BIOGRAFIA
GUSTAVO ROSA (SÃO PAULO SP 1946 - IDEM 2013)
Pintor, desenhista, gravador e artista plástico.
Gustavo Machado Rosa foi um artista autodidata, nasceu em 20 de dezembro de 1946, na cidade de São Paulo, iniciou sua experiência com a pintura na infância, conseguiu enxergar com sensibilidade o irreverente, o humor, o delicado, o grotesco e o belo, trasnpondo-os com traços definidos, singelos, diretos e claros. Suas obras são brasileiras e universais, contam a realidade irônica e poeticamente ao mesmo tempo.
O seu universo plástico apresenta semântica própria. Seu humor não é prosaico e anedótico. Ele emprega a substância do traço, da forma e da cor. Suas imagens não necessitam de legendas significam a postura do artista diante da vida, uma maneira de ver, de aprender e de apreciar a existência humana. O humor da pintura de Gustavo Rosa é reflexo da liberdade de viver e criar do artista, que acredita ser a imaginação mais poderosa que acredita ser mais poderosa que o ser humano.
Em 1966 teve sua primeira experiência ao participar de uma exposição coletiva na FAAP. Em 1968 ganhou prêmio “medalha de ouro” (pintura) e viagem à Europa no “Primeiro Festival de Artes Interclubes”, em São Paulo.
"A liberdade é muito boa de um lado, mas ruim por outro: às vezes, você fica solitário. Mas pelo menos fiz meu trabalho, calquei uma área minha, sem copiar de ninguém. Acho que isso é a essência da minha carreira"Gustavo Rosa - Jornal O Estado de São Paulo
Realiza a sua primeira exposição individual na Galeria Alberto Bonfiglioli em 1970, tendo já ganho no ano anterior a medalha de ouro e o prêmio de viagem ao exterior no 1º Festival de Artes Interclubes, no Clube Monte Líbano. Em 1974, estuda gravura com o norte-americano Rudy Pozzati, no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado - MAB/Faap. Em 1979 e 1980 participa da Exposição Brasil-Japão em Tóquio. Expõe, em 1979, no Salão Nacional de Artes Plásticas e, em 1980 e 1983, no Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP. Realiza painéis externos, em 1984 na Rua Bela Cintra e em 1987, na Rua Mario Ferraz, para Tereza Gureg. Em 1990 participa de exposição coletiva no International Museum of 20th Century Arts, em Los Angeles, Estados Unidos. Lança, em 1994, uma grife com o seu nome em Nova York. Em 1998, desenvolve as capas de cadernos escolares da marca Tilibra. Neste mesmo ano executa uma escultura em homenagem a Maria Esther Bueno, na Praça Califórnia, em São Paulo. Em 2000, monta escultura de um gato, sob o Viaduto Santa Efigênia.
Gustavo Rosa lançou os livros "Pintando Um Mundo Melhor com Gustavo Rosa", "Gustavo Rosa", "Sem Raça, Com Graça" e ilustrou "A Melhor Seleção do Mundo".
Viveu seus últimos 14 anos lutando bravamente contra um câncer câncer no pâncreas e faleceu em 12 de Novembro de 2013.
CRÍTICAS
" [...] Ele vem depurando cada vez mais as suas telas, suprimindo todos os detalhes não estritamente indispensáveis. Conseguiu assim alguns dos retratos mais interessantes e algumas das figuras mais convincentes. Reduziu muito o emprego de cor, limitando-se a utilizar manchas isoladas. Gustavo Rosa é um jovem artista autodidata, e há apenas três anos resolveu se dedicar à pintura. Realizou um progresso surpreendente, mantendo sempre o seu princípio de procurar aprender e descobrir por si mesmo. As suas figuras femininas e os seus nus possuem uma verdade que se impõe e fascina, na sua apreensão da expressividade humana pelo grafismo e a espacialidade".
Mário Schenberg
CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, org. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC/INL, 1973-1980. (Dicionários especializados, 5).
