sábado, 28 de março de 2015

Hora do Planeta deve mobilizar um bilhão de pessoas neste sábado - Movimento global que propõe reflexão sobre consumo de energia realiza sua sétima edição hoje

Movimento global que propõe reflexão sobre consumo de energia realiza sua sétima edição hoje

Foto: Leandro Maciel / ARTE ZH

Lara Ely



São 19h. Você acaba de chegar do trabalho. Antes de dizer olá para quem está em casa, procura uma tomada, coloca o smartphone para carregar, vistoria as redes sociais e aí então pode iniciar um diálogo na vida real.

Esse é um sintoma do mundo contemporâneo: somos ávidos por energia para nos mantermos conectados. Nos alimentamos de informações, e para isso, dependemos dos recursos naturais. Será que nos damos conta do que a crise hídrica tem a ver com nosso papo no WhatsApp?


Como a primeira geração a sentir o impacto das mudanças climáticas, somos também a última que pode fazer algo a respeito. Repetida por lideranças mundiais como Barack Obama, presidente dos EUA, essa afirmação pode não ser completamente verdade, mas ganha relevância quando endossada pela atitude de mais de um bilhão de pessoas, em 7 mil cidades e 162 países — esses foram os números da Hora do Planeta no ano passado. 



Veja o vídeo oficial da Hora do Planeta 2015 



O evento, promovido pela organização não-governamental WWF (World Wide Fund for Nature, ou Fundo Mundial para a Natureza), chega a sua sétima edição na noite de hoje. A ideia é que, durante uma hora, entre 20h30min e 21h30min, a gente fique no escuro, e sem usar equipamentos elétricos, em nome da preservação ambiental.

Apagar a luz entre o Jornal Nacional e a "novela da oito" é apenas uma metáfora para repensar nosso cuidado com o planeta. A atitude poderia ser substituída por plantar uma árvore, engajar-se na redução do lixo, trocar alimentos industrializados por orgânicos, ou zelar pela proteção da Amazônia. Mas se você conversar sobre isso com seu filho, seus pais, seus amigos, seus colegas de trabalho, já estará ajudando.

A adesão ao movimento internacional, compartilhado por estrelas como o ator de Holywood Mark Ruffalo e a atriz global Paolla Oliveira, representa um grito coletivo pela mudança nos padrões de consumo. A questão ambiental tornou-se uma pauta central. Envolve da conta da luz à forma como pais buscam os filhos na escola. Passa pela sua mesa e dorme na sua lata de lixo. Ser sustentável não é mais "coisa de ambientalista", mas de quem está atento à sobrevivência. 



Efeito da escuridão



Este ano, 150 cidades brasileiras participam da Hora do Planeta. Em 2014, o Brasil teve 144 municípios diminuindo a iluminação de 627 monumentos, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e o Monumento ao Expedicionário, em Porto Alegre. Mas será que essa escuridão toda tem efeito?

A WWF não conseguiu até hoje estimar o quanto essas ações ajudam a reduzir a temperatura da Terra. Segundo o "ambientalista cético" Bjorn Lomborg, que escreveu livro de mesmo nome, não chega a provocar cócegas no superaquecimento da Terra — o impacto quase irrisório inibe o cálculo da economia.

Realizadores da campanha não veem na ausência de estatísticas um obstáculo para a mobilização. Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia da WWF, André Costa Nahur diz que a grande adesão é um sinal de que o recado foi entendido:

— Temos que internalizar o fato de que a energia é um recurso natural que está sendo consumido. Se não tivemos a consciência de uma vida mais sustentável, nosso destino como sociedade é sermos reféns de catástrofes e crises ambientais, como a recente seca na cidade de São Paulo — afirma o ambientalista.

O engenheiro Odilon Duarte, coordenador do grupo de eficiência energética da PUCRS, complementa:

— Utilizar os recursos naturais de uma forma consciente na produção de tecnologias, desenvolvimentos de processos industriais e em planejamento de infraestruturas é uma forma econômica, eficaz e rápida para amenizar o impacto das mudanças climáticas.



O QUE FAZER DURANTE A HORA DO PLANETA?



Deixe o celular, o carro e o computador de lado. Acenda velas e jogue conversa fora com alguém até perder-se no tempo. Se tiver talento, ou amigos talentosos, forme uma roda de violão. Ou use a escuridão da rua para apreciar melhor o brilho das estrelas e encontrar constelações, astros, planetas.

— Se todas luminárias fossem desligadas poderíamos ver a Via-Láctea (sem nuvens, obviamente) — afirma Claudio Miguel Bevilacqua, diretor do Observatório Astronômico da UFRGS. 



QUE OUTRAS MEDIDAS EQUIVALEM A DEIXAR A LUZ APAGADA?



1. Otimizar o tempo de banho — para começar, só abra o chuveiro quando realmente for se lavar

2. Regular o ar-condicionado de acordo com a estação (verão é entre 23ºC e 25ºC e inverno, entre 20ºC e 22ºC)

3. Substituir equipamentos obsoletos por equipamentos mais eficientes

4. Procurar adquirir eletrodomésticos com o selo A do Procel

5. Aproveitar a iluminação natural durante o dia nos ambientes

6. Evitar deixar equipamentos no modo stand by e sim desligá-los

7. Ao usar a geladeira, evitar colocar alimentos quentes

8. Fazer a manutenção da borracha da geladeira (e garantir a vedação)

9. Optar por lâmpadas fluorescentes compactas ou a lâmpadas de led

10. Reunir quantidade significativa de roupa para usar carga máxima da máquina de lavar

Fonte: engenheiro Odilon Duarte, coordenador do grupo de eficiência energética da PUCRS.




Diário Gaúcho

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