sexta-feira, 21 de agosto de 2015

22/08 -- O que é Folclore ?

22/08 -- O que é Folclore ?

O que é
O folclore é a expressão da cultura de um povo : artesanato e danças e brincadeiras e costumes , histórias e história oral , lendas , músicas , provérbios , superstições e outros comuns a uma população específica, incluindo as tradições dessa cultura, subcultura ou grupo social , também chamado frequentemente da mesma forma que o estudo dessas questões.
Mas houve muitas discordâncias sobre o que exatamente o Folcklore continha: alguns falavam apenas de histórias e crenças e outras festividades também incluídos e vida comum.

VAQUEIRO MISTERIOSO

Por todo o Nordeste brasileiro contam histórias sobre um vaqueiro muito humilde, aparentemente frágil, mal vestido, montado num cavalo velho, com um chapéu gasto a lhe ocultar o rosto. Não se sabe de onde vem, nem seu verdadeiro nome. Ninguém lhe dá atenção nem dá nada por ele.
Quando se oferece para participar de vaquejadas ou outros certames com gado, zombam e caçoam do forasteiro. Acontece, porém, que na hora das disputas ele se revela um vaqueiro hábil como ninguém, conhecedor de grandes segredos. Seu cavalo torna-se então, um veloz e belígero ginete. Ele reúne todo o gado, no curral, sozinho e em pouco tempo. Domina facilmente os mais ferozes touros. Nas vaquejadas, não há novilho, não há garrote, que escape à derrubada do vaqueiro misterioso. Enfim, acaba sendo ele o grande campeão.
Terminados os torneios e as festas, ele, alegre, bom garfo e grande bebedor, recusa os sedutores convites das mulheres, assim como as ofertas dos fazendeiros de bem remunerados trabalhos; apenas recebe os prêmios e se vai, para reaparecer depois em outras paragens. Câmara Cascudo o registrou como mito (“Mitos Brasileiros”); Alceu Maynard Araújo, como lenda (“20 Lendas Brasileiras”).

VITÓRIA-RÉGIA

Era uma vez uma jovem e muito bonita índia, chamada Naiá, que se apaixonou pela lua ao ouvir as histórias de que esta era um belíssimo e poderoso guerreiro que, quando se enamorava de alguma índia, levava-a consigo para o céu e a transformava numa linda estrela.
Naiá, depois de se apaixonar pela lua, passou a não se interessar por nenhum dos seus inúmeros pretendentes, mantendo-se fiel a seu sonhado guerreiro. Numa das noites em que vagava pelas matas, ao ver a imagem da lua refletida num lago, acreditando ser o seu amado, atirou-se nas águas profundas do lago e morreu afogada.
A lua, então, que não fizera de Naiá uma estrela no céu, transformou-a numa estrela das águas, fazendo com que seu corpo de índia se tornasse uma imensa e linda flor, cujas pétalas à noite se abrem, para que o luar ilumine sua corola rosada. Essa flor é a vitória-régia.
ANDRÉ LUIZ NAKAMURA

DANÇAS

Das mais remotas manifestações culturais da humanidade, a dança, nos primórdios, era integrante de rituais religiosos e mágicos, de cuja prática existem milenares registros arqueológicos.
Ainda hoje, verifica-se o uso da dança como manifestação de devoção, com caráter religioso, a exemplo de algumas que logo veremos no decorrer deste artigo. Com o tempo, a dança deixou de ter apenas motivação religiosa e passou a adquirir função recreativa e estética, fazendo-se presente em todas as sociedades humanas. Atualmente, é usada inclusive com finalidade terapêutica.

DANÇA FOLCLÓRICA

Diversamente das danças "da moda", fomentadas pelos meios de comunicação de massa, ou da dança clássica, erudita, a dança folclórica caracteriza-se por se situar e se desenvolver dentro da cultura espontânea, informal, ou seja, é aprendida pela observação e imitação direta, pela repetição e pela tradição, sem a intervenção da cultura erudita, sem a direção de coreógrafos.
Os estudiosos do tema classificam-nas de diversas maneiras.
Alguns as enfeixam em três grupos: danças "religiosas" (São Gonçalo, por exemplo), "guerreiras" (Quilombo, Maculelê) e "profanas" (Lundu, Coco). Outros o fazem, segmentando-as de acordo com sua "forma" (par solto ou unido, fileiras, roda); "possível origem" ou influência (européia, indígena); e sua "finalidade" (de intenção religiosa ou profana).
Outras formas de sistematização são também apresentadas, tais como, "quanto ao período em que são celebradas"; "quanto ao espaço de realização" (dança de salão, dança de terreiro); "quanto indumentária"; "quanto à área geográfica", entre outras.

FOLGUEDOS

"Considerados pelos estudiosos como a principal característica das festas tradicionais, religiosas ou não, os folguedos populares englobam brincadeiras, diversões, artes e artesanato, danças e bailes, músicas e cantorias, jogos e sortes, o comércio de artigos regionais, os autos e as representações teatrais (...), as pantomimas e os teatros de bonecos, entre muitos outros", ensina Emília Biancardi, em "Raízes Musicais da Bahia" (pág. 55, grifamos).
O termo "folguedo" tem, portanto, várias acepções, mas a tendência entre a maior parte dos folclo-ristas é de usá-lo restritivamente, num sentido mais específico, para designar as manifestações em que existe alguma representação dramática, com personagens definidos.
Segundo Maria de Lourdes Borges Ribeiro, a dança folclórica "é a manifestação de um grupo de estrutura simples, apenas mestre e dançadores, com coreografia própria, sem texto dramático, com ou sem indumentária determinada"; "o grupo de folguedo tem uma estrutura complexa, com mestre, dançadores, per¬sonagens com hierarquia e atuação definida, indumentária determinada, elementos tradicionais, ensaios, parte dramática" (em "Folclore", Biblioteca Educação e Cultura, MEC).
Veríssimo de Melo, por sua vez, diverge, considerando equivalentes os termos danças e íolguedos populares, apresentando uma outra distinção entre folguedos e autos): "Entre as danças folclóricas, em geral, há que se separar os autos populares ou danças dramáticas (...) das outras danças ou folguedos populares. Os autos apresentam um enredo, uma estória. Os folguedos circunscrevem-se à coreografia, ritmo e música" ("Folclore Brasileiro - Rio Grande do Norte").
Muitos folcloristas, entretanto, referem-se ao "bumba-meu-boi", por exemplo, como auto ou como folguedo, indistintamente. São, enfim, amplas a diversificação terminológica e as distinções entre os fenômenos denominados. Usam-se "dança dramática", "auto", "folgança", "bailado", "cortejo".

Para Maria Amália Corrêa Giffoni em "Experiência de Pesquisa e Aplicação Didática de Danças Folclóricas", folguedos, ou bailados, danças-dramáticas e autos constituem denominações diferentes do mesmo fato folclórico, incluindo cortejo, danças, cantorias e declamação (Anuário do 28° Festival do Folclore).
Não obstante as divergências, é oportuno ressaltar que a grande mai¬oria dos autores utiliza os termos "danças" e "folguedos" quando tratam do assunto. Do mesmo modo, consta do Capítulo IX do texto resultante da "Releitura" da Carta do Folclore Brasileiro, produzido no VUI Congresso Brasileiro de Folclore, em dezembro de 1995, em Salvador, Bahia: "Grupos Parafolclóricos - São assim chamados os grupos que apresentam folguedos e danças folclóricas (...)".
Poderíamos, então, estabelecer esta distinção: a existência de dramatização e de personagens específicos, presentes no folguedo, o distingue da dança. Há, no entanto, manifestações em que a dança é apenas parte, mas não essencial, de determinado "folguedo", podendo inclusive nem ocorrer, assim como, em alguns "Bois", por exemplo, o episódio da morte e da ressurreição do animal pode também não ser encenado.
Sendo assim, consideramos oportunas as conceituações de Américo Pellegrini Filho, segundo o qual Dança Folclórica é "forma de expressão tradicionalmente popular que se baseia em movimentos rítmicos do corpo ou parte dele (especialmente os pés), em geral acompanhados por música e canto, e aprendida de modo informal por contatos interpessoais" ("Danças Folclóricas", pág. 26, 2a edição, Ed. Esperança); e Folguedo é "forma folclórica com estrutura, personagens e às vezes enredo, incluindo comumente danças ou coreografias reduzidas.
E integrado, geralmente, por pessoas mais ou menos constantes que mantêm um tema central tradicional. Pode não ocorrer a representação teatral (o desenvolvimento de um enredo), mas pelo menos se observam a organização de cortejo, a estrutura coletiva, os trajes especiais. Desse modo, o folguedo popular é uma forma folclórica mais ampla e complexa que a dança e chega mesmo a incluir danças" (op. cit. pág. 27).

PARAFOLCLORE

O termo "parafolclore", formado pelo prefixo grego para ("perto de", "ao lado de") e folclore (cultura popular), foi criado para designar o aproveitamento de produtos da cultura popular pelos meios eruditos.
Nesta modesta abordagem do assunto, trataremos apenas superficialmente da utilização das danças folclóricas com propósito estético.

GRUPOS PARAFOLCLÓRICOS

Dança parafolclórica é aquela baseada ou inspirada em uma dança folclórica, diferenciando-se desta por ser desenvolvida por dançarinos profissionais ou estudantes, sob a direção de um coreógrafo, com motivação estética e propósito artístico-espetacular. (Esse é o conceito comum, mormente entre os mais tradicionalistas. No entanto, há que se ressaltar a existência de grupos parafolclóricos que têm também outros propósitos, especialmente no sentido de difundir tradições folclóricas para fins didáticos).
São apresentadas pelos denominados Grupos Parafolclóricos, que pesquisam e reelaboram as danças e folguedos folclóricos, adaptando-os, a seu critério, para apresentá-los nos palcos. A dança é artisticamente reinterpretada. O figurino é enriquecido. A coreografia é reelaborada. Modificam-se alguns passos das danças tradicionais, acrescentam-se outros, tudo em conformidade com os efeitos cênicos almejados. E o folclore "estilizado".
Alguns grupos parafolclóricos orgulham-se de serem "o mais fiéis possível ao 'autêntico'". Outros discordam, argumentando que, se o objetivo for simplesmente imitar e copiar passo a passo a manifestação que se pretende projetar, nada de artístico se lhe acrescentará.
Também é usada a expressão "projeção folclórica", preferida por alguns folcloristas.
"Uma dança folclórica é folclore autêntico quando executada pelo grupo folk que a guarda em seu contexto cultural. Executada por alunos de um estabelecimento, respeitado o modelo folclórico, é folclore aplicado. Apresentada em teatro, por profissionais, modificada num ou noutro ponto para satisfação estética de uma determinada clientela, é projeção do folclore", ensina Maria de Lourdes Borges Ribeiro (op. cit).
Rogers Ayres, referindo-se aos diversos eventos de que participou como Balé Folclórico de Alagoas - Grupo Transart, declara que em todos eles "a marca do novo estava presente. Estudiosos, coreógrafos, professores e ensaiadores estão dando um novo formato desses eventos para que eles sobrevivam. Renovar para se eternizar. E isso o que fazemos quando restauramos uma obra de arte".
"Os parafolclóricos surgiram para homenagear os folclóricos de raiz. Os grupos nascem nas escolas, nas academias e também nas comunidades simples ou ricas para continuarem uma tradição que não deverá desaparecer totalmente" (Anuário do 40a Festival do Folclore, pág. 31). Segundo o Capítulo IX do texto resultante da "Releitura" da Carta do Folclore Brasileiro, produzido no VIII Congresso Brasileiro de Folclore, em dezembro de 1995, em Salvador, Bahia:
"(...) GRUPOS PARAFOLCLÓRICOS"
1.São assim chamados os grupos que apresentam folguedos e danças folclóricas, cujos integrantes, em sua maioria, não são portadores das tradições representadas, organizam-se formalmente e aprendem as danças e os folguedos através do estudo regular, em alguns casos, exclusivamente bibliográfico e de modo não espontâneo.
2.Recomenda-se que tais grupos não concorram em nenhuma circunstância com os grupos populares e que, em suas apresentações, seja esclarecido aos espectadores que seus espetáculos constituem recriações e aproveitamento das manifestações folclóricas.
3.Os grupos parafolclóricos consti¬tuem uma alternativa para a prática de ensino e para a divulgação das tradições folclóricas, tanto para fins educativos como para atendimento a eventos turísticos e culturais".
Bastante oportunos os comentários de Gustavo Cortes sobre o item 2 do Capítulo IX da Releitura da Carta do Folclore Brasileiro: "O que me parece mais importante é refletir o parafolclore como questão relacionada à arte e à educação.
Por se tratar também de manifestação artística na forma e conteúdo, o artista que utilizar da projeção folclórica terá a liberdade de expressar o seu trabalho com caráter único, pois a visão da arte é específica e vai de acordo com as experiências vividas pelo seu autor.
Contudo, a expressão artística deverá ter o cuidado de ser baseada em estudos que não agridam a manifestação autêntica, sendo coerente com a pesquisa realizada, sem perder a particularidade na criação do trabalho. Se a intenção da projeção folclórica for apenas copiar o fato existente, não trará nada a acrescentar em termos de arte.
E importante ficar claro para o público qual o tipo de trabalho a que ele irá assistir. Assim, não haverá a ocorrência de competição entre as manifestações que já são diferentes entre si, como ficou registrado no 2a item da carta" (Boletim da Comissão Mineira de Folclore n° 25).
Vejamos alguns folguedos e danças, ecoando antes, as sábias palavras do eminente Alceu Maynard Araújo, segundo o qual "uma das mais sérias dificuldades encontradas em nosso país, com referência aos estudos da demopsicologia, é a denominação dada às danças, às cerimônias religiosas populares e aos instrumentos musicais, pois variam de região para região" ("Folclore Nacional", Vol. II, "Danças * Recreação * Música", pág. 231, Ed. Melhoramentos).

