem tem vício.
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