Na hora de abastecer um carro flex o motorista sempre se preocupa com o preço do combustível que é mais vantajoso. Na conta padrão, segundo o Inmetro, vale mais a pena abastecer com etanol quando ele custar até 70% do valor da gasolina. A empresa Ecofrotas, no entanto, divulgou dados de uma pesquisa que contrapõe esse resultado. Nesse estudo, o rendimento do etanol quando comparado à gasolina é de 80%.
Em ambos os cálculos, divide-se o valor do álcool pelo da gasolina. Para o Inmetro, se o resultado for inferior a R$ 0,70, compensa optar pelo biocombustível. Na pesquisa da Ecofrotas, o resultado deve ser inferior a R$ 0,80. Especialistas consultados pela reportagem ressaltam que há um conjunto de fatores que interferem no rendimento de um combustível, como calibragem do motor, condução, tipo de percurso, sistema de transmissão e aerodinâmica do veículo.
O professor de Engenharia Automotiva Wilson Parisotto explica que o rendimento dos combustíveis depende da quantidade de energia que cada um produz, ou seja, ao poder calorífico do etanol e da gasolina. “Em carros exclusivamente a etanol, por exemplo, a calibragem do motor é feita de acordo com a taxa de compressão do etanol, de maneira a aproveitar melhor a energia produzida pelo combustível. O mesmo acontece com veículos exclusivos a gasolina”.
Por outro lado, nos modelos flex, a calibragem não é otimizada. “As montadoras normalmente fazem os seus motores com taxas de compressão intermediárias, que não são as mais apropriadas nem para álcool e nem para gasolina”, pondera o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná, José Carlos Laurindo.
O conselho dos especialistas é para verificar a eficácia de cada carro e também o perfil do condutor. “Eu costumo dizer que para você tirar a sua média, você precisa fazer a conta com o seu carro, pensando no seu tipo de percurso”, conclui o chefe do laboratório de motores do Instituo Mauá de Tecnologia, Renato Romio.
Método
O Inmetro realiza seus testes sob condições padrão e utilizando combustível padronizado. A Ecofrotas informou em nota que sua pesquisa foi feita com base nas estatísticas de abastecimento de aproximadamente 410 mil veículos locados pela empresa levando em conta uma diversidade de modelos, perfis de condutor e geografia do percurso. No entendimento do professor de Engenharia Automotiva Wilson Parisotto, as condições verificadas pelo Inmetro são mais confiáveis por eliminarem outras variáveis não controladas (motorista, vento, trânsito, etc). Assim, para Parisotto, o cálculo da proporção 30/70 continua sendo a mais confiável.
Relação
Segundo conta dos 70%, está mais vantajoso abastecer com gasolina no PR
Segundo o último relatório semanal (06/04/2014 a 12/04/2014) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina ao consumidor era de R$ 2,98 e o do etanol R$ 2,16 no Paraná. Analisando esse período com base no cálculo dos 70%, atualmente, no estado, está mais vantajoso abastecer com a gasolina. Essa realidade destoa dos dois primeiros meses de 2014, quando no Paraná a fórmula indicava que o etanol era o combustível mais vantajoso.
A tendência agora é de que o preço do etanol volte a cair, pois neste mês iniciou a colheita da safra 2014/2015 da cana-de-açúcar. De acordo com Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, o preço do etanol deve encolher cerca de 10% e se tornar mais competitivo com a gasolina, com o preço do litro em torno de R$ 1,93.
R$ 2,98 era o preço médio da gasolina nos postos paranaenses na última pesquisa da ANP.
R$ 2,16 era quanto valia o litro do etanol nos estabelecimentos do estado conforme a mesma pesquisa.
R$ 2,44 era o valor médio do diesel nos postos do Paraná, no período analisado pela ANP, entre 6 e 12 de abril.
Gazeta do Povo
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