segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Carta do Leitor - sequência didática:

PARTE 1

ROTEIRO DE ESTUDOS E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ORGANIZADA PARA O TRABALHO COM PRODUÇÃO DE CARTA DE LEITOR
ROTEIRO DE ESTUDO

O roteiro a seguir foi elaborado para o trabalho de estudo da Sequência Didática apresentada posteriormente, nesse documento.

Finalidade:
Tornar observável aos profissionais os aspectos implicados no estudo de cartas de leitor, desde os teóricos subjacentes, até os aspectos didáticos, determinadores da ação educativa.

Orientações:
a) Realizar com os participantes todas as etapas da sequência “Produção de texto carta de leitor”.
b) Após a realização da SD, propor as seguintes reflexões:
1ª etapa:
a) Por que apresentar cartas de leitor nos contextos de produção primária e secundária?
b) Que discussões devem ser feitas com alunos para que eles compreendam como são produzidas as cartas nestes 2 contextos?
c) O que o professor precisa saber para discutir com os alunos?
2ª etapa:
a) Qual a finalidade desta etapa?
b) Por que apresentar uma carta curta, outra média e outra longa?
c) Quais dificuldades os alunos teriam para realizar esta etapa?
3ª etapa:
a) Por que retomar a leitura de um texto já trabalhado na Roda de Jornal?
b) Que dificuldades os alunos poderiam ter para realizar estas atividades?
c) O que o professor precisa saber para ajudar o aluno a organizar sua opinião?
4ª etapa:
a) Quais procedimentos o professor precisa adotar ao assumir o papel de escrevente?
b) Como organizar a revisão da carta? Que aspectos considerar?
c) Reveja toda a sequência e sugira quantas aulas serão necessárias para cada etapa.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O TRABALHO COM CARTAS DE LEITOR

Na sequência anteriormente estudada - RODA DE JORNAL -, observamos a importância do estudo efetivo dos textos jornalísticos – garantindo uma leitura de fato compreensiva - para que o aluno possa se posicionar diante do que leu.
Esta nova sequência tem por objetivo ajudar o aluno a expressar sua opinião, posicionando-se diante de uma matéria lida e, além disso, manifestando essa posição por meio de uma carta de leitor.
Para tanto, vamos:
a) ler e analisar algumas cartas de leitor produzidas no contexto primário;
b) observar como estas cartas podem ser publicadas nos veículos de destino, identificando as mudanças que sofrem neste processo;
c) produzir uma carta de leitor;
d) revisar uma carta de leitor.
1ª Etapa: Analisando algumas cartas de leitor


a) Explique aos alunos que farão algumas atividades para conhecer melhor uma carta de leitor e também para produzir uma carta para ser enviada a uma revista ou jornal.
b) Peça que leiam, em duplas, as cartas 1 e 2 e descubram qual a finalidade de cada uma.

Carta 1

Carapicuíba, 31 de março de 2009.


Revista Recreio,
Em primeiro lugar queremos parabenizar a todos que trabalham na produção de uma revista tão legal. Somos alunos da Escola Estadual Professora Marise da Costa Corrêa de Oliveira e adoramos ler todas as edições que chegam aqui na escola. Achamos tudo muito colorido e há seções divertidíssimas.
Nossa professora aproveitou a seção de curiosidades da revista para propor uma atividade para nós. Toda segunda-feira temos a roda das curiosidades e ela sempre lê uma da revista, e assim vamos aprendendo uma série de coisas diferentes.
Por isso, decidimos escrever para a revista. Estamos curiosos para saber como é feito o lápis de escrever e de colorir. Será que vocês podem responder esta questão?
Aguardamos resposta.
Alunos 2º ano B


Carta 2

Discuta coletivamente com os alunos:
a) Qual a finalidade das cartas?
b) Qual delas expressa uma opinião justificada sobre o assunto comentado na matéria que foi lida?

Em seguida, peça que leiam e analisem, em duplas, como a carta ficou quando foi publicada na revista.

Carta 1 – Publicada

Toda segunda-feira nossa professora lê uma curiosidade da edição na sala de aula e assim aprendemos uma série de coisas diferentes.
Adoramos!
2º ano B EE Profª Marise da Costa Correa de Oliveira
Carapicuiba - SP

Carta 2 - Publicada (Jornal Correio Popular, 9 de agosto de 2011)
Depois da leitura, peça aos alunos que discutam em duplas:
a) A carta foi publicada do mesmo modo que foi escrita?
b) O conteúdo da carta foi mantido?
c) O que mudou?
d) Por que vocês acham que a carta mudou?
Em seguida, solicialize as conclusões dos grupos com a classe toda, discutindo as características principais das cartas no contexto primário (quando foi escrita pelo leitor) e secundário (quando foi publicada).
2ª Etapa: Conhecendo mais cartas de leitores


Peça aos alunos que leiam, em pequenos grupos, as diferentes cartas de leitor escritas para os diversos veículos discutindo:
a) Qual a finalidade da carta?
b) Qual o tema que o leitor discute?
c) Como ele se posiciona diante do tema que discute?



