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PENSE NISSO:

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

7 de Setembro Independência do Brasil.





Denomina-se Independência do Brasil o processo que culminou com a emancipação política do território brasileiro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), no início do século XIX, e a instituição do Império do Brasil (1822-1889), no mesmo ano. Oficialmente, a data comemorada é a de 7 de setembro de 1822, em que ocorreu o chamado "Grito do Ipiranga". De acordo com ahistoriografia clássica do país, nesta data, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe Regente do Brasil, então D. Pedro de Alcântara de Bragança (futuro imperador Dom Pedro I do Brasil), terá bradado perante a sua comitiva: "Independência ou Morte!". Determinados aspectos dessa versão, no entanto, são contestados por alguns historiadores em nossos dias.


A separação política entre a colônia do Brasil e a metrópole portuguesa foi declarada oficialmente no dia 7 de setembro de 1822.
O processo de independência começa com o agravamento da crise do sistema colonial e se estende até a adoção da primeira Constituição brasileira, em 1824.
Cresce a condenação internacional ao absolutismo monárquico e ao colonialismo. Aumentam as pressões externas e internas contra o monopólio comercial português e o excesso de impostos numa época de livre-mercado e circulação de mercadorias.
A instalação da Corte portuguesa no Brasil, em 1808, contribui para a separação definitiva das duas nações. A abertura dos portos, a elevação da colônia à situação de reino e a criação do Reino Unido de Portugal, e Algarve praticamente cortam os vínculos coloniais e preparam a independência. Com a Revolução do Porto, em 1820, a burguesia portuguesa tenta fazer o Brasil retornar à situação de colônia.
A partir de 1821, as Cortes Constituintes - o Parlamento lusitano - tomam decisões contrárias aos interesses brasileiros, como a transferência de importantes órgãos administrativos para Lisboa. Também obrigam Dom João VI a jurar lealdade à Constituição por elas elaborada e a retornar imediatamente a Portugal.
O rei português volta, mas deixa no Brasil o filho Dom Pedro como Regente, para conduzir a separação política, caso fosse inevitável. Pressionado pelas Cortes Constituintes, Dom João VI chama Dom Pedro à Lisboa. Mas o príncipe regente resiste às pressões, que considera uma tentativa de esvaziar o poder da monarquia. Forma-se em torno dele um grupo de políticos brasileiros que defende a manutenção do status do Brasil no Reino Unido.
Em 29 de dezembro de 1821, Dom Pedro recebe um abaixo-assinado pedindo que não deixe o Brasil. Sua decisão de ficar é anunciada no dia 9 de janeiro do ano seguinte, num gesto enfático. O episódio passa à História como o Dia do Fico.
Entre os políticos que cercam o Regente estão os irmãos Antonio Carlos e José Bonifácio de Andrada e Silva, e o Visconde de Cairu, José da Silva Lisboa. Principal ministro e conselheiro de Dom Pedro, José Bonifácio luta, num primeiro momento, pela manutenção dos vínculos com a antiga metrópole, resguardando o mínimo de autonomia brasileira.
Convencido de que a separação é irreversível, aceita a independência desde que a monarquia continue. Para ele, o regime monárquico é o único capaz de neutralizar a intervenção portuguesa nas províncias e preservar a unidade político-territorial do país. Fora da Corte, outros líderes liberais, como Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, atuam nos jornais e nas lojas maçônicas. Fazem pesadas críticas ao colonialismo português e defendem total separação da metrópole.
Em 3 de junho de 1822, Dom Pedro recusa fidelidade à Constituição portuguesa e convoca a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Em 1º de agosto, baixa um decreto considerado inimigas tropas portuguesas que desembarquem no país. Cinco dias depois, assina o Manifesto às Nações Amigas, redigido por José Bonifácio. Nele, Dom Pedro justifica o rompimento com as Cortes Constituintes de Lisboa e assegura "a independência do Brasil, mas como reino irmão de Portugal".
Em protesto, os portugueses anulam a convocação da Assembléia Constituinte brasileira, ameaçam com o envio de tropas e exigem o retorno imediato do príncipe regente.
No dia 7 de setembro de 1822, numa viagem a São Paulo, Dom Pedro recebe as exigências das Cortes. Irritado, reage proclamando a Independência do Brasil. Em 12 de outubro de 1822, é aclamado imperador pelos pares do Reino e coroado pelo bispo do Rio de Janeiro em 1º de dezembro, recebendo o título de Dom Pedro I.
No início de 1823, realizam-se eleições para a Assembléia Constituinte da primeira Constituição do Império Brasileiro. A Assembléia é fechada em novembro por divergências com Dom Pedro I. Elaborada pelo Conselho de Estado, a Constituição é outorgada pelo imperador a 25 de março de 1824.
Com a Constituição em vigor e vencidas as últimas resistências portuguesas nas províncias, o processo da separação entre colônia e metrópole está concluído. Contra o liberalismo de setores das elites brasileiras, triunfa o espírito conservador e centralizador de José Bonifácio.
"Independência sem revolução" era a expressão usada na época para definir o pensamento do principal conselheiro de Dom Pedro I. Ele pregava a independência sem mudança de regime, ou seja, sem a proclamação da república, e sem nenhuma mudança social importante, como a extinção da escravidão.
Nome completo do Imperador Dom Pedro I (1798 - 1834): Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
Sua frase histórica: "Viva a independência e a separação do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a liberdade do Brasil. Independência ou Morte!". Em 7 de setembro de 1822, às 16:30hs.
Em 1972, na comemoração do sesquincentenário da Independência, os restos mortais de Dom Pedro I voltaram ao Brasil. Encontram-se no museu do Ipiranga.