"Gustavo Rosa é uma das figuras mais destacadas no campo das artes visuais brasileiras, um destaque que ele conquistou com sua pintura lúdica, irônica, agressiva e mentalmente lúcida. Com um design singelo e pragmático ele cria as suas figuras lapidares, agressivamente recortadas, impertinentemente simplificadas, irônicas e brincalhonas, produtos de um humor gozador de todas as fraquezas humanas. Há muita crítica aguda em suas gozações, há muita lucidez discernidora em suas composições, ou melhor dizer, apresentações. [...] Gustavo se espanta com a estupidez da nossa vida, o ridículo dos nossos amores, paixões, costumes e dos nossos chiliques. Tudo isto o leva a criar o seu mundo pictórico de inesgotável humor caricatural, porém bondoso para com as nossas fraquezas e loucuras. O seu desenho é exato, frio, matemático, singelo, agressivo e irônico. A emotividade está no belo e puro colorido, embora contido e controlado. [...] Ao lado de um Fang, entre os pintores figurativos paulistas da atualidade, ele se destaca pela sua originalidade, seu firme idioma plástico que não lembra a ninguém na escolha dos seus assuntos íntimos. [...] Uma bela e valiosíssima figura do panorama pictórico atual. Um grande talento, com o carisma de um agudo e muito puro e claro espírito".
Theon Spanudis
SPANUDIS, Theon. O ludismo de Gustavo Rosa. ROSA, Gustavo. Gustavo Rosa: 20 anos de pintura. São Paulo: Galeria Alberto Bonfiglioli, 1985. , il. color., foto p&b.
DEPOIMENTOS
"[...] Minha preocupação nunca foi o engajamento em tendências ou movimentos artísticos. Desenho desde crainça, desde os tempos da escola. Sempre me destaquei por isso, faz parte de mim. Quando me interessei por pintura, pesquisei bastante, testei técnicas e fui conhecer de perto trabalhos de artistas em seus ateliês, como no de Volpi, Agenor Barbosa e Carlos Scliar. Com o domínio das técnicas, desenvolvi um trabalho com característica própria, que me identifica. O humor está presente em minha obra, não sei fazer drama. [...] Sempre que solicitado, executo capas de livros, cartôes postais, cadernos escolares, relógios, camisetas ou cartuns. Acho positivo o fato da arte atingir um número cada vez maior de pessoas que, muitas vezes, não têm o hábito ou meios de frequentar galerias e museus."
Gustavo Rosa
EID, Denise. A arte irreverente de Gustavo Rosa. Revista Abigraf, Suplemento Especial, no 191, p. 3-4, dez. 2000.
ENTREVISTAS
Revista Flap Tur Magazine – GRAPPA
Gustavo Rosa já passou por inúmeras fases estilísticas ao longo de sua carreira como artista plástico: desde obras mais racionais e geométricas a figuras mais arredondadas e coloridas, com um toque especial de humor (estilo que ele adota hoje por não querer “levar a vida tão a sério”). Apesar de receber críticas ferrenhas de pessoas que o consideram muito mercadológico, Gustavo não se abate. Além de afirmar que adora fazer obras corporativas, o artista acrescenta que as críticas ajudam-no a evoluir, a aprimorar o seu trabalho. Gustavo Rosa concedeu uma entrevista exclusiva à Editora GRAPPA, a qual foi publicada na 4ª edição da revista FTM (Flap Tur Magazine), da agência de turismo Flap Tur, confeccionada pela própria GRAPPA. Confira entrevista completa abaixo:
Como começou o seu gosto pela arte? É verdade que você pintou, aos dois anos de idade, a parede da casa da sua mãe com carvão?
É verdade. Eu peguei um carvão da lareira e desenhei na casa toda. Essa foi a minha primeira obra de arte. E daí começou. Eu sou autodidata, nunca tive professor, nunca tive nenhum artista na família. Eu acredito na vocação. É um dom natural, veio comigo.
O fato de você não ter ninguém para lhe indicar no início da carreira dificultou o seu acesso ao campo das artes?
Eu sou a favor da luta. Acho que a dificuldade, o fato de você ter que ir buscar alguma coisa, é muito saudavél.
Porque se eu não tivesse passado por todas as dificuldades que passei, talvez não tivesse chegado aonde cheguei, talvez não tivesse dado valor.
Uma curiosidade: por que as pessoas e os animais retratados em sua obras têm um olho de cada cor?
Isso eu comecei a fazer nem eu sei bem o porquê! Teve início nos anos 70, em uma exposição que eu fiz no Rio de Janeiro.
