COMPARAÇÕES DO GATO E DO RATO
Maria Hilda de J. Alão
Um dia, por ironia,
Encontraram-se ao meio-dia
Um gato convencido
E um rato desprotegido.
Dizia o gato exibido,
Fazendo um grande alarido:
- Afaste-se rato bandido
Que vai passar o escolhido,
O ser mais destemido
Que vai deixá-lo deprimido
Ao saber o quanto sou querido
E não preciso viver escondido
Nem a gente ruim ser comparado
Igual a você, seu abobado,
Sem talento e despreparado.
Seu fim é ser por mim abocanhado.
O ratinho desenxabido
Disse que já havia percebido,
E sabe que rato é malquerido:
E gato? Será mesmo querido?
- Para eu ficar convencido
Preciso ouvir de um erudito
A palavra final, o veredicto.
- Venha! Na casa em que habito
Poderemos ter tal veredicto.
Chegaram à casa do rato Carlito,
E num enorme salão de granito
Pensou o gato ser um plebiscito
Devido a tanta polícia
Mais parecia uma academia.
Disse o rato ao gato que mia:
- Aqui é o egrégio tribunal
Que julga quem comete o mal.
- E por que, bicho sem sal,
Estamos em um tribunal?
- Para que saiba o nobre animal
Se também não é comparado
E como eu apelidado.
Antes de o rato findar o palavreado
Entrou um homem abrutalhado,
Era o promotor questionando
Um sujeito frágil, desengonçado:
“Você agia como um rato aboletado...
Desviando doce confeitado,
Por quem foi aconselhado?”
- Viu? Viu? Eu disse a verdade,
A mais pura da atualidade
Rato é símbolo de maldade,
Viu a cara do réu, compadre?
O juiz bateu o martelo
E entrou um sujeito amarelo
Com seu sorriso banguelo
Nos pés um velho chinelo
Dizendo aos berros:
- Sou inocente, só usei o ferro
Para abrir o cofre e foi um erro...
O promotor: “gatuno sem tino
Pior que gato da sarjeta,
Sente-se nessa banqueta...”
O gato olhou para o rato:
- É, amigo, de fato
Em termos de comparação
Empatamos em um a um.
- Quer ouvir mais?
- Não! Quero deixar esse zunzunzum.
E lá se foi o gato exibido
Com a sensação de ter perdido
Para aquele rato fedido
A aposta de quem é o mais querido.
http://movimento-sem-sala.blogspot.com.br/2012/07/mensagens.html
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