CARACTERÍSTICA DA ESCRITA E DA LEITURA --
Nível conceitual - Pré-silábico 1
Þ As crianças não vislumbram que a escrita tem a ver com a pronúncia das partes de cada palavra.
Þ As
crianças produzem riscos e/ou rabiscos típicos da escrita que tem como
forma básica a letra de imprensa ou a cursiva, podendo então realizar
rabiscos separados com linhas curvas ou retas ou rabiscos ondulados e
emendados.
Þ As crianças fazem tentativas de correspondência figurativa entre a escrita e o objeto referido.
Þ Somente quem escreve pode interpretar o que está escrito.
Þ A escrita ainda não está constituída como objeto substituto.
Þ As
crianças usam os mesmos sinais gráficos (letras convencionais ou
símbolos, ou mesmo pseudoletras - letras inventadas pela criança) para
escrever tudo o que deseja.
Þ As
crianças acham que os nomes das pessoas e das coisas têm relação com o
seu tamanho ou idade: as pessoas, animais ou objetos grandes devem ter
nomes grandes; os objetos ou pessoas pequenas, nomes pequenos. Presença
marcante do realismo nominal.
Þ As crianças não separam números de letras, já que ambos os caracteres envolvem linhas retas ou curvas.
Þ As crianças acreditam que se escreve apenas os nomes das coisas (substantivos).
Þ As crianças só entendem a leitura de desenhos, gravuras, não diferenciando texto de gravura.
Þ A leitura é global.
Þ A letra inicial é suficiente para identificar uma palavra ou nome.
Þ As categorias lingüísticas - letra, palavra, frase, texto - não são claramente definidas pela criança.
Þ As crianças acreditam que para poder ler não podem haver duas letras iguais, uma ao lado da outra.
Þ Reconhecem que as letras desempenham um papel na escrita. Compreendem que somente com as letras é possível escrever.
Þ Surge a compreensão ampla da vinculação do discurso oral com o texto escrito.
Þ Fazem distinções entre imagem, texto ou palavras, letras e números - o signo gráfico é desvinculado do figurativo.
Þ Estabelecem macrovinculações do que se pensa com o que se escreve.
Þ A vinculação com a pronúncia ainda não é percebida.
Þ A
ordem e a qualidade das letras não são ainda fundamentais para a
distinção de uma palavra de outra. Duas palavras podem ser pensadas como
sendo a mesma, porque possuem certas letras iguais.
Þ As
crianças já descobriram, quando lhes são apresentados materiais
gráficos, que coisas diferentes têm nomes diferentes. Imprimem, então,
diferenças nas grafias das palavras, muitas vezes mudando apenas a
ordem das letras, principalmente quando possuem poucos recursos gráficos
(usam poucas letras ou pseudoletras).
Þ Eixo
qualitativo - para que seja possível ler ou escrever uma palavra,
torna-se necessária uma variedade de caracteres gráficos. Eixo
quantitativo - as crianças, de modo geral, exigem um mínimo de três
letras para ler ou escrever uma palavra.
Þ Observação:
Os critérios de variedade e quantidade permanecerão durante bastante
tempo e concorrerão para o aparecimento de muitos conflitos para as
crianças; entretanto, eles são benéficos por gerarem situações de
incoerência e insatisfação, forçando a busca de novas formas de
interpretação.
Þ O
rompimento da criança com um esquema anterior de interpretação, face
aos conflitos que surgem, constitui um momento precioso de evolução
dentro do processo de construção, ou seja, da reinvenção do sistema.
Þ As
crianças fazem sempre uma correspondência global quando lêem palavras
ou orações; não percebem ainda as partes. Também não fazem a
correspondência, termo a termo, entre o que é falado e o que está
escrito.
Þ A escrita das palavras não é estável.
Þ A ordem das letras na palavra não é importante.
Þ Categorias lingüísticas (letra, palavra, frase, texto) não são bem definidas.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS - SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O NÍVEL PRÉ-SILÁBICO
As
atividades sugeridas abaixo irão preparar a criança para um melhor
desempenho nas atividades escritas e darão suporte durante todo o
processo de alfabetização.
Þ Trabalho
intenso com os nomes das crianças, destacando as letras iniciais -
atividades variadas com fichas, crachás e alfabeto móvel.
Þ Contato
com farto e variado material escrito - revistas, jornais, cartazes,
livros, jogos, rótulos, embalagens, textos do professor e dos alunos,
músicas, poesias, parlendas, entre outros.
Þ Observação de atos de leitura e escrita.
