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sábado, 18 de outubro de 2014

ACESSO DESCENTRALIZADO: O desafio do suprimento de energia.

ACESSO DESCENTRALIZADO:

O desafio do suprimento de energia.

As organizações da sociedade civil têm assumido papel importante na universalização do acesso à energia. A Energética, em Bolívia, e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis, no Ceará, são bons exemplos, e integram a Plataforma Latino-Americana de Energias Renováveis e Equidade

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Mário Leite
Paulo Rocha é gerente da Fundação Avina
A pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), aAgência Internacional de Energia (AIE) realizou levantamentos sobre o número de pessoas ainda sem acesso à energia no mundo e sem meios sustentáveis para aquecimento das habitações ou cozimento de alimentos. O estudo, chamado Energy for All: Financing for Poor, realizado em outubro de 2011, baseou-se em informações oficiais dos governos e revelou dados alarmantes. Quase 1,3 bilhões de pessoas ainda não têm eletricidade em suas casas, e 2,6 bilhões de habitantes ainda não dispõem de dispositivos limpos para cozinhar ou aquecer. Destes, a grande maioria utiliza o carvão vegetal, altamente danoso à saúde e ao meio ambiente

No ano passado, a AIE ainda publicou novo estudo levantando a necessidade de investimentos globais para o acesso universal à energia sustentável. Seguindo a atual tendência dos investimentos, ainda serão mais de um milhão de pessoas sem acesso em 2030. Segundo a organização, até 2030 serão necessários 48 bilhões de dólares anuais para o cumprimento da meta. O valor representa cinco vezes mais que o montante investido no mundo em 2009. Parece muito. Entretanto, recentemente o Fundo Monetário Internacional publicou no estudo Energy Subsidy Reform: Lessons and Implications, a estimativa de subsídios recebidos pelo setor energético, sobretudo fóssil, no planeta: 1,9 trilhões de dólares anuais, 38 vezes mais que o necessário para erradicar a exclusão elétrica

AMÉRICA LATINA 
A América Latina tem uma situação privilegiada, pela diversidade de fontes e concentração populacional fortemente urbana, os números da região são mais amenos. Somos 31 milhões de latino-americanos sem energia e 85 milhões sem métodos modernos para cozimento e aquecimento. Números amenos se comparados aos demais continentes, mas ainda assim extremamente desafiadores. Sobretudo porque a exclusão elétrica está concentrada em pequenas comunidades isoladas e em condições deextrema pobreza - 26% da população rural ainda não têm acesso à energia na região, dados do Electricity Access Database da AIE. Nesses casos, o modelo de negócio de distribuição de energia não funciona. A conta entre o custo de instalação e a receita originada pelo serviço não fecha. Até hoje, na maioria dos países, essas instalações remotas vêm sendo subsidiadas pelos cofres públicos ou pelos demais consumidores. 

Não é recente a aplicação das tecnologias de microgeração descentralizada na promoção do acesso à energia, entretanto, apenas há pouco tempo os gestores públicos vêm observando sua viabilidade. Mas enquanto governos ainda engatinham no tema, diversas organizações da sociedade civil já avançaram em soluções inteligentes e sustentáveis. Casos como o da boliviana Energética, ONG criada em 1993 e que 20 anos depois contabiliza quase 22 mil sistemas fotovoltaicos familiares instalados, 2,5 mil escolas e postos de saúde com eletricidade, 550 escolas com sistemas termossolares para aquecimento de água e mais de uma centena de sistemas de bombeio de água porenergia solar, que atendem a comunidades e pequenas propriedades agrícolas. 

Outro caso interessante é o do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis (IDER), baseado no estado do Ceará. A ONG vem se dedicando a substituir velhos fogões a lenha por modelos mais eficientes, que diminuem o desmatamento e eliminam a fumaça do ambiente doméstico. É dessa forma que o projeto do IDER já beneficiou 26.772 famílias em 87 municípios do interior cearense desde 2005, promovendo melhorias na saúde e meio ambiente, além de ajudar a gerar renda em comunidades rurais. O trabalho, que agora se tornou política pública do Estado, tem um fator-chave para seu sucesso. A maior parte da equipe de campo da organização é formada por profissionais das áreas das Ciências Sociais e Psicologia. A compreensão de que a mudança do fogão que se usa para cozinhar não é apenas uma substituição de ferramenta, mas uma mudança cultural e, por isso, é um processo que precisa ser acompanhado, tem sido fundamental. Ter sensibilidade às sutilezas desses processos é algo raro nas iniciativas empresariais ou governamentais e uma grande contribuição das organizações sociais. 

Essas e outras 20 organizações estão articuladas em torno da Plataforma Latino-Americana de Energias Renováveis e Equidade. Em comum, a percepção que é possível cumprir com a meta da ONU de acesso a todos os latino-americanos até 2030. Contudo não basta levar a luz. A chegada dessa energia tem de ser o pontapé inicial para que as comunidades possam deixar sua condição de pobreza. O desenvolvimento de projetos para o uso produtivo dessa energia é o diferencial.

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/desafio-suprimento-energia-organizacoes-sociedade-civi-acesso-descentralizado-745224.shtml

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