Parto Humanizado: conheça os seus direitos como parturiente.
Os trabalhadores da saúde devem estar preparados para atender à gestante e seus acompanhantes, respeitando os verdadeiros significados do momento do parto.
O parto é a separação de dois seres que, até então, viviam juntos, um dentro do outro, em uma relação total de dependência e de contato íntimo permanente. Por isso, a equipe de saúde tem o dever de proporcionar à parturiente um ambiente de carinho e de atenção, dando seu apoio e respondendo, de forma clara e acessível todas as suas dúvidas e anseios.
No Brasil, as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal podem ser explicadas pela transformação do nascimento e parto em fenômeno patológico, totalmente medicalizado, aumentando o número de cesarianas e dispensando o processo natural do nascimento, na maioria das vezes. Por isso, atualmente, o parto para as mulheres simboliza um evento de riscos e dor física, provocando temor e ansiedade por todo o tempo da gestação. Além disso, as experiências próprias ou de mulheres de seu convívio em relação ao atendimento ao parto, por profissionais de saúde, são repletas de desumanização e impessoalidade.
"No Brasil, as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal podem ser explicadas pela transformação do nascimento e parto em fenômeno patológico, totalmente medicalizado, aumentando o número de cesarianas e dispensando o processo natural do nascimento..."
Tentando reverter essa situação, o Ministério da Saúde preconiza alguns direitos às parturientes para garantir a humanização ao parto:
Todas as unidades de saúde/profissionais de saúde devem:
* Atender a todas as gestantes que as procurem e, em caso de demanda excedente, encaminhar à Central de Regulação Obstétrica e Neonatal, à qual deverá estar vinculada, de modo a garantir a internação da parturiente em outra unidade.
* Transferir a gestante e/ou o neonato em transporte adequado, mediante vaga assegurada em outra unidade, quando necessário.
* Garantir a presença de pediatra na sala de parto.
* Permitir e respeitar o desejo da mulher de ter um acompanhante da família ou um amigo durante o trabalho de parto e o parto, dando-lhe segurança e apoio.
* Admitir a visita do pai sem restrição de horário.
* As salas de pré-parto e parto devem ter rotinas flexíveis, em que possam se adaptar e atender as solicitações de cada parturiente.
* Evitar práticas intervencionistas desnecessárias, como colocação de acesso venoso, aminiotomia (procedimento médico no qual uma abertura é feita nas membranas que envolvem o feto, na tentativa de induzir o parto), uso de medicações para analgesia, episiotomia (é um corte cirúrgico feito no períneo, a região muscular que fica entre a vagina e o ânus. O corte é feito durante o parto normal, com a ajuda de uma anestesia local — se a mulher já não estiver anestesiada — para facilitar a passagem da cabeça do bebê), só devendo ser adotadas, caso tragam benefício à gestante e não para facilitar o trabalho do profissional de saúde. É importante lembrar que as necessidades das usuárias dos serviços da saúde devem sempre se sobrepor às necessidades das instituições e/ou dos profissionais.
* Evitar toques vaginais repetidos e desnecessários para diminuir o desconforto e a ansiedade da parturiente.
* Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher durante o trabalho de parto até a conclusão do processo obstétrico, por isso a necessidade de uma equipe multiprofissional, com médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais.
* Oferecer à mulher o máximo de informações e de explicações, segundo a sua demanda, com o objetivo de diminuir a ansiedade, medo e deixá-la mais segura.
* Respeitar o direito da mulher à privacidade no local de nascimento.
* Permitir à mulher a liberdade de caminhar, de mover-se e de adotar as posições que desejar durante o período de dilatação, exceto o decúbito dorsal.
* Encorajar a postura vertical na hora do parto (facilita a respiração e diminui a necessidade de analgesia) e evitar a posição de litotomia (supino com as pernas levantadas).
* Orientar e oferecer métodos não farmacológicos e não invasivos de alívio da dor durante o trabalho de parto, tais como: massagem, banho morno, utilização da bola suíça e técnicas de relaxamento e respiração.
* Ofertar fluídos orais durante o trabalho de parto e o parto, caso a gestante seja considerada de baixo risco para cesárea.
* Permitir a higienização da parturiente no período de dilatação, ou seja, tomar banho, trocar roupa, lençol, favorecendo o bem-estar materno.
* Realizar monitoramento cuidadoso da evolução do parto através do partograma (é uma representação visual/gráfica de valores ou eventos relacionados com o trabalho de parto. As medidas podem incluir estatísticas como a dilatação cervical, frequência cardíaca fetal, duração do trabalho de parto e sinais vitais).
* Permitir o contato precoce pele a pele entre a mãe e o bebê, o início precoce do aleitamento materno e oferecer alojamento conjunto da mãe e do bebê.
Se todos esses pontos fossem colocados em prática e os profissionais de saúde deixassem de lado as imposições da rotina e dessem mais valor ao atendimento personalizado a cada gestante, no qual a essência do atendimento seja a mulher e não a instituição, o parto voltaria a ser um processo fisiológico normal da mulher.
Os trabalhadores da saúde devem estar preparados para atender à gestante e seus acompanhantes, respeitando os verdadeiros significados do momento do parto, transmitindo apoio, confiança e orientação para a mulher durante todo o processo. É preciso melhorar o grau de informação das parturientes em relação às suas condições de saúde e aumentar sua autonomia e liberdade, a fim de que façam escolhas adequadas no seu processo de parturição. Todas essas medidas colocadas em prática transformarão o momento do parto, tornando-o prazeroso para as mulheres.
http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/parto-humanizado-conheca-os-seus-direitos-como-parturiente/
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