quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

MÓDULO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS - REPRODUÇÃO HUMANA:CARACTERÍSTICAS E AÇÃO HORMONAL.


MÓDULO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS - 
REPRODUÇÃO HUMANA:CARACTERÍSTICAS E AÇÃO HORMONAL.

Autoras:

Junia Freguglia

Marina Fonseca


Mito da diferença do prazer entre homens e mulheres

- Primeira ideia que se constitui no mito:

"A mulher tem menos necessidade de sexo que o homem ou o homem sente mais necessidade de sexo do que a mulher".

- Segunda ideia que se constitui no mito:

"É difícil para a mulher alcançar o prazer de orgasmo nos relacionamentos sexuais".

Esse mito reforça uma desigualdade sexual no prazer e no desejo que não é real. Esse é um mito que reforça práticas como o adultério e a bigamia ou poligamia entre os homens. Historicamente, as culturas têm se preocupado pouco com o prazer da mulher e demonstrado grande empenho em submeter sua sexualidade ao controle masculino. Um exemplo disso foi observado ainda durante o século XIX, onde a remoção cirúrgica do clitóris foi usada para controlar a masturbação e a ninfomania.

Sobre o assunto Eduardo Galeano escreve em seu livro Espelhos (2008) o texto

Uma arma perigosa

“Em mais de 30 países a tradição manda cortar o clitóris.

O talho confirma o direito de propriedade do marido sobre sua mulher, ou suas mulheres.
Os mutiladores chamam de purificação esse crime contra o prazer feminino, e explicam que o clitóris
é um dardo envenenado,
é uma cauda de escorpião,
é um ninho de termitas,
mata o homem ou o deixa doente,
excita as mulheres,
envenena seu leite,
e as torna insaciáveis
e as deixa loucas de pedra



Para justificar a mutilação, citam o profeta Maomé, que jamais tocou no assunto, e o Corão, que tão pouco o menciona.
Um equívoco comum no raciocínio das pessoas se dá quando o orgasmo masculino é necessariamente associado ao prazer e como uma consequência da ejaculação. Diante disso, os homens procuram entender o prazer feminino por comparação. Cometem assim o erro de considerar que como a mulher não ejacula, não sente prazer.

O prazer feminino deve estar dissociado do ato de ejaculação (que é um processo fisiológico masculino). É preciso considerar as possibilidades para a mulher do prazer e do orgasmo derivados tanto da estimulação vaginal, como da clitoriana. E desmistificar as ideias de que "para a mulher é mais difícil chegar ao orgasmo" ou de que "o melhor é o sexo vaginal" apenas. 
Mitos sobre a masturbação

Masturbar vem do latim masturbare, e a origem dessa palavra deriva da expressão humana manu stuprare, que significaria "estuprar, violar a si próprio com a mão". A origem da palavra demonstra uma conotação negativa, de violência, para essa vivência sexual. Este, entre outros fatores, levam alguns estudiosos a preferirem o termoautomanipulação (auto-erotismo ou auto estimulação) para tirar a conotação negativa desta prática.

A masturbação já foi considerada perversão e desvio sexual, mesmo entre estudos de psicologia, psiquiatria e medicina. Atualmente, essa prática tem uma conotação positiva para os estudiosos do tema: significa uma exploração prazerosa em que o indivíduo experimenta sensações e vivências importantes para a constituição de uma sexualidade sadia.

- Primeira ideia que se constitui no mito:

“acreditar que a masturbação causa males aos indivíduos, tais como: esterilidade, impotência, crescimento de pêlos nas palmas das mãos, espinha no rosto e no corpo, ginecomastia (crescimento das mamas em homens), debilidade mental, verrugas, raquitismo, crescimento exagerado do pênis, diminuição do desejo sexual, ejaculação precoce”.



- Segunda ideia que se constitui no mito:

“a concepção de que apenas os homens se masturbam”.