Carta 3
São Paulo, 05/11/2011
À Revista Época
Prezados Senhores:
Gostaria de saber por que, na última edição, não foi publicada a coluna do Filósofo Olavo de Carvalho. Tomara não tenham os senhores resolvido "abafar" a voz mais independente, culta e incômoda de toda a imprensa brasileira. Eu simplesmente me recuso a pelo menos pensar nessa possibilidade. Num país onde jornalismo é quase sempre paixão arrazoada, a inteligência ácida de Olavo de Carvalho faz a diferença.
Por favor, respondam-me.
Waldson Muniz
wal.muniz@uol.com.br


Carta 4

Mossoró, 7 de julho de 2011


AO CORREIO DA TARDE - RN
Prezado Editor,

Li a matéria publicada na edição de 6 de julho, sobre os acidentes envolvendo motociclistas, e queria dizer que discordo de uma parte do que foi escrito nela, ou seja, sobre os causadores dos acidentes envolvendo carros e motos.
Em minha opinião, ao contrário do que foi escrito, creio firmemente que quem mais causa acidentes são os condutores de veículos de QUATRO rodas.
A moto é o meu transporte preferido, para driblar o lento trânsito mossoroense, e digo que, conforme define o jornal no mesmo artigo, sou motociclista, respeito as leis do trânsito, mas vejo muitos carros cujos condutores não têm o devido respeito com a vida humana. Os maiores sustos que tomei foram proporcionados justamente por motoristas desatentos, ou, no mínimo, descuidados: curvas malfeitas, celulares colados na orelha com só uma das mãos ao volante etc.
São muitas as situações que observamos no dia a dia que mostram o menosprezo de motoristas por motociclistas. Minha opinião, não é voz isolada; em encontros de motociclistas esse assunto sempre vem à tona. Um dos casos relatado por um colega foi o de que um carro derrubou uma moto e o seu ocupante - a condutora do veículo que bateu saiu do carro ainda falando ao celular e ainda achando que tinha toda a razão!
Saudações,

Juarez Belém – Motociclista- Mossoró /RN


Carta 5

29.05.2011
À
Folha de São Paulo
Sr. Toni Sciarretta,
Em relação à matéria publicada no caderno Mercado em 18-05, em que o Sr. informa sobre a proibição do uso de sacolas plásticas como embalagem a partir de 1º de janeiro próximo, penso que São Paulo demorou muito a tomar a decisão de transformar em lei a proibição.
Todas as vezes que vou ao supermercado fico indignada com a quantidade de sacolas que são utilizadas pelos consumidores que não parecem preocupados com as conseqüências que o uso destas embalagens causa ao meio ambiente.
Só quero lembrar às autoridades que não basta sancionar a lei. É preciso ter uma fiscalização rigorosa e que as multas previstas sejam realmente aplicadas para aqueles que a desrespeitarem. Espero que não se torne mais uma estratégia de marketing pré eleitoreira, como foi com a lei que proíbe os cidadãos dirigirem alcoolizados.
No começo fazem blitz, causam um barulho, mas depois de algum tempo tudo volta ao que era antes: não há fiscalização para coibir as infrações.
Atenciosamente
Josilda Cardoso – professora de ensino fundamental- São Paulo

Faça a leitura compartilhada das cartas garantindo a compreensão do conteúdo de cada uma delas.
Peça que os alunos, em duplas, discutam e registrem:
a) Como a carta começa?
b) Como o autor indica sobre o que falará?
c) Onde está indicada a posição dos leitores? Marque no texto.
d) Com se identifica para o veículo?
e) Como termina a carta?
Socialize as observações das duplas, completando-as, se for necessário, e preenchendo o quadro abaixo.

ESTUDO DE CARTAS DE LEITOR


COMO A CARTA COMEÇA? 
COMO O LEITOR SE IDENTIFICA? 
QUAL O ASSUNTO DA CARTA? 
QUAL A OPINIÃO DO LEITOR SOBRE O ASSUNTO? 
COMO TERMINA A CARTA?


3ª Etapa: Lendo matérias jornalísticas e se posicionando diante delas.


Leia a matéria “Animais são utilizados em experimentos por laboratório de São Roque; alguns são sacrificados”.