Þ Audição de leitura com e sem imagem - notícias, propagandas, histórias, cartas, bilhetes etc.
Þ Hora de leitura - livros, revistas e jornais à escolha da criança.
Þ Atividades de escrita espontânea - listas, relatórios, auto-ditado.
Þ Atividades para distinção de letras e numerais.
Þ Manipulação intensa do alfabeto móvel.
Þ Desenho livre, pintura, modelagem, recorte, dobradura.
Þ Caixa com palavras ou nomes significativos - de cada aluno ou da classe.
Þ Classificação
de palavras ou nomes que se parecem - as que começam com a mesma
letra, as que possuem o mesmo número de letras, palavras grandes e
pequenas etc.
Þ Memorização de como se escrevem algumas palavras (fonte de conflito).
Þ Jogos diversos
§ bingo de letras, de iniciais de nomes, de nomes e outros,
§ memória de letras, nomes, desenhos;
§ dominós associando nomes e iniciais, desenhos, letras;
§ baralho de nomes, figuras;
§ quebra-cabeças variados com gravuras, nomes, letras;
§ pescaria de nomes, letras iniciais ou de letras do alfabeto.
Þ Jogos com cartões:
§ parear cartões com nomes iguais;
§ parear cartões com desenhos;
§ parear cartões com letras.
Þ Jogos com o alfabeto móvel:
§ cobrir fichas ou crachás;
§ formar o próprio nome e os dos colegas à vista do modelo;
§ separar e agrupar letras iguais;
§ classificar letras segundo número de aberturas e hastes, partes fechadas e hastes, curvas ou retas.
Þ Álbuns:
§ de rótulos e embalagens;
§ de nomes e retratos ou auto-retrato;
§ da história de vida da criança.
Þ Jogos e brincadeiras orais:
§ com rimas;
§ adivinhações;
§ telefone sem fio;
§ hora de surpresa;
§ recados orais;
§ jornal falado.
Þ Outras atividades e brincadeiras:
§ leitura de poesias e quadrinhos, parlendas, músicas etc.
§ planejamento da rotina do dia;
§ avaliação dos trabalhos do dia;
§ relatório oral de experiências;
§ histórias mudas;
§ produção de texto oral – coletivo;
§ conversa informal;
§ correio;
§ etiquetação de objetos;
§ estudo e interpretação de gravuras;
§ jogos de atenção;
§ análise e síntese de palavras;
§ interpretação oral de textos;
§ reescrita com representação através de desenhos do texto trabalhado;
§ reconto e reescrita de histórias;
§ auto ditado e escritas espontâneas.
É necessário imaginação pedagógica para dar às crianças oportunidades ricas e variadas de interagir com a linguagem escrita.
NÍVEL SILÁBICO
Quando
a criança sai do nível pré-silábico e entra no nível silábico, ela
deixa de apoiar-se em idéias de “aspectos figurativos” do referente à
palavra que o representa, ou seja, cada palavra é sempre escrita com as
mesmas letras; começa a ver que tudo que se diz se escreve.
Neste
nível, a criança encontra uma nova formula para entrar no mundo da
escrita, descobrindo que pode escrever uma letra para cada sílaba da
palavra e uma letra por palavra na frase.
CARACTERÍSTICA DA ESCRITA E DA LEITURA
Þ A
vinculação entre escrita e pronúncia – parte do que se fala corresponde
a parte da escrita. A criança trabalha com a hipótese de que a escrita
representa partes sonoras da fala.
Þ Correspondência
quantitativa de sílabas orais – uma letra para cada sílaba na palavra,
uma letra para cada palavra na frase ou uma letra por sílaba oral também
na frase. Há crianças que não escrevem nada para verbos.
Þ Compreensão da estabilidade da escrita das palavras. Tudo que se diz se escreve (não só os substantivos).
Þ Tentativa de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem uma escrita.
Þ Correspondência entre partes do texto (cada letra) e partes da expressão oral (recorte silábico do nome).
Þ Essa
hipótese silábica pode parecer com grafias distantes das formas das
letras ou com grafias já bem diferenciadas – às vezes pode parecer com
sinais e não com letras.
Þ A criança convive com as formas fixas fornecidas pelo mundo e a hipótese silábica que ela constitui.
Þ Podem desaparecer momentaneamente as exigências de variedade e de quantidade mínima de caracteres.
Þ Conflito cognitivo entre as exigências de quantidade mínima e a escrita silábica de palavras dissílabas e monossílabas.
Þ A criança busca sempre as unidades menores que compõem a totalidade que tenta representar por escrito.