BOI

Animal cultuado pelo mundo e também entre nós, em torno da fi¬gura do boi (uma importante fonte de trabalho e de renda), existem lendas e outras narrativas que marcaram no Brasil sua presença em nosso folclore.
Uma das versões sobre sua origem é a de que estaria relacionada a um antigo culto ao deus egípcio da fertilidade (Apis), representado por um boi, que morria e ressuscitava, também praticado em outras regiões da Africa. Esse culto então teria sido trazido ao Brasil pelos escravos africanos.
O auto do boi apresenta um enredo básico em quase todo o país: a negra Catirina, grávida, com desejo de comer língua de boi, mas a do mais belo da fazenda. Seu marido, o "Pai Francisco" ou "Pai Chico", trabalhador na fazenda, mata o animal pertencente a seu patrão para atendê-la. O boi é morto.
O patrão por ele reclama, e depois de muitos entre¬meios de personagens caricaturados da sociedade, que vêm opinar sobre o ocorrido, o criminoso é descoberto. Rezas, rituais má¬gicos e remédios se seguem. O boi ressuscita e tudo vira festa.
Das diversas formas em que esse folguedo é apresentado em todas as regiões brasileiras, exemplifiquemos com os seguintes:

BOI-DE-MÁSCARA

Essa difere dos tradicionais bois do Norte brasileiro por seu ritmo e pelo uso de máscaras e "cabeções" pelos dançarinos. Não há a encena¬ção do enredo. Teria surgido no município paraense de São Caetano de Oliva.

BOI-BUMBA de Parintins, Amazonas

Megaevento, dos maiores do país, a festa do boi-bumbá de Parintins, Amazonas, é ali realizada há mais de oito décadas, no mês de junho, atualmente no "Bumbó-dromo", a grande arena onde ocorrem as apresentações.
Há um destaque maior para a presença de elementos indígenas, que o distingue do Bumba-meu-boi mara¬nhense (ressalte-se, porém, que o boi-bumbá é filho direto do bumba-meu-boi do Nordeste). Também se diferencia de outros bois pelo ritmo, pela indumentária, pela coreografia e personagens utilizados. Monumentais carros alegóricos e ricos figurinos fazem parte das apresentações, nas quais são evocados fatos, lendas e qualidades da Amazônia.
Uma acirrada disputa se trava entre os bois "Garantido", em que prevalece a cor vermelha, e "Caprichoso", em que predomina a cor azul.

BUMBA-MEU-BOI

Do Nordeste, especialmente no Maranhão, onde é um dos maiores festejos brasileiros, o Bumba-meu-boi prima pela riqueza e diversidade do figurino e dos elementos rítmicos e coreográficos. É usado o termo "sotaque" para as músicas que acompanham os bois maranhenses.
O que os distingue são os instrumentos musicais utilizados e a cadência do ritmo imprimido a cada espécie. Dentre as figuras se destacam o Pai Francisco, a Catirina, Dona Maria (mulher do amo), pajé, índios, vaqueiros, cazumbás (espé¬cies de palhaços, mascarados). Em outros Estados nordestinos, há variantes como o Boi-de-Reis, no Rio Grande do Norte, e o "Cavalo- Marinho", especialmente em Pernam¬buco e Paraíba.
Neste último, além da figura do boi, se destaca, entre várias outras, a do Cavalo-Marinho, espécie em torno da qual o povo criou diversas lendas. No Boi-de-Reis, há também outras, como os Galantes (ricamente vestidos, adornados com fitas coloridas e espe¬lhos); os Mascarados (trajando rou¬pas surradas, com os rostos pinta¬dos de tisna) e outras figuras de bi¬chos e assombrações.REIS-DE-BOI
E um folguedo que homenageia os Santos Reis, no qual se realiza o auto do boi, de grande ocorrência no Estado do Espírito Santo, especialmente nos municípios de Conceição da Barra e de São Mateus, estendendo-se a alguns do sul da Bahia. Compõe-se de vários elementos: o Boi, personagem principal, o Vaqueiro, Pai Francisco e a Catirina, João Mole (um boneco desengonçado), um grupo de marujos e outras figuras representando animais, monstros e fantasmas.

BOI DO NATAL

Na região Centro-Oeste, ocorre também o folguedo chamado "Boi do Natal", com o mesmo tema dos outros "bois", qual seja, o animal morto e ressuscitado. O que muda são alguns personagens, informa Carlos Felipe de Melo Marques, havendo lugar "para um caboclo, o Gregório; para um negro, o Mateus; e para um índio, o Caipora. Entre cantos, danças e palavras, o boi e seus companheiros, a mulinha, o cavalo de fogo e o jacaré brincam no meio do povo" ("O Grande Livro do Folclore", pág. 197, 2a Edição, Ed. Leitura).

BOI-DE-MAMÃO

Na região sul, especialmente em Santa Catarina, o "Boi" é o Boi-de-mamão. O conhecido enredo é encenado, mas outras figuras são nele introduzidas, como as de bonecos gigantes e outros animais. O nome "boi-de-mamão", segundo alguns autores, se referiria a um mamão verde que teria sido usado, às pressas, na confecção da figura do boi para mostrá-la a umas crianças.

MARUJADA

Antigo folguedo, de origem portuguesa, que retrata tanto os dramas enfrentados pelos marujos como os seus heróicos feitos em alto-mar, descobrindo terras, vencendo batalhas, em especial contra os mouros.
Esse folguedo conserva vestígios dos antigos autos portugueses da Nau Catarineta (antigo romance oral, de origem ibérica, cuja narrativa trata do desaparecimento de um navio português regressando de colônias).
Vários personagens fazem parte desse folguedo: o Almirante, o Capitão-de-mar-e-guerra, Capitão-de-fragata, marujos, cristãos, mouros, entre outros. O figurino dos membros do grupo lembra o dos antigos marinheiros.

A denominação varia ao longo das regiões em que aparece no Brasil:

Marujada, Marujos, Fragata, Barca, Chegança, Chegança de Marujos. No Nordeste, alguns se denominam, curiosamente, "Fandango", o qual, segundo Rogers Ayres, diretor do Balé Folclórico de Alagoas - Grupo Tran-sart, "corresponde Marujada de outros Estados brasileiros". Rogers acrescenta que "o único grupo existente atualmente em Alagoas está localizado no Pontal da Barra e é dirigido pelo mestre Aminadab".
Em Minas Gerais, informa Gustavo Cortes, há os "Marujos", que se apresentam nas festividades de Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito e de Santa Efigênia, vestidos com os trajes típicos de marinheiros, ostentando o ro¬sário de lágrimas na cintura.
A Marujada de Bragança/PA, no entanto, muito difere dos demais folguedos existentes no Brasil. E composta por mulheres, às quais cabe o comando e a organização da festividade; os homens são apenas acompanhantes e tocadores. Não há muitas personagens além da Capitoa e da Sub-capitoa. As marujas vestem blusa branca, toda rendada e saia comprida rodada, vermelha ou azul.
Usam uma fita, a tiracolo, azul ou encarnada, de acordo com a cor da saia, bem como um chapéu cheio de plumas e de fitas de várias cores. E realizada no dia de São Benedito, no dia de Natal, no mês de dezembro e no dia Ia de janeiro. Não há dramatização na Marujada de Bragança nem alusões à Nau Catarineta oú a feitos marítimos.

PAU-DE-FITA

Considerada uma dança universal, é a sobrevivência de antigos rituais de cultos às árvores. Muitos povos dançaram em torno delas, que são símbolos de fertilidade, adornando-as de várias cores. Um dia, alguém a enfeitou com fitas. Mais tarde, alguém tomou dessas fitas enquanto dançava. O exemplo foi imitado e a coordenação de movimentos deu origem à dança.
Do topo de um mastro de cerca de três metros de comprimento, partem fitas coloridas. Os dançadores, em torno do mastro, cada um segurando uma fita, vão trançando-as, formando figuras. O número de dançantes deve ser sempre par para que as "tramas" ou "tranças" possam ser levadas a bom termo.
Dançada em quase todas as regiões do Brasil, recebe diferentes nomes, conforme o local: Tipiti, Dança-das-fitas, Dança de trançar, Folguedo-da-trança, Trança-fitas, entre outros.

QUADRILHA

Típica de festejos juninos, a Quadrilha surgiu como dança aristocrática, proveniente dos salões da França, divulgada depois entre os europeus. Introduzida no Brasil como dança de salão, ela foi apropriada e reelaborada ao sabor popular.
Dos salões nobres, foi levada à zona rural, de cujas festividades é normalmente parte. Propagou-se pelas cidades e hoje é tradicionalmente dançada nas festas juninas. Há competições de Quadrilhas nas grandes festas.
Um "casamento na roça" é às vezes encenado.
Várias são as figurações que os dançarinos desenvolvem, sob o comando de um mestre, o "marcante" ou "marcador":

CANA-VERDE

E uma dança proveniente da província portuguesa do Minho, Portugal, que por aqui muito se disseminou. Encontram-se diferentes versões dessa dança em vários Estados brasileiros, quanto à coreo¬grafia e à música. Também chamada Caninha-verde.
Outros folcloris-tas discordam, a exemplo de Alceu Maynard Araújo (op. cit, pág. 182), que cita também Corné¬lio Pires, para os quais "não se deve confundir a dança portuguesa da 'Caninha-verde' com a nossa 'Cana-verde'".
Entretanto, a confusão já está feita. Na "Caninha-verde" do Ceará, único local em que a dança se apresenta da forma a seguir descrita, a indumentária, aliás, se baseia em trajes da corte portuguesa no Brasil, mas com um exagero carnavalesco bem próprio dos brasileiros.
No decorrer da coreografia, os "nobres" saem dançando, envolvidos pelos súditos, todos muito festivos, "a cantar" e "a dançar" ao som de pandeiros, bandolim, violão e cavaquinho. Na Cana-verde gaúcha, a dança é mais lenta, predominando a alternância de passos de juntar e de recuo, com giros dos cavalheiros e damas, ora com seus respectivos braços direitos entrelaçados, ora com os esquerdos (frentes dos corpos ao contrário), ao som da conhecida música "Eu plantei a cana-verde, sete palmos de fundura (...) não levou nem sete dias, a cana estava madura". Da "Cana-verde de passagem", paulista, trataremos oportunamente, no rol das danças da região Sudeste.

XOTE

E uma dança de salão, aristocrática, que saiu das "altas rodas", incorporando-se aos bailes populares. São usuais as pronúncias xote e xotes. Alguns dizem que a origem dessa dança é alemã; outros, escocesa; outros, ainda, holandesa. Alceu Maynard preferiu dizer que é de origem européia (schotisch).
No Norte do Brasil, há o Xote Bragantino (de Bragança Paraense, Pará), que também faz parte da Marujada em Bragança, dançado por pares, sempre em roda, em meio a volteios e batidas fortes dos pés contra o chão, na cadência da música, cujo passo principal é a saudação entre os cavalheiros e as damas (estas, com os braços esticados, sustém levemente, com as pontas dos dedos, parte de seus vestidos, próxima barra, fazendo uma ligeira genuflexão; aqueles fazem uma flexão de tronco, frente delas, cumprimen-tando-as).
No Nordeste, região do país em que é mais executado, ao som das sanfonas ou foles nos bailes populares, o xote é dançado de diversas maneiras, havendo muitas variantes: xote pé-de-serra, xote batido, xote pé-de-parede. Xote, aliás, é um dos ritmos de forró na região mais festeira do Brasil, valendo lembrar que não há um tipo especial de música denominada "forró"; este termo designa o local e a reunião de dançadores, onde são tocados xotes, xaxa-dos, baiões, entre outros ritmos.
No Rio Grande do Sul, onde se amoldou à instrumentação típica, mormente a "cordeona", há também algumas variantes, dentre as quais se destacam o Xote-carreirinho variante cuja maior característica é um movimento coreográfico em que os pares, enlaçados, dão passos ligeiramente "arrastados" e sapateados, numa "cor-ridinha" bem como uma outra muito curiosa, o "Xote de duas damas".
Nessa última modalidade coreográfica "realmente excepcional", "não só no meio rio-grandense, como no meio universal", no dizer de Paixão Cortes e Barbosa Lessa cada cavalheiro dança com duas damas, executando os passos da dança, ladeado por cada uma delas, de mãos dadas os peões segurando, com cada uma das suas, as respectivas mãos, direita e esquerda, de suas "duas damas" elevadas próximo à altura de seus ombros.
Segundo referidos autores, não se sabe "por que milagre veio surgir entre os gaúchos" essa variante do xote. "Influência dos platinos, através do 'palito'? Ou influência dos imigrantes alemães, numa reminiscência das antigas danças germânicas desse gênero?", indagam eles em "Manual de Danças Gaúchas" (pág. 91, Irmãos Vitale Editores).

CIRANDA

Essa dança de origem portuguesa também apresenta variações pelo Brasil afora. "Ciranda" é designação para as rodas infantis em diversas partes do Brasil. Em outras, não é especificamente dança de crianças.
No Nordeste, em especial nos Estados de Pernambuco e Paraíba, é dança de roda em que os dançarinos se dão as mãos e balançam o corpo enquanto se movimentam em sentido anti-horário, dando passos para dentro e para fora do círculo, ao som de músicas produzidas com o uso de instru¬mentos de percussão, como tarol, bumbo, ganzá, e de sopro (pistons, trombone).
Na região do Tapajós, Pará, existe a "Ciranda do Norte", que se distingue pela mistura de vários ritmos, como o xote, a valsa e outros, que tornam a dança ora suave, ora acelerada. É dançada ao som de banjo, flauta, curimbós, maracás, reco-recos, seguindo-se a marcação do compasso feita pelo pandeiro, violão e apito.

FANDANGO

Usa-se o termo "Fandango" para designar uma série de danças populares. Em São Paulo, no litoral, informa Caseia Frade, Fanpescadores, realizadas na faixa litorânea do Estado.
Vejamos mais alguns folguedos e danças, doravante segmentados de acordo com as regiões do país.

DANÇA DE SÃO GONÇALO

Dança de intenção religiosa, praticada geralmente em cumprimento de promessa, por devoção a São Gonçalo. E repleta de variantes pelo Brasil. No Mato Grosso, por exemplo, é dançada aos pares, e a imagem do santo é passada de mão em mão; em São Paulo, em forma de cortejo, uma fileira de mulheres, outra de homens; em Goiás, dançam apenas homens; em Minas Gerais, só mulheres, portando arcos, com apenas um homem representando o santo.
Dango compreende uma série de danças de pares mistos; no interior, é uma dança que muito se aproxima da catira ou cateretê, por causa do sapateado, dançada só por homens, que usam chapéu e lenço ao pescoço e botas com chilenas de duas rosetas. No Nordeste, como vimos, é o nome que em algumas localidades se dá à Marujada.
Na região Sul, significa festa que reúne diversas danças regionais. No Paraná, especificamente, merecem relevo o conjunto de "marcas", nome com que se designam as danças apresentadas em estas típicas de caboclos e da Região Norte.