Após a leitura do texto promova um debate com a classe pedindo que se posicionem contra ou a favor dos experimentos.
Durante o debate, leia cartas de leitores e também outras matérias que apresentem argumentos diferentes do texto lido, de modo que seja possível contribuir para que os alunos tomem uma posição a respeito do assunto.
Após o debate organize um quadro - com a classe - indicando as posições favoráveis, as contrárias e as justificativas para cada uma das opiniões.


ESTUDO DO TEMA DA MATÉRIA JORNALÍSTICA

ASPECTOS FAVORÁVEIS 
ASPECTOS CONTRÁRIOS

ASPECTO/ARGUMENTO 

PORQUE 

ASPECTO/ARGUMENTO 

PORQUE

4ª etapa: Escrevendo uma carta coletiva para ser enviada ao Jornal Folha de São Paulo.

Escolha, com os alunos, uma posição que a classe defenderá sobre a matéria lida.
Peça que ditem para você uma carta de leitor como se fosse para enviar para o jornal (essa carta ficará exposta no mural da classe).
· Neste momento os alunos ditam e você escreve, utilizando – e explicitando - os procedimentos de escritor.
· Você pode questionar: como podemos começar a carta? O que é preciso ter na carta? Os leitores compreenderão nossa posição? Como vamos sustentar nossa opinião?
· Não se esqueça de que a carta precisa ser pensada em relação ao contexto de publicação, ou seja, nos cortes que, efetivamente acontecerão. Por isso, precisa ser organizada de maneira concisa. Retome esse aspecto com os alunos também durante o processo de textualização.
Quando terminarem a carta, faça com eles a revisão coletiva e coloque no mural da classe.
5ª etapa: Escrevendo cartas em duplas

Escolha outra matéria de tema discutível e leia para a turma.
Peça que antecipem, a partir do título, o contexto de produção, subtítulos, o que o texto pode conter.
Oriente os alunos para que leiam em duplas, checando as hipóteses levantadas antes da leitura.
Ao término da leitura, retome as antecipações realizadas e peça que indiquem em que parágrafo do texto essas antecipações de confirmaram (ou não).
Faça uma leitura compartilhada da matéria certificando-se de que compreenderam o texto lido.
Promova um debate coletivo de modo que os alunos possam posicionar-se de modo mais consistente diante do tema.
Nesse processo, organize com os alunos as opiniões - e os respectivos argumentos - em relação à matéria lida.
Peça que escrevam, em duplas, uma carta de leitor para o jornal no qual foi publicada a matéria, com a opinião da dupla a respeito do tema.
Ofereça o quadro abaixo para que possam fazer a primeira revisão.
Leia as cartas e faça observações, devolvendo-as para os alunos fazerem revisão dos aspectos levantados por você.
Corrija os erros que não foram observáveis pelos alunos antes de enviar as cartas ao destinatário.

CRITÉRIOS 
SIM 
NÃO

A carta do leitor está cumprindo o seu principal objetivo, que é apresentar a opinião do leitor sobre a matéria lida ou sobre fatos, acontecimentos ou assuntos veiculados nela? 

A carta possui:
a. referência à matéria que está sendo comentada? 

b. posicionamento/opinião do leitor em relação ao fato ou à matéria comentada? 

c. dados de identificação do leitor, como cidade e a sigla do Estado em que foi escrita, nome completo de quem escreveu? 

As informações da carta aparecem de maneira direta, sem rodeios, de maneira que o que foi dito possa ser compreendido pelo leitor? 

A crítica ou a opinião apresentada é feita de forma respeitosa? 

O texto está escrito em primeira pessoa? 

O texto está escrito de forma que:
a) os leitores da revista possam se interessar por ela? 

b) possa circular nessa revista ou jornal, considerando a linguagem utilizada e as posições assumidas? 

c) a ortografia esteja correta? 

A carta está endereçada para quem deve ler? 

Possui uma despedida no término, ou uma maneira própria de encerrar-se? 

PARTE 2

A REVISÃO DE CARTAS DE LEITOR


Analisando cartas de leitor produzidas por alunos

Analise as cartas de alunos anexas discutindo:
a) Qual parece ser a proposta oferecida para escrita da carta?
b) O que os alunos já sabem sobre carta opinativa de leitores?
c) O que precisam aprender?
d) Como você proporia a revisão destes textos?

Carta 1


São Paulo, 28 de agosto de 2011
Fome chocante!
Caro Editor do jornal “A Folha de São Paulo”. Fiquei chocada ao ler matéria que trazia como manchete “Menino desnutrido em hospital na Somália”
Acho isso um absurdo e acho pouco provável que esta horrível situação se reverta de maneira pacífica e organizada. Essas que escravisam os somalis, não dão dinheiro merecido para eles comprarem comida para sustentar seus filhos! São uns monstros sem coração e sem piedade e não se põem no lugar dessas pessoas!
Eles não sabem do sofrimento dessas pessoas, aliás só que quer esse sofrimento é quem vive, dorme, acorda no pesadelo, naquela angústia, vendo seus filhos pedir pão, leite, comida, etc, e não fazer nada, além de sofrer e dar amor a seus filhos.
Larissa de Jesus Ferraro, 9 anos, São Paulo, SP, Jd. Moraes.

