terça-feira, 4 de março de 2014

POEMAS DO LIVRO "A ARCA DE NOÉ" VINÍCIUS DE MORAES.

Corujinha


Corujinha, corujinha
Que peninha de você
Fica toda encolhidinha
Sempre olhando não sei que
O teu canto de repente
Faz a gente estremecer
Corujinha, pobrezinha
Todo mundo que te vê
Diz assim, ah! coitadinha
Que feinha que é você


Quando a noite vem chegando
Chega o teu amanhecer
E se o sol vem despontando
Vais voando te esconder
Hoje em dia andas vaidosa
Orgulhosa com quê
Toda noite tua carinha
Aparece na TV
Corujinha, corujinha
Que feinha que é você!




As Abelhas


A AAAAAAAbelha mestra
E aaaaaaas abelhinhas
Estão tooooooodas prontinhas
Pra iiiiiiir para a festa. 
Num zune que zune 
Lá vão pro jardim 
Brincar com a cravina 
Valsar com o jasmim. 
Da rosa pro cravo 
Do cravo pra rosa 
Da rosa pro favo 
E de volta pra rosa. 
Venham ver como dão mel 
As abelhas do céu.


A abelha rainha
Está sempre cansada
Engorda a pancinha
E não faz mais nada
Num zune que zune 
Lá vão pro jardim 
Brincar com a cravina 
Valsar com o jasmim. 
Da rosa pro cravo 
Do cravo pra rosa 
Da rosa pro favo 
E de volta pra rosa. 
Venham ver como dão mel 
As abelhas do céu.




A Pulga


Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Com mais pulinho
Estou na perna do freguês


Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Com mais uma mordidinha
Coitadinho do freguês


Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Tô de barriguinha cheia
Tchau
Good bye
Auf Wedersehen




O Gato




Com um lindo salto 
Lento e seguro 
O gato passa 
Do chão ao muro 
Logo mudando 
De opinião 
Passa de novo 
Do muro ao chão 


E pisa e passa 
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho 
E logo pára 
Como assombrado 
Depois dispara 
Pula de lado 


Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo
Mal humorado
Um preguiçoso
É o que ele é
E gosta muito
De cafuné


E quando à noite
Vem a fadiga
Toma seu banho
Passando a língua pela barriga.




O Leão


Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!


Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda


Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!


Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não?
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!


O salto do tigre é rápido
Como o raio, mas não há
Tigre no mundo que escapa
Do salto que o leão dá
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não?


Leão se esgueirando à espera
Da passagem de outra fera...
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, o Leão
Mata um com cada mão
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não?




O Pinguim




Bom dia, pinguim
Onde vais assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca


Quando você caminha
Parece o Chacrinha
Lelé da caixola
E um velho senhor
Que foi meu professor
No meu tempo de escola
Pinguim, meu amigo
Não se zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira






O Pintinho




Pintinho novo
Pintinho tonto
Não estás no ponto
Volta pro ovo
Eu não me calo
Falo de novo
Não banque o galo
Volta pro ovo
A tia raposa
Não marca touca
Tá só te olhando
Com água na boca
E se ligeiro
Você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar
O meu ovo tá estreitinho
Já me sinto um galetinho
Já posso sair sozinho
Eu já sou dono de mim
Vou ciscar pela cidade
Grão-de-bico em quantidade
Muito milho e liberdade
Por fim


Pintinho raro
Pintinho novo
Tá tudo caro
Volta pro ovo
E o tempo inteiro
Terás, pintinho,
Um cozinheiro
No seu caminho
Por isso digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta pro ovo
Se de repente
Você escapar
Num forno quente
Você vai parar
Gosto muito dessa vida
Ensopada ou cozida
Até assada é divertida
Com salada e aipim
Tudo é lindo e a vida é bela
Mesmo sendo à cabidela
Pois será numa panela
Meu fim


Por isso eu digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta pro ovo
E se ligeiro
Você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar




A Cachorrinha
Mas que amor de cachorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!

Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua barriguinha
Crivada de mamiquinha?

Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Que esse amor de cachorrinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha?


Uau, uau, uau, uau!
Uau, uau, uau, uau!




O Peru


Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!


O peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão


O peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!


O peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando, foi dizendo
que beleza de pavão!


Foi dormir e teve um sonho
Logo que o sol se escondeu
Que sua cauda tinha cores
Como a desse amigo seu


Que beleza de pavão


Foi dormir e teve um sonho
Logo que o sol se escondeu
Que sua cauda tinha cores
Como a desse amigo seu.

FONTE:
http://proaiseartedeeducar.blogspot.com.br/

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