LUNDU MARAJÓ

Trata-se de uma autêntica representação coreográfica de uma conquista amorosa, empreendida com sedutores passos e movimentos. De origem africana, essa é a mais sensual das nossas danças populares. Na música que a acompanha, predominam instrumentos de sopro e atabaque, num ritmo lento e cadenciado. Chegou a ser proibida pelo governo federal, que cedeu às instâncias da Igreja Católica, que a considerava imoral.
Não é mais mostrada como no passado, em que as negras a dançavam com os seios à mostra. As dançarinas usam blusas curtas e saias rodadas e os homens, sem camisa (dependendo do local) ou com calças curtas.

SÍRIA

O nome é apócope de "Sirial", denominação dada pelos negros ao local em que recolhiam siris. Essa dança provém da região de Cametá, Pará. Os movimentos coreográficos _ lentos inicialmente, acelerando-se do meio para o final _ evocam os que os pescadores executam para a coleta de siris. Os dançarinos usam grandes chapéus de palha, a exemplo dos pescadores da referida localidade.

CARIMBO

Expressão máxima das danças folclóricas paraenses, o Carimbo é de origem indígena, dos Tupinam-bás, com marcante influência negra e portuguesa. Aos tambores so¬mam-se outros instrumentos como banjo, maracás, reco-recos, flautas e pandeiros, numa mistura de sons que imprime ao ritmo uma característica singular.
O nome, de origem tupi, deriva do principal instrumento utilizado (um atabaque grande), o curimbó (curi - pau e m'bó - oco ou furado). Merece destaque a brincadeira do lenço desenvolvida na dança, em que os dançarinos vão se abaixando, com as pernas abertas e esticadas, para pegar com a boca o lenço deixado no chão por uma dançarina, sem tocar a mão ou qualquer outra parte do corpo no chão.

RETUMBÃO

E uma das manifestações que integram a Marujada de Bragança Paraense. As mulheres saem em cortejo pelas ruas da cidade, acompanhadas pelos homens e tocadores. E uma dança comandada pelas mulheres, por meio da Capitoa, que ostenta em suas mãos um bastão de madeira, ornado de flores, usado para indicar as mudanças de direção e de passos.
As vestimentas do Retumbão são as mesmas usadas na Marujada. O ritmo da dança é determinado pelo tambor, o "bagre". Dizem que o nome da dança provém das narrativas da região, segundo as quais eram "retumbantes" os sons dos tambores, fazendo-se ouvir a grandes distâncias.

CHULA MARAJOARA

É uma dança que louva divindades como São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, em cujas festividades, na Ilha do Marajó, é bastante freqüente. E dançada apenas por mulheres, descalças e com roupas estampadas, representando uma alegre forma de louvação.Os trajes usados nessa dança, lembrando a roupa característica do vaqueiro dessa região, cujos movimentos em seu trabalho são coreo-graficamente imitados.

MARABAIXO

Do Estado do Amapá, é uma dança de origem negra, cujo ritmo é cadenciado por toscos tambores de madeira. Trata-se de um folgue¬do de maior ocorrência no Sábado de Aleluia e Domingo da Páscoa. As mulheres usam vestidos estampados e os homens, calças brancas, camisas bordadas e chapéus de palha. Alguns dos movimentos dos dançarinos fazem lembrar um pouco os da capoeira. Mas no Ma-rabaixo não se segue uma coreografia básica; a improvisação é comum nessa dança.

DESFEITEIRA

Do Amazonas e do Pará, é uma dança lúdica, de origem portuguesa. Os pares vão dançando livremente. Há uma súbita parada da música executada pelo conjunto musical. O par que diante deste se encontra, no momento, é obrigado a declamar algum verso. Caso não o faça, é vaiado e deve pagar uma prenda.
Fecha-se o círculo de dançadores, homens e mulheres são posicionados alternadamente, de mãos dadas, com força, ou de braços entrelaçados, e o solista tenta escapar do cerco. Ao conseguir, é substituído. E corrente nos povoados próximos ao Rio Madeira, em Antazes e em Novo Aripuanã.

DO NORDESTE

CAPOEIRA
Capoeira é dança, é jogo, é contenda. Antes, uma arma dos negros por sua liberdade; hoje, uma luta dançante, ao som de pandeiros, agogôs, atabaques e berimbaus. Foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos, mas o nome é de origem tupi (Kapu'era), segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, significando "terreno em que o mato foi roçado ou queimado para o cultivo da terra ou para outro fim". E muito corrente na Bahia, mas há vários estilos de capoeira por todo o Brasil.

VAQUEIRO DO MARAJÓ
Típica da Ilha do Marajó, Pará, onde há o maior rebanho de búfalos do país, esta dança retrata a lida dos vaqueiros do Norte do Brasil. Os dançarinos portam um laço para pegar gado e o giram acima de suas cabeças, simulando o preparo de uma laçada.
JACUNDÁ
Dança amazonense cujos passos se inspiram nos belos movimentos de nado do homônimo peixe. Os dançadores, em roda, giram no sentido anti-horário. Num dado momento, um solista fica no centro, dançando; é o "Jacundá".
BACAMARTEIROS OU BATALHÃO DE BACAMARTES
Conjunto de homens portando armas rudimentares denominadas "bacamartes", com pólvora de fabricação caseira, cujos tiros são disparados em manifestações populares como procissões, quermesses e outros festejos. Ao proceder aos tiros, em diversas posições, sem deixar cair o "bacamarte", os baca-marteiros demonstram sua destreza e habilidade.
O grupo Bacamarteiros de Carmópolis, Sergipe, surgiu no início do século XIX. Desse grupo, fazem parte 40 homens e 20 mulheres, todos com roupas típicas do ciclo junino, que, após os tiros, dançam um samba de roda.
PARAFUSOS
Os parafusos representam uma referência coreográfica aos furtos cometidos por escravos fugitivos, que, em horas mortas, nas noites de lua cheia, saíam de seus mocambos (refúgios) nas matas e vestiam as anáguas das sinhás deixadas ao sereno, umas sobre as outras, até cobrir o pescoço.
Assim, saíam pelas ruas, dando pulos, fazendo assombração. O medo dos assombrados era maior que o impulso de tentar a recuperação de seus pertences, pois acreditavam que estavam sendo vítimas de almas de outro mundo.
Alforriados, os escravos festejaram vestidos tal qual faziam antes, para zombar de seus antigos senhores.
O grupo folclórico "Parafusos", de Lagarto Sergipe faz uma festiva referência a esses fatos que ali teriam se sucedido. Os integrantes usam turbantes, com o rosto pintado de branco, e, vestidos com anáguas, dançam, girando, fazendo lembrar a imagem de um parafuso.
MACULELÊ
Dança guerreira de origem africana, em que os participantes, geralmente apenas homens, dançam ao som de atabaques e agogôs. Os escravos dançavam o Maculelê nos canaviais com pedaços de cana (a roxa, mais resistente).
Conta-se que em ocasiões de tentativa de fuga de algum escravo, o Maculelê era dançado, para distrair os feitores, facilitando a evasão. E proveniente de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. O entrechoque de bastões e facões, pelos integrantes dos grupos, marcam essa manifestação, que teria também recebido influência indígena, segundo alguns folcloristas.
TAIEIRAS
Grupo de senhoras que acompanhavam a festa de Nossa Senhora do Rosário, na celebração de São Benedito, no dia 6 de janeiro, dançando e cantando, em Lagarto, Sergipe, terra natal de Silvio Romero, que fez registro dessa manifestação, vestidas com roupas similares às tradicionais das baianas. Originalmente, o grupo era composto de mulatas que seguiam a procissão. Essa tradição é mantida em Lagarto, Sergipe, onde é ampla a participação das Taieiras em eventos comemorativos religiosos.
REISADO
É do chamado ciclo natalino (período de celebração ao nascimento de Jesus Cristo). Atribui-se a São Francisco de Assis o surgimento de autos natalinos. Ele teria promovido uma representação de um presépio, com personagens da Bíblia, em 1223.

De origem portuguesa, é um folguedo nordestino que celebra o nascimento de Jesus e os três Reis Magos que o visitaram na ocasião, tal como as Folias de Reis do Sudeste, de que logo trataremos, das quais, aliás, diferem principalmente pelo figurino, pois, no Reisado, o traje é mais diversificado e colorido, com o uso de chapéus representando torres ou fachadas de igrejas.
COCO
De origem negra, essa dança surgiu nos engenhos, no período da escravidão. Os escravos, para amenizar as dores decorrentes dos esforços empreendidos para quebrar cocos secos com os pés, faziam deles instrumentos musicais, cantavam e dançavam a dança de roda, às vezes com palmas e sapateados. Tamancos às vezes são usados para lembrar o barulho da quebra dos cocos. Teria surgido em Alagoas, mas se difundiu por todo o Nordeste, sendo também dançada, com variações, pelo Brasil.
QUILOMBO
É um folguedo alagoano de origem africana, surgido após o malogro dos quilombolas dos Palmares. Evoca as ferrenhas e sanguinárias lutas travadas entre os escravos fugitivos e os implacáveis capatazes.
Outros autores defendem que não há vínculo entre esse folguedo e o referido acontecimento histórico, argumentando que se trata de uma reinterpretação erudita de danças brasileiras e européias, representando lutas ora entre negros e brancos, ora entre mouros e cristãos, ora entre negros e índios ou caboclos.
O conjunto musical é o Terno de Zabumba. A coreografia é uma simulação de luta, com o uso de foices pelos negros e de arcos e flechas pelos caboclos.
PASTORIL
Folguedo também pertencente ao "ciclo natalino", o Pastoril faz referência à adoração dos pastores ao Menino Jesus, por ocasião de seu nascimento. As "pastoras" (como são chamadas as integrantes desse folguedo) dividem-se em dois "cordões", o Azul e o Encarnado. Usam saias, blusas, aventais, portando pandeiros.
Da indumentária das pastoras pertencentes a cada um desses cordões, faz parte alguma peça da respectiva cor, azul ou encarnada. Há bailados, cantos, recitativos e diálogos homenageando o nascimento do Messias. E um folguedo muito conhecido no Nordeste, cultivado com mais evidência no Estado de Alagoas.
GUERREIRO
O Guerreiro deriva de reisados alagoanos. Mas a riquíssima indumentária e um número maior de figurantes e episódios imprimem ao "Guerreiro" uma característica mais moderna em comparação aos antigos reisados.
Destaca-se no Guerreiro o uso de grandes chapéus, em formato de igreja, chamados "capelas", que são enfeitados com pedras e espelhos (que, dizem, devolvem o mau-olhado a quem o lança).
Os personagens são rei, rainha, contramestre, embaixadores, general, lira, índio Peri e seus vassalos, Mateus, dois palhaços, sereia, estrela de ouro, estrela brilhante, estrela republicana, a banda da lua e as figuras. As vezes, o tradicional "boi" e a Catirina também surgem no final.
BAIANAS ou BAIANA
Originária de Pernambuco, nessa dança se apresentam mulheres trajadas com vestes tradicionais de baianas, que dançam e fazem evoluções ao som de instrumentos de percussão. E considerada uma adaptação rural dos maracatus pernambucanos, mesclada com músicas que fazem lembrar o canto dos negros nas senzalas e a coreografia por eles criada nos terreiros da Casa Grande. Quentes e voluptuosos são os movimentos e os ritmos que acompanham a dança.
FREVO
Máxima expressão do carnaval pernambucano, embora se tenha espraiado por todo o Nordeste, Frevo é uma dança que ganha as ruas e os salões no ciclo carnavalesco. É dançada individualmente. Acelerados e energéticos são os passos dos dançarinos, que, em rápidos movimentos, se abaixam e se alteiam, esticando e dobrando suas pernas.
E uma dança que deriva da capoeira. Gustavo Cortes informa que "das lutas de capoeira surgiram os passos geométricos e ritmados que compõem a dança. (...) As sombrinhas, que eram utilizadas como arma no passado, viraram adereços coloridos, servindo para dar equilíbrio e graça aos eletrizantes passos e tornando-se tradicional nos malabarismos executados pelos dançarinos" ("Dança, Brasil", pág. 87, Ed. Leitura).
Mário de Andrade via no guarda-chuva dos passistas "uma desinência decadente (generalizada pelo auxílio de equilíbrio que isso pode dar) dos pálios dos reis africanos, até agora permanecidos noutras danças folclóricas nossas", citado por Alceu Maynard Araújo (op. cit, pág. 254), o qual, por sua vez, assim se refere ao frevo: "dança alucinatória do carnaval pernambucano".
A música, ditada por trombones e pistões, em que, segundo ele, está a grande força dessa dança, "dá oportunidade para que a coreografia se enriqueça ao máximo com o frenesi dos seus praticantes" (op. cit., pág. 253). O nome vem de "ferver", "fervura". Para a gente simples do povo, "frevura", que culminou em "frevo"."
XAXADO
E uma dança proveniente do sertão pernambucano que se espraiou por todo o Nordeste, divulgada pelo cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião", e seu bando, os quais, dizem, também seriam seus autores. "E dança de cangaceiro, dos cabras do Lampião", canta-se. Inicialmente, era dançada apenas por homens, em festas e em preparativos para combates.
Atualmente, já se verifica a participação feminina no Xaxado. Há passos rápidos, em que o pé direito cruza o outro, num sapateio deslizante e célere. Batidas no chão com os rifles ou fuzis, cujos tiros são às vezes disparados, também constituem uma marcação na coreografia. Do ruído das alpercatas (xá-xá-xá) usadas pelos "cabras", derivou o nome "Xaxado".
MARACATU
Tal como as Congadas do Sudeste, o Maracatu relembra a coroação, pelos escravos, de seus reis, as chamadas coroações dos reis-de-congo. É característico de Pernambuco, mas recentemente também foi constatada sua forte presença no Ceará.
Para alguns autores, o nome deriva de maracá, instrumento musical utilizado nesse folguedo. Para outros, é resultado do barulho produzido por determinado ritmo com tambores que os negros utilizavam como senha para avisar a proximidade da polícia. O som lembraria o vocábulo "ma-ra-ca-tu". Vê-se, no Maracatu, rico e colorido figurino, com bijuterias, espelhos e outros adereços cintilantes.
Com a libertação dos escravos, o Maracatu passou a integrar o carnaval. Em muitos deles também se fazem presentes figuras representativas dos orixás do Candomblé. Do cortejo, fazem parte rei e rainha, dançarinas com roupas típicas de baianas, o porta-estandarte, e, entre outros, a dama-do-paço, que porta uma boneca chamada "calunga".
CABOCLINHOS
"Caboclinho é uma dança de origem indígena, como o próprio nome indica. No Nordeste, a palavra caboclo é utilizada para designar o índio ou, no máximo, o cruzamento de índio com o branco. E caboclinhos são os filhos dos caboclos" (Carlos da Fonte Filho, em "Espetáculos Populares de Pernambuco", Edições Bagaço).
Dos mais antigos bailados de que se tem notícia no Brasil, foi registrado pela primeira vez em tribos indígenas nordestinas, em 1854, por Fernão Cardim, informa Gustavo Cortes. "Atualmente, são grupos fantasiados de índios que, ao som de pequenas flautas e bandas de pífanos, saem pelas ruas das cidades do Nordeste, no período carnavalesco. Executam um bailado ritmado, em séries de saltos e bate-pés, marcado pelos estalidos secos das preacas (espécie de arco e flecha)" (op. cit., pág. 92). Os dançarinos, que executam essa ágil coreografia, usam saias de penas, colares e cocares repletos de plumas e adornos cintilantes, em meio a outros adereços.
ARARUNA
Do Rio Grande do Norte (também dançada na Paraíba) é uma dança que faz referência a um pássaro preto chamado araruna, proveniente do Pará, muito comum na região. Ele é uma ameaça constante aos arrozais. Quando despontam os pendões de arroz, essas aves passam a comêlos avidamente. Se não são contidas, devoram toda a plantação. Para garantir a colheita, então, há que se afugentar essas aves.
E desse tanger das ararunas que se originaram a dança e a letra da música: "Xô, xô, xô, Araruna Os movimentos se dão para frente, para trás e para os lados. São passos alusivos ao próprio pássaro.
Uma variante no Amazonas é chamada Iraúna, na qual há uma pequena encenação. Uma solista representa essa ave; um outro brincante, um caçador, que tenta capturá-la; quando consegue, assume o lugar do pássaro.
TOREM
"Dança de terriro, de influência ameríndia, lúdico-imitativa. Os participantes, de mãos dadas, formam uma grande roda. Ao centro, o tocador de aguaim (maracá) agita-o, solando a dança que é imitada pelos demais participantes.
E uma dança agitada, com movimentos de corpo, requebros, batidas de pés no solo e imitação de animais de seu convívio: a cobra caninana, o guaxinim, a jaçanã, conhecidíssimos no Ceará. Cantam em coro em que, de permeio, ouvem-se vocábulos indígenas. Tomam mocorocó, bebida fermentada de suco de caju", explica Alceu Maynard Araújo (op. cit., pág. 259)
MANElRO-PAU
Também chamada Mineiro-pau, é originária da região de Cariri e de Juazeiro do Norte, no Ceará, onde os empregados das fazendas lutavam, em treinamento, com pedaços de madeira. Dança de roda em que os participantes portam um ou dois bastões que se entrechocam, maneira das espadas, sendo percutidos, ora grupalmente, ora entre um e outro dançarino, em revezamento, numa ordem na qual há duas, três ou mais batidas.
Carlos Felipe de Melo informa que é uma dança também encontrada no interior dos Estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Zona da Mata de Minas. "Com uniformes coloridos e apresentando-se muito no período pré-carna-valesco, a dança costuma ter, na festa, personagens como o boi, a mulinha e o jaraguá" (op. cit., pág. 118).
TAMBOR DE CRIOULA
Típica do Maranhão, com alguma presença no Piauí, é uma dança cujo ritmo é obtido por meio de três tambores feitos de tronco, escavados a fogo. A coreografia é executada individualmente e consiste em sapateios e remelexos voluptuosos com o corpo inteiro dos dançarinos em formação circular. E dança de terreiro, sem data fixa para ser apresentada.
A variedade no comprimento dos tambores, segundo Caseia Frade, "sugere denominações específicas: o tambor grande é chamado Socador; o médio, Crivador ou Meão; o pequeno, Perenga ou Pirerê" (em "Folclore", pág. 65, 2a edição, Ed. Global).