Carta 2
SUPERANDO LIMITES, SIM!
Com a publicação da matéria de domingo, 4 de setembro, na Gazeta, “Superando Limites”, nós alunos da 4ª série/5º ano B, da EE Professora Mellita Lobenwein Brasiliense, ficamos muito sensibilizados ao ler a reportagem , pois crianças com necessidades especiais merecem nosso carinho, atenção e respeito, e isso está acontecendo em nossas escolas. Veja o exemplo de João Vitor Campagnolo, de 6 anos, com uma síndrome raríssima, é aluno regular da Escola Municipal do Bairro Santo Antonio, e ele é capaz de aprender e superar-se todos os dias. Nós, alunos, devemos seguir o exemplo do João, superando nossos limites e acreditando que tudo é possível com muito amor, dedicação e trabalho.
Pensamos também que nossos governantes devem investir na educação, adaptando as salas de aulas com materiais apropriados, professores preparados e um ambiente acolhedor para que a inclusão dos alunos com necessidades especiais aconteça naturalmente.
Carta coletiva dos alunos da 4ª série/5ºano da EE Profª Mellita Lobenwein Brasiliense
Professora Ana Cristina Cella de Morais.


ANEXO 1

São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2012 


Animais são utilizados em experimentos por laboratório de São Roque; alguns são sacrificados
Promotoria investiga Instituto Royal, alvo das manifestações, por supostos maus-tratos aos animais em cativeiro
TALITA BEDINELLI
ENVIADA ESPECIAL A SÃO ROQUE (SP)
THIAGO AZANHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Um grupo de ativistas fará amanhã uma manifestação em São Roque (a 66 km de São Paulo) para protestar contra o uso de cães da raça beagle em testes feitos por um instituto que trabalha para farmacêuticas.
Os cães são usados em pesquisas de medicamentos que serão lançados. O objetivo é verificar a existência de possíveis reações adversas, como vômito, diarreia, perda de coordenação e até convulsões.
Em muitas das pesquisas, os cães acabam sacrificados antes mesmo de completarem um ano, para que se possa avaliar os efeitos dos remédios nos órgãos dos bichos. Quando isso não é necessário, os cães são colocados para adoção, diz a empresa.
O Instituto Royal, alvo da manifestação, passou a ser investigado pelo Ministério Público de São Paulo, que recebeu denúncias de maus-tratos aos animais. Ao menos 66 beagles são mantidos em canis. A maior parte deles é reprodutora dos filhotes que serão testados.
O Royal diz que, em breve, fornecerá animais para testes em outros institutos. "Recebemos a denúncia de que esses animais são acondicionados em condições irregulares", afirma Wilson Velasco Jr., promotor do Meio Ambiente em São Roque.
Velasco Jr. esteve na empresa na terça para acompanhar vistoria de uma veterinária. Ele aguarda laudo da visita para decidir se chama o instituto para firmar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) ou instaurar ação civil pública.


QUESTÂO POLÊMICA
O uso de cães em pesquisas é permitido e regulado por normas internacionais. Protetores de animais, no entanto, questionam as normas. "As indústrias sequestram a vida dos animais, que nunca mais terão um comportamento normal", diz Vanice Teixeira Orlandi, presidente da União Internacional Protetora dos Animais.
Segundo o vice-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Francisco Javier Hernandez Blazquez, os cães da raça beagle são os mais utilizados para experimentos no exterior, pois são animais de médio porte e já criados para a pesquisa.
No Brasil, ratos e camundongos são os bichos mais usados em pesquisas feitas em laboratórios. "Todo e qualquer experimento realizado por docentes e pesquisadores em animais deve passar por uma comissão de ética para analisar se o animal sofrerá e qual a finalidade do projeto", diz.
O protesto, organizado pelo Facebook, já tem cerca de 300 pessoas confirmadas. Um comboio sairá de São Paulo às 9h, do Masp, na avenida Paulista, região central.

[1] Proposta originalmente elaborada pela formadora Elenita Berber de Souza.

Material fornecido pela Diretoria de Ensino Centro-Oeste São Paulo, Capital

FONTE:
http://reridamaria.blogspot.com.br/search?updated-max=2012-11-04T15:19:00-02:00&max-results=20&start=231&by-date=false

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