HINO DA INDEPENDÊNCIA:

Já podeis, da Pátria filhos,

Ver contente a mãe gentil;

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.




FONTE
REVISTA SADOL
FOTOS ILUSTRATIVAS

FONTE
FOTOS ILUSTRATIVAS


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Mensagem do Dia: A ENFERMEIRA...



A dedicada enfermeira, sobrecarregada com tantos pacientes a atender, viu um jovem entrar no quarto e, inclinando-se sobre o paciente idoso emestado grave, disse-lhe em voz alta: 
seu filho está aqui.
Com grande esforço, o velho moribundo abriu os olhos e, a seguir, fechou-os outra vez.
O jovem apertou a mão envelhecida do enfermo e sentou-se ao lado da cama.
Por toda a noite, ficou sentado ali, 
segurando a mão e sussurrando palavras 
de conforto ao velho homem.
Ao amanhecer, o manto escuro da morte caiu sobre o corpo cansado do enfermo. 
Ele partiu com uma expressão de paz no rosto sulcado pelo tempo.
Em instantes, a equipe de funcionários do hospital encheu o quarto para desligar as máquinas e remover as agulhas.
A enfermeira aproximou-se do jovem 
e começou a lhe dizer palavras de conforto, 
mas ele a interrompeu com uma pergunta: 
quem era esse homem?
Assustada, a enfermeira respondeu: 
eu achei que fosse seu pai!
Não. Não era meu pai, falou o jovem. 
Eu nunca o havia visto antes.
Então, porque você não falou nada quando o anunciei para ele?
Eu percebi que ele precisava do filho 
e o filho não estava aqui. 
E como ele estava por demais doente para reconhecer que eu não era seu filho, resolvi segurar a sua mão para que se sentisse amparado. 
Senti que ele precisava de mim.
* * *
Nesses dias em que as pessoas caminham apressadas, sempre com muitos problemas esperando solução, não têm tempo sequer para ouvir o desabafo de um coração aflito, um jovem teve olhos de ver e ouvidos de ouvir o apelo mudo de um pai no leito de dor.
É tão triste viver na solidão... 
É tão triste não ter com quem contar 
num leito de morte... 
Se você tem um familiar enfermo, aproxime-se dele e segure firme a sua mão. 
Ofereça-se para lhe fazer companhia, 
ainda que por alguns minutos. 
Fique em silêncio ao seu lado para ouvir o que os ouvidos do corpo não conseguem captar. 
Seja uma presença amiga, sincera, que proporcione segurança. 
E se você não tem um familiar enfermo, agradeça a Deus por isso e faça uma visita a alguém que precisa de apoio. 
Há tantos enfermos solitários precisando de um gesto qualquer de afeto para sentir que viver ainda vale a pena. 
Pense nisso e procure ser a companhia de alguém que precisa de você neste exato momento.
* * *
Madre Teresa de Calcutá costumava dizer que ninguém tem que morrer sozinho.
Do mesmo modo, ninguém deve se afligir sozinho ou chorar sozinho; rir sozinho ou celebrar sozinho.
Nós fomos feitos para viajar de mãos dadas através da jornada da vida.
Há alguém pronto para segurar a sua mão hoje.
E há alguém esperando que você segure a dele.