DO CENTRO-OESTE

CAVALHADA
Reminiscência das tradições da Cavalaria Medieval, a Cavalhada é um folguedo que rememora as históricas batalhas travadas entre os mouros invasores da Península Ibérica e os cristãos, que lutavam pela reconquista desse território, sob a liderança de Carlos Magno.
Os fatos históricos, permeados por várias lendas, tiveram ampla repercussão no Brasil no século XVIII, com a tradução portuguesa do Livro "História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares da França". Realiza-se ao ar livre, em espaços amplos. Formam-se dois grupos, posicionados em pontos opostos, representando os mencionados adversários.
Luxuosamente vestidos (de azul, os cristãos, e de vermelho, os mouros, todos com capas bordadas e adornos cintilantes), portam espadas, lanças e pistolas. São vários os compo¬nentes, chegando, eventualmente, a quase uma centena de figurantes.
Insultos e ameaças são trocados entre as partes em conflito, até que iniciam a simulação dos combates, fazendo-se uso das já mencionadas armas. Os mouros terminam subjugados, convertidos ao Cristianismo. Após, a parte lúdica se inicia, na qual os cavaleiros exibem sua destreza.
CATIRA
E uma dança mais típica de Goiás, da zona rural, mas que também se propagou em outros Estados, como Minas Gerais e São Paulo, onde também é chamada Cateretê. E uma dança masculina, embora eventualmente se encontre alguma "catira feminina", de projeção folclórica, a exemplo da Catira Feminina do Distrito de Baguaçu, Olímpia/SP. Posicionados em duas fileiras opostas, os catireiros.
DANÇA DOS MASCARADOS
Encontrada no município de Po-coné, em Mato Grosso, é dançada só por homens que, em um "cordão", vestem-se como tais e, em outro, como mulheres. Usam máscaras, roupas de chitão estampado e chapéus adornados com plumas, espelhos e outros adereços.
É muito apreciada nas festas de São Benedito e do Espírito Santo. O ápice da dança é a "trança-fitas", em que violeiros, sapateiam, pulam, batem palmas, fazem meia volta e trocam de lugar uns com os outros. Para alguns autores, a origem da dança seria portuguesa, derivando da carretem, praticada em Portugal, no século XVI. Para outros, seria indígena, já que cateretê é palavra proveniente do tupi-guarani.
RECORTADO
É uma variante de cateretê, mais movimentada, dançada em fileiras opostas que se tornam uma roda no decorrer da dança. Em meio aos sapateados, os dançarinos executam meneios físicos que fazem lembrar a umbigada do Batuque. E uma dança predominantemente masculina, mas, em vários lugares da região, há também a participação feminina.
SERRA MORENINHA
Famosa no Estado de Goiás, é um bailado simples em que se formam duas fileiras de homens e mulheres. Posicionados frente a frente, os pares dão-se as mãos e executam vários passos, imitando os movimentos de dois serradores cortando madeira. Alceu Maynard Araújo já noticiava sua ocorrência também no Rio Grande do Sul, com o nome de "Serrote" (op. cit., pág. 191).
CURURU
De origem indígena, essa dança inicialmente só era apresentada por homens, o que, aliás, continua ocorrendo, especialmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. E comum em festas religiosas. Embora o vocábulo cururu corresponda a "sapo", na língua nheengatu, não há nessa dança nenhum movimento coreográfico que faça alusão àquele bicho.
Formam-se duas alas, uma defronte da outra. Iniciado o ritmo, as duas fileiras dão dois passos para a esquerda e para a direita, movimentando-se de maneira a formar uma roda, à medida que cresce a animação dos dançantes. Quem entoa os versos é chamado de "cururuzeiro", e os versos entoados denominam-se "carreiras". Ao som da viola-de-cocho, típico instrumento da região e de reco-recos, ento¬am-se versos improvisados. Não há indumentária específica.
VOLTA-SENHORA
E uma curiosa mistura de quadrilha com a dança do Vilão, explica Carlos Felipe de Melo. "Os pares, ao som da viola, tocada por um violeiro que vai lembrando ou improvisando versos, vão executando passos diferentes. O cavalheiro segura a ponta de um grande lenço, enquanto a dama segura a outra ponta, e durante a coreografia, eles não podem soltar o pano.
Com isso, alguns passos tornam-se muito difíceis, mas apresentam, por outro lado, belos momentos coreográficos, como na execução do 'moinho', em que as mãos direitas dos dançadores na roda se entrelaçam formando um eixo, enquanto as esquerdas continuam segurando os lenços. Conhecida em todo o Centro-Oeste, a volta-senhora é, às vezes, dançada com um bastão em vez de lenço. Quando isso acontece, é comum, ao final, os bastões serem entrelaçados. Os dançantes então os abaixam para que o violeiro, literalmente, suba em cima daquele feixe, sem parar de tocar. Eles, então, o levantam no ar, numa bela apoteose" (op. cit., pág. 200).
ENGENHO DE MAROMBA
Realizada em praticamente todo o Centro-Oeste, em especial na região nordeste de Mato Grosso do Sul, chamada "Bolsão", a coreografia dessa dança faz lembrar os movimentos do engenho de cana. Duas fileiras de homens e mulheres são formadas, as quais giram em direções contrárias entre si. Geralmente, é executada aos finais dos bailes da região, como despedida.
SIRIRI
Da região pantaneira do Centro-Oeste brasileiro, é uma das mais antigas e populares no Mato Grosso. E presença marcante em festejos religiosos. Dizem alguns que o nome "Siriri" deriva do verbo siriricar ("pescar com siririca, espécie de anzol"). E dançada em roda e em fileira, geralmente ao som do cracaxá (espécie de reco-reco), viola-de-cocho, ganzá e o mocho (tipo de tambor), em álacre e célere coreografia. Não há traje específico.
MARIMBONDO
E uma dança de roda, às vezes de desafio, de coreografia livre. Ao som de cuíca e pandeiros e, eventualmente, também de viola caipira, um dos participantes entra no meio da roda e executa seus passos, tendo sobre a cabeça um pote de água com uma cuia boiando na superfície. Não pode deixá-los cair. Pode desafiar outro dançador a fazer igual ou melhor, por meio de alguma saudação, ajoelhando-se e entregando-lhe "o campo" ou "o pote", como dizem. Se o desafiado se recusar, deve pagar uma rodada de bebida. E de maior ocorrência no interior goiano.
RASQUEADO
Segundo o grupo parafolclórico "Chalana" (Cáceres/MT) o Rasquea-do é "dança popular (arrasta-pé), resultado da influência fronteiriça, exercida pelo Paraguai sobre o Mato Gros¬so, através da miscigenação e interação na vida dos ribeirinhos. E uma mistura da Polca paraguaia e do Siriri mato-grossense". Rasqueado significa "arrastar as unhas ou um só polegar sobre as cordas, sem ponteá-las".

