sábado, 31 de janeiro de 2015

AVALIAÇÃO: CITROËN C4. LOUNGE EXCLUSIVE THP FLEX. Com motor 1.6 turbo de injeção direta, o novo flexível não bebe muito e anda mais forte.

AVALIAÇÃO: CITROËN C4.
LOUNGE EXCLUSIVE THP FLEX.
Com motor 1.6 turbo de injeção direta, o novo flexível não bebe muito e anda mais forte.
por JULIO CABRAL
30/01/2015 16h02 - atualizado às 16h26 em 30/01/2015
CITROËN C4 LOUNGE THP FLEX (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A Citroën sabe que precisa dar exatamente o que os compradores de sedãs médios querem. Por isso mesmo, tratou de converter a flex o motor 1.6 THP do C4 Lounge, uma maneira de investir no grande trunfo do modelo. Para ver o que mudou de fato, levamos um modelo Exclusive de R$ 89.490 para a pista e aproveitamos para conferir o consumo de etanol.
SAIBA MAIS

Embora seja restrito às versões mais caras, o turbinado caiu no gosto do público. Inicialmente, a marca acreditava que o THP responderia por 30% das vendas, já que o 2.0 16V flex cumpriria a sua missão de chamariz pelo baixo preço, e de volume. O mercado discordou e inverteu a proporção de procura.

O lançamento do C4 Lounge THP Flex não atendeu apenas aos humores do mercado. O projeto foi iniciado em 2011, bem antes do mercado ter as chances de botar as mãos no sedã argentino. Nesse período, foram mais de 600 mil km rodados e 40 carros de teste. Está longe de ser uma inovação restrita ao C4. A mecânica servirá ao Peugeot 2008 em breve, logo em seguida ao 408 facelift e, em 2016, também ao 208 GT. A despeito da inovação, o fabricante não foi o primeiro a lançar um nacional flex com injeção direta e turbo, a BMW teve a primazia com o 320i e 328i Active Flex.
CITROËN C4 LOUNGE THP FLEX (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Até aí, tudo bem. O senão foi ter seguido a mesma cartilha da alemã no ajuste conservador do flex. A potência chegou a 173 cv com etanol, um bom incremento de 8 cv face os 165 cv gerados pelo 1.6 THP a antigo. Com gasolina, o aumento foi de apenas 1 cv, para 166 cv. O que pega é a manutenção do torque de 24,5 kgfm a 1.400 rpm. É uma bela força em baixa, só que a conversão poderia ter aproveitado para aumentar a taxa de compressão, em vez de diminuí-la de 10,5:1 para 10,2:1.

Para você, nada muda afora a opção extra no posto de combustível. Até porque o THP flex se vale de injeção direta. Entre os benefícios, está a eliminação do tanquinho de gasolina para partidas a frio. A alta pressão da injeção facilita na hora de dar partida com o etanol.

Impressões gerais

Deixando o tecniquês de lado, a mudança poderia ter extraído mais torque do THP flex, até porque o câmbio aguentaria o tranco de até 30,5 kgfm. Falando na transmissão, a relação final foi alongada em 11% para conter um pouco a sede por etanol. Segundo o fabricante, o C4 Lounge está até 7,5% mais econômico com gasolina. Em relação ao etanol, o aumento no consumo não foi desastroso, o modelo flex marcou 7,2 km/l na cidade e 10,5 km/l, sendo que o antigo a gasolina fez 8,3 km/l e 12,8 km/l nas mesmas condições.

Além do diferencial, a transmissão estreia a terceira geração da caixa AT6 feita pela japonesa Aisin. A alteração pacificou alguns incômodos do câmbio anterior, cujas passagens eram marcadas por tranquinhos ou atrasadas pela hesitação. Agora as trocas são fluidas, e no modo sequencial ganharam pressa. Fica a impressão de que o modo normal passa a ser suficiente, antes a tentação de colocar o câmbio no Sport era maior.
MOTOR DO CITROËN C4 LOUNGE THP FLEX (FOTO: DIVULGAÇÃO)



No dia a dia, a sensação é que o C4 Lounge tornou-se mais satisfeito em administrar o seu torque. Nem por isso perdeu a pressa, o flex foi aos 100 km/h em 8,7 segundos, 0,1 s a menos. Dá para entender porque eles acharam o ajuste suficiente, afinal, no segmento, apenas o Focus 2.0 de 178 cv e 22,5 kgfm a 4.500 giros chega perto do C4. Na hora de retomar, segurança total, basta pisar para o Citroën ir de 60 a 100 km/h em 4,8 s.

