domingo, 19 de abril de 2015

Governo prepara ação estratégica para enfraquecer tese do impeachment

Surpreso com o movimento de oposição que tenta legitimar a tese do impeachment, o Governo decidiu reagir de forma diferente da que tem feito no primeiro trimestre do ano e tentará reverter o cenário de crise política. A partir de maio, um roteiro de emergência será colocado em prática, incluindo ofensiva de marketing, campanhas de TV, "pronta resposta" e distância regulamentar do PT.

De acordo com informações do Estadão, a presidente Dilma Rousseff se reuniu na última sexta-feira (17) com os ministros no Palácio da Alvorada e deu a senha para o contra-ataque. O Governo quer demonstrar ao povo a "total falta de amparo jurídico" do discurso pró-impeachment, além de criar um "cordão sanitário" em torno do Executivo Federal objetivando proteger Dilma dos escândalos de corrupção.

Outro problema que assombra os conselheiros presidenciais é com as suspeitas em torno do comitê de reeleição de Dilma. João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato e suspeita-se que eles tenha usado dinheiro desviado da Petrobrás durante a campanha do ano passado.

Em contrapartida, Edinho Silva, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social e tesoureiro durante a campanha da presidente em 2014, afirmou que não houve nenhuma irreguralidade na reeleição. "Todo o processo de arrecadação financeira foi coordenado pormim e se deu dentro da legalidade", insistiu.

Ação
O contra-ataque do Governo à crise será com uma temporada de propagandas na internet, TV e rádio, uma das quais terá o mote "Ajustar para Avançar", que explicará as medidas do ajuste fiscal. Outra campanha será o "Dialoga, Brasil", onde a população será incentivada a escolher as prioridades do governo no Plano Plurianual (PPA). Junta-se ao pacote uma ofensiva regional sobre os programas bem avaliados como o "Minha Casa, Minha Vida". De acordo com Edinho Silva, o objetivo é que as ações do Alvorada chegue ao povo "sem ruídos, para que todos saibam onde o dinheiro dos impostos está sendo gasto".

Aliados
Outra medida será a distribuição dos cargos de segundo escalão, em estatais e agências reguladoras (como a Anvisa) para os aliados. Esta articulação está sendo coordenada pelo vice-presidente Michel Temer junto ao Congresso e contará com o apoio de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), novo ministro do Turismo.

A nomeação de Alves ao cargo foi feita para agradaro presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do governo. A medida acabou tendo efeito contrário em Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que teve seu afilhado, Vinícius Lage, desalojado do ministéio.

Na tentativa de melhorar as relações com o PMDB, Dilma jantou, na quinta-feira (16), com Cunha no Palácio da Alvorada. Para o Planalto, a base de sustentação no congresso passa poruma instabilidade e está propensa a traições. A tentativa de vencera crise terá também o corpo a corpo no Senado, por onde passará a indicação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fachin.

Oposição
O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, aproveitou a prisão de Vaccari para reforçar as suspeitas de corrupção durante o período eleitoral. Ao mesmo tempo, a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de considerar irregulares as manobras fiscais de 2013 e 2014 feitas pelo Governo deu força à oposição que tenta culpabilizar Dilma por "crime de responsabilidade".

Em entrevista ao Estado, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo rebateu dizendo que "o candidato derrotado na eleição presidencial está adotando um revanchismo despropositado". No mesmo contexto, o titular da Advocacia Geral da União, Luiz Inácio Adams, ironizou ao afirmar que "falar de impeachment é mais uma tentativa de manter viva uma chama que não existe, porque não tem vela".

Fonte: Diário do Nordeste

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