Em um ano, carro popular fica R$ 2.300 mais caro por causa dos juros
De abril de 2013 até o mês passado, a taxa básica de juros no Brasil (Selic) subiu de 7,25% para 11% ao ano. Essa alta, usada para controlar a inflação, vem encarecendo o financiamento no País e desestimulando compras a prazo.
A alta de 3,75 pontos percentuais deixou todos os empréstimos para o consumidor mais caros, como o cheque especial, rotativo do cartão de crédito, empréstimo pessoal, financiamentos, entre outros.
A pedido do R7, a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) calculou o financiamento de alguns produtos, considerando os juros em abril de 2013 e abril de 2014.
Um carro popular, por exemplo, com preço à vista de R$ 25 mil, se fosse financiado em abril de 2013 por 60 meses, custaria R$ 38.482,90 ao fim do período.
Considerando o mesmo preço e modelo de financiamento, mas com os juros do mês passado, esse automóvel custaria R$ 40.782,81 após cinco anos. A diferença é de R$ 2.299,91. (Veja ao final outras comparações).
Essa diferença reflete apenas a alta dos juros, sem considerar a recomposição do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que deixou os carros mais caros desde janeiro.
Definidos pelo Banco Central, os juros básicos controlam a inflação porque afetam diretamente a demanda, encarecendo os juros praticados no mercado e, consequentemente, intimidando consumidores a realizar compras a prazo.
Pelas leis de mercado, a procura baixa alivia a pressão inflacionária. Mas, como o próprio nome diz, demanda baixa significa também menor número de pessoas dispostas a comprar um produto.
Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as vendas de veículos caíram 2,1% no primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2013, enquanto a produção, prejudicada também por exportações, despencou 8,4%.
Para especialistas e empresários, a alta dos juros é uma das razões que explicam a queda nesse mercado, mas não é apontada como a mais importante.
De acordo com o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, a aceleração da inflação durante o primeiro trimestre deste ano também pesou negativamente na disposição do brasileiro em buscar mais crédito ao longo desse período.
Os dados da Serasa mostram que, no primeiro trimestre deste ano, ocorreu a maior queda na demanda dos consumidores por crédito para quem ganha até R$ 500 por mês (recuo de 7,6%). No geral, a queda foi de 3,2%.
— Por enquanto, a inadimplência tem ficado baixa, mas, se a inflação e os juros continuarem a subir, até o fim do ano ela pode aumentar. Não será muita coisa, mas com certeza [a inadimplência] vai parar de cair [como vem ocorrendo nos últimos meses].
Além dos juros e da temida inflação, os outros fatores que tiveram efeito sobre a venda de carros foram a redução do IPI, a menor concessão de crédito e a turbulência econômica causada pelo ano eleitoral.
FONTE: R7
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