Dobrar e até triplicar o consumo de gorduras animais não aumenta no sangue o percentual de certas gorduras saturadas nocivas para o sistema cardiovascular, afirma uma investigação que aponta os glícidos como os novos vilões.
O estudo, publicado nesta sexta-feira pela revista americana PLOS ONE, analisou 16 participantes submetidos a um regime alimentar de quatro meses e meio.
A cada três semanas, os glícidos (pão, massa e etc) foram aumentados progressivamente enquanto se reduzia os alimentos com gorduras animais saturadas (carne, queijo e etc), e o número de calorias e de proteínas se mantinha estável.
Os pesquisadores constataram que a taxa total de gordura saturada que havia no sangue dos participantes não aumentava quando comiam grandes quantidades de carne vermelha e laticínios, e inclusive caía.
Enquanto isto, o percentual no sangue do ácido palmitoleico, um ácido graxo saturado ligado ao metabolismo de glícidos e que parecia contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, aumentava com o crescimento do número de glícidos consumidos.
Um crescimento deste ácido assinala que um aumento da proporção de glícidos se transforma em gordura no lugar de ser queimado pelo organismo, segundo os investigadores.
Deste modo, reduzir a proporção de glícidos e aumentar o de gorduras animais em um regime alimentar bem equilibrado permite ao corpo consumir estas gorduras como combustível e evitar seu acúmulo", destacaram os pesquisadores.
Os participantes observaram uma certa melhoria de seu índice sanguíneo de glicose e de sua tensão arterial, e perderam, em média, cerca de dez quilos durante o estudo.
"Há um entendimento equivocado sobre as gorduras saturadas", disse Jeff Volek, professor da Universidade de Ohio e membro da equipe de investigação, destacando que os estudos com a população "não revelam qualquer relação entre gorduras saturadas e doenças cardiovasculares."
AFP / TERRA
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