Você já deve ter ouvido aquele papo de que os exames de raios X são superperigosos e que podem nos levar a desenvolver vários problemas de saúde, incluindo o câncer. No entanto, até onde essas histórias não passam de mitos e até onde elas são verdadeiras? Pois o especialista em radiologia Hugo Rosin nos enviou uma série de informações sobre o tema, que vão ajudar a tirar todas as suas dúvidas de uma vez por todas.
De acordo com Hugo, é comum que as pessoas sintam curiosidade pela radiologia, especialmente devido ao fato de os profissionais empregarem equipamentos que utilizam os raios X e raios gama para a produção de exames médicos. Quem descobriu essa “ferramenta” foi o físico alemão Wilhelm Röntgen, que, em 1895, produziu radiação eletromagnética nos mesmos comprimentos de onda que as emitidas pelos raios X pela primeira vez.
Funcionamento
Só para você entender melhor, de acordo com o pessoal do site how stuff works, basicamente, os aparelhos de raios X funcionam como máquinas fotográficas que, em vez de utilizar a luz para expor o filme, empregam os... raios X! Contudo, embora essa radiação também se apresente na forma de ondas magnéticas — como a luz —, ela é mais energética e, portanto, é capaz de penetrar vários materiais com diferente intensidade.
É por essa razão que é possível observar — e distinguir — diferentes estruturas que existem no nosso corpo, ou seja, porque os músculos, a gordura, os ossos e outros órgãos são capazes de absorver os raios X em níveis diferentes.
Evolução
Da descoberta dos raios X para cá, o uso desse tipo de radiação deixou de ser apenas uma forma de gerar imagens do corpo humano e se transformou em uma importante ferramenta. A tecnologia auxilia os profissionais da saúde a planejar as diferentes etapas e procedimentos para que os resultados finais dos tratamentos sejam mais rápidos e precisos.
Contudo, apesar da importância dos raios X, existe muito temor com respeito aos possíveis efeitos colaterais provocados pela exposição durante os exames, mesmo os de rotina. E é aqui que o Hugo entra em cena para nos ajudar a esclarecer algumas dúvidas comuns. Confira:
1 – As salas de exame oferecem risco de contaminação aos pacientes?
Você já se perguntou se as salas onde os exames de raios X são realizados não absorvem parte da radiação, apresentando perigo de contaminação para quem entra lá? Afinal, como é que vamos saber se o ambiente não se torna carregado depois de tantos exames? Pois segundo Hugo, quando se trata de raios X de diagnóstico, esse risco não existe, já que o tipo de radiação produzida pelos equipamentos é a eletromagnética.
Isso significa que, depois que o aparelho é desligado da tomada, ele deixa de emitir radiação. Contudo, isso não pode ser dito de equipamentos de radioterapia e medicina nuclear, pois essas máquinas contam com elementos radioativos em seu interior.
2 – E se existirem espelhos na sala de exames, eles podem desviar os raios X?
De acordo com Hugo, apesar de os raios X terem comportamento de onda — assim como a luz — em determinadas situações, eles não podem ser refletidos por espelhos, já que esses objetos apenas refletem a luz visível, que é uma onda com comprimento superior à dos raios X.
3 – As grávidas realmente devem evitar os exames de raios X?
Existe a crença de que as gestantes não devem — em hipótese alguma — fazer radiografias, mesmo as realizadas rotineiramente por dentistas, já que o feto estaria suscetível à radiação. Pois, conforme explicou Hugo, as grávidas podem se submeter a radiografias, desde que a região do útero fique protegida adequadamente com uma daquelas vestimentas revestidas de chumbo para proteger o bebê.
Segundo disse, cabe ao médico ou dentista avaliar os riscos, ou seja, determinar se o risco de realizar o exame radiográfico é menor do que o risco de não diagnosticar corretamente qualquer problema que também possa comprometer a saúde da mãe e do bebê. Entretanto, Hugo salienta que a exposição aos raios X, mesmo quando necessária, é desaconselhada durante o primeiro trimestre de gravidez.
4 – E os exames de ressonância magnética e ultrassom, também emitem radiação?
Na verdade, nenhum dos dois exames emite radiação. A ressonância magnética permite a obtenção de imagens por meio da emissão de um forte campo magnético — não radioativo — que ativa as moléculas de hidrogênio presentes na água e posteriormente capta a energia magnética liberada por essas moléculas.
Já o ultrassom captura imagens através da reflexão de ondas acústicas — imperceptíveis ao ouvido humano — que são emitidas por um transdutor, ou seja, por aquela parte do aparelho que fica em contato com o paciente.
5 – A atividade de radiologistas e técnicos pode ser considerada de risco?
Muita gente acredita que o excesso de radiação pode causar infertilidade e estimular o surgimento de células cancerígenas, e que, portanto, os profissionais que atuam diretamente com equipamentos de radiologia estariam mais expostos aos riscos. Pois essa crença não está completamente equivocada, já que os efeitos da radiação são cumulativos sobre as células dos seres vivos, e muitas doenças podem surgir devido à exposição acima dos níveis tolerados.
No entanto, de acordo com Hugo, graças à evolução dos equipamentos de raios X e das técnicas de radioproteção, atualmente esse risco se tornou extremamente baixo. Além disso, o profissional da área conta com vantagens extras por conta dos riscos à sua saúde, como tempo de aposentadoria reduzido e benefícios salariais como insalubridade e periculosidade.
6 – E os exames realizados na região da cabeça, oferecem mais perigos?
Conforme explicou Hugo, toda exposição aos raios X oferece riscos, como o de desenvolvimento de algum tipo de câncer. Contudo, normalmente o benefício do diagnóstico é superior a qualquer dano provocado, justificando a realização do exame. Além disso, dependendo da intensidade e duração da exposição, os danos são reversíveis.
É verdade que a exposição prolongada aos raios X pode provocar vermelhidão na pele e queimaduras, assim como morte celular e mutações genéticas. Contudo, os exames odontológicos e de face empregam doses de radiação relativamente baixas e, conforme Hugo explicou anteriormente, se o benefício diagnóstico for maior, então não existem restrições nesse sentido.
7 – As máquinas de raios X dos aeroportos podem apagar ou danificar cartões de memória?
De acordo com Hugo, essa crença não passa de um mito. Segundo disse, os dados gravados em cartões de memória são mídias magnéticas e, portanto, não podem ser alteradas pelas ondas dos raios X.
Fonte: Mega Curioso (Colaborou Hugo Rosin, diretor executivo da DVI Radiologia, cirurgião-dentista formado pela FORP-USP, especialista em radiologia pela FOP-UNICAMP e especialista em ortodontia pela FOAR-UNESP)
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