Ter uma pegada em baixa tão forte é ideal para o sedã franco-argentino. Embora não tenha ares de limusine como o C4 Pallas de 4,77 metros, o C4 Lounge ficou menor apenas na fita métrica. São 15 cm a menos, mas na pesagem, marcou 1.498 kg na versão Exclusive testada, contra 1.409 kg do antecessor. Quase 90 kg de diferença, um boxeador da categoria pesado. O sedã não conta com a nova plataforma modular da PSA, cerca de 70 kg mais leve - usada nos novos C4 Picasso e Peugeot 308. O alto peso não atrapalhou as frenagens, de 80 a 0 km/h foram 26,5 metros.

Olhando só pelos números, dá para imaginar um sedã esportivo. Só que o C4 tomou a via do conforto. A posição de dirigir é bem elevada e o rodar isolado, firme apenas na medida. Buracos são absorvidos de maneira abafada pela suspensão. O gosto por curva dos franceses é famoso e o conjunto McPherson e eixo de torção não decepciona, ainda mais com a ajuda dos largos pneus Pirelli Cinturato 225/45 aro 17.

Embora seja menor em comprimento, o C4 Lounge manteve a distância entre-eixos de 2,71 m do Pallas. É fácil levar dois adultos com até 1,84 m atrás, só não tente convencer alguém dessa altura a ficar na posição central. Há até encosto de cabeça e cinto de três pontos, mas o encosto com apoio de braço e o assento mais elevado são pouco convidativos. O porta-malas, por sua vez, acomoda 490 litros (aferidos por Autoesporte).

Ser um automóvel de origem francesa garante algumas liberdades poéticas quando o assunto é criatividade. O C4 Lounge até tem toques interessantes como o vidro traseiro côncavo, mas fica longe da inovação do C4 de primeira geração, que tinha volante com cubo fixo e perfumador de ambientes. Ah sim, há um ajuste de luminosidade do velocímetro digital e do aro dos instrumentos, porém os tons vão do azul luminescente ao roxo elétrico.

Bem mais útil é a tecla que apaga todos os mostradores, com exceção do velocímetro analógico, como era nos antigos painéis blackout dos carros da Saab. Faz falta também uma faixa degradê no para-brisa. Os reflexos da luz no quadro de instrumentos torna impossível distinguir as informações. É algo que incomoda, tal como a central eletrônica pouco intuitiva de se operar, já que a tela é insensível ao toque, vamos dizer assim. Durante a avaliação, dois problemas surgiram: o teto-solar emperrou e o alerta de ponto cego localizado nos retrovisores também parou de responder.
INTERIOR DO CITROËN C4 LOUNGE THP FLEX (FOTO: DIVULGAÇÃO)



Itens de série

A versão top Exclusive traz série ar-condicionado duas zonas, direção elétrica, trio elétrico, central eletrônica com GPS, som Arkamys de alta definição, revestimento em couro, partida sem chave com botão de bartida, teto solar, volante multifuncional ajustável em altura e profundidade, LEDs nas luzes de rodagem baixas (as diurnas são tradicionais) e nas lanternas, entre outros. Caso algo dê errado, há também seis airbags (frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina) e controles eletrônicos de estabilidade e de tração. O preço de R$ 89.490 inclui até o teto solar que era opcional, mas não a pintura na cor branca perolizada, que sai por R$ 1.890, contra R$ 1.490 pedidos pelos tons metálicos. Para levar um C4 Lounge Exclusive como o testado para casa, você terá que desembolsar R$ 91.380.

Vale a compra?

Sim. Para um sedã top de linha, o C4 Lounge tem um valor competitivo e justifica em itens de série a diferença de R$ 7 mil em relação ao Tendance. Só que você tem que ficar de olho nos custos. As três primeiras revisões até 30 mil km sairão por R$ 1.908, contra R$ 961 de um Toyota Corolla. Outro ponto negativo é a desvalorização anual calculada em 12,2% - os rivais japoneses perdem, no máximo, 8,6% na mesma conta. Da mesma forma, a cesta de peças é mais salgada e chega aos R$ 5.482, face os R$ 3.941 cobrados pelo Toyota Corolla. O seguro de R$ 3.485 ficou na média do segmento. São custos que devem entrar na balança, mas não apagam o brilho do conjunto e do trem de força, capaz de imprimir desempenho sem gastar demais com etanol.

Ficha técnica

Motor: Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, comando duplo, injeção direta, flex
Cilindrada: 1.598 cm³
Potência: 166/173 cv a 6.000 rpm
Torque: 24,5 kgfm a 1.400 rpm
Transmissão/tração: Automática de seis marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Pneus: 225/45 R17
Dimensões: Comprimento 4,621 m; Largura 1,789 m; Altura 1,505 m; Entre-eixos 2,710 m
Capacidades: Tanque 60 l
Peso: 1.498 kg
Porta-malas: 490 litros
CITROËN C4 LOUNGE THP FLEX (FOTO: DIVULGAÇÃO)

http://revistaautoesporte.globo.com/Analises/noticia/2015/01/avaliacao-citroen-c4-lounge-exclusive-thp-flex.html

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