Þ Leitura e escrita começam e ser vistas como duas ações com certo tipo de interligação coerente.
Þ As crianças podem estar num nível na escrita e em outro na leitura.
O TRABALHO COM PALAVRAS
As
crianças já começam a vincular a fala à escrita, por isso são
exploradas as vinculações sonoras – a divisão das palavras em tantas
letras quantas forem suas sílabas orais.
Quando se tornam silábicas, associam uma letra para cada sílaba.
O TRABALHO COM TEXTOS
É muito importante o trabalho com leitura de histórias infantis.
Histórias poderão surgir desenhos e dos desenhos possíveis histórias.
O
trabalho com diferentes textos, parlendas, músicas, poesias, entre
outros, propicia no nível silábico um trabalho fecundo com rimas,
análises sonoras de palavras, remontagem de texto com frases fatiadas ou
fatiadas em palavras.
O reconto e a reescrita também estarão entre as inúmeras atividades didáticas deste nível.
ATIVIDADES QUE ENVOLVAM FRASES E TEXTOS PARA FACILITAR O DISCURSO ORAL E TEXTO ESCRITO
Þ Escrita e recebimento de cartas, recados, sugestões, avisos e outros;
Þ Elaboração de textos coletivos;
Þ Transcrição de contos e brincadeiras, histórias inventadas pelas crianças, acontecimentos atuais, ocorrências;
Þ Reconto e reescrita de histórias;
Þ Leitura de poesias, músicas, parlendas, histórias e outros textos significativos e previamente memorizados;
Þ Identificação de frases pelo seu correspondente oral.
TRABALHO COM LETRAS, PALAVRAS E TEXTOS
Þ Análise sonora sobre as iniciais dos nomes próprios e palavras significativas;
Þ Desmembramento
oral dos nomes e das palavras em sílabas (pedacinhos); pronúncia
pausada das palavras, solicitando-se aos alunos que contem os
pedacinhos.
Þ Classificação de palavras com o mesmo número de sílabas (pedacinhos) que iniciam com a mesma letra;
Þ Completar lacunas em textos e palavras;
Þ Jogos variados com gravuras e letras iniciais, com gravuras e palavras;
Þ Dicionário ilustrado com desenhos ou gravuras e escrita dos respectivos nomes do jeito de criança;
Þ Auto-ditado, listas, escritas espontâneas diversas;
Þ Atividades para trabalhar com rimas, sons iniciais, finais e medianos das palavras (meio das palavras);
Þ Ditado de palavras e frases para diagnóstico do nível conceitual dos alunos;
Þ Ditado feito pelos próprios alunos, cada um falando uma palavra;
Þ Ditado com gravuras para os alunos escreverem apenas a letra inicial;
Þ Ditado
para si mesmo; cada alunos pensa o seu próprio ditado e após a
atividade o professor ouve o que cada alunos quis escrever;
Þ Ditado
para o professor; os alunos ditam palavras ou frases para o professor
escrever no quadro negro e ainda ditam como deve escrevê-las, depois de
escrever nas versões dos alunos o professor mostra como é escrito nos
livros;
Þ Colocar letras em ordem alfabética;
Þ Montar o alfabeto móvel nomes e palavras livremente;
Þ Trabalhar com réguas de letras, carimbos, máquinas de escrever, jogos com letras e palavras;
Þ Construir conjuntos de nomes e palavras para cada letra do alfabeto; expor na sala;
Þ Comparar o conjunto de letras expostas na parede da sala com folha mimeografada que receberam;
Þ Completar palavras com a primeira letra (usar o alfabeto móvel);
Þ Contar o número de palavras de cada frase;
NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO
A
criança silábica, a medida que vai verificando a insuficiência de sua
hipótese de associar uma letra para cada sílaba oral, amplia o seu campo
de fonetização.
Em
vez de fonetizar cada palavra, preocupando-se com as sílabas orais como
unidades lingüísticas, ela inicia a fonetização de cada sílaba,
percebendo normalmente que é constituída de mais de uma letra. A criança
vislumbra assim o princípio alfabético da escrita e avança para o nível
silábico-alfabético.
Para
a criança silábica é impossível ler o que as pessoas escrevem
convencionalmente. A criança acha que sempre sobram letras na escrita
convencional, ou seja, tem mais letras nas palavras do que os sons
emitidos na fala.
A
criança silábica entras em conflito porque sabe que, nos livros e nas
escritas de pessoas alfabetizadas, a grafia é correta, e que essas
pessoas têm a autoridade de saber ler e escrever.