DO SUDESTE

FOLIAS DE REIS
Dentre os mais representativos folguedos do ciclo natalino, encontram-se as Folias de Reis, também conhecidas por Companhias de Reis. E na região Sudeste que esse folguedo pode ser mais apreciado. De origem portuguesa, derivam elas dos festejos realizados no Dia dos Reis Magos, tendo sido introduzidas no Brasil, no século XIX.
Celebram o nascimento de Jesus Cristo e a visita que lhe fizeram os Três Reis Magos. Entre 24 de dezembro e 6 de janeiro (dia dos Reis Magos), as Companhias de Reis, visitam as casas da redondeza em busca de donativos para a realização da festa, no dia 6 de janeiro, levando consigo a bandeira dos Santos Reis. Sendo aceita a visitação, os membros passam com a bandeira por todos os cômodos da residência, para que os Santos Reis a abençoem e os que nela habitam.
Essa é a chamada "peregrinação". A indumentária dos integrantes das Folias de Reis é, em geral, mais simples. São trajes comuns, usados uniformemente pelos membros das Companhias. Destacam-se os "palhaços", que usam máscaras que lhes ocultam todo o rosto e chapéus em forma de cone, enfeitados com fitas e flores.
A presença desses palhaços tem origem em muitas estórias. Uma delas conta que eles representariam os Reis Magos, que se disfarçaram na ocasião da visita ao menino Jesus, para fugirem à perseguição do Rei Herodes. Cânticos em louvor a Deus, a Jesus e aos Santos Reis são entoados ao som de violas, violão, cavaquinho, pandeiros, entre outros.
Os participantes são chamados foliões e o grupo recebe as seguintes denominações: Folia de Reis, Folia de Santos Reis, Companhia de Reis, Companhia de Santos Reis, Terno de Santos Reis, Terno de Reis ou Tripulação de Reis. Quase todos têm denominação específica, como Companhia de Reis "Magos do Oriente". Alguns preferem ser chamados "Companhias de Reis", por considerarem depreciativa a palavra "folia".
CONGADA
Congada, Congado ou Congo é folguedo de formação afro-brasileira. E uma reminiscência da antiga coroação dos "Reis-do-Con-go", praticada pelos escravos no Brasil, e incentivada pelas autoridades para tranqüilizar um pouco as senzalas, promovendo a coroação de seus reis negros. E uma reminiscência dessa prática na região Sudeste, onde o folguedo é mais difundido.
Antigamente, as Congadas também rememoravam as lutas entre mouros e cristãos, nas denominadas "embaixadas", que hoje são raras. Algumas ainda exibem coreografias, representando manobras guerreiras, com o uso de espadas, mas atualmente prevalece o aspecto religioso, a louvação aos santos católicos, especialmente Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Os grupos são chamados "Ternos de Congada", "Ternos de Congo", "Guardas de Congos", entre outros. Há uma grande diversidade entre os grupos com relação à indumentária utilizada, aos cantos e às danças.
Alguns até se vestem de marinheiros. Muitos grupos usam chapéus com fitas coloridas, geralmente ornados com espelhos, que devolveriam eventual mau-olhado recebido. Em cada localidade em que é cultivada, a dança apresenta-se com características diversas. Há informações de sua existência desde 1711.
MOÇAMBIQUE
"Dança popular em São Paulo, Minas Gerais e Brasil Central", informa Câmara Cascudo ("Dicionário do folclore Brasileiro"), que prossegue citando Renato Almeida: "... bailado conhecido em São Paulo, Minas e no Brasil central, em geral, é o dos Moçambiques, que dizem ter sido levado pelos escravos negros que foram trabalhar na mineração do ouro". Tornou-se também dança de intenção religiosa, que louva santos católicos.
A exemplo das Congadas, não há uniformidade entre os grupos com relação ao figurino, aos cantos, às danças e também aos personagens. Destaca-se a presença "dos reis, da bandeira e de diversos outros personagens que variam conforme o grupo e a localidade em que se exibem, como mestre, contramestre, caixeiro, capitão, general, tocadores e dançadores", informa Gustavo Cortes (op. cit., pág. 146). Muitos grupos usam lenço na cabeça, trazendo atados em seus tornozelos latas com chumbos que produzem um alto barulho quando dançam os moçambiquei-ros. De um local para outro, características diferentes se apresentam nessa manifestação.
TICUMBI
Espécie de versão espírito-san-tense da Congada, este folguedo é encontrado no Norte do Espírito Santo, especialmente nos municípios de Conceição da Barra e de São Mateus.
Os protagonistas são o Rei-de-Congo e o Rei- de-Bamba, que se distinguem pelo traje: usam roupas brancas, coroas, feitas de papelão ricamente ornamentadas com flores, papel dourado, fitas e espelhos, e longas capas de cetim lamê cintilante. Portam espadas nas mãos, ou atadas à cintura. Os guerreiros e vassalos de ambas as nações também se vestem de branco; usam japona ou batas longas ornadas de fitas coloridas.
As majestades, com suas respectivas cortes, travam uma "guerra" pela prerrogativa de comandar a realização da Festa de São Benedito. Uma batalha verbal se inicia entre os representantes das nações. Sucede-se outra, em que se usam espadas na representação, até que o Rei-de-Bamba é derrotado pelo Rei-de-Congo, e, juntamente com seus liderados, batizados por este. O folguedo se encerra, então, com a música e a dança do Ticumbi, em que se reproduzem alguns passos da batalha com as espadas.
DANÇA-DE-SANTA-CRUZ
Ponto alto da Festa de Santa Cruz, realizada na primeira semana de maio em Carapicuíba/SP, é uma dança realizada após as louvações e reverências à cruz, possivelmente de origem indígena, cujos movimentos basicamente se executam em roda, girando numa e noutra direção. O dia 3 de maio foi escolhido para celebrar a descoberta da verdadeira Cruz de Cristo, em Jerusalém, pela mãe do imperador Constantino, a imperatriz Helena, que iniciou as comemorações em 326 d.C.
CAIAPOS
E um folguedo popular cujos integrantes se fantasiam de índios, trajando roupa de capim-bar-ba-de-bode e muitos adereços, inclusive penas de aves, como galinha ou peru. Pintam o rosto com uma tinta azul. As evoluções, sob o comando da figura do "pajé", são executadas ao som de cuícas, tambores, pandeiros, violões, entre outros.
O grupo não canta. Alguns grupos apresentam um enredo, sem cantoria, em que se encena o rapto de uma bugrinha (alusão ao rapto de uma bugrinha por portugueses, no período da colonização, segundo a tradição oral indígena). Há duas bugrinhas, uma de roupa azul (batizada), outra de vermelho (pagã). Os "Cai-após", então, em algazarra, representam a busca da bugrinha e do raptor. Grupos de Caiapós são encontrados em São Paulo e em Minas Gerais.
BATUQUE
Batuque é um vocábulo com que os portugueses designavam genericamente as danças de origem africana, acompanhadas de cantorias e de instrumentos de percussão. O Batuque se realiza em uma grande roda, em cujo centro os dançarinos improvisam passos, individualmente ou em dupla. O remelexo dos quadris é fortíssimo. Ao som de atabaques e tambores, os participantes batem pés e palmas e estalam os dedos rapidamente, como castanholas.
O passo mais marcante do Batuque é a "umbigada", movimento também presente em outras danças, no qual os dançadores _ barriga pra frente, peito pra trás _ batem ventre contra ventre. Realizada entre homens e mulheres, a umbigada indica o momento de substituição do dançarino solo ou o encerramento da apresentação, se se tratar de um par de dançantes. Muito conhecido em Olímpia é o Batuque de Piracicaba, que sempre participa do nosso Festival do Folclore.
Há dançadores de batuque em várias localidades paulistas: Botucatu, Capivari, Itu, Laranjal, Limeira, Pereiras, Porto Feliz, Rio Claro, São Pedro, Tatuí e Tietê.
Emilía Biancard, ao tratar do samba-de-roda, informa que neste "a pessoa entra no meio do círculo dos participantes e dança solo. O próximo dançarino é escolhido quando o bailarino central dele se aproxima e faz um encontrão de barriga com barriga. Na Bahia, em todo o Estado e durante todo o ano, o samba-de-roda tem tido uma grande variedade de interpretações e redenominações.
O samba-de-roda chulado só pode ser tocado com o uso de duas violas, sendo assim os únicos instrumentos manuais para essa dança. Nos dias de hoje, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, podem-se encontrar guitarras substituindo violas. Neste caso, as guitarras são tocadas como se fossem violas.
O samba de roda corrido, por outro lado, é o que se pode chamar de 'dança espontânea', onde os instrumentos usados podem ser qualquer tipo de material que produza ritmo para essa dança, incluindo um simples bater de mãos" (op. cit, pág. 282). Alceu Maynard Araújo já afirmava "samba é umbigada" (op. cit., pág. 256).
SAMBA-LENÇO
É uma dança em louvor a São Benedito, introduzida pelos negros no Estado de São Paulo. Um único grupo a preserva, em Mauá, cidade paulista. Branca e vermelha são as cores predominantes no figurino. Os homens vestem camisas xadrezes, das referidas cores e calças brancas, chapéus de palha e lenços no pescoço.
As mulheres usam vestidos longos com babados nas barras, decotes e mangas, acompanhados de anáguas, nas cores vermelha e branca, às vezes xadrezes, às vezes não. Usam chapéus comuns ou bordados (naquelas cores), lenço na cabeça, anéis, colares, brincos, broches, pulseiras. Membrano-fones e idiofones marcam o ritmo do samba-lenço, que, enquanto é dançado, apresenta melodias breves, simples, repetitivas e cantadas em coro pelos que assistem à apresentação do grupo. Muito querido pelo Mestre José Sanfanna, o Samba-lenço de Mauá/SP se apresenta no Festival do Folclore de Olímpia desde 1966.
CANA-VERDE DE PASSAGEM
E uma das mais difundidas no Estado de São Paulo, especialmente no meio rural. Formam-se duas filas laterais, uma de rapazes, outra de moças. Os rapazes ficam batendo palmas, enquanto as moças se dão as mãos, formando um "cordão", passando depois, em ziguezague, sob os "arcos" formados pelos braços erguidos e mãos dadas dos rapazes, após o que, cada uma vai parando diante de seu par.
Os pares, então, se enlaçam e dançam, girando em torno de si próprios. Formam-se duas rodas concêntricas, uma girando no sentido contrário ao da outra. Há trocas de pares, bailados soltos, formação de duas fileiras em cruz, entre outros movimentos.
JONGO
O Jongo, de proveniência africana, tem algumas semelhanças com o Batuque e teria surgido em regiões de cultivo de café. No Estado de Minas Gerais, é denominada de "caxambu", termo que também designa um dos instrumentos (um tambor grande) utilizado na dança. Os participantes revezam-se no meio da roda, fazendo evoluções marcantes, com grande remelexo.
O ritmo, ora é lento, ora é célere. Há versos improvisados, que chamam de "pontos", muitos deles, aparentemente, sem muita unidade e propósito. Não há trajes específicos nem período próprio para sua prática. Os jon-gueiros, pelo que constatou Alceu Maynard Araújo, "gozam de uma auréola de mágicos e feiticeiros" (op. cit. pág. 221).
BALAINHA
E uma dança paulista, da qual só participam mulheres, portando arcos ornados de fitas e flores ou envoltos em papel crepom, a exemplo da variante mineira da dança de São Gonçalo. O principal momento da coreografia é aquele em que os arcos são unidos pelas dançarinas, formando a balainha. E muito apresentada em festas juninas.
TAMBORIL
Muito bem apresentada pelo GODAP - Grupo Olimpiense de Dan¬ças Parafolclóricas "Cidade Meni-na-Moça", é, segundo o grupo, "dança dos ex-escravos em homenagem a São Benedito. E do ciclo de maio, mês em que se deu a libertação negra no Brasil. E uma dança graciosa e muito ligeira. A indumentária é confeccionada de papel crepom em variadas cores. E dançada em Minas Gerais e em São Paulo".
CAFE
No século XIX, o café se expandia pelo Brasil, enquanto se reduzia a capacidade das minas, principalmente nas searas que futuramente se denominariam região Sudeste ("civilização do café"). Os movimentos coreográficos dessa dança imitam os que os lavradores executam ao colher, mexer, sacudir e amontoar o café. As peneiras, indispensáveis ao exercício dessas funções, são também usadas pelos dançarinos na apresentação.
CORDAO-DE-BICHOS DE TATUÍ/SP
E um folguedo muito interessante que foi idealizado pelos operários de uma fábrica, de famílias nordestinas que fixaram residência em Tatuí/SP. Inicialmente, denominou-se "Arca de Noé" e se apresentava apenas no carnaval, com seus componentes usando máscaras de aves e outros bichos. Posteriormente, passando por transformações, a denominação foi alterada para "Cordão- de-Bi-chos".
São mais de cinqüenta componentes e diversas figuras: sapos, tartarugas, aranhas, bois, tigres, porcos, tatus e outras figuras humanas caricaturadas.
DANÇA DO BAMBU
E uma dança de origem indígena, proveniente da América Central, praticada por ocasião das chuvas. E popular em São Paulo, especialmente na cidade paulista de Ibitinga, onde já era dançada em remotas épocas, nas festas juninas. A Professora Maria Aparecida de Araújo Manzolli, coordenadora do GODAP - Grupo Olimpiense de Danças Parafolclóricas "Cidade Menina-Moça", pesquisou essa dança na década de 60, estilizou-a e a integrou no rol das danças apresentadas pelo grupo.
Oito bambus de cerca de quatro metros são estendidos no chão. Quatro pares de dançarinos, cada um posicionado entre dois bambus, iniciam a dança. Os dançarinos se revezam, trocando de pares, movimentando-se entre os bambus, portando tochas acesas em uma posterior etapa da dança.
CARNEIRO
Dança proveniente do norte de Minas Gerais, é inspirada nas festividades natalinas que ali se realizam. Os movimentos coreográficos, nos quais os dançarinos homenageiam o Menino Jesus, lembram as marradas dos carneiros. E uma simulação coreográfica de uma briga entre esses animais. Segundo o grupo parafolclórico Sa-randeiros (Belo Horizonte/MG), "o nome Carneiro parece estar relacionado ao cordeiro de Deus, em alusão a Jesus Cristo".
CALANGO
E uma dança típica de Minas Gerais, porém, também é encontrada com alguma similaridade no norte do Rio de Janeiro. O Calango é um bailado de movimentos simples, mas que em alguns momentos se mostra um pouco semelhante à catira, pelo sapateado e palmeado. As vezes, versejadores repentistas se apresentam em meio à dança.

