Presidente Miriam Belchior diz que retorno foi cinco vezes maior do que R$ 100 milhões investidos e que classificados para Libertadores devem ter reajustes
Miriam Belchior confirmou 12 clubes patrocinados pela Caixa em 2015
(Foto: Divulgação - Wendel Pires)
Em meio a ajustes fiscais e reestruturação econômica do governo federal, a Caixa vai manter o status de maior patrocinadora do futebol brasileiro. Depois de investir R$ 100,5 milhões apenas em clubes de futebol no ano passado - no total, no esporte nacional chega quase a R$ 240 milhões -, em 2015 estes valores serão mantidos "no mesmo patamar" com três times a menos, diz a presidente da Caixa, Miriam Belchior. Ex-ministra do Planejamento, ela assumiu o cargo em fevereiro e agora põe a pleno vapor a segunda etapa de renovações de contratos com clubes brasileiros. Depois de Corinthians, o primeiro a renovar por R$ 30 milhões em fevereiro, e de se aproximar do acerto com Flamengo (R$ 16 milhões) e Vasco (R$ 15 milhões), Figueirense e Chapecoense são os próximos da lista.
Em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com, Miriam defendeu os investimentos, que chegaram a ser contestados em ação do Ministério Público - na época, o Timão ainda era o único patrocinado pela Caixa Econômica Federal -, explicou a saída de três equipes da lista de clubes deste ano e anunciou novidade para 2016: o banco deve pagar mais a quem chegar mais próximo do título no Brasileiro.
- Pela lógica de profissionalização da MP (Medida Provisória) do Profut, decidimos fazer contrato até dezembro e fazer planejamento para o ano seguinte. O time que foi para a Libertadores e para a Sul-americana, que é evidentemente que tem mais retorno (de exposição na mídia), deve ser valorizado num contrato. Se estava na Libertadores e não está mais para o ano que vem, o contrato é outro. Vai depender do resultado dos times. Tanto para a Caixa quanto para os times (essa medida) permite melhor planejamento durante o ano - disse Miriam Belchior.
Entre os clubes cortados, há questões diferentes, explica a presidente da Caixa. O Paraná Clube, sem as certidões obrigatórias para seguir recebendo dinheiro do banco público, desistiu da renovação contratual. O rebaixamento do América-RN para a Série C inviabilizou a continuidade do patrocínio. O time potiguar recebia R$ 2 milhões da Caixa. O ASA de Arapiraca, de Alagoas, que permanece na Série C, também foi cortado. O único time do estado alagoano que pode renovar com a Caixa é o CRB, que subiu da Série C para a B. Ou seja, de 15 clubes - contando com o Sport que fechou em julho do ano passado contrato de R$ 6 milhões por um ano -, a Caixa deixa de patrocinar três neste ano de 2015.
- Ano passado eram 15 times e agora ficamos com 12. Na semana que vem vamos fechar com mais quatro, que são Flamego, Vasco, Figueirense e Chapecoense. Outros sete, que ainda têm contrato para vencer, as negociações vão se dar na sequência - disse Miriam.
A Caixa investe R$ 20 milhões na promoção da Série C, na Copa do Nordeste e na Copa Verde (da região Norte), além do organização do Campeonato Brasileiro de futebol feminino. Segundo a presidente da Caixa, o principal retorno é mesmo na camisa dos clubes da Série A, principalmente os de maior torcida do país.
- Em 2012 a Caixa começou a patrocinar os times com a lógica de retorno para a marca. A Caixa é um banco comercial e precisa de retorno de mídia. Os times dão retorno de cinco vezes o que nós investimos. Nós pagamos R$ 100 milhões e temos retorno de R$ 500 milhões de exposição - afirma a presidente da Caixa.
Negociações frustradas em Minas
A presidente da Caixa estuda junto com a lei de responsabilidade fiscal dos clubes de futebol quais contrapartidas a mais os clubes devem se comprometer para receber o dinheiro do patrocinador. Um deles deve mesmo ser o investimento no futebol feminino.
Sobre o pagamento que varia de R$ 500 mil (ao CRB-AL) a R$ 30 milhões, a presidente da Caixa diz que o tamanho das torcidas - medida pelo instituto Ibope - serve de principal parâmetro para os valores diferentes oferecidos nos contratos da Caixa. Questionada sobre a diferença de R$ 5 milhões iniciais entre Corinthians (R$ 30 milhões) e Flamengo (R$ 25 milhões), respectivamente segunda e terceira maior torcida do país, Miriam explicou que os paulistas exibem Caixa na frente e no verso da camisa, lembrando que "gostaria de ter as costas" do time rubro-negro.
Com poucas ações de marketing efetivo com clubes brasileiros - o Corinthians lançou ano passado um cartão de relacionamento exclusivo de seu torcedor com o banco -, a Caixa quer aumentar o "caráter comercial" do seu patrocínio para que o benefício do investimento não fique apenas no retorno de mídia.
Especulados como novos patrocinados pela Caixa, Atlético-MG e Cruzeiro não terão o patrocínio no público em suas camisas. O Galo não tem as certidões, enquanto a Raposa tem vínculo anterior com um concorrente da Caixa que o impede de assinar com o banco público. A presidente da Caixa, porém, deixou negociações em aberto para o futuro.
- O Atlético-mg não tem a documentação necessária, que é um dos nossos requisitos. Enquanto isso não tiver equacionado não é possível ter conversa com eles. Quando for resolvido, a Caixa está aberta a negociações. No caso do Cruzeiro, as negociações avançaram muito, mas eles tinham contrato com concorrente da caixa (BMG), com acordo de antecipação de verba e não podiam romper contrato - disse Miriam Belchior.
Confira abaixo a lista de patrocinados pela Caixa:
Série A
Corinthians - R$ 30 milhões - contrato renovado
Flamengo - R$ 16 milhões - próximos contratos a serem renovados
Vasco - R$ 15 milhões - próximos contratos a serem renovados
Atlético-PR - R$ 6 milhões - contrato ainda não venceu
Coritiba - R$ 6 milhões - contrato ainda não venceu
Vitória - R$ 6 milhões - contrato ainda não venceu
Figueirense - R$ 4,5 milhões - próximos contratos a serem renovados
Chapecoense - R$ 4 milhões - próximos contratos a serem renovados
Série B
Atlético-GO - R$ 2,4 milhões - contrato ainda não venceu
ABC - R$ 2 milhões - contrato ainda não venceu
Série C
CRB - R$ 500 mil - contrato ainda não venceu
Clubes que não tiveram contratos renovados:
ASA - R$ 500 mil
América-RN - R$ 2 milhões
Paraná - R$ 2 milhões
G 1
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