É
muito importante para a criança que avança para o nível
silábico-alfabético conhecer a grafia adequada de algumas palavras
através da autoridade do contexto cultural que a cerca - " a dos
alfabetizados".
O confronto entre grafias
corretas de palavras e o tipo de escrita silábica (em vias de ser
abandonada) produzida pela criança, é fonte de reflexão e ajuda na
passagem para o nível silábico-alfabético, porque a criança percebe a
necessidade de colocar mais letras do que as que põe no nível silábico.
As crianças neste nível aumentam o número de letras em suas escritas de duas formas:
Þ Ou voltam a escrever com muitas letras e com quaisquer letras abandonando a hipótese silábica;
Þ Ou
continuam escrevendo silabicamente, acrescentando no final da palavra
que escrevem mais letras aleatoriamente, conservando em parte a hipótese
do nível silábico, podendo haver conflito entre a escrita silábica e a
quantidade mínima de letras.
Tais
comportamentos confundem muitos os professores/alfabetizadores, que
precisam estar atentos para entender e analisar essas situações.
Este
tipo de solução, de aumentar o número de letras é que caracteriza o
nível silábico-alfabético, apesar de ser uma solução que resolve apenas
uma parte do problema.
A
criança escreve então, nas palavras, algumas sílabas só com uma letra e
outras sílabas com duas letras. Mas ainda vai persistir o problema da
decodificação, de como ler o que escreveu.
CARACTERÍSTICAS DA ESCRITA E DA LEITURA
Nível conceitual – silábico-alfabético
Þ Conflito entre a hipótese silábica e a exigência de quantidade mínima de caracteres.
Þ Dificuldades
da criança em coordenar as hipóteses que foi elaborando no curso dessa
evolução, assim como as informações que o meio ofereceu.
Þ A
criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade,
mas que ela é composta de elementos menores - as letras. Enfrenta novos
problemas:
Þ no
eixo quantitativo, percebe que uma letra apenas não pode ser
considerada sílaba porque existem sílabas com mais de uma letra. Assim,
sem nenhum critério, vai aumentando o número de letras por sílabas.
Þ no
eixo quantitativo, a criança percebe que a identidade do som não
garante a identidade das letras, nem a identidade das letras, a do som.
Existem letras com a mesma grafia e vários sons. Descobre que existem
sons iguais com grafias diferentes e que, na maioria das vezes, não se
fala o que se escreve e não se escreve o que se fala.
Þ A
criança enfrentará novos conflitos ao vivenciar os problemas
ortográficos que se iniciam no nível silábico-alfabético e se
estenderão por todo o processo acadêmico.
Þ A criança procura acrescentar letras à escrita da fase anterior (silábica).
Þ Grafa
algumas sílabas completas e outras incompletas (com uma só letra por
sílaba). Usa as hipóteses dos níveis silábico e silábico-alfabético ao
mesmo tempo.
Þ A
ausência de letras em sua escrita não pode ser considerada pelo
professor como omissão ou retrocesso. Porque, na verdade, é uma
progressão nos níveis conceituais.
Þ A
criança silábico-alfabética inicia a leitura independente de textos,
palavras, dos livrinhos de literatura, entre outros portadores de
textos. Algumas crianças utilizam-se da soletração para ler, unindo
consoante e vogal. Outras já percebem as sílabas simples na sua
totalidade.
Þ A criança já pode iniciar o trabalho na escrita e na leitura com os diferentes tipos e modalidades de letras.
Þ As dificuldades que as crianças apresentam, na escrita e na leitura, são quanto às sílabas complexas Neste
nível, é importante um trabalho de construção dessas sílabas para que
as crianças possam alcançar, gradativamente, a possibilidade de
escrevê-las e lê-las nos textos dos livros e em outros materiais.
Þ Na leitura, a criança faz predições, antecipações do significado das palavras. As predições e inferências são estratégias básicas de leitura.
Þ As crianças esbarram na leitura e escrita de palavras que são iniciadas por vogais. Como saída, elas podem fazer a inversão das letras tanto na leitura como na escrita.
Exemplo:
amora - lêem e escrevem maora.
então - lêem e escrevem netão.
esporte - lêem e escrevem seporte.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
O TRABALHO COM LETRAS, PALAVRAS, SÍLABAS E TEXTOS
Em
todo processo de alfabetização, deve-se cuidar para que todas as
atividades de leitura e escrita propostas aos alunos apareçam
contextualizadas e associadas a uma significação, isto é, ligadas a aspectos da vida das crianças ou as atividades que realizam em sala de aula ou em casa.
