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sexta-feira, 27 de março de 2015

'Deixei de gastar', diz consumidor apreensivo com a economia

Eliton Oliveira adiou planos de trocar de apartamento em 2015. 
Mesmo conseguindo manter as contas em ordem, ele se diz receoso. 

O gerente de projetos de informática Eliton Augusto de Oliveira, que tem 37 anos e é de São Paulo, conta que sentiu no bolso as oscilações da economia no ano passado – quando o PIB cresceu apenas 0,1%, puxado pelo desempenho da agropecuária. Para ele, a palavra principal para os próximos meses é cautela. 
Preocupado com a alta dos preços e dos juros, Eliton decidiu deixar de gastar para poupar. A decisão inclui desde gastos do dia a dia até a compra de um apartamento, que foi adiada. 

"Eu tinha planos de trocar de apartamento, mas recuei. Primeiro pelos preços do mercado imobiliário. Segundo porque, como a economia está instável, você não sabe se vai conseguir garantir sua renda", afirma ele, que iria financiar uma parte do novo imóvel. 
"Hoje, quem está empregado não sabe se amanhã vai estar, e a taxa de juros é alta, então qualquer financiamento é complicado. Essas situações fazem com que a gente diminua o gasto", diz Eliton. 

Mesmo apreensivo, o gerente de projetos conta que fechou o ano de 2014 no azul. Ele fez alguns ajustes no orçamento familiar para contornar a alta dos preços e adotou um cuidado maior com gastos. A troca da máquina de lavar, por exemplo, foi adiada. 
"O que você comprava antes com R$ 100 hoje custa muito mais. Esse tipo de situação deixa a gente um pouco preocupado. Até onde vão esses aumentos? A questão da instabilidade do governo também preocupa. Essas situações fazem com que a gente diminua o gasto." 

Orçamento familiar 
Entre os itens que pesaram no aumento do custo de vida para Eliton e sua mulher, Vânia, estão a conta de luz e os combustíveis. 
"Na conta de luz, eu pagava em torno de R$ 70. Hoje estou pagando quase R$ 120", diz Eliton. "Eu estava intercalando álcool e gasolina, hoje em dia só estou no álcool e ainda fico procurando o posto que dá mais desconto. Aumentou de 30% a 40% o gasto mensal com combustível." 

Os preços dos alimentos também começaram a pesar no orçamento da família. Para evitar o aumento de gastos, Vânia teve a ideia de trocar supermercados por atacadistas, fazendo compras em maior quantidade e com intervalos mais espaçados. 

"O supermercado aumentou muito. Tivemos que dar esse jeito para ter a mesma força de compra que tínhamos meses atrás", diz o gerente de projetos. 
Sobre a questão do emprego, ele diz estar "receoso". "A empresa em que eu trabalho nunca falou de recessão. Já estou há 24 anos nessa empresa. Neste ano, a diretoria sinalizou que vai ter que cortar custos, diminuir gastos. Uma empresa que nunca falou disso começar a falar que vai gastar menos... A gente fica receoso", afirma. 

"Minha esposa é da área da saúde. No hospital em que ela trabalha teve demissão de várias pessoas e não teve reposição. O que se fazia com três ou quatro pessoas, hoje se faz com duas", completa. 



Fonte: G1

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