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domingo, 25 de janeiro de 2015

Avaliação: Dodge Journey se distancia do Freemont com versão AWD


“Esse é aquele Fiat gringo, né, doutor?”, me pergunta o cara do estacionamento. Como esperado, o que era Dodge Journey acabou virando Fiat Freemont por causa da força da marca italiana e quase desconhecimento da norte-americana por aqui. Bom, hoje é tudo da mesma casa: a FCA, ou Fiat-Chrysler Automobiles, é a mamãe controladora que acaba de decidir que o Jouney precisava de um pouco mais de personalidade no Brasil. Agora, além do motor 3.6 V6 (o Freemont é unicamente equipado com um 2.4 de quatro cilindros), o Dodjão começa a ser importado na versão AWD, com tração integral.

Quer saber? O sistema fez bem ao Journey, afinal, ele sempre teve esse jeitão de perua meio SUV: altura elevada do solo (19,7 cm), suspensão boa de buraco e porte imponente. Fora isso, a tração integral melhorou um dos pontos fortes do carro, sua surpreendente estabilidade. Apesar da direção um tanto anestesiada e da suspensão macia, o Journey ficou bom de curva depois que a engenharia da Fiat mexeu no acerto de molas e amortecedores para desenvolver o Freemont (a Dodge aproveitou a receita). Agora com o recurso de enviar tração ao eixo traseiro, o crossover ficou mais “na mão” especialmente em condições de chuva – o que não faltou nos dias em que tivemos com o modelo.


A nova configuração está disponível somente na versão R/T com preço de R$ 134.900 – acréscimo de R$ 10 mil em relação ao 4×2. Não é barato, mas há poucas opções com tamanho espaço para levar sete ocupantes nessa faixa de preço. E, como adiantei, o Jouney não fará você bocejar numa viagem. O motor V6 Pentastar dá uma banana pro downsizing e tem aquele ronco típico dos “seis canecos” que a gente adora, especialmente em rotações mais elevadas. Tanto é que as mais de duas toneladas do carrão parecem plumas diante dos 280 cv e 34,9 kgfm de torque, a ponto de a Dodge dizer que o modelo chega aos 100 km/h em menos de 8 segundos. Achamos esse dado um pouco otimista, mas garantimos que as acelerações são fortes (chegam a dar tranco nas passagens do câmbio de seis marchas) e as retomadas inspiram confiança para fazer aquela ultrapassagem no meio de uma subida.

O preço disso tudo é você que vai pagar, claro, na hora de abastecer. A média de consumo da nossa avaliação ficou em 5,8 km/l rodando principalmente na cidade. Na estrada, pegando bem leve no acelerador, dá para chegar nos 10 km/l. Você pode até ver como anda o gasto de combustível por meio de uma barrinha digital no painel, que fica verde quando aceleramos com parcimônia. Econômetro num V6? Isso mesmo.


Outra coisa legal do Freem, digo, Journey é o sistema multimídia com uma bela tela de 8,4 polegadas no centro do painel. Com comandos sensíveis ao toque, é bem intuitiva e fácil de usar, além de ser possível controlar uma série de recursos do carro, como a temperatura do ar-condicionado e o GPS, por exemplo. Completa o sistema ainda uma tela traseira de 9 polegadas, instalada no teto, para entreter os passageiros do banco de trás. Dá para ver DVD e até jogar videogame (há uma entrada áudio e vídeo), usando saída de som independente com fones de ouvido.

Não há novidades em termos de acomodação, e isso significa que dá para levar cinco ocupantes adultos mais duas crianças na fileira do fundão – que fica totalmente rebatida no assoalho do porta-malas quando recolhida. Chama atenção o incrível ângulo de abertura das portas traseiras, que facilita o acesso à cabine. A segunda fileira pode ser ajustada em distância (corre em trilhos) e também no encosto, ampliando a inclinação. Fora isso, ainda vem com dois úteis assentos para crianças pequenas (booster) embutidos no assento – mais familiar impossível. Já o porta-malas varia de 483 litros a 136 litros com a terceira fileira de bancos armada.


Em termos de dirigibilidade, a tração integral com distribuição de torque sob demanda transmite mais confiança em pisos escorregadios – lembra da chuva? Normalmente, a tração é enviada somente ao eixo dianteiro, mas basta o sistema perceber a necessidade para enviar automaticamente até 60% da força para as rodas traseiras. Em curvas fechadas feitas mais rapidamente é possível até perceber as rodas traseiras atuando para manter o carro no prumo, operação facilitada pelo sistema de tração com acoplamento eletrônico, mais ágil do que o acoplamento viscoso (que exige certo escorregamento antes de enviar a força para as rodas de trás). Acima de 85 km/h, a traseira recebe no mínimo 15% da tração. Assim, o Jouney fica mais seguro em velocidades de viagem e proporciona horas de comodidade ao volante.


E na terra? Bem, não é porque tem tração 4×4 que o Jouney se torna um SUV, pois é preciso considerar que seus para-choques são baixos e os pneus são 100% asfalto. Mas é claro que dá para encarar aquela estradinha enlameada para chegar ao sítio ou praia mais escondida, lembrando de usar marchas baixas (há um modo manual no câmbio) para aproveitar melhor a força do V6. Em resumo, dá para chegar onde o Freemont encalharia.

Texto e fotos: Daniel Messeder

Ficha técnica – Dodge Journey R/T AWD

Motor: dianteiro, transversal, seis cilindros em V, 24 válvulas, 3.604 cm3, comando duplo variável, gasolina; Potência: 280 cv a 6.350 rpm; Torque: 34,9 kgfm a 4.350 rpm; Transmissão: câmbio automático de seis marchas, tração integral; Direção: hidráulica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e multilink na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS; Rodas: aro 19″ com pneus 225/55 R19; Peso: 2.067 kg; Capacidades: porta-malas 136/483 litros, tanque 77,6 litros; Dimensões: comprimento 4.910 mm, largura 1.878 mm, altura 1.751 mm, entreeixos 2.890 mm

http://carplace.uol.com.br/avaliacao-dodge-journey-se-distancia-freemont-com-nova-versao-awd/

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