Os
jogos, as brincadeiras, as rodas de conversa, a troca de idéias entre
os alunos, e mesmo um pouco de competição entre eles, tornam a
aprendizagem um processo de construção do conhecimento por eles mesmos.
É
muito importante que o professor/alfabetizador saiba que tipos de
atividades ou situações pedagógicas deverão ser desenvolvidas para que
as crianças avancem nos níveis conceituais da escrita e da leitura e
nos seus estágios de desenvolvimento cognitivo.
Sugestões de atividades
Þ jogos e atividades variadas com alfabeto móvel e silabas móveis;
Þ caça-palavras;
Þ cruzadinhas;
Þ jogos de memória, bingo, dominós diversos;
Þ leitura
e interpretação oral de diferentes textos, poesias, músicas,
parlendas, textos do aluno e do professor, notícias, reportagens, bulas
de remédio etc.;
Þ produção de textos coletivos;
Þ montagem e escrita de pequenas estruturas lingüísticas;
Þ adivinhações, trava-línguas, quadrinhas, anedotas;
Þ jornal falado;
Þ hora de surpresa;
Þ planejamento e avaliação do dia;
Þ relatório oral e escrito de experiências vivenciadas;
Þ histórias mudas;
Þ escrita de cartas, bilhetes, listas, anúncios, propagandas;
Þ análise e síntese de palavras significativas;
Þ escritas espontâneas, autoditado; e leitura de livrinhos de literatura, jornais e revistas (em grupo ou individual);
Þ classificação e seriação de palavras;
Þ
jogos e atividades orais que permitam à criança brincar e recriar com a
linguagem (rimas, acrósticos, entre outros); trabalhos manuais -
recortes, dobraduras, pinturas, encaixes - propiciam às crianças novas
formas de expressão e o uso, em sua linguagem, de novas palavras;
Þ oficina de histórias, reconto, reescrita;
Þ construção de relatos e descrições;
Þ
diálogos, entrevistas e reportagens surgidos nas situações cotidianas;
e transcrição de receitas, brincadeiras, piadas; e recorte de figuras
ou palavras para montagem de álbuns ou dicionários;
Þ
recontar vídeos, excursões, experiências; e reestruturar frases de
poesias, parlendas ou músicas que os alunos já sabem de cor; e localizar
palavras num texto, copiá-las separando suas sílabas num diagrama.
São
inúmeras as possibilidades de trabalhar a linguagem oral e escrita no
nível silábico-alfabético, pois, nesse nível, as crianças apresentam
um desenvolvimento acelerado, já iniciando a leitura e a escrita de
forma mais independente.
A
criatividade do professor na seleção e elaboração das atividades fará
com que as crianças assimilem, gradativamente, a palavra escrita e
falada de forma prazerosa e natural.
O
professor, durante as atividades propostas, observa, acompanha, avalia
e registra o que as crianças dizem, explicam e perguntam entre si.
Estas atividades devem ter prosseguimento no 1º ano do 1º ciclo do Ensino Fundamental.
NÍVEL ALFABÉTICO
A
hipótese silábico-alfabética também não satisfaz completamente a
criança, e ela prossegue sua pesquisa em busca de uma solução mais
completa que só será alcançada, através da fonetização da sílaba, ou
seja a constituição alfabética de sílabas.
O
aluno começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e, outras,
permanece escrevendo na hipótese silábica. São escritas
silábico-alfabéticas, mas já fazem parte do nível alfabético, mesmo se
tratando do uso de dois tipos de concepção.
O nível alfabético se caracteriza pelo reconhecimento do som da letra.
Entretanto,
a criança ainda não consegue, nesse nível, a solução de todos os
problemas no que se refere à leitura e escrita, entre eles:
1.0 -
primeiro problema que a criança enfrenta se refere aos tipos de
sílabas. As crianças, de modo geral, generalizam que todas as sílabas
têm sempre duas letras (isso se dá pela freqüência de sílaba com duas
letras na nossa escrita) e dificilmente concluem, automaticamente, que
existem silabas de uma, duas, três, quatro ou cinco letras. Devido à
freqüência de sílabas constituídas de consoante e vogal, os alunos
acreditam que todas as sílabas são assim. Quando deparam com palavras ou
sílabas iniciadas por vogais, fazem a inversão na escrita e também na
leitura. Exemplo:
ARMÁRIO > RAMÁRIO.
