Banco Central baixa para 0,2% previsão de alta do PIB neste ano.
Para o mercado, expansão será de 0,13% e, para o governo, de 0,5%.
BC vê IPCA em 6,4% em 2014, ao redor de 6% em 2015 e de 5% em 2016.
Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
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A economia brasileira deverá registrar expansão de somente 0,2% neste ano, segundo estimativa divulgada nesta terça-feira (23) pelo Banco Central, por meio do relatório de inflação do quarto trimestre.
Essa é a terceira vez que a autoridade monetária revisa para baixo sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2014. Em março deste ano, o BC estimava uma alta de 2% para o PIB, valor que recuou para 1,6% de expansão em junho e para 0,7% em setembro.
Se confirmada a expectativa do Banco Central, o crescimento da economia brasileira, em 2014, será o pior desde 2009 - quando o país sentia os efeitos da crise financeira internacional e o PIB registrou retração de 0,33%.
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, e serve para medir a evolução da economia. Em 2013, a economia cresceu 2,5%.
A previsão da autoridade monetária para o crescimento deste ano está acima da expectativa do mercado financeiro, realizada na semana passada, de uma alta de apenas 0,13%, mas está abaixo da estimativa oficial do governo, feita em novembro, de 0,5% de expansão.
Aceleração em 2015
De acordo com a autoridade monetária, o PIB tende a acelerar em 2015. A previsão do BC é de uma expansão de 0,6% em 12 meses até setembro do próximo ano. A instituição ainda não divulgou uma estimativa para o PIB de todo ano de 2015.
"Indicadores relativos ao quarto trimestre sinalizam que a recuperação moderada da economia, iniciada no terceiro trimestre, deverá prosseguir. A intensificação, entretanto,
desse processo permanece condicionada à recuperação da confiança de empresários e consumidores, entre outros fatores", informou o Banco Central.
Inflação
O BC elevou um pouco, no relatório de inflação divulgado nesta terça-feira, sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, em 2014.
Para este ano, a previsão do BC para o IPCA subiu de 6,3%, em setembro, para 6,4% nos cenários de referência (juros e câmbio fixos) e de mercado (com a estimativa dos bancos para juros e câmbio) no documento divulgado nesta terça-feira.
Para o ano que vem, a expectativa da autoridade monetária para o IPCA está ao redor de 6%. No cenário de referência, cuja previsão era de 5,8% em setembro, a estimativa avançou para 6,1%. No cenário de mercado, estimativa que estava em 6,1% em setembro, passou para 6% agora em dezembro.
O Banco Central divulgou ainda, pela primeira vez, sua estimativa de inflação para o ano de 2016 fechado. No cenário de referência - que considera câmbio e juros estáveis - a previsão está em 5% e, no de mercado, em 4,9%.
O Banco Central informou que "não descarta", portanto, a elevação da inflação no "curto prazo" e antecipa que a inflação "tende a permanecer elevada" em 2015. Entretanto, acrescenta que ainda no próximo ano a inflação "entra em longo período de declínio".
Para o mercado financeiro, porém, a inflação deverá ficar acima de 5,5% até 2018 - último ano do novo mandato da presidente Dilma Rousseff. Pesquisa conduzida pelo BC na semana passada, com mais de 100 instituições financeiras, mostra uma previsão de 6,38% para a inflação deste ano, de 6,54% para o IPCA de 2015 (acima do teto da meta), de 5,7% para 2016 e de 5,5% para 2017 e 2018.
Alta de juros
No relatório de inflação, o BC suprimiu também a palavra "parcimônia", que foi divulgada quando a instituição subiu os juros de 11,25% para 11,75% ao ano em dezembro, e que está relacionada com as decisões futuras sobre a taxa básica de juros da economia brasileira.
Até o momento, a expectativa do mercado financeiro é de que os juros básicos da economia subam para 12% ao ano em janeiro, para 12,25% em março e para 12,50% ao ano em abril de 2015. Entretando, a supressão da palavra "parcimônia" nos comunicados do BC pode significar uma alta maior dos juros no próximo ano.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2014, 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Deste modo, as estimativas do BC mostram o IPCA longe da meta central de 4,5% estabelecida para 2014 e 2015, embora ainda esteja dentro do intervalo de tolerância existente, começando a cair mais fortemente, em direção ao centro da meta, somente em 2016. O teto do sistema de metas de inflação brasileiro é um dos mais altos do mundo. Em 12 meses até novembro, o IPCA somou 6,56%.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, declarou na semana passada que a estratégia do BC é trazer a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para o centro da meta, de 4,5%, até o fechamento de 2016. "Nosso objetivo é trazer a inflação para o centro da meta em dezembro de 2016. Vamos passar por debaixo do limite superior neste ano [de 6,5%] e trazer a inflação para o centro da meta em 2016 de 4,5% ao ano", afirmou ele na ocasião.
Taxa de juros
O principal instrumento do BC para combater as pressões inflacionárias é a taxa básica de juros da economia brasileira - atualmente em 11,75% ao ano. Quando sobe os juros, a autoridade monetária atua para conter a demanda por produtos e serviços e, consequentemente, para impedir um aumento maior da inflação.
Em outubro, o BC subiu os juros em 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano, e que promoveu nova alta – de 0,50 ponto percentual em dezembro para 11,75% ao ano – e acrescentou que o objetivo destas elevações é "viabilizar um cenário de inflação mais benigno em 2015 e 2016" e fazer com que a inflação "retorne o mais rápido possível" para trajetória de convergência em direção à meta central de inflação de 4,5%.
"O Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária [definição dos juros para conter pressões inflacionárias] deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária. Nesse sentido, o Comitê irá fazer o que for necessário para que no próximo ano a inflação entre em longo período de declínio, que a levará à meta de 4,5% em 2016", informou o BC no relatório de inflação divulgado hoje.
A expectativa do mercado financeiro, até o momento, é de que os juros básicos da economia subam para 12% ao ano em janeiro, para 12,25% em março e para 12,50% ao ano em abril de 2015.
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/12/banco-central-baixa-para-02-previsao-de-alta-do-pib-neste-ano.html
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