sexta-feira, 23 de maio de 2014

HISTÓRIA DAS COPAS - 1982. * A queda do futebol arte Para os brasileiros, a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, só não é mais traumática do que a de 1950. O Mundial disputado no Brasil legou para a história do futebol a expressão Maracanazo, que se refere à derrota por 2 x 1 do time canarinho para o Uruguai, em um Maracanã mais do que lotado. E a Copa realizada na Espanha, 32 anos depois, ficou marcada pela Tragédia do Sarriá.

HISTÓRIA DAS COPAS - 1982
A queda do futebol arte

Para os brasileiros, a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, só não é mais traumática do que a de 1950. O Mundial disputado no Brasil legou para a história do futebol a expressão Maracanazo, que se refere à derrota por 2 x 1 do time canarinho para o Uruguai, em um Maracanã mais do que lotado. E a Copa realizada na Espanha, 32 anos depois, ficou marcada pela Tragédia do Sarriá.

No dia 5 de julho de 1982, mais de 40 mil pessoas assistiram, no Estádio Sarriá, em Barcelona, à vitória por 3 x 2 da Itália sobre o Brasil de Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, Cerezo, Éder e tantos outros. Àquela altura, a seleção brasileira comandada por Telê Santana era a sensação do torneio, tendo vencido a União Soviética, a Escócia, a Nova Zelândia e a Argentina de Maradona, sempre dando um show de futebol técnico e ofensivo.

Contra os italianos, bastava um empate para garantir os brasileiros na semifinal do Mundial. Mas ninguém contava com a redenção de Paolo Rossi. Em 1980, o atacante foi condenado pela Justiça desportiva italiana por ter se envolvido no escândalo do Totonero, como ficou conhecido o esquema de manipulações de resultados feito por um grupo de apostadores da loteria esportiva italiana. A punição de três anos foi reduzida para dois e, assim, Rossi ficou livre para jogar quando faltava um mês para a Copa do Mundo.

Na primeira fase do Mundial da Espanha, a Itália não conseguiu se acertar: foram três empates, diante de Polônia, Peru e Camarões. A classificação para a próxima fase só veio porque a Azzurra conseguiu marcar um gol a mais que Camarões. Fora de ritmo de jogo, Paolo Rossi não fez nenhum gol nos três primeiros jogos. A arrancada rumo ao título, no entanto, estava por vir.

A 12ª edição de uma Copa do Mundo da FIFA teve várias novidades. A principal foi que, em vez de 16 seleções, o torneio passou a contar com 24 participantes. Os times foram divididos em seis grupos de quatro, em que todos jogavam contra todos. Os dois primeiros avançavam. Na segunda fase, os doze times eram divididos em quatro grupos de três. Apenas o melhor passava para as semifinais.

Além disso, seis seleções estrearam em Copas: Argélia, Camarões, El Salvador, Honduras, Kuwait e Nova Zelândia. A Argélia causou surpresa ao derrotar na estreia a Alemanha Ocidental, detentora do título europeu, por 2 x 1. Os argelinos também derrotaram o Chile, mas acabaram eliminados no saldo de gols ao verem no dia seguinte a Alemanha Ocidental fazer 1 x 0 na Áustria, em um jogo bastante polêmico, já que o resultado classificou os dois países vizinhos. A partida gerou tanta controvérsia que, nos torneios seguintes, os jogos do mesmo grupo na última rodada da primeira fase passaram a acontecer sempre no mesmo horário.

Para a seleção de Camarões, faltou sorte. Mesmo invictos, os africanos foram eliminados na primeira fase, por causa do saldo de gols. Outra zebra foi Honduras, que conseguiu empatar com a decepcionante anfitriã Espanha. Já El Salvador se tornou o primeiro país a tomar dez gols em uma partida da Copa do Mundo da FIFA ao perder por 10 x 1 para a Hungria.
O tricampeonato italiano

Desacreditada, a Itália começou a arrancada para a taça diante da Argentina, então campeã mundial e que já contava com Diego Maradona. A vitória por 2 x 1 teve gols de Marco Tardelli e Antonio Cabrini. Daniel Passarella descontou para os argentinos. A Azzurra mostrava força, mas ainda faltava um aspecto crucial: Paolo Rossi, o atacante, precisava acordar. 

Nem mesmo os mais otimistas italianos, no entanto, poderiam imaginar o que estava por vir. Diante de um favoritíssimo Brasil, Rossi marcou nada menos que três gols e garantiu a Itália na semifinal. Sócrates e Falcão balançaram as redes e bem que tentaram endurecer a partida, mas era mesmo a vez de Paolo Rossi brilhar. O Brasil deu adeus mais cedo e a Itália se classificou para enfrentar a Polônia na semifinal. Com Rossi de volta à melhor forma, os poloneses não foram páreo para os italianos: 2 x 0, dois de Paolo.

Na outra semifinal, uma verdadeira batalha entre França e Alemanha. Os franceses chegaram a abrir 3 x 1 na prorrogação, mas os alemães, mostrando mais uma vez sua incrível capacidade de recuperação, empataram, naquele que foi o primeiro confronto da história da Copa do Mundo da FIFA a ser decidido nos pênaltis.

Após cinco cobranças para cada equipe, o goleiro Harald Schumacher, que durante o jogo ficou marcado por uma agressão que deixou o francês Patrick Battiston inconsciente, se transformou em herói ao defender a primeira cobrança alternada, feita por Maxime Bossis. Horst Hrubesch converteu para despachar a França de Michel Platini, Jean Tigana e Alain Giresse.

Exauridos após o confronto diante dos franceses, os alemães não conseguiram segurar a Itália na decisão. Paolo Rossi marcou seu sexto gol na Copa e se tornou o artilheiro do torneio, selando a arrancada rumo à glória iniciada no jogo diante do Brasil. Marco Tardelli e Alessandro Altobelli marcaram os outros gols italianos. Breitner fez o de honra da Alemanha.

Com o tricampeonato da Azzurra, entraram para a história não apenas Rossi, mas também Tardelli, por sua comemoração efusiva, e figuras como o goleiro e capitão Dino Zoff, de 40 anos, e o lateral Giuseppe Bergomi, de apenas 18, o italiano mais jovem a participar de uma edição da Copa do Mundo da FIFA.

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