2.0
- segundo problema que as crianças vivenciam é a separação das
palavras na produção de textos. Durante a escrita de textos espontâneos,
as crianças ora emendam palavras, ora dividem palavras em duas ou três
partes. Isso acontece porque, quando a criança escreve, concentra-se na
sílaba; assim, as palavras tendem a desaparecer como um todo. Aparecem
as primeiras junturas (quando escreve a criança várias palavras
emendadas) e segmentações (quando escreve separando, indevidamente, as
palavras), muito comuns nas escritas dos alunos ao ingressarem no
nível alfabético, e que, nesse nível, serão trabalhadas visando, desde
já, a construção da base ortográfica.
3.0
- terceiro problema refere-se à ênfase sobre a escrita fonética. A
criança, ao dar ênfase à escrita fonética, ou seja, a adequação
fonética do escrito ao sonoro, enfrenta as questões ortográficas.
Descobre que uma mesma letra pode ter som de outras letras, como, por
exemplo, X com som de CH, S com som de z etc., chegando a constatar que
isso acontece em muitas palavras. Exemplo: chave, chaveiro, chácara,
xícara, xale, Elisabete, roseira etc.
4.0
- Por último, a criança enfrenta dificuldades na escrita e na leitura
de sílabas complexas. A compreensão de grupos consonantais é fruto de
muito esforço lógico de raciocínio e não de memorização ou fixação
mecânica.
A
aquisição da base ortográfica envolve a inter-relação de componentes
lógicos, perceptivos, motores, afetivos, sociais e culturais na
aprendizagem. E preciso um trabalho constante com a construção das
sílabas com dígrafos e encontros consonantais nesse nível de
conceitualização, o qual se estenderá às séries posteriores do Ensino
Fundamental.
O nível
alfabético constitui o final da evolução construtiva do aprendizado da
leitura e da escrita. Uma aprendizagem marcada pela reelaboração
pessoal do aluno e da reflexão lógica.
CARACTERÍSTICAS DA ESCRITA E DA LEITURA
Nível conceitual - alfabético
Þ Reconhecimento pela criança dos sons das letras.
Þ A criança consegue estabelecer uma vinculação mais coerente entre leitura e escrita.
Þ A criança concentra-se na sílaba para escrever.
Þ Surge a adequação do escrito ao sonoro.
Þ As
unidades lingüísticas (palavras, letras, silabas) são tratadas como
categorias estáveis (antes não tinham para a criança nenhuma relação
entre si).
Þ A criança escreve do jeito que fala (presença da oralidade na escrita).
Þ A criança compreende que cada um dos caracteres da escrita (letras) corresponde a valores sonoros menores que a silaba.
Þ Leitura sem imagem e com imagem.
Þ Surgem os problemas relativos à ortografia.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
O TRABALHO DE LEITURA E DE PRODUÇÃO DE TEXTOS
Algumas crianças chegam ao nível alfabético apresentando dificuldades, tais como:
Þ alunos que lêem alfabeticamente e ainda produzem escritas silábicas;
Þ alunos que já escrevem quase alfabeticamente e não decodificam um texto convencional.
Isso
acontece porque a leitura e a escrita não foram desenvolvidas, até
então, de forma correlacionada durante o processo de aprendizagem.
O
professor atento a essas dificuldades, que são normais no nível
alfabético, propiciará aos alunos oportunidades para vincular as ações
de ler e de escrever. A possibilidade de exercê-las num mesmo contexto
auxilia o domínio de ambas.
A
prática de produção de textos é uma atividade essencial ao longo de
todo o processo de alfabetização. No nível alfabético, a criança já é
capaz de escrever sozinha os seus próprios textos. A criança já possui
um mínimo necessário de discriminação do significado de cada uma das
unidades lingüísticas.
A
sílaba escrita é a ponte de comunicação entre letra, palavra e frase,
de modo a dar-lhes uma significação própria porque diferenciada.
A produção de textos é uma atividade expressiva e criativa que envolve reflexão constante, uma reflexão lógica.
Essa
reflexão é de suma importância em todas as ações inteligentes para
decidir como se escrevem palavras cuja escrita não está memorizada.
A
leitura de textos, por sua vez, envolve a seleção pelo professor dos
tipos de textos que serão oferecidos aos alunos de primeira série ou
pré-escolar, já alfabéticos, tendo em vista oferecer experiências
múltiplas, concretas e reais com o verdadeiro uso da coisa escrita na
vida de alguém.
A
produção de textos pode ser individual ou coletiva. O importante é que
a criança de primeiro ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental ou
pré-escolar leia e escreva muito, e que todas as suas produções sejam
muito valorizadas pelo professor e outros.