Na verdade, eu queria mexer com a figura. Da mesma forma que eu engordava, também aproveitei o cubismo e a geometrização dos desenhos
para colocar as figuras de forma engraçada. O olho foi um dos detalhes (fazer um olho vermelho e o outro preto). E isso se tornou uma constante. Veio depois uma crítica dizendo que esses dois olhos tinham o princípio de Yin Yang, contrastando a vida e a morte, que nós carregamos. O vermelho, então, seria a vida e o preto, a morte. Instintivamente eu fazia isso.
E acabou se tornando a minha marca.
Todos dizem que suas obras têm um teor de crítica e humor ao mesmo tempo. Por que utilizar a crítica e o humor?
O Theon Spanuds (que para mim foi um dos maiores críticos do Brasil) dizia que minhas obras tinham uma crítica bem humorada, não no sentido pejorativo, mas no sentido construtivo. O humor faz parte da minha vida como colorido. Quando eu era criança, havia uma casa de doces que eu adorava, e eu sempre escolhia o doce mais colorido, e não o mais saboroso. Eu sempre abracei as cores; elas têm um papel muito importante.
O Ziraldo comentou uma vez com você que só quem já passou por um grande sofrimento pode entender e fazer um bom humor.Depois da morte de sua irmã, sua obras ficaram mais bem humoradas, devido ás dores do passado?
Eu penso que sim. Depois da morte dela, em 1978, eu passei a ter um humor mais ferrenho. Até então, eu estava
desenvolvendo um trabalho bastante intelectual, mais cerebral, geometrizando as figuras. Mas após o falecimento de minha irmã,
eu vi que a vida não pode ser levada tão a sério. Então, comecei a arredondar as figuras, a brincar com as cores, com o humor.
Minhas obras ficaram mais despojadas, mais leves, mais coloridas.
Seu trabalho é bastante diversificado, e talvez até por isso, você recebe muitas críticas. Em sua opinião, por que isso acontece?
Eu brinco e digo que eu fiz sucesso sem “pedir licença” para o mercado. Porque o campo das artes é uma máfia muito grande, e você é obrigado a seguir tendências. Aquele que não está seguindo a tendência do momento é considerado um outside, é mantido fora da programação. E como eu sempre fiz o que queria fazer, independente do mercado ou da vontade de outros, isso talvez tenha irritado essa camada intelectual. Eu tenho uma crítica severa comigo mesmo, com o meu trabalho. Mas eu faço aquilo que me dá prazer, que vem de dentro. A minha pintura é de dentro para fora, e não de fora para dentro, diferente do que acontece normalmente hoje em dia, onde artistas seguem a tendência do mercado para ficarem engajados na programação. Nos dias atuais, a figura do crítico de arte infelizmente saiu de cena e deu lugar à figura do curador. Críticos como Angélica de Moraes, Jacob Klintowitz e Olívio Tavares de Araújo, que antigamente tinham suas colunas estampadas nos principais jornais, perderam espaço para o curador, que só pensa na questão mercadológica da arte. Os críticos, que são pessoas intelectuais, cultas e entendidas, foram substituidos por curadores sem cultura, que fabricam artistas com o único objetivo de faturar. Esses “pseudoartistas” moldados pelos
curadores produzem obras de arte que não são mais visuais, e sim intelectuais. A obra atual não é mais completa por si só: ela vem com um encarte explicativo, com um CD ou livro complementar, e isso para mim não é arte. Então, acho a figura do crítico de arte muito importante para a evolução do artista. Eu evoluí muito com as críticas que recebi, e isso é fundamental.
Então as críticas não incomodam você?
De jeito nenhum. Pelo contrário… As críticas já foram piores, e hoje em dia estão mais amenas. Depois que você vence barreiras, os inimigos começam a te respeitar. Eu acho que a crítica maior e melhor vem do meu público, e não dos especialistas.
De onde vem a inspiração para as suas obras?
Eu não acredito em inspiração, eu acredito no trabalho. O Picasso tinha uma frase muito bacana sobre isso: ” Se existe inspiração ela vai me encontrar trabalhando”. Inspiração é uma palavra romântica. É o trabalho que responde ás suas expectativas.
Mais existe algo que o ajuda a se concentrar? Ouvir música, por exemplo?
Não, eu pinto sem música. É uma coisa natural. Eu, por exemplo, adoro a cidade. Então, eu não seria capaz de pintar em uma ilha isolada, em uma fazenda. Eu preciso dessa agitação da cidade. E eu também só pinto de dia, só com a luz natural, não pinto à noite. Até porque a noite me dá tédio. Acho que ela serve para tomar vinho e jogar conversa fora.
