Para retardar o envelhecimento, entenda o que é a glicemia
Picos de insulina podem aumentar riscos de doenças cardíacas, diabetes e câncer
Você começa uma dieta de baixa ingestão de glúten porque dizem que melhora a digestão e, por consequência, emagrece e melhora o processo de envelhecimento. Aí, no café da manhã troca o pãozinho por tapioca. Eis que você está fazendo isso errado, muito errado. De fato, a receita da farinha de tapioca não tem glúten, mas é um carboidrato com alto poder glicêmico, que faz o organismo produzir muita insulina, ou seja, esse alimento tem alto potencial de aumentar a carga de açúcar no sangue.
A glicemia é a taxa de concentração de glicose no sangue. Se estiver acima de 99mg/dl está acima do considerado normal. O resultado disso é a oxidação das células, fator determinante para acelerar o processo de envelhecimento.
– O envelhecimento é um processo natural do desenvolvimento humano. Temos que procurar ter um processo saudável para o envelhecimento. Isso significa dizer que precisamos colocar na mesa alimentos que ofereçam antioxidantes, que previnem doenças e anulam a ação de oxidação celular – explica a nutricionista Tatiana Pizzato Galdino, mestre em Gerontologia Biomédica.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Nova York sobre o envelhecimento mostrou que o processo pode ser mais saudável se a quantidade de calorias consumidas por dia foi baixa. Uma dieta pobre em carboidratos, segundo os responsáveis pelo estudo, protege contra doenças relacionadas à idade, como a perda de memória, e mantém uma aparência jovem por mais tempo.
Os carboidratos são os principais “culpados” pelo aumento da produção de insulina pelo organismo.
– A gordura não é mais a vilã das dietas. O carboidrato é o verdadeiro vilão porque ele eleva muito a insulina no sangue. Para as pessoas mais velhas, os picos de insulina são muito ruins para a saúde, pois aumentam a gordura visceral, aquela gordura que fica entre os órgãos – aponta a nutricionista.
Tatiana explica que carboidrato em excesso se converte em gordura, faz com que o corpo fique cada vez mais resistente à insulina e, na sequência, coloca o corpo num estado de inflamação e oxidação. É a insulina que “empurra” a glicose para dentro das células e se transforme em energia. O processo é natural e obrigatório. No entanto, glicose acumulada no sangue é o que causa a glicemia, que compromete funcionamento dos rins e coração, por exemplo.
– Tudo possui carboidratos: frutas, pães e vegetais. A questão é a dose. Para cada 15 gramas de carboidratos que consumimos, uma molécula de insulina é produzida pelo organismo. Não é preciso produzir mais do que isso – conta Tatiana.
Na pesquisa americana, os cientistas analisaram o efeito de uma alimentação de baixa caloria em dois grupos de ratos. Um deles recebeu 30% menos calorias do que o outro.
– Aconteceu que esse grupo que consumiu menos calorias teve praticamente suspenso a expressão dos genes do envelhecimento. Isso não significa dizer que a redução de calorias pode parar o envelhecimento, mas que pode atrasar os efeitos da idade e de doenças relacionadas – apontou o neurocientista Stephen Ginsberg.
Para Tatiana, contar calorias não é a melhor forma de rever a dieta para ter um envelhecimento melhor, mas sim repensar a forma como os alimentos e que alimentos são consumidos. Comer frutas e vegetais é bom, comer três laranjas ao mesmo tempo traz riscos porque aumento o risco de glicemia.
1. Dê adeus ao açúcar
Com a idade, a tendência é que o paladar seja mais difícil de agradar. Sentir o sabor dos alimentos também não é mais como na juventude. A tendência, com isso, é aumentar o consumo de açúcar.
– Não se recupera o paladar, mas é possível fazer mudanças que vão agradar mais. Ao invés de colocar açúcar no café, misture canela. O sabor fica adocicado, mas só há benefícios no novo ingrediente.
2. Se for comer industrializados, saiba como escolher
O ideal é nunca comer industrializados. Eles estão repletos de açúcares e conservantes. Mas, às vezes, pode ser uma opção.
– Basta comparar os ingredientes. Quanto mais itens, pior é o alimento. Há iogurtes que possuem apenas leite e fermento e há aqueles que afirmam ser naturais, mas possuem xarope de glicose, xarope de milho, leite desnatado reconstituído e outros ingredientes muito prejudiciais à saúde, principalmente dos idosos.
3. Frutose é perigosa
Frutose é o açúcar das frutas. Só que a indústria retira do ambiente natural e aplica aos alimentos.
– Quando isso acontece, o resultado é pior do que consumir o açúcar. A frutose adicionada aos alimentos pela indústria aumenta o risco de gordura visceral. O dano é irreversível.
4. Saiba como comer carboidratos
– O que é melhor: o suco da fruta natural ou comer a fruta? Sempre a segunda opção. O suco, que tem alto poder glicêmico, não tem as fibras que contribuem para não aumentar de forma rápida a glicemia.
O ideal é combinar o carboidrato com proteína, gordura e fibras para, então, garantir um equilíbrio.
– Queijo quark, azeite de oliva, ovos mexidos podem ser ótimos acompanhamentos do pãozinho. Tudo é uma questão de dosar a quantidade.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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