- Terceira ideia que se constitui no mito:

“que quem muito se masturba não tem interesse em praticar sexo com parceiro ou parceira”.

Corretamente, a masturbação deve ser considerada:

1. como uma manifestação da sexualidade, uma busca pelo autoconhecimento e pelo prazer individual;

2. como uma possibilidade de extravasar tensões sexuais;

3. como uma possibilidade de ampliar práticas sexuais com um(a) companheiro (a);

4. como um tipo de sexo seguro.



Masturbação não se trata de doença, pecado, sem-vergonhice ou qualquer outra coisa com conotação moralista de falta de pudor. Visões mais positivas sobre o tema na cultura ocidental começaram a ser construídas junto com o aparecimento de estudos científicos da sexologia. Por volta de 1946, observações do desenvolvimento infantil detectaram que a prática masturbatória era comum e salutar no processo de autodescobrimento. A partir de então, as publicações médicas (que por muitas vezes condenaram a masturbação e a associaram com doenças) foram sendo revistas e hoje assume-se no campo médico a completa normalidade e a ausência de prejuízos dessa prática.
III. A “metamorfose”

A sexualidade é uma das facetas dos seres humanos, que a vivenciam desde a pequena infância até a velhice. Ao longo da vida vão acontecendo alterações orgânicas e psicológicas nos indivíduos que marcam a maneira como estes vivem sua sexualidade em cada etapa.

Uma mudança muito significativa em termos orgânicos ocorre na puberdade, quando o indivíduo se torna sexualmente maduro. Muitas alterações no corpo acontecem nesse período da vida e, com elas, também acontecem mudanças psicológicas, uma vez que o indivíduo está se encaminhando para o mundo adulto, que inclui a possibilidade de reprodução, ou seja, de gerar filhos.

Na puberdade acontece uma aceleração do crescimento, as roupas e sapatos vão "ficando pequenos". Nessa fase os hormônios começam a interferir progressivamente na aparência e no funcionamento do corpo.

No homem, as características sexuais secundárias mais notórias são: crescimento da barba; crescimento dos pelos corporais; calvície em alguns homens; aumento do pênis; espessamento das cordas vocais (voz grave); iniciação e manutenção da produção de espermatozoides.

Nas mulheres, as características sexuais secundárias mais notórias são: alargamento dos quadris; começo da menstruação (estimulação hormonal nos ovários); desenvolvimento dos seios.
Puberdade: uma “explosão” de hormônios


O controle das atividades biológicas relacionadas ao sexo é realizado pelo sistema endócrino e pelo sistema nervoso. Através dos órgãos de sentido, percebemos o ambiente e as informações são processadas, especialmente no cérebro, que responde a esses estímulos. O sistema nervoso regula não só as atividades sexuais como todas as atividades que ocorrem no corpo humano.


Mas, além do sistema nervoso que é bastante conhecido por nós, outro sistema é responsável por regular as atividades que acontecem no nosso corpo: o sistema endócrino. Ele é composto glândulas, que estão distribuídas em diversas regiões do corpo e que produzem os "famosos" hormônios, dos quais tanto se fala na adolescência.

Os hormônios são responsáveis por regular diversos processos no corpo, tais como o desenvolvimento das gônadas, a maturação sexual, o parto e muitos outros. A maioria dos processos e comportamentos, relacionados à reprodução e ao sexo, são regulados por hormônios.

Os hormônios são "mensageiros" produzidos por glândulas que são lançados na circulação sanguínea e percorrem artérias e veias até atingirem seus alvos específicos, que podem ser células, tecidos, outras glândulas ou órgãos.