Cada
criança escreve do seu jeito e não há "certo" ou "errado" neste
momento. O texto produzido pelo aluno é como um desenho ou qualquer
outra forma de manifestação expressiva. Não cabe, absolutamente,
qualquer forma de correção ou de modificação.
Esses
textos são um indicador valioso sobre o andamento do processo de
aprendizagem dos alunos. Eles fornecem dados que poderão ser utilizados
em outras atividades de escrita.
É
preciso que, em alguns momentos, o professor se torne o escriba da
turma, porque é indispensável para o aluno poder perceber atos de
escrita de pessoas alfabetizadas, seja na escrita de textos, palavras
ou letras. Isso possibilita ao aluno a análise de aspectos espaciais e
motores envolvidos, bem como a direção que se segue ao escrever (da
esquerda para a direita), os tipos de sinais gráficos utilizados
(letras, sinais de pontuação), tipos de letras e suas modalidades, a
ortografia das palavras, como também observar que se escreve tudo (e
não só os substantivos). É importante que o professor leia o texto
escrito para as crianças, apontando, com um a régua, o que está lendo.
Os
textos são trabalhados em sala de aula para serem analisados nos dias
subsequentes à sua produção. Nesse sentido, devem ser expostos na
parede, para visualização dos alunos, em dois tipos de letras - cursiva e
de imprensa. Poderão ser transcritos para os alunos, que os utilizarão
em inúmeras atividades e explorações didáticas, assumindo
características diferentes para os alunos de acordo com seu nível
psicogenético.
Sugestões de atividades para o trabalho com textos
As
atividades devem ser elaboradas e/ou selecionadas pelo professor
visando aos alunos em situações desiguais dentro da psicogênese.
Dificilmente todos os alunos de uma classe estarão ao mesmo tempo num
mesmo nível conceitual.
Uma
mesma atividade pode ser trabalhada com crianças em vários níveis no
processo de aquisição da escrita e da leitura, contanto que ela englobe
um espaço amplo de problemas e que o professor provoque,
diferentemente, com questões e desafios adaptados aos alunos em
situações desiguais, reconhecendo e valorizando as suas respostas e
comportamentos frente ao que foi proposto.
Assim,
as atividades aqui sugeridas podem atender também a outros níveis, que
não apenas ao alfabético; o que muda é o foco de interesse didático.
Þ Produção de texto a partir do desenho do aluno.
Þ Exploração dos textos individuais com toda a classe.
Þ Sugerir
a escrita de textos a partir de outros textos já conhecidos pelos
alunos: letras de música, poesias, histórias memorizadas, descrição de
brincadeiras, regras de jogos etc. (também podem ser utilizados para
leitura e análise).
Þ Produção de textos coletivos sobre acontecimentos ou interesses dos alunos naquele momento.
Þ Atividades a partir de um texto:
- leituras globais ou parciais;
- reconhecimento de palavras, frases ou letras no texto;
- análise de palavras do texto quanto ao número de sílabas e de letras, quanto à letra inicial ou final etc.;
- ditado de palavras e frases relativas ao texto trabalhado;
- copiar palavras do texto com uma, duas, três sílabas etc.;
- marcar, no texto mimeografado, nomes próprios e comuns, rimas, palavras no singular e no plural etc.;
- remontagem do texto com fichas de frases ou palavras;
- produção de um desenho para ilustrar o texto;
- separar frases em palavras;
- cópia do texto estando marcados apenas os espaços (atividade mimeografada);
- completar lacunas de palavras;
- escolher palavras do texto e elaborar pequenas frases;
- ditar palavras do texto para um colega e vice-versa;
- registrar, à frente das frases, o número de palavras que a compõem;
- montar frases com fichas das palavras do texto;
- produções de histórias em quadrinhos.
Þ Análise
de palavras numa frase ou texto (separação em palavras a partir da
análise oral). Contar número de palavras numa frase ou texto a partir de
suas palavras (texto ou frase fatiadas em palavras).
Þ Caderno
de produções de textos individual (para registro de histórias com ou
sem desenho, relatos de acontecimentos, notícias, listas de palavras
etc.). Esse caderno pode ser trabalhado em casa ou em sala de aula.
Þ Leitura
de diferentes textos: livros, revistas, partes de jornais, cartas,
bilhetes, convites, propagandas, anúncios, músicas, poesias, parlendas,
adivinhações, trava-línguas etc.
Þ Leitura e narração de histórias pelo professor (permite a macrovinculação do texto escrito com o discurso oral).