Você acredita que a cidade de São Paulo em algum momento influenciou a sua obra?
Não. É lógico que você sofre influências do meio em que vive, mas eu acho que a caligrafia principal você traz na sua genética. Eu acredito que a pessoa já nasce com um potencial, que pode ser desenvolvido ou não ao longo da vida. Para mim, o artista tem ser inato, nascer com o dom. Hoje, fazem-se muitos artistas. O pintor não precisa mais saber desenhar e pintar, basta saber manipular bem um computador.
E o que você acha da nova geração de ilustradores e designers que fazem trabalhos artísticos pelo computador?
Na verdade, o computador é muito importante e veio para ajudar. Mas eu não sei como é que vai ser o futuro daqui para frente. Tem um ditado chinês antiguissimo que diz: ” Enquanto a mão trabalha, o coração descansa”. E hoje já não há mais esse trabalho manual. Quando eu era criança, gostava muito de fazer balão, pipas, com composição coloridas, mexendo com as mãos. Hoje já não se faz mais isso. Acho que, no futuro, a criatividade das pessoas irá ficar mais limitada por conta do computador.
E as mídias sociais? Você não pensa em promover o seu trabalho por meio delas?
Gustavo Rosa - Não, eu estou bem distante disso, porque eu acho uma coisa fria. Eu soi mais emotivo. Computador para mim ainda é uma coisa bem distante, bem fria. Mas é claro que eu tenho pessoas que me ajudam com isso. Afinal, para mim é como trocar um pneu: para quê que vou colocar a mão na massa se tem alguém para fazer isso por mim?
O que torna uma obra ou um artista imortais?
Para mim é o percurso que o artista fez durante a vida. O Volpi, por exemplo, percorreu todo um trajeto em sua carreira, chegando até o concretismo das bandeirinhas, que acho lindo. Mas houve um começo, um meio e um fim. Outros pintores, porêm, se aproveitaram
de um momento, reproduziram uma tendência e faturaram em uma determinada época, mas a obra não resistiu ao tempo.
O que o motivou a largar toda a estabilidade na carreira públicitária e ir para o mundo das artes?
Na arte eu via a liberdade. E eu amo a liberdade. Mesmo que na publicidade eu pudesse exercer o meu dom, há uma limitação. Quantas vezes eu fiz um layout maravilhoso e o cliente não gostou? Acho inclusive que uma das razões de eu não ter me casado é para não ter uma mulher no meu pé, para ter uma certa liberdade mesmo.
Mas você ainda utiliza a publicidade para algumas de suas obras corporativas. Afinal, você já desenvolveu trabalhos para a Ambev, A Globo, a rede Pão de Açúcar…
Esse corporativismo é inerente a mim. Eu gosto muito de fazer obras corporativas. Hoje eu sou muito procurado pelas empresas, mas eu tenho plena liberdade também. Eu fiz uma campanha inteira para a Visa, durante quatro anos, e eu é quem tomei a frente e disse como iria ser.
A designer Cris Porto já fez uma coleção de jóias baseadas em seus quadros. Além disso, suas obras já fora reproduzidas em camisetas e roupões em Nova Iorque. Como é transcender a barreira da tela e do pincel?
É que eu sempre lutei para fazer o que eu queria. Porque se eu fosse obediente e seguisse o que a crítica falava, eu nunca teria feito a minha grife na Bloominngdale’s, não teria feito todos esses trabalhos corporativos. Quando eu fazia, era criticado. Hoje em dia não, agora, todo artista procura fazer isso. Além de divulgar o trabalho, dá uma receita muito boa.
Quando você percebeu que o seu nome havia virado uma marca?
Acho que foi em Nova Iorque, quando eu fiz a minha grife lá, em 1994. Eu fui muito mais reconhecido lá do que aqui no Brasil. Infelizmente, apesar de eu adorar o meu país de origem, o Brasil tem um defeito: não aguenta o sucesso alheio, como já dizia o Tom Jobim. Fazer sucesso no Brasil é uma ofensa pessoal. Lá nos Estados Unidos eu expus obras em vários lugares; as pessoas andavam com camisetas estampadas com o meu trabalho. Aqui o pessoal dizia que eu estava me vendendo, que eu era comercial.
Você gosta de viajar? Qual lugar você visitou e mais gostou?