Diversos hormônios relacionados à atividade sexual são produzidos pela hipófise, uma glândula localizada logo abaixo do cérebro. Essa é uma glândula que coordena o sistema endócrino, pois interfere no funcionamento de outras glândulas. Mas a hipófise não age sozinha, ela está sob o comando de outros mensageiros produzidos no cérebro, chamados neurotransmissores. Os dois tipos de hormônios produzidos pela hipofise são chamados de gonadotropinas. Esses hormônios estimulam as gônadas ( testículos no homem e ovários da mulher) a produzirem seus hormônios específicos.
Nos homens as gonadotropinas estimulam a produção da testosterona pelos testículos. A testosterona é o hormônio responsável pela formação da próstata, do pênis e do escroto nos homens e contribui para a definição do sexo no indivíduo ainda na fase de embrião. Depois que os órgãos masculinos estão formados a testosterona regula o funcionamento de outras glândulas reprodutivas: a vesícula seminal e a próstata e também o amadurecimento dos espermatozóides nos testículos. 

Nas mulheres, as gonadotropinas estimulam a produção de estrógenos e progesterona que, entre outras funções, estimulam o desenvolvimento dos óvulos nos ovários e o desenvolvimento das glândulas mamárias.

Quantos os nomes! Mas o que isso tem a ver com a puberdade? É que durante a infância as gônadas (testículos nos meninos e nas meninas) ainda não produzem hormônios. Durante puberdade é que as gônadas do indivíduo amadurecem e começam a produzir quantidades cada vez maiores de hormônios sexuais, que levam a grandes transformações no corpo. Nessa fase começam a aparecer as características sexuais secundárias. São chamadas de características secundárias, uma vez que são as características primárias e a própria presença dos órgãos genitais que determinam o sexo da pessoa. As características sexuais secundárias começam a se desenvolver na puberdade, cuja idade pode variar de pessoa para pessoa.


Ovulação e menstruação


Outra diferença marcante entre homens e mulheres é que os homens produzem espermatozoides em grande quantidade e constantemente, enquanto as mulheres produzem, normalmente, apenas um óvulo por mês.

O ciclo menstrual é um conjunto de alterações que ocorrem no ovário e no útero em função dessa liberação de um único óvulo por mês. O ciclo menstrual é regulado por hormônios.

O que ocorre todos os meses durante o ciclo menstrual é o seguinte: enquanto o óvulo é preparado para deixar o ovário, o útero é preparado para recebê-lo. Se a fecundação ocorrer, a célula ovo se implantará na camada que se formou no útero para abrigar o embrião. Se a fecundação não ocorrer, o óvulo não se acomodará no útero e a camada que o receberia se despregará, dando origem a menstruação.
Atividade 3 – Interpretação de gráfico do ciclo menstrual.

O gráfico abaixo representa o que acontece no útero, nos ovários e na hipófise durante um ciclo menstrual.


Complete as lacunas com os dias ou períodos relacionados às etapas de um ciclo menstrual.

Do __° ao __° dia do ciclo: Estimulada pelas gonadotropinas produzidas na hipófise, a quantidade de estrógenos produzidos nos ovários vai aumentando e amadurecendo um dos óvulos.

Do __° ao __° dia do ciclo: Enquanto isso, no útero o aumento do estrógeno provoca o crescimento da camada interna, chamada endométrio, formada por células epiteliais, glândulas e vasos sanguíneos.

__° dia do ciclo: Isso ocorre progressivamente até que, por volta do 14º dia, (período variável que pode ser de 7 até 16 dias) ocorre um aumento da secreção do hormônio LH pela hipófise.

__° dia do ciclo: Algumas horas após este pico de LH na circulação, um ovo é liberado e, então, capturado pela tuba uterina, e segue em direção ao útero. 

__° dia do ciclo: Após o pico de LH ( e de um pico menor de FSH) que provocou a ovulação, os níveis de estrógeno caem.

Do __° ao __° dia do ciclo: Enquanto isso, o folículo que liberou o óvulo (agora chamado de corpo lúteo) começa a produzir progesterona e, em menor quantidade, estrógeno.
__° dia do ciclo: Após 14 dias da ovulação, a produção de LH na hipófise é inibida e o corpo lúteo começa a se degenerar. Com isso, os níveis de estrogênio e especialmente de progesterona diminuem, suspendendo o crescimento do endométrio e o deslocamento de sangue para a região.

