Informação básica da planta
1 – NOMENCLATURA
Nome científico: Myracrodruon urundeuva Allemão
Família: Anacardiaceae
Sinônimos: Astronium urundeuva Engl. e Astronium juglandifolium Griseb.
omes vernaculares: almecega; arendeúva; arendiuva; arindeúva; aroeira-d'água; aroeira-da-serra; aroeira-de-mato-grosso; aroeira-do-campo; aroeira-do-ceará; aroeira-do-cerrado; aroeira-do-sertão; aroeira-legítima; aroeira-preta; aroeira-vermelha; aruíva; árvore-da-arara; chibatan; gibão; gibatão; itapicurus; orindeúva; orindiuva; pandeiro; ubatan; ubatani; urindeúva; urindiúba; uriunduba; urunday e urundeúva. Na Argentina, urundel, na Bolívia cuchi e no Paraguai, urunde´y mi.
Origem/significado do nome: o nome da aroeira é uma simplificação do vocábulo araroeira, derivada de arara, com acréscimo da terminação eira (lugar), isto é, árvore da arara, por ser planta em que de preferência essa ave pousa e vive.
2 - OCORRÊNCIA
Distribuição geográfica
Ocorre nos estados do Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e no Paraná, sua presença também se assinala na Argentina (extremo noroeste), Bolívia (sul e leste) e Paraguai (leste e nordeste).
Informações ecológicas
Planta decídua, heliófila, secundária tardia e longeva. Ocorre em várias regiões fitoecológicas: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Cerrado e Cerradão, Caatinga/Mata-Seca, Chaco Sul-Matogrossense e Pantanal Mato-Grossense. Fora do Brasil, a espécie ocorre na selva Tucumano-Boliviana e na região Chaquenha, onde forma uma parte do estrato superior do bosque alto.
As melhores populações desta espécie aparecem em solos calcários rasos e situados em declives acentuados. Ocorre naturalmente em solos de origem arenítica, bem como basáltica. Sua presença é rara em solos profundos de terra roxa, ou em terrenos de baixadas úmidas.
Floresce na época não chuvosa, geralmente com a planta totalmente despida de sua folhagem. Possui floração ampla e variável: em outubro no Rio Grande do Norte; em janeiro em Pernambuco, de abril a março no Ceará; de maio a junho em Minas Gerais; de junho a agosto em São Paulo; de julho a agosto no Distrito Federal e em agosto no Mato Grosso do Sul.
Frutificação de janeiro a fevereiro em Minas Gerais, de junho a agosto em Pernambuco e no Maranhão; de agosto a setembro no Piauí, de agosto a novembro em São Paulo; em setembro no Ceará, de setembro a outubro na Bahia e no Distrito Federal.
3 - DESCRIÇÃO
Hábito de crescimento
Árvore com 10 a 20 m, podendo chegar até 35 m; 30 a 60 cm de DAP, podendo chegar a 1 m. Varia na altura e diâmetro conforme sua área de ocupação, se caatinga, mata pluvial ou cerrado.
Caule
Caule geralmente curto e tortuoso na Caatinga, porém, em outros ambientes pode apresentar fuste com até 12 m de comprimento. Copa larga, irregular, formada de ramos flácidos e dicotômicos que, quando novos, podem ser revestidos ou não de pelos.
Casca
Casca com espessura total até 15 mm, córtex suberoso, castanho-escuro, profundamente sulcado, subdividido em placas escamiformes e quase retangular, nas árvores adulta. Nas árvores jovens, a casca é lisa, cinzenta e coberta de lenticelas. Casca interna avermelhada.
Folha
Folhas alternas, compostas, imparipinadas, de 15 a 23 cm; raque de glabra a pilosa, 4 a 13 cm de comprimento, 5 a 7 pares de folíolos, distância entre outros pares de 2 a 2,5 cm de comprimento; folíolos glabros ou pubérulos em ambas as faces, pêlos cilíndricos, simples opostos ou subopostos, membranáceos, concolores, elípticos a ovados, raro oblongos, 4 a 7 x 1,5 a 3 cm; base obtusa, ápice de agudo a obtuso, mucronado; peciólulos desde subsésseis até 5 mm de comprimento; margem de lisa a serreada.