O TRABALHO COM SÍLABAS
A
criança começa a construção da sílaba desde o nível silábico, quando
percebe que não pode ler o que foi escrito por ela. Prossegue no nível
silábico-alfabético quando acrescenta letras nos seus escritos sem
resolver o problema, que só vai ser superado com a escrita alfabética
no nível alfabético.
A
introdução sistemática das famílias silábicas não é o modo mais
indicado para ajudar alunos alfabéticos a evoluir em suas concepções
sobre a escrita. E muito mais indicado encorajá-los a refletir sobre a
pronúncia para pensar a escrita. A percepção auditiva entra como
matéria-prima em todo o trabalho de inteligência, e o fato de nossa
língua não ser inteiramente fonética implica, subsidiariamente, uma elaboração mental dos elementos ouvidos para chegar à escrita.
Nesta
proposta didática, sugere-se desenvolver um trabalho com sílabas
começando pela sua identificação parcial, pelo desmembramento das
palavras em todas as suas sílabas e pela montagem de palavras por meio
de sílabas, só chegando às famílias silábicas através das descobertas
dos próprios alunos.
O
professor deve permitir ao aluno explorar ao máximo o mundo das
palavras, das frases, dos textos e das letras, incentivando-o a extrair
o máximo de conhecimentos por conta própria, e só entrar com a
sistematização clássica se for necessário, e da forma mais construtiva
possível, sem nenhuma ordenação de dificuldades.
Sugestões de atividades para o trabalho com sílabas
No trabalho com sílabas é preciso levar em conta as condições cognitivas das crianças, que concernem a:
Þ distinção de uma só sílaba na palavra escrita;
Þ distinção estável de todas as sílabas das palavras (classificar palavras de acordo com o número de sílabas);
Þ possibilidade de considerar sílabas independentemente da sua inserção em palavras concretas;
Þ condições para classificar sílabas de acordo com o número de letras que a constituem, letra inicial ou final da sílaba etc.
As
atividades propostas devem envolver palavras de um universo semântico
vinculado ao interesse dos alunos: nomes de animais, partes do corpo,
personagens de histórias, novelas e outros, ou de palavras que surgem na
sala de aula.
Þ Atividades para completar a primeira ou a última sílaba dos nomes ou palavras com material concreto (fichas, jogos).
Þ Ligar nomes às sílabas iniciais.
Þ Jogos: mico preto, bingo, memória, dominó (com palavras ou nomes e silabas iniciais ou finais).
Þ Fazer correspondências de todas as silabas de uma palavra com a palavra correspondente.
Þ Completar fichas de palavras com as letras que faltam (usando o alfabeto móvel).
Þ Classificação de palavras com o mesmo número de sílabas.
Þ Constituição de palavras com sílabas e alfabetos móveis.
Þ Separação de palavras em sílabas (com fichas para recortar e colar ou por escrito).
Þ Separação e registro do número de silabas das palavras da frase.
Exemplo:
PEDRO ESTÁ DOENTE
( ) ( ) ( )
Þ Escrita de palavras e nomes que iniciam ou terminam com uma determinada sílaba.
Þ Adivinhações de palavras através de pistas do professor.
O TRABALHO COM LETRAS
Desde
o início da psicogênese, as crianças têm contato com letras, palavras,
frases e textos e também de alguma forma com as sílabas (ao menos
oralmente).
É
de muita importância trabalhar simultaneamente as letras, sílabas,
palavras e textos em todos os níveis psicogenéticos. Apenas para fins
didáticos, separamos as sugestões de atividades por unidades
lingüísticas.
O
trabalho com letras é feito desde o início da escolarização através dos
níveis pelos quais a criança perpassa. Esse trabalho é também
indispensável no nível alfabético (mesmo com crianças já alfabéticas,
isto é, que lêem e escrevem alfabeticamente).
Sugestões de atividades para o trabalho com letras
Þ Alfabetos
variados (tamanho, forma de letra, material) para montagem de palavras
ou frases mediante desafios interessantes do professor.
Þ Num
monte de letras, solicitar à criança que encontre todas as letras de
seu nome. Separar as letras dos nomes dos colegas do grupo.
Þ Reescrever as palavras do álbum ou dicionário já montados nos níveis anteriores.
Þ Construir dados de letras (4 dados com as 26 letras do nosso alfabeto).
Þ Jogos industrializados ou criados pelos alunos e professor (inclusive de ordem ortográfica).
Extraído: Fonte escola ativa, Fundescola
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