1ª, 2ª, para. 1ª, 2ª, para. 1ª, 2ª, 3ª, para. É nessa toada que a maioria dos moradores dos grandes centros urbanos do país seguem cambiando as marchas do carro, sem dar sossego ao pé esquerdo ou à mão direita, durante o trajeto que separa a casa do trabalho. Para atenuar o desgaste da rotina no trânsito, muitas pessoas passaram a desejar ter na garagem automóveis que dispensassem o pedal da embreagem. O problema, no entanto, sempre foi o custo de um automóvel com câmbio automático, considerado até a década de 90 um item de luxo.
Até pouco tempo, a tecnologia estava presente apenas em marcas de luxo como BMW ou na versão topo de linha de modelos médios com preço superior a R$ 70 mil. Pois bem, “estava”. Hoje, há no mercado pelo menos 30 modelos automáticos com valores de até R$ 55 mil, entre hatch e sedãs. Os mais novos integrantes desse time são Onix e Prisma, que acabam de ganhar uma variante com a caixa automática de seis marchas, item inédito no segmento dos populares.O ineditismo fica por conta das seis velocidades e pelo fato de a maioria dos carros nessa faixa de preço possuirem a transmissão automatizada, um recurso mais barato, desenvolvido como um meio-termo entre a caixa mecânica e a automática.
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É o caso do câmbio Dialogic da Fiat, do I-motion da Volkswagen e do Easytronic da GM, que entregam maior comodidade por um preço mais acessível, mas sem o mesmo desempenho do outro. Por isso, com a novidade, a Chevrolet espera cumprir uma missão ousada e prometida pelo setor há vários. Nas palavras Hermann Mahnke, diretor de marketing da marca no Brasil, " popularizar a transmissão automática". Será mesmo?
Automáticos acessíveis
Voltanto um pouco no tempo, foi no fim dos anos 90, com o aumento do interesse por automóveis que dispensassem o uso da embreagem, que as montadoras perceberam que poderiam capitalizar em cima da nova demanda, dando o ponta pé inicial à tendência de popularização dos automáticos, que além de caros, não gozavam de uma fama muito boa. “Foi aí que fabricantes começaram a oferecer carros menores com câmbios automatizados, mais baratos e mais simples”, lembra Claudio Castro, membro da SAE Brasil. A primeiro modelo a possuir esse tipo de caixa foi a Meriva, em 2007. No ano seguinte, a Fiat lançou o Stilo, com o mesmo tipo de transmissão. As mudanças de marchas eram acompanhadas por grandes solavancos a bordo. Para dar uma resposta à concorrência, a Volkswagen lançou a transmissão I-motion em 2009, com o Polo. Apesar das melhorias em relação aos rivais, as trocas ainda eram sentidas pelos motorista e o desempenho ficava aquém do oferecido pelo genuíno automático.
Polêmica automatizada
Apesar das, digamos, limitações do automatizado, Henrique Sampaio, diretor de marketing de produto da Volkswagen, ainda defende o mecanismo como uma porta de entrada para o automático “O automatizado funciona bem nos segmento de entrada. É para quem nunca teve a experiência com um automático e está em busca de mais conforto”. Segundo o executivo, por ser mais barato do que o câmbio automático propriamente, é mais acessível para o consumidor que está ascendendo e quer investir em um automóvel mais completo.
E nos últimos anos, o que mais se observou foi o upgrade no nível do carro desejado pelo consumidor brasileiro. Para se ter uma ideia, em 2009, quando o Polo I-motion foi lançado, as vendas da versão automatizada respondiam por 5% das unidades topo de linha comercializadas. Resumindo: um número bem pequeno. Hoje, esse número gira em torno de 20% a 25% dentro das configurações mais caras dos modelos Gol, Fox, SpaceFox e Polo.
E por falar em carros mais completos, o aumento do interesse por modelos automáticos, parece ter pego carona na esteira dos últimos lançamento do mercado, principalmente dos carros a cima dos R$ 35 mil. Tanto que, segundo a Peugeot, a versão automática do o novo 208 superou as expectativas de vendas e passou a representar 22,5% das vendas do modelo, enquanto a configuração de entrada, manual, ficou em 18%.
CHEVROLET PRISMA LTZ AUTOMÁTICO (FOTO: GENERAL MOTORS)
O futuro das transmissões
A indústria estima que até 2015, as vendas de carros automáticos/automatizados vão crescer até 280% em relação ao volume registrado em 2005. No Brasil, em 2012, esse número representou cerca de 6% das vendas no setor. Para Claudio Castro, da SAE, o futuro das transmissões será o automático propriamente, mas sim o automatizado de dupla embreagem. No Brasil, a Ford oferece a caixa Powershift nessa linha. Mais econômicos do que os automáticos e com trocas tão suaves quanto, eles.
O que não quer dizer que o bom e velho câmbio mecânico irá desaparecer. “Há um estudo que aponta que de 2012 a 2020 a demanda por ele crescerá ainda 2%. Já o automático, terá um aumento de 3% a 4% no período, apenas”, afirmou o especialista da SAE.
Paulo Riedel, diretor de engenharia de Powertrain da GM América do Sul, também não acredita no fim dos carros mecânicos, os preferidos dos motoristas que gostam de ter o controle do carro nas mãos e apreciam uma condução mais esportiva. “Nos Estados Unidos, por exemplo, os jovens estão redescobrindo o câmbio manual”. De qualquer forma, o executivo afirma que, em poucos anos, o mercado viverá uma inversão do que acontece atualmente. No futuro, 80% dos carros comercializados serão automáticos/automatizados e 20% serão mecânicos.
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