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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Conheça o que é Esclerose Múltipla, seus sintomas e tratamentos.


O choque é grande quando se descobre que algum familiar ou conhecido é portador de esclerose múltipla. Logo vem a cabeça a imagem de uma doença degenerativa e grave com intenso comprometimento das funções físicas e mentais. Mas será que essa imagem condiz com a realidade da doença? Vamos aprender um pouco sobre essa ainda misteriosa patologia.
Trata-se de um problema relativamente comum em jovens, na faixa entre 15 a 40 anos. É uma doença neurológica crônica, inflamatória (e não degenerativa, como muitos pensam), não contagiosa, de causa ainda não completamente conhecida, que ataca as estruturas pertencentes ao sistema nervoso central.
De acordo com o Dr. Leandro Teles, neurologista formado pela Universidade de São Paulo, a esclerose múltipla é uma doença causada pela ação inapropriada do próprio sistema imunológico do paciente, que ataca estruturas do cérebro, medula espinhal e nervo óptico.
“A doença ocorre pela destruição da bainha de mielina, substância que recobre o prolongamento dos neurônios, comprometendo a função da região atingida. A evolução ocorre em surtos de inflamação que ocorre de maneira imprevisível entremeados a períodos variáveis de calmaria clínica, por isso chamamos de doença do tipo surto-remissão”, explica o neurologista.
Os focos de inflamação levam a um sintoma neurológico agudo que tende a melhorar em dias, podendo deixar ou não alguma sequela neurológica. O acúmulo de sequelas pós-surtos é que leva a progressiva dificuldade neurológica em alguns pacientes.
I
dentificando os sintomas


A esclerose múltipla manifesta-se inicialmente como qualquer sintoma neurológico focal e agudo. A manifestação do surto dura alguns dias e melhora com ou mesmo sem o tratamento, essa melhora pode ser total ou parcial (sequela pós-surto). A recorrência da inflamação em algum outro ponto do sistema nervoso, em época diferente, fortalece o diagnóstico de esclerose múltipla. Por isso que em muitos casos não é possível definir o diagnóstico logo na primeira manifestação.
“O diagnóstico de Esclerose Múltipla exige que haja evidência clinica ou radiológica de dano inflamatório em pontos diferentes do sistema nervoso e ocorridos em épocas diferentes. O diagnóstico não aflora de um sintoma isolado, e sim de um contexto clínico mais complexo, que engloba as queixas, os exames e por vezes o seguimento clínico”, alerta o neurologista.

Conheça algumas manifestações clínicas comuns na esclerose múltipla:
Sintomas motores: perda de equilíbrio, fraqueza muscular, tremor, etc… .
Olhos: diminuição de capacidade de enxergar com um dos olhos de evolução aguda e com dor à movimentação ocular (chamada de neurite óptica).
Dormência ou formigamento: dificuldade de sensibilidade em alguma região do corpo como a face, uma metade do corpo ou mesmo as pernas.
Bexiga e intestino: dificuldade para urinar ou mesmo urgência urinária ou incontinência. Obstipação intestinal ou perda.
Fala e deglutição: Dificuldade de fala, mastigação ou deglutição.
A evolução da doença é variável. Existem formas mais graves e rápidas e formas mais lentas e benignas. Cada caso evolui de um jeito e o tratamento de ser, portanto, individualizado. De modo geral o paciente é intelectualmente normal e do ponto de vista motor pode, em muitos casos, manter-se independente por anos a décadas. A imagem de Esclerose Múltipla como uma doença fulminante ou rapidamente progressiva não condiz com a enorme maioria dos casos.

Esclerose múltipla tem cura?

Ainda não existe cura. Mas existe tratamento!! A evolução não é inexorável, a medicina detém um arsenal importante para combater e minimizar o impacto desta doença. Segundo o Dr. Leandro Teles, o tratamento tem basicamente 3 objetivos:
1- Tratar o surto = durante um surto o tratamento visa encurtar o tempo dos sintomas e reduzir a inflamação. Isso para minimizar o risco de sequelas. São utilizados principalmente os anti-inflamatórios em doses altas e dados na veia do paciente.
2- Reduzir a taxa anual de surtos = aqui entra a profilaxia ou prevenção de surtos. O paciente fora do surto agudo recebe medicamentos continuamente para evitar o aparecimento da inflamação e mudar o curso natural da doença. São geralmente usados imunomoduladores de uso subcutâneo ou intramuscular.
3- Reabilitar o paciente = uma vez ocorrido disfunções neurológicas permanentes o paciente deve entrar em um processo de reabilitação de modo a ter o melhor grau de independência e a melhor qualidade de vida. Para tal é fundamental uma rede personalizada e integrada de profissionais com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, fisiatra, etc… .
Ainda segundo o especialista: “O tratamento medicamentoso está disponível gratuitamente na rede pública e deve ser aliado a mudanças no estilo de vida tais como: atividade física regular, evitar o tabagismo e álcool, dieta balanceada e medidas anti-stress” e conclui: “…a esclerose múltipla é uma doença neurológica tratável e compatível com uma vida plenamente produtiva e feliz. A informação é a melhor arma contra o preconceito e em prol da integração entre a sociedade e os portadores da doença”.

FONTE:

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