Do __° ao __° dia do ciclo: Ocorre a menstruação (o despregramento da camada interna do útero que se formara antes) e, a partir desse momento, o novo ciclo se inicia.

A primeira menstruação das meninas acontecerá durante o período da puberdade. Isso indica que a mulher já está sexualmente madura e que pode engravidar.

Os ciclos menstruais podem ou não ser que regulares. Na média, os ciclos menstruais duram 28 dias. Isso significa que se passam 28 dias entre o início de uma menstruação e o início da próxima menstruação. Em ciclos regulares de 28 dias, a ovulação ocorre por volta do 14° dia após o primeiro dia de menstruação.

Geralmente, os ciclos levam cerca de dois anos, a partir da primeira menstruação da menina, para se tornar regulares. Mas em muitas mulheres o ciclo não chega a se tornar regular nunca. E mesmo em mulheres que tem ciclos regulares, fatores emocionais e outros fatores orgânicos podem interferir na produção hormonal e alterar as ocorrências durante o ciclo. Portanto, apenas a observação do ritmo biológico que embasa o método da "tabelinha" para evitar a gravidez não é seguro nem garantido. Uma mulher que queira evitar a gravidez não deve confiar apenas na observação do seu ciclo biológico menstrual. Existem muitos outros métodos mais seguros e eficientes para evitar tanto a gravidez como as doenças que podem ser transmitidas sexualmente. É o caso da camisinha, altamente recomendado pelos sistemas públicos de saúde.

IV. Reprodução humana: “de onde vêm os bebês?”

São muitos os mitos que envolvem a origem dos bebês. Mas, de fato, atualmente as pessoas logo aprendem que um bebê se origina de uma relação sexual entre um homem e uma mulher, em que aconteça o encontro de um espermatozóide com um óvulo.

Na puberdade "meninos e meninas" amadurecem biologicamente para se tornarem "moças e rapazes" ou "homens e mulheres". Mesmo que ainda não sejam adultos, com a possibilidade de assumir grandes responsabilidades, por exemplo, em relação a criar um bebê, seus corpos já estão maduros sexualmente. Estar sexualmente maduro significa a possibilidade de produzir espermatozoides (no caso dos testículos dos homens) e liberar óvulos (no caso do ovário das mulheres).

O encontro destas células (óvulo e espermatozoide) se chama fecundação. Um óvulo fecundado por um espermatozóide vai dar origem a uma célula-ovo. E desta única célula começa a acontecer no desenvolvimento de um novo indivíduo, de um bebê. E logo surge a pergunta: “é menino ou menina?”


Referências Bibliografias:

FURLANI, Gimena. Mitos e tabus da sexualidade humana. Autêntica, 2007.

GALEANO, Eduardo. Espelhos: uma história quase universal. L&PM Editores, 2008.

HEILBORN, Maria Luiza. "Sexualidade e de identidade: entre o social e o pessoal" inSexualidade: corpo, desejo e cultura. Ciência Hoje na Escola. Volume 2.

OTTO, Priscila Guimarães "O sexo de cada um" in Sexualidade: corpo, desejo e cultura.Ciência Hoje na Escola. Volume 2.

Sexualidade: prazer em conhecer. Fundação Roberto Marinho e Schering ,2000

VISCONTI, Maria Aparecida. "Hormônios: os mensageiros do sexo" in Sexualidade: corpo, desejo e cultura. Ciência Hoje na Escola. Volume 2.

Módulo Didático: REPRODUÇÃO HUMANA: CARACTERÍSTICAS E AÇÃO HORMONAL
Currículo Básico Comum - Ciências - Ensino Fundamental
Autor(a): Junia Freguglia e Marina Fonseca
Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG /2009

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