Por incrível que pareça, eu odeio viajar. Eu viajo mais aqui dentro do meu espaço, na minha cabeça, do que fisicamente. Eu detesto arrumar as malas, pegar avião, estar no aeroporto. Eu sempre acho que vou perder as malas, que não vou conseguir entrar no voo. Dá nervosismo. Quanto aos lugares que conheci, gostei muito de Hamburgo, na Alemanha. Fui muito bem recebido lá. Também adorei uma cidade nos Estado Unidos chamada Carmel, ao sul de São Francisco. Parece uma cidade de boneca, é um lugar muito romântico.
Em 2009, você participou do projeto ” Pintou a Síndrome do Respeito”, desenvolvendo obras junto a pessoas com Síndrome de Down. Como
foi trabalhar com esse público?
Eu sempre digo que foi um aprendizado muito grande, foi nuito saudável. Eu aprendi mais com eles do que eles comigo, porque os excepcionais são muito autênticos. Ás vezes eu ia ajudá-los a pintar e eles não deixavam, se impunham. Eu acabei aproveitando esse trabalho e realizei uma série especial de obras feitas por eles, mas com intervenções minhas, que foram expostas no Museu da Escultura. E eu não quero vender esse quadros.
Você tem alguma mania, ou superstição?
No ano de 2003, uma numeróloga amiga minha disse que a assinatura dos meus quadros deveria mudar. Que eu não poderia cortar o “T” do Gustavo, porque isso sempre iria significar um a cruz na minha vida. Então eu segui a dica dela e modifiquei a assinatura. Com certeza vi muitas melhoras na minha vida a partir dai.
E religião para você, significa alguma coisa?
Não, eu abomino religião. Eu acredito em uma força maior, mas não em religião. Ela inclusive já atrapalhou a arte. A igreja proibiu determinados artistas de desenvolverem seus trabalhos porque era algo pecaminoso, contrário à sua vontade. Ela impede o desenvolvimento da sociedade e da ciência.
O momento da sua doença está sendo mais de luta e esperança, ou mais de reflexão a introspecção?
Um pouco dos dois. É uma porrada que você recebe, sem dúvida. Você para um pouco para pensar, se questiona. Acho que toda a carga emotiva de sofrimento eleva a espiritualidade. Depois que eu tive esse problema, meu trabalho ficou mais forte, mais colorido e mais alegre, como foi quando a minha irmã morreu. É uma atitude até compensatória. Eu pinto aquilo que eu ainda gostaria de viver. Porque eu não sei fazer drama, só sei fazer comédia. Quando eu recebi o diagnóstico, ao invés de dramatizar e achar que o mundo acabou, a minha atitude foi de pintar ainda mais, e com mais alegria e lucidez.
Qual foi a primeira coisa que você pensou ao sair do hospital?
Puxa, como a vida é frágil… Você está aqui hoje, mas amanhã pode não estar mais. Acabo questionando muito a morte. Eu não tenho medo dela, eu tenho medo é de sofrer. Afinal, quando eu tive a recidiva, fiquei três meses dormindo sentado, e isso foi um sofrimento
físico muito grande. Depois, quando eu operei o disco lesionado da coluna, pude dormir deitado, e foi uma alegria imensa. E é ai que você que as pequenas coisas dão felicidade. O sofrimento vem para te ensinar a valorizar determinadas coisas que você, quando é são não dá valor. Você encontra nas coisas mais simples maneiras de se alegrar, de ser feliz.
E mesmo já tendo feito de tudo, você tem planos para o futuro?
