A cada ano, 50 milhões de raios atingem o território, causando danos materiais e vítimas
No RS, os raios são mais frequentes no outono e na primavera
Crédito: Laureano Bittencourt / Divulgação / CP Memória
Brasil é campeão mundial em número de descargas atmosféricas. A cada ano, 50 milhões de raios atingem o território, causando danos materiais e vítimas fatais. Em cada 50 mortes por raios no mundo, uma acontece no Brasil. Em média, por ano, 130 morrem vítimas das descargas no país e cerca de 500 ficam feridos. De 2000 a 2012, foram registradas 1.601 mortes. Dentre os estados, o RS tem maior concentração de raios por km², apesar de a incidência das descargas ser mais frequente no Amazonas. Mais de 5 milhões de raios atingem o território gaúcho por ano, o que significa 18,38 raios por km².
Em função das características meteorológicas da região Sul —com tempestades de maior porte —, os raios que caem no território gaúcho são também mais destrutivos em comparação aos que atingem outras regiões. De 2000 a 2013, 125 pessoas morreram no RS.
O verão tem a maior incidência de raios. Na região Sudeste, por exemplo, 80% das descargas são registradas entre dezembro e março. Apesar disso, no RS, os raios são mais frequentes no outono e na primavera.
Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Osmar Pinto Junior, todo raio é fatal. “Eles são muito fortes para o ser humano.” Aponta que não há lei federal que regulamente a instalação de para-raios. No RS, o Corpo de Bombeiros fiscaliza. “Verifica se o equipamento está bem instalado, mas não se é adequado para o local.”
O profissional indicado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia para verificar a necessidade de instalação de para-raio é o engenheiro elétrico. O uso é obrigatório em prédios muito frequentados, elevados ou expostos, em depósitos de explosivos ou inflamáveis e em locais que contenham objetos de valor inestimável. “A norma diz que deve ser utilizado obrigatoriamente, mas a avaliação é feita caso a caso”, afirma o engenheiro elétrico Guilherme Dias. Ele aponta que o sistema está apto a evitar até 98% dos casos.
Como proceder em caso de tempestade
• O local mais seguro quando acontece uma tempestade é dentro de um automóvel. O raio não consegue penetrar na estrutura metálica.
• O lugar mais perigoso é em um descampado, especialmente perto de um objeto ou estrutura metálica, como uma torre de antena de celular, ao lado de um automóvel ou perto de uma cerca.
• O risco de ser atingido por um raio é grande perto de uma árvore, na água ou na orla da praia.
• Quem mora em prédio está mais seguro do que quem reside em casa. Neste caso, as pessoas devem evitar tomar banho com chuveiro elétrico, ficar próximas da geladeira e fazer ligações de telefones com fio durante uma tempestade.
Acidentes por choques elétricos causam alerta
Não são apenas as descargas elétricas da atmosfera que causam mortes e danos. Cresceu de forma assustadora, segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o número de mortes por choques elétricos no Brasil. Entre 2007 e 2012, a média anual de mortes foi de 270, mas em 2013 o número saltou para 592 casos. Isto é: ocorreram quase duas mortes por dia causadas por choques elétricos. Os casos sem vítimas fatais, porém com graves sequelas, chegaram a 173. O saldo dos acidentes envolvendo choques em 2013 acumulou 765 ocorrências.
De acordo com a Abracopel, no ano passado, ocorreram outros 234 casos vinculados a curto-circuito. Desses, 200 evoluíram para incêndios de diferentes proporções. Se forem somados todos os casos envolvendo eletricidade, foram registrados 1.038 acidentes em 2013 no país.
Entre os acidentes, a rede aérea concentra a maioria dos casos: foram 170 ocorrências. Conforme o levantamento, mais de 70% desses acidentes foram causados por imprudência de profissionais da construção civil ao executarem obras sem os cuidados necessários. Há ainda os eletricistas autônomos que interferem na rede, ou próximo dela, sem critérios de segurança ou sem autorização da distribuidora de energia.
Despertaram a atenção da Abracopel, embora o número esteja em segundo lugar, os acidentes fatais ocorridos nas moradias. Foram 156 casos em 2013. O fato é um alerta: as instalações elétricas residenciais precisam ser revisadas com urgência. Outra preocupação da associação é a acidentalidade na área rural. Ela envolve, principalmente, cercamento elétrico feito, muitas vezes, por ligações clandestinas.
Na análise das mortes por profissão, as vítimas são, em primeiro lugar, dos setores elétrico e da construção civil. Ao todo, 165 profissionais perderam a vida devido a choque elétrico, entre eles, 71 eletricistas autônomos e 65 pedreiros e pintores.
Perguntas e respostas
• Como saber se o raio caiu perto? A luz produzida pelo raio chega quase que instantaneamente à visão de quem o observa. O trovão (o som do raio) demora mais tempo, pois sua velocidade é menor. Para obter a distância aproximada em quilômetros de onde caiu o raio, basta contar os segundos entre os momentos em que se vê o raio e que se escuta o trovão e dividir por três.
• Um raio pode atingir diretamente uma pessoa? A chance é, em média, menor que um para um milhão. Contudo, se a pessoa estiver em área descampada sob tempestade, a chance aumenta de um para mil.
• Se uma pessoa for atingida por um raio, o que pode acontecer? A corrente pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A morte é causada por parada cardíaca e respiratória.
• Um raio pode cair duas vezes em um mesmo lugar? Geralmente cai mais de uma vez em um mesmo local. O monumento do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, por exemplo, é atingido anualmente por uma média de seis raios.
CORREIO DO POVO
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