Flor
Inflorescência em panículas com 10 a 18 cm de comprimento, brácteas e bractéolas deltóides, escariosas, ciliadas, caducas. As flores são diclinas, pentâmeras actinomorfas de coloração creme. Sépalas ovadas, ciliadas, l x 1 mm; pétalas elípticas, 2 x 1 mm; estames com filetes de 1 mm de comprimento, anteras com 1 mm de comprimento; pistilóide presente. Flores femininas com sépalas ligeiramente maiores, ovadas, 1,5 x 1,5 mm, pétalas elípticas, ciliadas, com 1,5 x 1 mm.
Fruto
Drupas arredondadas, aladas, inicialmente verde-claras, passando a vinho no amadurecimento, sempre acompanhadas do cálice com 5 mm de comprimento e 6 mm de diâmetro; pedicelos 1 a 2 mm de comprimento; sépalas persistentes e ampliadas, de 7 mm e comprimento e 4 mm de largura, ciliadas.
Semente
Sementes castanhas, tendendo para negro, pequenas, orbiculares, rugosas ou lisas, aladas, com tegumento membranáceo, desprovido de endosperma. Em 1.640 g, tem-se 1.000 sementes que apresentam 85% de germinação, em germinador num período de 2 a 5 dias. Fora do germinador em 7 a 15 dias após a semeadura; a repicagem poderá ser feita em 60 dias após a germinação.
Madeira
Madeira muito pesada (1 a 1,21 g/cm3 a 15% de umidade); superfície um tanto lustrosa e lisa ao tato, textura média e uniforme, grã irregular. Alburno branco ou levemente rosado. Massa específica básica de 0,60 a 0,65g/cm3 e poder calorífico igual a 4.582 Kcal/Kg. Cheiro e gosto imperceptíveis. Cerne bege-rosado, ou castanho-claro, quando recém-cortado, escurecendo para castanho-escuro ou castanho-avermelhado escuro, chegando ao negro quando velha. É tida, na prática, como madeira de alta resistência ao apodrecimento, ao ataque de cupins. Apresenta permeabilidade extremamente baixa às soluções preservantes.
Dispersão
Anemocórica.
4 - USOS
Madeireiro
É utilizada para cercas, seja como mourão, esticador, batente, estaca, palanque ou balancim. É ainda usada em construções externas como vigamentos de pontes, caibros, pinguelas, postes, esteios, moendas de engenho. Para obras internas, como tacos para assoalhos, objetos de adorno, tabuados, móveis e peças torneadas. Os dormentes comuns de aroeira apresentam uma duração média de 25 anos. É uma boa madeira para carvão e lenha.
Forrageiro
As folhas são usadas como forragem na Região Nordeste, principalmente na época da seca.
Medicinal
As cascas são empregadas contra bronquite, tuberculose, doenças do aparelho urinário, inflamações, ferimentos, cicatrizes pós-parto, diabetes e gastrite. Casca, folha e raiz são usadas como balsâmicas e hemostáticas.
Como é rica em tanino (cerca de 15%), a aroeira tem propriedade adstringente, daí seu efeito de contrair, fechar, cicatrizar.
Ornamental
A árvore, pela beleza de sua copa aproximadamente cônica e, por outras qualidades ornamentais, é indicada para a arborização em geral. Seu inconveniente é a perda das folhas durante o inverno.
Outros usos
A casca fornece resina por lesão, sendo usada como tônico. O tanino é empregado no curtimento de couros.
Suas flores produzem pólen em quantidade e apresentam interesse para a apicultura.
Espécie recomendada para solos compactos, consorciada com gramíneas, para reflorestamento ambiental.
Restrições ao uso
Devido à possibilidade de provocar reações alérgicas em pessoas sensíveis às suas folhas, seu uso como ornamental em parques e jardins deve contemplar esse aspecto negativo.