Não. Eu acredito muito na magia das coisas. Como eu já disse, amo a liberdade, e a liberdade para mim é o desconhecido. Se eu souber que em dezembro terei que fazer uma exposição com 15 quadros, e que terei que pintar um determinado tema, acaba-se toda a fantasia. O bacana é não saber o que vai acontecer amanhã. Eu detesto fazer programações.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1970 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Terry Della Estufa
1973 - São Paulo SP - Individual, na Espade - Galeria de Arte
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1978 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Grife
1979 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1979 - Santos SP - Individual, na Galeria do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos
1980 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Salamandra
1981 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Prado Galeria de Arte
1981 - São Paulo SP - Individual, no Studio José Duarte Aguiar
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1983 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Prado Galeria de Arte
1983 - Guarujá SP - Individual, no Hotel Jequitimar
1986 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Galeria Jardim Contemporâneo
1987 - Jundiaí SP - Individual, no Museu Histórico Cultural de Jundiaí
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Toulouse
1988 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta
1989 - Los Angeles (Estados Unidos) - Individual, na Gordon Gallery
1991 - São Paulo SP - Gustavo Rosa: Trabalho Independente, na Artevital
1991 - Hamburgo (Alemanha) - Individual, no Espaço Cultural de Hamburg Sud
1992 - Miami (Estados Unidos) - Individual, na Collection Gallery
1992 - Berlim (Alemanha) - Individual, no Espaço Cultural do Palast Hotel
1994 - Estados Unidos - Gustavo Rosa, no South Egremont
1994 - Barcelona (Espanha) - Gustavo Rosa, no Museu Picasso
1998 - São Paulo SP - Individual, no Atrium do Hospital Albert Einstein
1998 - São Paulo SP - Gustavo Rosa, na Amcham Art Gallery
1999 - São Paulo SP - O ludismo de Gustavo Rosa, na Espaço Cultural Banespa-Paulista
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
1969 - São Paulo SP - Primeiro Festival de Artes Interclubes, no Clube Monte Líbano - medalha de ouro - prêmio de viagem ao exterior
1979 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas
1979 - Tóquio (Japão) - 4ª Exposição Brasil-Japão, no Museu de Belas Artes de Tóquio
1980 - Penápolis SP - 4º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis - artista convidado
1980 - São Paulo SP - 12º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - artista convidado
1980 - São Paulo SP - 5º Salão de Artes Plásticas do Clube Alto de Pinheiros - medalha de ouro
1980 - Tóquio (Japão) - 5ª Exposição Brasil-Japão, no Museu de Belas Artes de Tóquio
1981 - Piracicaba SP - 14º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, na Casa das Artes Plásticas "Miguel Dutra"
1981 - Ribeirão Preto SP - 4º Salão de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1981 - Ribeirão Preto SP - 6º Salão de Arte de Ribeirão Preto, na Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1981 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1981 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais, no Paço das Artes
1981 - São Paulo SP - 6º Arte no Centro Campestre, no Centro Campestre Sesc Brasílio Machado Neto
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis - artista convidado
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP - artista convidado
1983 - São Paulo SP - Avenida Paulista, na Galeria Sesc Paulista
1984 - Curitiba PR - Simões de Assis Galeria de Arte: mostra inaugural, na Simões de Assis Galeria de Arte
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1985 - São Paulo SP - Retrospectiva 20 Anos de Pintura, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1986 - Lisboa (Portugal) - Feira Internacional de Lisboa
1987 - Los Angeles (Estados Unidos) - 3rd Art Exhibition (Art Expo), no Centro de Convenções de Los Angeles
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1987 - São Paulo SP - A Trama do Gosto: um outro olhar sobre o cotidiano, na Fundação Bienal
1990 - Los Angeles (Estados Unidos) - Coletiva de Pintura, na International Museum of 20th Century Arts
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco Art, no MAM/RJ
1995 - Osasco SP - 2ª Mostra de Arte, no Centro Universitário Fieo
1996 - Penápolis SP - Arte Contemporânea Brasileira no Acervo da Funarpe, na Itaugaleria
1996 - São Paulo SP - 1ª Off Bienal, no MuBE
1996 - São Paulo SP - Mostra do Acervo, na Sudameris Galeria
1998 - Brasília DF - Cien Recuerdos para Garcia Lorca, no Espaço Cultural 508 Sul - Renato Russo
1998 - São Paulo SP - Arte Brasileira Contemporânea: Inverno 98, na American Express off Gallery
1998 - São Paulo SP - Futebol em Arte, na Galeria de Arte André
1998 - São Paulo SP - Impressões: a arte da gravura brasileira, no Espaço Cultural Banespa-Paulista
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap
2000 - São Paulo SP - Coletiva Sociarte, no Clube Atlético Monte Líbano. Espaço Cultural
2002 - São Paulo SP - 8 Artistas Brasileiros Contemporâneos, no Casa das Rosas
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, no Almacén Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - 450 X 45, na Nova André Galeria
2004 - São Paulo SP - 22ª Exposição de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
2005 - São Paulo SP - Pequenas Grandes Obras, na Cultural Blue Life
2006 - São Paulo SP - 2ª Golf in Art, na Cultural Blue Life
2006 - São Paulo SP - 2ª Off Bienal, no MuBE
Fonte: Itaú Cultural, Espaço Arte e UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário