Gavião-caracoleiro (Chondrohierax uncinatus).

Chondrohierax uncinatus

(Temminck, 1822)

Ordem: Accipitriformes

Família: Accipitridae

Grupo: Gaviões-milano

Nome popular: caracoleiro

Outros Nomes: gavião-bico-de-gancho

Nome em inglês: Hook-billed kite 

Tamanho: 42 cm de comprimento

Habitat: Florestas

Alimentação: Insetos, Aranhas, Caracóis

Distribuição no Brasil:

Indivíduo fêmea. Pirajuí/SP, Julho de 2013.

Foto: Rafael Martos Martins

Vocalização típica (B) - (gravado por: Ciro Albano)

• Descrição: Atinge de 38 a 43 cm de comprimento. Apresenta íris quase branca, bico grande, largo e pontudo, com parte nua acima dos olhos de coloração amarelo-limão bem visível. Possui mais de um padrão de coloração de plumagem, macho adulto possui coloração cinza-ardósia com partes inferiores mais claras, barrada horinzontalmente com branco; fêmea apresenta dorso marrom-escuro, face cinza e partes inferiores marrom barraco de branco; indivíduos melânicos apresentam coloração predominante preto-fosco quase uniforme com cauda barrada igual indivíduos na forma clara; jovens apresentam dorso marrom, colar e pescoço branco, com peito e partes inferiores branco sujo barrado com marrom (Sick, 1997; Antas, 2005). Em voo, pode ser confundido com gavião carijó Rupornis magnirostris e gavião-de-cabeça-cinzaLeptodon cayanensis diferenciando-se principalmente pela cauda mais longa e padrão de cores no peito, sendo visivel seu grande bico. Seu nome científico vem do (grego) khondros = grosseiro, bruto; e hierax = falcão; e do (latim) uncinatus, uncus = com gancho, gancho. ⇒ Falcão bruto com gancho.

Indivíduo fêmea. Pirajuí/SP, Julho de 2013.

Foto: Rafael Martos Martins 

Indivíduo macho. Pirajuí/SP, Julho de 2013.

Foto: Rafael Martos Martins

• Alimentação: Sua alimentação é constituída principalmente de gastrópodes arbóreos (Homolanyx, Polymita, Orthalicus, Helicina e Drymaeus), terrestres (Strophocheilus) e aquáticos (Pomacea) nos quais, os engolem com casca (caracóis). Recentemente, no município de Pirajuí/SP, Martins & Donatelli (2014) registraram a espécie consumindo o caramujo-africano (Achatina fulica)

Também consome em pequena quantidade lagartas, caranguejos, outros invertebrados, anfíbios (sapos e salamandras) e répteis (lagartixas). Caça procurando suas presas a partir de poleiros abaixo da linha das copas, ou realizando buscas movendo-se de galho em galho (Sick, 1997; Antas, 2005).

• Reprodução: A maioria dos ninhos descritos foi construído em árvores, em alturas que variavam entre 5 e 7 m, no Parque Nacional de Tikal (Guatemala) foram relatados ninhos a mais de 30 m de altura. Smith (1982) descreveu seis ninhos encontrados em Tamaulipas (México), todos separados cerca de 5 km uns dos outros. Há postura de um a dois ovos, com tempo médio de incubação de 35 dias (Sick, 1997).

• Distribuição Geográfica: Ocorre do México até a Argentina e em todo o Brasil; até pouco tempo não se conhecia registros desta espécie no Rio Grande do Sul (Sick, 1997; Bencke 2001) a confirmação da ocorrência no RS ocorreu em 2001 quando Krugel (2003) registrou em Santa Maria/RS uma fêmea adulta pousada em um galho de guajuvira (Patagonula americana, Boraginaceae) em uma clareira no interior da floresta, e desde então novos registros foram efetuados no RS.

• Subspécies: C. u. uncinatus: do sudeste do México até a América do Sul e Trinidad; C. u. aquilonis:México e sudeste do Texas; C. u. mirus: Granada; C. u. wilsonii: Cuba (ICMBio, 2008).