DO SUL

CHULA
A chula gaúcha é uma dança masculina, de desafio. Uma vara de madeira, chamada "lança", é estendida no chão. Em cada um de seus extremos, posicionam-se os dançarinos desafiantes. Um deles começa o desafio, executando complicada série de sapateados, passando de um a outro lado da lança, sem tocá-la, recuando e avançando de sua posição inicial, até que a ela retorne e pare, ao terminar sua performance.
Ato contínuo, o outro desafiante deve imitar-lhe os passos; se não conseguir, se deslocar a lança, ou destoar do ritmo da música, é desclassificado. Se tiver êxito, apresenta nova série de sapateados, os quais, após concluídos, devem ser reproduzidos pelo oponente e assim sucessivamente. Os desafiantes se revezam, enquanto as prendas acompanham a disputa, incentivando e ovacionando.
MAÇANICO
Proveniente de Santa Catarina e de origem aparentemente portuguesa, segundo alguns autores, o Maçanico ganhou notoriedade e cor própria entre os gaúchos, em especial pela utilização de seus típicos instrumentos.
Um dos versos cantados é muito conhecido: "Quem não dança o Maçanico, não arruma namorado". A dança desenvolve-se em meio a sapateados, sarandeios, giros e movimentos em fila que evocam as formações dos antigos minuetos do Velho Continente. O nome dessa dança é corruptela de "maçarico", ave do sul do Brasil.
TIRANA DO LENÇO
De origem espanhola, essa famosa dança chegou ao Brasil em fins do século XVIII e por aqui logo se espalhou, a desdobrar-se em muitas variantes, vindo a adquirir, no entanto, fortes nuanças locais no Rio Grande do Sul.
A dança retrata as fases de uma apaixonante história amorosa: paquera, conquista, namoro, percalços e um belo final feliz. Inicia-se com os recíprocos cumprimentos dos peões (homens) e das prendas (mulheres). Eles aproximam-se delas e inclinam levemente a cabeça. Elas correspondem, flexionando os joelhos. Num primeiro momento, a saudação é cerimoniosa; num outro, explicitamente romântica, dando, assim, início à veemente gestualísti-ca amorosa que marca a coreografia da Tirana.
As figuras se sucedem, em meio a recuos e aconchegos, representando amor e desavença entre os pares, que, ora estão juntos, ora se afastam. Há cenas de sorrisos cativantes e de olhares desafiadores. A Tirana "foge" do peão, que parte em seu encalço, ela sarandeando e ele sapateando, até que ele lança mão de seu lenço e o agita garbosamente, atraindo-a. Em outra figura, o peão lhe demonstra indiferença (não sapateia ao sarandeio da prenda). Ela, então, "saca" seu lenço e o atrai.
O desfecho da dança mostra uma feliz reconciliação: os pares nos braços uns dos outros.
ROSEIRA
Muito conhecida no Rio Grande do Sul, a Roseira bem demonstra a galhardia dos peões gaúchos para com suas prendas. Os movimentos coreográficos dessa dança, que evocam o abrir e fechar das pétalas de uma rosa, são marcados por garbosos floreios dos dançarinos (sapateados dos peões e graciosos sarandeios das prendas), feitos de maneira a figurar uma tentativa de se impressionarem mutuamente.
O mais forte momento da Roseira é chamado "Namoro", no qual, ao som de gaitas, as prendas param, como que encantadas pelos peões, que vão lentamente andando em derredor delas, olhando-lhes nos olhos, num recíproco embeveci-mento. E uma dança de amantes com perfume de rosas.
TATU
O maior protagonista de fábulas indígenas contadas na seara gaúcha inspirou o nome dessa dança cuja característica prevalente é a maior liberdade de movimentação a seus praticantes, que podem "florear" em seus sapateados ao sabor de suas habilidades. Os versos da canção são chamados "décima" ou "moda de bicho".
Os dançarinos, sapateando, posicionam-se paralelamente num primeiro momento e as damas ficam sarande-ando; noutro, de mão dadas, executam alguns passos, até que se posicionam de maneira a permitir que a prenda gire em torno de si mesma. A exemplo da "Tirana", o lenço é de grande relevância no "Tatu", representando também gestos de namoro entre os dançarinos.
CHIMARRITA
É uma popular dança portuguesa (Açores e Ilha da Madeira), trazida ao Brasil pelos colonizadores no século XVIII. A coreografia recebeu fortes influências locais e foi modificada por aqui. No início, os pares dançavam-na enlaçados, num misto de valsa e xote.
Hodiernamente, predomina a modalidade em que os dançarinos bailam soltos, numa e noutra direção, em fileiras ou em círculo. Nos países platinos, é denominada chamamé. No sul do Brasil, onde se fixou, é conhecida por chimarrita.
Dizem alguns que esse nome é variante de uma referência à evocação de uma personalidade feminina (Chama-Rita). E também chamada pelos gaúchos de "limpa banco", pois, quando sua melodia começa, quase todos se levantam para dançá-la. Do Rio Grande do Sul, difundiu-se para outros Estados (Santa Catarina, Paraná e São Paulo).
PEZINHO
O romantismo pueril, ingênuo, a graciosa e infantil faceirice, são as grandes marcas dessa dança popular cuja música é quase um outro hino dos gaúchos "ai bota aqui, ai bota aqui o seu pezinho ... bem juntinho com o meu", melodia trazida pelos colonizadores, que, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, adquiriu características próprias dessas localidades ao ser executada ao som da "cordeana", típica do sul brasileiro.
Uma marcação de pés ocorre na primeira seqüência coreográfica, em movimentos em que os pés dos cavalheiros e das damas se aproximam, após a qual os dançarinos entrecruzam seus respectivos braços direitos, girando em torno de si próprios. Essa dança é belissimamente apresentada pelo grupo infantil do GODAP - Grupo Olimpiense de Danças Parafolclóricas "Cidade Menina Moça". O Pezinho, aliás, já ultrapassou as fronteiras pátrias, sendo já dançado no exterior como dança típica brasileira.
BALAIO
"O Balaio é brasileiro da gema e procede do Nordeste", na assertiva de Augusto Meyer em seu "Guia do Folclore Gaúcho", com o que estão concordes Barbosa Les-sa e Paixão Cortes, segundo os quais, nas estrofes de seu canto não falta sequer um redundante "não quero balaio, não", "bastante estranho ao linguajar gauchesco" (op. cit., pág. 113). No entanto, no Rio Grande do Sul, a dança ganhou aspectos próprios dessa localidade, sendo muito dançada entre os gaúchos.
O nome tem origem na efêmera aparência de cestos que as saias usadas pelas dançarinas adquirem quando estas giram e se abaixam. Dois círculos concêntricos se formam, um de mulheres, outro de homens, que se movem em sentidos contrários, nos intervalos que se dão aos sapateados (dos peões) e aos sarandeios (das prendas), movimentos estes que predominam na coreografia.
CARANGUEJO
Essa dança já foi popular em todo o Brasil, sobre a qual se encontram referências desde o século XIX. Na atualidade, entretanto, verifica-se que se concentrou na região Sul, na qual é apresentada por vários autores como dança "grave", "de pares dependentes", derivada do minueto e de suas variações platinas, segundo Gustavo Cortes, que acrescenta: "o caráter maneiroso da dança é acentuado por cumprimentos entre dançarinos e balances, evolução originária da quadrilha européia que permite à prenda demonstrar graciosidade em seus sarandeios, como são chamados os passos executados por ela. Na coreografia, cada par, tomado pela mão direita, evolui passos-de-marcha, de modo a completar uma volta em torno de si mesmo" (op. cit. pág. 177).
"CUA-FUBA"
É uma dança do Fandango pa¬ranaense, que representa coreo-graficamente o "coar" do fubá. Dançada apenas por mulheres, que batem forte no chão com suas tamancas, tendo nas mãos uma peneira, de maneira a simbolizar o peneirar do fubá. E dançada com a música do mesmo nome da dança, "CUÁ-FUBÁ", do folclore paranaense.
VILÃO DE FITAS
"Dança de salão, que era dançada aos pares nos antigos salões paranaenses, ganhando depois o gosto popular. Também era denominada de 'Vilão de Lenço'. Os pares seguram uma fita ou um lenço de cores diferentes. O folgador segura numa extremidade do lenço e a folgadeira na outra. Braços levantados, forma-se assim um túnel de fitas ou de lenço, as duas filas são formadas pelos dançarinos alternando um homem, uma mulher.
A indumentária, baseada no ano de 1940, era composta de saias na altura das panturrilhas com saiotes armados e blusas de babados com cintos largos para as mulheres; para os homens, calcas com bainha à italiana, camisas de mangas longas, lenço no pescoço e faixa na cintura. São fundamentais as tamancas; sem elas, não se dança o Fandango", informa a Profª Sueli Alves de Souza, diretora e coreógrafa do grupo parafol-clórico "Fogança", o qual espetacularmente apresenta essa dança e a belíssima canção que acompanha a coreografia ("...Quero ver o meu amor, se não eu morro de saudade...").

ADIVINHAS

Nas adivinhações ou adivinhas, que são rápidas questões propostas para serem resolvidas, onde geralmente a lógica não está presente, a mão, que é o objeto de análise deste trabalho, marca presença, quer no enunciado, quer na resposta, quando não em ambos. Eis dezenas de exemplos inventariados, em sua quase totalidade no folclore olimpiense.
Entretanto as de números 2, 3, 4, 7, 13, 17, 20, 31, 33, 35, 38 e 40 foram registradas em Votuporanga, SP:
1- Qual é a mão que pesa mais?
-Mão-de-ferro.
2- Qual é a mão que mais bate?
-Mão de pilão.
3- Que mão tem chifres?
-Mão-curta (espécie de veado).
4- Qual a mão que mais se fecha?
-Mão de finado ou mão de leitão (sinônimos de pessoas sovinas).
5- Quando Colombo descobriu a América, o que enxergou na mão direita?
-Os dedos.
6- Quando apaixonada, adolescente encontra o namorado, o que pretende dar?
-Sua mão.
7- Qual a diferença entre a noiva e o papagaio?
-A noiva pede-se a mão e ao papagaio, o pé.
8- Altas torres, lindas janelas, abrem e fecham sem pôr as mãos nelas.
-Olhos.
9- Qual a mão que faz mal com suavidade?
-A do ladrão.
10- Qual é a mão que não tem dedos?
- A mão de pilão.
11- Qual é o animal que sem a mão vira tempero?
-Salmão.
12- Qual a fruta que sem a primeira sílaba se torna parte do braço?
-Mamão.
13- Que é que tem pescoço e não tem cabeça, tem braços e não tem mãos e embora tenha peito, falta-lhe o coração.
-Camisa.
14-O que é que tem a mão separada do corpo?
-O pilão.
15-O que está sempre no chão e fica em cima da mão?
-Til (acento).
16-O que é que abre portões sem ter braços nem mãos?
-O vento.
17-O que é que enche a casa, mas não enche a mão?
-O botão.
18- Por que o guarda de trânsito pode ser considerado muito forte?
-Porque faz os carros andarem a um gesto de mão.
19- Qual o carro que todos sabem guiar?
-Carrinho de mão.
20- Qual a cidade do Estado do Paraná que está em nossas mãos?
-Palmas.
21-O que é que tem pés e não anda, mãos e não trabalha, olhos e não vê, orelhas e não ouve, tem boca, mas não fala?
-Uma estátua.
22 - Quem mordeu a mão do eleitor na hora de votar?
-A boca de urna.
23-O que é que de uma palma saem cinco palmitos?
-Mãos e dedos.
24- Quem tem palma sem ter palmeira?
- Mão.
25- Que é que pula, pula, com a mão na cintura?
-Pilão.
26-O que é que para comer põe a mão nos olhos?
-Tesoura.
27-O que é que tem mão fora do corpo e a boca na barriga?
-Pilão.
28 - Onde é que Deus bota sempre as mãos?
- Nos braços.
29- Quando Deus fez o mundo e deu às criaturas, onde lhes colocou as mãos?
-Nos pulsos.
30- Quando a mulher se deita, onde é que ela fica com as mãos?
-Nas munhecas (nos pulsos). Variante:
31 - Quando uma moça se deita, onde ela dorme com as mãos?
-Nos braços.
32-O que é que se movimenta usando as mãos e não os pés?
-Baralho.
33- O que é que tem cabeça, tem pé, tem braços, mas não tem mãos?
-A cruz.
34-O que é que se planta com as mãos e colhe-se com os olhos?
-A carta.
35-O que é que é? Uma belajanela que se abre e fecha sem que ninguém coloque a mão nela.
-O olho.
36 - Qual a fruta que tem mão?
-Limão.
37-O que é que voando de mão em mão, sobre golpes bem batidos, obriga a saltos repetidos a quem lhe der a mão?
-Peteca.
38 - Qual a fruta, que sem a mão, diz que já leu?
-Limão (li).
39-O que disse a buzina para a mão?
-Não me aperte que eu grito.
As adivinhas que seguem foram formuladas em engenhosas quadras. Note como são interessantes! Foram retiradas do arquivo de José Sant'anna (1937-1999), em 1993.
40- Fininha como cabelo, 
Brilhante como uma espada, Brinca na mão da mocinha, Mas pelo pé amarrada.
-Agulha.
41- Uns me juntam, outros me partem,
Passando de mão em mão, Entre caneca e caneca Sou a grande distração.
-Bebida alcoólica.
42- Mais de vinte senhoritas
São mudas quando isoladas, Mas dizem todas as coisas Se acaso estão de mãos dadas.
-As letras do alfabeto.
43- A resposta é verdadeira,
Mas parece sem razão: O que enche uma casa, Nas não enche uma mão?
-Botão.
44- Enche uma casa todinha,
Mas não enche uma mão; Amarrado na cacunda Entra e sai sem ter portão.
-Botão de camisa (blusa, calça, etc).
45-Tem pescoço, não tem cabeça, Tem braços e não tem mãos, Tem corpo e não tem pernas, Tem peito, não tem coração.
-Camisa.
46- Sou cortês, atencioso,
Sujeito muito decente, Vou ao salão, ao palácio, Pela mão de muita gente.
-Chapéu.
47-Tem olhos, não tem pernas,
Mata gente, não tem mãos; Bota ovos, não tem pernas, Tem roupa sem confecção.
-Cobra.
48- Tem braço e não tem mão,
Tem perna e não tem pé, Tem pescoço, não tem cabeça, Mas é símbolo de fé
-Cruz.
49-Tem pés, tem mãos e tem olhos
Orelhas, boca também; Não anda, não vê, não ouve E nem fala com ninguém.
-Estátua.
50- Nasci em terras queimadas
Meu próprio nome é o chão, Tenho vinte e cinco dedos Na metade de uma mão.
-Meia-mão de milho.
51- Quando Deus criou o mundo,
De barro foi feito Adão; Agora vem a pergunta: Onde Deus lhe pôs as mãos?
-Nos braços.
52- Como planta que é, tem tronco
E de grande comprimento; Vive embora sem ter mãos, Batendo palmas ao vento.
-Palmeira.
53- Um trem em velocidade
Segue sua direção, Quem pode parar o trem Com apenas uma mão?
-O maquinista.
54- Pendurado na parede,
Utilíssimo tu és,
Pois dás sem teres as mãos
E anda sem teres os pés.
-Relógio.
55- Venho nas ondas do mar,
Nascido na fresquidão, Não sou água e nem peixe, Mas sou tempero na mão. 
-Sal.
56- Cinqüenta e cinco soldados
Todos cabem numa mão, Os cinqüenta pedem ave, Mas os cinco pedem pão.
-Terço de oração.
57- Qual será a resposta
Que o decifrador dará: Cinco dedos numa mão, Mas carne e osso não há.
-Luva.
58- Posso dar-lhe a resposta
E não erro, meus irmãos, Nenhum macaco tem pés, Este animal só tem mãos.
-Há um engano, pois macaco não é quadrúmano (quem tem
quatro mãos).
59- Quem viaja se prepara,
Para não ficar na mão, Mas o que é necessário Pra se entrar num avião?
-Estar fora dele.
60- Onde de mãozinhas postas,
Parece religioso,
Com aspecto de santinho
E inseto perigoso.
-Louva-a-deus.

CULINÁRIA

PRATOS DOCES

1 – PÉ-DE-MOLEQUE
Ingredientes: 4 xícaras (chá) de açúcar, 2 xícaras (chá) glicose de milho (tipo Karo), 5 xícaras (chá ) de amendoim torrado (com ou sem casca), 1 colher (sopa) de bicarbonato, óleo para untar a forma.

Preparo: Junte tudo e leve ao fogo até dourar. Quando o amendoim começar a estalar, retirar da panela, juntar 1 colher (sopa) de bicarbonato e bater fortemente. Despeja em assadeira ou sobre o mármore, untado. Deixar esfriar um pouco e cortar em quadradinhos.
2 – BROA DE AMENDOIM
Ingredientes: 1 kg de amendoim torrado e moído; 1 kg de açúcar refinado, 1 kg de farinha de trigo, ½ kg de banha, 6 ovos, 1 colher (café) de sal amoníaco.