5 - MANEJO
SEMENTES
Coleta e beneficiamento: a coleta de sementes é dificultada pelo reduzido tamanho dos frutos, pois se assemelha a uma pimenta do reino; as sementes são aladas e de maturação rápida. Os frutos só devem ser coletados plenamente maduros, quando se apresentam firmes, com aspecto rugoso, coloração marrom-escura, o que coincide com início de dispersão. Se coletados não completamente maduros, os frutos apresentam sementes de baixa ou nenhuma germinação. Outro problema é que o ponto ótimo de maturação ocorre na primavera, quando chuvas e vendavais podem inutilizar as sementes. Sementes coletadas com alto teor de umidade germinam menos do que sementes coletadas com baixo teor de umidade.
Número de sementes por quilo: 45.000 a 65.000 sementes.
Quebra de dormência: a semente apresenta dormência atribuída ao embrião, visto não existir impermeabilidade do tegumento. É recomendada, como tratamento pré-germinativo, a imersão das sementes em água a temperatura ambiente, por 24 horas. Logo depois, as mesmas devem ser levadas à geladeira (4 a 5ºC) aí permanecendo por 6 dias.
Longevidade e armazenamento: as sementes desta espécie perdem o poder germinativo em pouco tempo em condições naturais. Armazenadas em sacos de papel 'kraft' em câmara fria (T = 4ºC) por 18 meses, apresentaram 67% de germinação. A criopreservação é um método de armazenamento promissor para a aroeira, sugerindo-se desidratação prévia das sementes a 6% de umidade.
PRODUÇÃO DE MUDAS
Semeadura: recomenda-se semear em sementeiras e depois repicar as mudinhas para o recipiente, geralmente saco de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro.
Germinação: plântulas faneroepígeas que inicia a germinação entre 4 a 40 dias após a semeadura, com faculdade germinativa variando, de 35% até 95%.
Repicagem: a partir de quatro semanas após a germinação. A repicagem deve ser cercada de todos os cuidados, pertinentes, pois as plântulas são muito sensíveis ao processo, que deve ser levado a cabo em dias úmidos e de temperatura amena.
Propagação vegetativa: até mesmo partes verdes da árvore fincadas no solo brotam com vigor.
Tempo total em viveiro: no mínimo três meses.
Sistema radicial: a planta jovem possui tecido de reserva "tubérculo", na raiz principal. Características especiais: mudas em raiz nua apresentam bom pegamento no campo. Entretanto, o mesmo não ocorre com plântulas ainda com pouco tempo de germinadas e com baixa quantidade de reservas orgânicas.
CARACTERÍSTICAS SILVICULFURAIS
Tolerância ao frio: mediamente tolerante. Mudas afetadas por geadas apresentam boa recuperação, talvez devido à presença do tecido de reserva do sistema radical.
O excesso de chuvas pode afetar as mudas nos estádios iniciais de formação, podendo levá-las a uma perda total da folhagem.
A recuperação rápida ocorrerá com a transferência das mudas afetadas para um local com melhor iluminação solar e com menor umidade.
Capacidade de rebrota: apresenta brotação após corte, podendo ser mandada pela talhadia simples.
Desrama: não forma fuste principal em plantio sem intervenção artificial, tendo necessidade de desbrota e desrama para a formação de fuste. Apresenta cicatrização ruim.
Métodos de regeneração: o plantio a pleno sol da aroeira-verdadeira não é compatível com a sua auto-ecologia. Recomenda-se plantio misto associado com espécie pioneira de crescimento rápido, como Trema micrantha (L.) Blume, para forçar melhoria em sua forma.
CRESCIMENTO E PRODUÇÃO
A espécie apresenta crescimento lento a moderado, atingindo produtividade máxima de até 5,50 m3/ha.ano. Estima-se uma rotação de 20 anos para obtenção de mourões.
PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS
A madeira de árvores caídas desta espécie sofre, no mato, ataque de coleóbroca, que perfura a madeira. O responsável pelas perfurações comuns em postes, é o Coleóptero Brasilianus bacordairei, que penetra em galerias enquanto as toras se acham derrubadas na mata.
FONTE
www.superinteressante.com/
FOTOS ILUSTRATIVAS