• Hábitos/Informações Gerais: Vive nas florestas e beira de brejos. Gosta de ficar pousado a média altura na mata para capturar suas presas. Pode ser observado circulando em vôos as florestas. (Temminck, 1822). Habita o interior de florestas com vegetação densa, principalmente em baixas altitudes, onde é encontrado geralmente sozinho ou aos pares, embora Paulson (1983) tenha observado um bando com 25 indivíduos planando juntos, podendo ser localmente migratório. Em Pirajuí/SP foi relatado uma pequena população da espécie habitando a zona urbana, provavelmente devido a oferta de caramujo-gigante-africano (Achatina fulica), o que sugere que a espécie esteja se adaptando à ambientes urbanos (Martos Martins & Donatelli, 2013)

• Status nas listas vermelhas estaduais:

Paraná: Vulnerável (Mikich & Bérnils, 2004).

Rio Grande do Sul: Dados desconhecidos (ICMBio, 2008).

São Paulo: Quase ameaçado (Silveira et al., 2009).

Rio de Janeiro: Dados desconhecidos (Alves, et al. 2000).

Indivíduo fêmea. Vargem Alta - ES, Outubro de 2008. Foto: Gustavo Magnago 

Indivíduo em voo no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), Niterói-RJ Foto: Igor Camacho

Indivíduo em "muda". Sitio folha seca - Ubatuba/SP, Dezembro de 2010. Foto: Jarbas Mattos

Fêmea adulta. Peruíbe/SP, Agosto de 2009.

Foto: Luiz Rondini

Indivíduo fêmea, Bairro do Rio do Peixe - Socorro/SP, Janeiro de 2010. Foto: Ivan Costa

Indivíduo melânico. Pirajuí/SP, Julho de 2013.

Foto: Rafael Martos Martins

• Referências:

Alves, M. A. dos S., J. F. Pacheco, L. A. P. Gonzaga, R. B. Cavalcanti, M. A. Raposo, C. Yamashita, N. C. Maciel & M. Castanheira (2000) Aves, 113-124 In: H. de G. Bergallo, C. F. D. da Rocha, M. A. dos S. Alves e M. Van Sluys (orgs.) A fauna ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Antas, P. T. Z. Aves do Pantanal. RPPN: Sesc. 2005.

BENCKE, G. A. (2001) Lista de referências das aves do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Fundação do Rio Grande do Sul. 104 p. (Publicações Avulsas FZB, n. 10).

ICMBIO (2008).Plano de ação nacional para a conservação de aves de rapina / Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas. – Brasília.

Krugel, M. M. (2003) Registro documentado de Chondrohierax uncinatus (Temminck, 1822)(Falconiformes: Accipitridae) para o Rio Grande do Sul. Ararajuba 11 (1):83-84.

Martins, R. M. & Donatelli, R. J. (2014) Predação de caramujo-africano (Achatina fulica) pelo gavião-caracoleiro (Chondrohierax uncinatus) em Pirajuí, interior do estado de São Paulo. Atualidades Ornitológicas, 178 p. 6-8.

Martins, R. M. & Donatelli, R. J. (2013) Registro de gavião-caracoleiro, Chondrohierax uncinatus (Falconiformes: Accipitridae), em Pirajuí, interior do estado de São Paulo. Atualidades Ornitológicas 175:27.

Mikich, S.B. & R.S. Bérnils. 2004. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná. Disponível em: < http://www.pr.gov.br/iap > Acesso em Fevereiro de 2010

Paulson, D. R. 1983. Flocking in the Hook-billed Kite. Auk 100: 749-750.

Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p. 1997.

SILVEIRA, L.F.; BENEDICTO, G.A.; SCHUNCK, F. & SUGIEDA, A.M. 2009. Aves. In: Bressan, P.M.; Kierulff, M.C. & Sugieda, A.M. (Orgs), Fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente.

Smith DC (1982) Trophic ecology of the cichlid morphs of Cuatro Cienegas, Mexico. MS thesis, University of Maine, Orono.

Temminck, 1822 (AVES, ACCIPITRIDAE/FALCONIDAE. Comum. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. Ser. Zool. 9: 37-44

http://www.avesderapinabrasil.com/chondrohierax_uncinatus.htm