Preparo: Misturar a farinha, o amendoim e o açúcar. Depois, abrir em bacia grande, pôr a banha, os ovos e o amoníaco. Amassar até dar o ponto de enrolar. Formar o desenho de uma trança e assar. (Anuário do Folclore – 1976).
3 – ESTRELINHAS DE MEL
Ingredientes: 1 xícara(chá) de mel quente, 1 xícara (chá) de amendoim torrado e picado, 1 lata de leite condensado, 1 colher (sopa) de açúcar, 1 colher (chá) de canela em pó, 1 colher (chá) de baunilha, 1 colher (chá) de raspas de limão, 3 cravos torrados, 1 xícara (chá) frutas cristalizadas picadas, 5 xícaras (chá) de farinha de trigo, 2 colheres (chá) bicarbonato.

Preparo: Misturar o bicarbonato e o açúcar, amassando bem. Juntar os demais ingredientes, sovando bem a massa. Levar à geladeira por 2 horas. Abrir a massa com um rolo, numa espessura grossa, e cortar em formato de estrelas (com forma própria). Assar em forma untada (Anuário do Folclore – 1983).
4 – AMANDOIM CROCANTE
Ingredientes: 1kg de amendoim cru, 1xícara (chá) de açúcar (cristal), ½ xícara (chá) de água, 3 cravos, 1 pau de canela, (opcional: 2 colheres (sopa) de Nescau)

Preparo: Coloca-se o amendoim cru, com casca, em panela grossa. Sobre ele coloca-se o açúcar, o cravo e a canela. Mexer constantemente. Jogar a água, ferver até secar. É bom comer bem quentinho (Receita de Carmélia Gonçalves Sabião – Pirangi).
5 – FATIAS DE AMOR
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de açúcar, 3 xícaras (chá) de amendoim (torrado e moído), 1 colher (chá) de canela em pó, 1 colher (chá) de fermento em pó, 3 xícaras (chá) de fubá, 2 xícaras de leite, 3 colheres (sopa) de manteiga, 6 gemas.

Preparo: Bater as gemas com o açúcar. Juntar os demais ingredientes, mexendo bem. Assar em forma untada, fogo brando. Cortar em fatias. (Anuário do Folclore – 1997).
6 – BOLO DE FUBÁ E MAISENA
Ingredientes: 1 copo (americano) de fubá, 1 copo de maisena, 1 copo de farinha de trigo, 2 copos de açúcar, 1 copo (medida copo requeijão) de amendoim torrado e moído, 1 copo (americano) de leite, 3 colheres (sopa) de manteiga, 1 colher (sopa) de banha, 3 ovos (claras em neve), 1 colher (sopa) de pó Royal.

Preparo: Bater, juntos, todos os ingredientes, mexer até ficar bem misturado. Assar em forma redonda com furo no centro.
7 – SORVETE COM AMENDOIM
Ingredientes: 1 colher (sopa) de adoçante em pó (ou açúcar), 4 colheres (sopa) de amendoim, 1 colher (café) de baunilha, 1 xícara de leite desnatado, 200g de sorvete (qualquer um, cremoso).

Preparo: Bater por 3 minutos no liquidificador. Peneirar a mistura (se achar necessário). Colocar essa massa em uma panela e mexer por 10 minutos, até obter calda cremosa. Em uma taça coloque o sorvete e cubra com a calda quente.
8 – CAJUZINHO DE AMENDOIM MOÍDO
Ingredientes: 200g de amendoim torrado e moído, 1 xícara (chá) de açúcar, 3 colheres (sopa) de chocolate em pó, 1 gema, 1 colher (chá) de manteiga, 5 colheres (sopa) de leite.

Preparo: juntar todos os ingredientes, mexer bem, formando pasta compacta. Pegar com uma colher (sopa) com porção da pasta e fazer os docinhos com forma de cajus. Pode-se enfeitar com palitos verdes (hastes) e cravo na extremidade.
9 – TORTA DE AMENDOIM MOÍDO
Ingredientes: (Massa): 6 claras, 4 gemas, 8 colheres (sopa) de açúcar, 200g de amendoim torrado e moído, 2 colheres (sopa) de farinha de trigo, 2 colheres (sopa) de pinga.

Ingredientes: (Recheio) 2 gemas, 6 colheres (sopa) de açúcar, 3 colheres (sopa) de creme de amendoim (encontrado em caixinhas ou preparado caseiramente), 2 copos de leite, 100g de margarina.
Preparo: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, o açúcar, o amendoim, a farinha e a pinga. Colocar em forma untada e polvilhar com farinha de trigo. Assar em forma untada.

Recheio: Leve ao fogo o leite, o creme de amendoim, o açúcar e as gemas, até formar um mingau grosso. Acrescentar a margarina e, caso goste, algumas gotas de baunilha.

Montagem: Corte o bolo ao meio, no sentido do comprimento. Coloque sobre uma das partes do recheio. A outra metade cobrirá a anterior. Sobre ela salpique um punhado de amendoim torrado, sem casca, picadinho.
10 – PAÇOQUINHA (de Lourdes Bôer Grassetti – Pirangi)
Ingredientes: kg de amendoim torrado e moído, 4 copos (americano ) de açúcar, 2 copos de água.

Preparo: Levar o açúcar ao fogo – menos 1 xícara (chá) que será usada logo mais.Separadamente, caramele o açúcar da xícara, leve-o ao fogo com o restante do açúcar. Misture a água até o ponto de calda. Acrescente o amendoim. Bata bem até engrossar. Despeje na pia ou em mesa de mármore, deixe esfriar e corte em cubos.
11 - BOLO DE AMENDOIM (de Lourdes Bôer Grasseti)
Ingredientes: 3 ovos, 2 xícaras (chá) de amendoim cru, sem pele e moído, 2 xícaras (chá) de leite, 3 xícaras (chá) de farinha de trigo, 2 colheres (sopa) de margarina, 1 colher (sopa) de pó Royal, açúcar a gosto.

Preparo: Bater as claras em neve. Juntar a elas as gemas, o amendoim moído, o leite, a farinha, a margarina, o açúcar. Misturar bem. Colocar o fermento. Assar em forma de buraco.
12 – PÉ-DE-MOLEQUE DE RAPADURA (de Ideh Camargo Silva)
Ingredientes: 1 copo (medida requeijão) de leite, 3 xícaras (chá) de rapadura raspada, 1 colher (sopa) de margarina, 1 xícara (chá) de amendoim torrado, em peles e moído.

Preparo: Misturar o leite, a rapadura e a margarina. Levar ao fogo e mexer com colher de pau até ficar em ponto de pasta. Retirar do fogo. Misturar o amendoim, mexendo firme. Despejar sobre mármore ou superfície lisa. Quando esfriar, cortar em quadradinhos.
13 – ACORDA MARIDO (de Ideh Camargo Silva)
Ingredientes: 1 xícara (chá) de amendoim torrado, sem pele e moído, 1 litro de leite, 3 gemas batidas; 2 xícaras (chá) de açúcar.

Preparo: Colocar todos os ingredientes em uma panela. Levar ao fogo, obedecendo a ordem dos mesmos. Mexer sem parar, com colher de pau, até ferver. Servir bem quente em xícaras ou copos resistentes ao calor.
14 – PÉ-DE-MOLEQUE DA IDEH CAMARGO SILVA
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de mel Karo, 2 xícaras (chá) de amendoim torrado, sem pele, moído, 1 colher (sopa) de bicarbonato.

Preparo: Levar ao fogo o mel e o amendoim. Mexer bem, até dar o pondo de fio. Retirar do fogo e colocar o bicarbonato. Misturar bem e colocar sobre mármore ou sobre a pia. Ao esfriar, cortar em quadradinhos.
15 – PAÇOQUINHA
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de amendoim torrado, moído sem a pele. 500 gramas de bolacha Maria, 1 lata de leite condensado, 1 colher (sopa) de margarina.

Preparo: Bata no liquidificador, primeiro o amendoim, depois da bolacha. Coloque a mistura dos dois em uma tigela. Junte o leite condensado e a margarina. Mexa bem. Esparrame a massa em assadeira média. Corte em quadradinhos.
16 – BATIDA DE AMENDOIM (à moda de Waldemar Campos Silva-Pirangi)
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de amendoim torrado, sem pele e moído, 1 lata de leite condensado, 1 xícara (chá) de açúcar, 1 copo (americano) de licor de cacau, 1 litro de pinga.

Preparo: Bata tudo no liquidificador. Coloque em litros ou garrafas. A cada vez de servir, sacudir bem o frasco.
17 – TORTA DE AMENDOIM
Ingredientes: 3 colheres (sopa) de manteiga, 9 colheres (sopa) de açúcar, 3 gemas batidas, 3 colheres (sopa) de chocolate em pó, 1 xícara (chá) de amendoim moído, 9 colheres (sopa) de farinha de trigo, 1 colher de (sopa) de fermento em pó, 1 copo (americano) de café coado, sem açúcar, 3 claras batidas em neve, manteiga para untar.
Preparo: Bata a manteiga com açúcar, até formar um creme. Junte as gemas, o chocolate e o amendoim, mexa bem. Acrescente a farinha, o fermento e o café. Mexa novamente Junte as claras em neve. Mexa delicadamente. Coloque em uma forma untada e asse.
18 – ROCAMBOLE DE AMENDOIM
Ingredientes: 6 ovos, 6 colheres (sopa) de açúcar, 6 colheres (sopa) de farinha de trigo, 1 lata de leite condensado, 1 e ½ lata de leite de vaca, 250g de amendoim torrado e moído.

Preparo da massa: Bater bem as gemas. Juntar às claras batidas em neve. Juntar o açúcar e bater até formar bolhas (bater no liquidificador ou batedeira). Colocar a farinha e mexer bem. Usar colher de pau. Levar ao forno em forma untada.

Preparo do Recheio: Unir o leite condensado ao de vaca. Levar ao fogo em panela que não grude, mexendo até engrossar. Deixar esfriar e acrescentar o amendoim.
19 – PUDIM DE AMENDOIM
Ingredientes: 1 lata de leite condensado, 2 latas de leite comum, 4 ovos, 1 xícara (chá ) de amendoim torrado, moído.

Preparo: Bater tudo no liquidificador. Despejar em forma untada. Assar em banho-maria, forno médio, por cerca de uma hora.
20 – “MUSSE” DE AMENDOIM
Ingredientes: 1 pacote de gelatina sem sabor, 200g de amendoim sem pele, moído, 2 latas (medida da de leite condensado) de leite de vaca, 1 lata de creme de leite (sem soro), 1 lata de leite condensado, 3 claras em neve.

Preparo: Dissolver a gelatina em 1 xícara (chá) de água quente. Colocar (menos as claras) todos os ingredientes no liquidificador, bater até ficar homogêneo. Colocar tudo em pirex ou tigela redonda, misturar as claras batidas e levar à geladeira por algumas horas. Servir gelado.
21 – PAVÊ DE AMENDOIM
Ingredientes: 200g de biscoito champagne, 1 lata de leite condensado, 3 latas de leite de vaca, 2 gemas, 1 abacaxi picado, 1 pacote de amendoim moído, 2 colheres (sopa) maisena.

Preparo: Umedecer o biscoito no leite e, com ele, forrar um pirex redondo. Levar o abacaxi ao fogo, com um pouco de açúcar. Despejar quente sobre o biscoito.

Preparo do Creme: Juntar o leite condensado, o de vaca, as gemas e a maisena. Levar ao fogo e mexer até engrossar. Misturar a metade do amendoim. Em seguida juntar tudo sobre o abacaxi. Novamente, jogue a outra metade do amendoim por cima.

Cobertura: 3 claras em neve, 2 colheres (sopa) de açúcar, 2 colheres (sopa) de creme de leite. Bater tudo junto por cima do amendoim. Deixar na geladeira por algumas horas.
22 – MUNGUNZÁ (de Ineh Bueno de Camargo – Pirangi)
Ingredientes: 500g de canjica (milho branco picado) 4 paus de canela, 6 colheres (sopa) de açúcar, 5 cravos, ½ litro de leite, 1 vidro de leite de coco, 1 lata de leite condensado, 1 xícara (chá) de amendoim, batido no liquidificador.

Preparo: Deixe a canjica de molho de um dia para o outro. Escorra a água. Coloque em panela grande, com 2 litros de água, deixe cozinhar até amolecer. Junte a canela, o cravo, o açúcar. Junte o leite fervido, mexendo com colher de pau. Acrescente o leite de coco, o leite condensado e o amendoim. Mexa bem e retire do foco. Se quiser um mungunzá mais doce, coloque um pouco mais de açúcar.
23 – GELADO DE AMENDOIM
Ingredientes: litro de leite, 1 xícara (chá) de açúcar, 1 colher (sobremesa) de baunilha líquida, 5 gemas, 5 colheres (sopa) de pasta de amendoim sem sal.

Preparo: Ferva o leite com o açúcar e a baunilha. Bata as gemas. Coloque-as no leite, batendo sem parar, com colher de pau, até que fique um creme. (Sabe-se o ponto quando a massa começa a grudar na colher). Retire do fogo e deixe amornar. Em seguida, bata tudo no liquidificador. Junte a pasta de amendoim. Bata mais um pouco. Coloque em vasilhas de sobremesa e deixe gelar.
24 – BOLO DE AMENDOIM
Ingredientes (para a massa): 4 ovos; 2 copos (americano) de açúcar, 2 copos de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de fermento, 1 copo de leite morno, 200g de amendoim moído.

Cobertura: 1 lata de leite condensado, 1 xícara (chá) de leite de vaca, 1 colher (sopa) de margarina.

Preparo da massa: Bater as claras em neve, acrescentar ao açúcar, bater as gemas e juntá-las ao açúcar. Colocar a farinha, o fermento, o amendoim. Assar em forma untada e polvilhada com farinha de trigo.

Cobertura: Leve, juntos, ao fogo, o leite de vaca, o leite condensado e a margarina, batendo bem para formar massa cremosa sobre o bolo pronto, jogar a cobertura ainda quente.

PRATOS SALGADOS

1 – MACARRÃO COM AMENDOIM
Ingredientes: kg de lombo de porco cortado em tiras, 3 colheres (sopa) de margarina, 2 tabletes de caldo de galinha; 4 colheres (sopa) de leite aquecido, 1 xícara (chá) de pepino picado, pimenta-do-reino a gosto, ½ xícara de (chá) de amendoim torrado e descascado, 500 g de talharim cozido e coado.

Preparo: Doure o lombo na margarina, junte os tabletes de caldo de galinha. Deixe amaciar. Acrescente o pepino. Mexa bem. Coloque a pimenta-do-reino, junte o amendoim, mexa bem, deixe no fogo com um pouco de molho. Jogue a mistura bem quente sobre o macarrão cozido e escorrido. Sirva com arroz branco se quiser e uma salada verde.
2 – AMENDOIM PICANTE
Ingredientes: 4 xícaras (chá) de amendoim (torrado, sem peles), 1 colher (chá) de pimenta aiena; 1 colher (chá) de páprica doce, 1 pitada de canela em pó, 1 xícara (chá) de uva-passa branca, sal a gosto.

Preparo: Misture todos os ingredientes e deixe descansar por meia hora, dando uma mexida de quando em quando. Sirva como aperitivo com torradas ou pão fresco.
3 – FRANGO XADREZ (Receita de Ineh B. de Camargo – Pirangi)
Ingredientes: 1 kg de frango cortado em quadradinhos, pimenta-do-reino a gosto, 2 colheres de shoyo, 5 dentes de alho bem picados, 1 xícara (chá) de cheiro verde picado, 1 clara de ovo batida em neve, 1 colher (sopa) de maisena, 1 xícara (chá) de conhaque, 2 cenouras em cubinhos, 1 pimentão verde e 1 vermelho em tirinhas, 1 cebola em rodelas, 1 xícara (chá) de amendoim (grão grandes, assados), meio abacaxi em pedaços, 2 colheres (sopa) de açúcar. 

Preparo: Tempere o frango com todos os temperos. Deixe descansar por uma hora. Em panela grande, coloque 3 colheres de azeite. Despeje o frango, deixe-o dourar e cozinhar até amaciar. Retire-o da panela, deixando-o seco, reservando o molho em que foi cozido. Volte a panela ao fogo, colocando no molho as cenouras, os pimentões e as cebolas. Mexa, misturando o frango a esse molho pronto. Sirva com arroz branco. Se quiser, pode fazer um molho com 3 colheres (sopa) de mel, 1 colher de shoyo, 2 colheres de massa de tomate, 2 colheres de catchup e 1 colher de açúcar.
4 – BOBÓ DE CAMARÃO COM AMENDOIM (de Ineh B. de Camargo)
Ingredientes: (para 6 pessoas)-1 kg e meio de camarão (limpo, sem as tripinhas), 1 cebola grande batidinha, 2 colheres (sopa) de azeite e 2 de óleo, 2 tabletes de caldo de galinha, 1 xícara (chá) de cebolinha, salsa e sal, pimenta vermelha, pimenta-do-reino, 1 lata de polpa de tomate, 2 vidros de leite de coco, 1 e ½ (chá) de amendoim torrado e moído, 1 kg de mandioca cozida e passada no espremedor, 3 colheres (sopa) de azeite de dendê, 1 cabeça de alho esmagados.

Preparo: lave e limpe os camarões. Frite a cebola e o alho no azeite e no óleo. Junte o camarão e mecha. Acrescente o caldo de galinha, a salsa, a cebolinha e o sal, as pimentas e massa de tomate, o leite de coco, o amendoim. Mexa bem e acrescente 2 copos (americanos) de água, até ferver. Engrosse com a mandioca, colocando-a aos poucos, mexendo sem parar, com colher de pau. Quando formar uma pasta, coloque o azeite de dendê. Experimente o gosto. Sirva com arroz branco ou acaçá.
5 – VATAPÁ (à nossa moda – para 10 pessoas)
Ingredientes: 1 kg de camarão médio; 1 e ½ kg de sobrecoxa de frango, 2 cebolas grandes batidas, 2 cabeças de alho grandes batidas, 2 cabeças de alho esmagadas, 4 colheres (sopa) de óleo, 4 colheres (sopa) de azeite, 2 xícaras (chá) de salsa e cebolinha picadas, 2 colheres (sopa de sal, 2 tabletes de caldo de galinha, 2 latas de massa de tomate, 2 pimentas vermelhas, pimenta-do-reino a gosto, 1 xícara (chá) de castanha de caju moída ou picada, 2 xícaras (chá) de amendoim torrado, sem pele e moído, 2 vidros de leite de coco, 1 vidro pequeno de azeite de dendê.

Preparo: Lave o frango, retire a pele, tempere com alho, cebola, óleo, azeite, cheiro-verde, sal, caldo de galinha, pimentas, suco de tomate, 2 copos (americano) de água, ou o que baste para cobrir o frango. Leve ao fogo, tampando a panela. Deixe cozinhar até amaciar o frango. Deixe esfriar. Desfie o frango em pedaços grandes, reserve-os no molho. Em outra panela aqueça o óleo e o azeite restantes, acrescente os temperos que sobraram quando temperou o frango. Junte o camarão, mexa te fritar levemente. Coloque 1 lata de suco de tomate, 2 copos de água, deixe ferver por uns 10 minutos.

Junte o camarão ao frango. Misture bem. Acrescente a castanha de caju, o amendoim e o leite de coco. Mexa bem. A seguir, coloque 2 caixinhas de creme de arroz dissolvidas em 2 copos de água fria. Vá mexendo até que forme uma grossa mistura. Acrescente o azeite de dendê. Mexa bem, não pare de ferver.

Sirva com arroz branco ou acaçá (mingau feito com uma caixa de creme de arroz dissolvido em 2 vidros pequenos de leite de coco).
Ineh Bueno de Camargo

MEDICINA POPULAR

Por mais elevada que seja a cultura do povo, sempre nos seus costumes, crenças e tradições irão se encontrar vestígios de épocas rudimentares em que se foram organizando as formas superiores da sua existência. Tal fato explica a permanência da Medicina Popular, conjunto de conhecimentos e crenças criados pelo povo, universo repleto de mitos, ritos, agouros e superstições.
Todos os povos da humanidade tiveram, no início de sua existência, grandes privações e duras necessidades. A alimentação, o vestuário e a doença sempre foram as carências primordiais e as necessidades que mais exigiam ocupações de homens ainda desprovidos de expedientes.
Os primeiros recursos contra a doença humana nasceram justamente no seio desses homens rudes que, ma luta pela sobrevivência, foram buscar a cura inicialmente nos seres que os circundavam: os vegetais. E como obtiveram bons resultados, devolveram suas observações e foram levador a criar uma prática médica, para conhecer e distinguir o que lhes era útil ou noviço no mundo dos vegetais.
O primeiro passo da pesquisa científica estava dado. O gênio inventivo de cada um foi-se transmitindo, de geração em geração, com observações acumuladas, que foram aperfeiçoando e alargando o campo do conhecimento da doença humana e dos recursos para combate-la. [...]
[...] A medicina popular, no entandom não se resume na utilização de folhas, raízes e cascas em forma de banhos ou infusões com o objetivo de curar doenças. As simpatias e a religião cumprem papel fundamental na eficácia desses tratamentos. Toda aplicação de recursos materiais ocorre num terreno essencialmente mágico, na medida em que, para a medicina popular, as plantas não curam por causa das substâncias neas contidas, mas principalmente pelas virtudes anímicas, isto é, porque as plantas são entidades que curam doenças.
As propriedades farmacêuticas das drogas estão diretamente ligadas a um universo religioso onde se encontra a explicação do fenômeno. Por esse motivo, o tratamento sempre obedece a um ritual, no qual são observadas as fases da lua, a posição da raiz com relação ao sol, as estações do ano e outras recomendações. No ritual da cura pela Medicina Popular, não se separam corpo e alma.
Muitas vezes, utilizam-se rezas visando à cura do corpo e também do espírito enfermo. Boa parte desses tratamentos são empregados para curar doenças; outros para estancar sangue numa ferida ou casos em que a pessoa se engasga, sente dores diversas, necessita eliminar vermes e ainda muitos outros males...
Período Menstrual
Durante este período, a mulher era considerada “impura”, e deveriam observar regras especiais:
A mulher não deveria lavar os pés e de uma maneira geral abster-se de lavagens corporais.
Não poderia amassar a broa (pois esta não levedaria).
Não podia comer azeitonas.
Não poderia entra nas adegas onde se estivesse a fazer o vinho (pois este estragar-se-ia).
Gravidez
Quando estavam grávidas, as mulheres não podiam trazer chaves, alfinetes nos bolsos, pois a criança nasceria com um sinal ( no lado em que a mãe trouxesse o referido objeto).
Durante o tempo de amamentação a mulher não deveria ficar deaixo de uma figueira, pois o seu leite secaria.
Depois do nascimento a criança não deveria sair à rua antes de trinta dias (“ficavam um mês abafadas”).
A criança não deveria entrar na igreja antes de ser batizada (pois seria mal pra ela).
Dores menstruais
Quando as mulheres sentiam muitas dores, aqueciam vinho e bebiam-no. Também podiam fazer o mesmo com água bem quente com bastante mel ou açúcar.
Mordida de abelhas
Mordida de abelhas são curadas esfregando salsa e água fria.
Tosse coqueluche
Para esta tosse faziam um xarope, misturando açúcar amarelo e o líquido do cacto bravo (piteira). Além do xarope deveriam as pessoas, antes do nascer do sol, ir durante meia hora/um quarto de hora para os pinhais ou então estar durante o mesmo tempo num curral de bois respirando o bafo dos animais.
Feridas
Pisavam folhas de violeta e colocavam em cima da ferida depois de ter desinfetado a mesma e utilizavam uma folha de couve bem untada com azeite a ferver que deitavam em cima da ferida.
Dor de dentes
Para a dor de dentes, bochechavam a boca com água ardente e deitavam rolhos de algodão embebido em criozote (líquido que se comprava na farmácia).
Lombrigas
Faziam um cordão de dentes de alho e deitavam à volta do pescoço das crianças. Os adultos cheiravam alho ou bebiam sumo de limão estreme ou vinagre.
Eczemas
Para curar eczemas, ferviam folhas de eucalipto (mimoso), bolsa de pastor, alecrim, folas de malva e lavavam-se com essa água.
Cravos
Para tirar os cravos cortava-se uma batata ao meio e esfregava-se bem os cravos com a goma da batata. Repetia esta operação durante três dias. Também se podiam tirar com espuma de água da chuva. Quando chovia muito, normalmente nas estradas mais velhas ficavam poças de água. Nessas opças com a força da água ficava espuma. Então apanhavam essa espuma e esfregavam nos cravos e eles desapareciam.
Dor de ouvidos
A dor de ouvidos era curada com o leite materno. A pessoa a quem doía os ouvidos ia pedir a uma mãe que andasse a amamentar, que lhe deitasse umas gotas de leite para dentro do ouvido, mas se o paciente fosse homem, tinha que pedir o leite a uma mulher que amamentasse uma menina, se fosse mulher pedia leite a quem amamentasse um menino.
Problema nos olhos
Ferviam rosas da Alexandria e deixavam arrefecer a água com que depois lavavam os olhos durante alguns dias.
Assadura nos bebês
Como não tinham pó de talco, as mães utilizavam caruncho para polvilhar as assaduras.
Ameba
Tomavam, durante trinta dias, em jejum, um copo de água fria com três gotas de creolina.
Asma
Tomar chá feito com enxerto-de-passarinho;
Fumar um cigarro feito com folhas secas de zambumba;
Comer testículos de porco assados e servidos sem sal;
Tomar fel de boi misturado com um pouco de cachaça;
Tomar chá feito com um chocalho de cobra cascavel;
Tomar chá de “olho” que fica na pena do pavão.
Azia
Beber um copo d´água no qual foram colocados três pitadas de cinza fria.
Bicho de 
Depois de retirado o bicho-de-pé, com auxílio de um alfinete, encher a cavidade com sarro de cachimbo.
Calo
Quando o sapato é novo, o calo é uma certeza: colocar sobre o calo, cera-de-ouvido.
Catapora
Para a catapora acabar de sair ou sair ainda mais depressa, nada como tomar um chá feito de cabelo-de-milho sem açúcar.
Desmaio
Passar, dentro do começo do nariz da pessoa desmaiada, uma pena de galinha até a pessoa voltar a si;
Soprar nos ouvidos e bater na sola dos pés até a pessoa voltar a si.
Dor de barriga
Tomar chá feito com a moela da galinha, crua;
Comer uma banana prata verdosa;
Comer um pedaço de mandioca (macaxeira) branca, crua.
Dor de cabeça
Colocar sobre a testa, uma mistura feita com pó de café e manteiga.
Dor de dente
Introduzir na cárie, se couber, uma cabeça de fósforo;
Encher a cárie com o pó feito de chocalho da cobra cascavel;
Encher a cárie com sarro de cachimbo.
Dor de garganta
Comer tanajuda torrada, se for tempo de tanajura.
Enjôo e gravidez
Comer pombo bem assado, sem sal.
Enjôo de viagem de automóvel
Colocar uma castanha de caju no bolso, se for homem , ou na bolsa, se for mulher;
Mascar uma cabeça de fósforo.
Furúnculo
Para o furúnculo estourar por si só, nada como colocar no “olho” da cabeça-de-prego, um emplastro feito com couro de bacalhau cru.
Galo na cabeça
Quando e leva uma pancada na cabeça e aparece um “galo”, nada como fazer, sobre ele, forte pressão com a folha de uma faca fria.
Hemorragia
Colocar, no local da hemorragia externa, para parar o sangue, um chumaço de algodão embebecido em verniz de carpinteiro.
Hemorróidas
Sentar num pedaço de tronco de bananeira recém-cortado;
Colocar uma pela de fumo no local;
Colocar compressas de querosene.
Indigestão
Chá feito com a pele que envolve a moela de uma galinha crua.
Lombriga
Comer coco seco raspado, em jejum, até aborrecer.
Mordida de cobra
Tomar meia garrafa de querosene e comer um prato de farofa com bacalhau assado na brasa.
Mulher-maninha
Para que uma mulher venha a ter filhos:
Tomar água antes de ter relações sexuais;
Dar ao marido, todo dia, no almoço, carne de carneiro preto, com um pouco de vinho.
Prisão-de-ventre
Tomar chá de cupim.
Queda de cabelo
Pentear os cabelos com um pente feito de chumbo.
Soluço
Pregar um susto na pessoa que estiver com soluço.
Terçol
Engolir nove caroços de limão durante três dias seguidos;
Esfregar, no chão, a semente de olho-de-boi e depois colocá-la sobre o olho onde está localizado o terçol.
Fonte: www.folcloreolimpia.com.br

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