FONTE
FOTOS ILUSTRATIVAS


domingo, 2 de setembro de 2012

A VIAGEM.


A Viagem...
Um certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem que acreditava em Deus, e sabia que Ele o protegeria. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano.
Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada. Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento maravilhoso da morte. Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Conseguiu derrubar algumas árvores e com muito esforço conseguiu construir uma casinha para ele. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que talvez pudessem existir na ilha.
Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca. Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha não foi sua decepção, ao ver sua casa toda incendiada. Ele se sentou em uma pedra chorando e dizendo em prantos:
"Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu preciso muito desta casa para poder me abrigar, e o Senhor deixou minha casa se queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"
Neste mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo:
"Vamos rapaz?"
Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo:
"Vamos rapaz, nós viemos te buscar".
"Mas como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?"
"Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante."
Os dois entraram no barco e assim o homem foi para o navio que o levaria em segurança de volta para os seus queridos.



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FOTOS ILUSTRATIVAS


Conheça a história da rodovia Transamazônica.

venturas na História

A Transamazônica foi criada sem planejamento e construída a toque de caixa durante a ditadura militar. Depois de 40 anos e nenhum objetivo alcançado, a pergunta é: para que ela serve?

reportagem João Pedro Netto, de Brasília | edição Wagner Gutierrez Barreira | 30/08/2012 18h25


meses após o comício. Foi de estalo. A Superintendência de desenvolvimento da Amazônia (Sudam) fez uma lista dos principais projetos de construção de estradas em 1969. No documento, não havia menção à Transamazônica.

Para conseguir dinheiro para a obra, Médici raspou metade do orçamento da Sudam e da Sudene. Uma estrada, já ensinavam os engenheiros de Roma antiga, serve basicamente para duas coisas. É uma estrutura militar, no sentido de permitir a rápida movimentação de tropas, e também liga áreas de comércio e garante a integração do território. A BR-230, o nome oficial da estrada, não fez uma coisa nem outra. A principal justificativa dos militares, a de integração nacional e a de criação de espaço para o desenvolvimento do homem nordestino, não colou. “Seria mais fácil promover a integração do Sul – desenvolvido, rico, industrial – com o Norte – subdesenvolvido, pobre, agrícola”, escreveram Robert Goodland e Howard Irwin em A Selva Amazônica: do Inferno Verde ao Deserto Vermelho?, de 1975. “A integração do pobre e populoso Nordeste com a pobre e quase despovoada Amazônia só se tornará exequível se os migrantes puderem sustentar a si próprios.”

O governo, porém, sonhava alto. Queria instalar na floresta 500 mil colonos (e esperava-se outro meio milhão de pessoas, que seriam atraídas para a região). Assentar essa multidão ao longo da estrada gerou uma das grandes ficções urbanísticas do Brasil. Os colonos ficariam em agrovilas, implantadas a cada 10 km da via. Os planejadores imaginavam que cada uma teria entre 48 e 64 casas, escola primária, capela ecumênica, armazém, clínica e farmácia. Havia até tamanho definido para cada terreno (de 20 x 80 m a 25 x 125 m).

Além disso, cada família teria uma gleba de 100 hectares, na qual teriam de deixar metade do terreno preservado. A cada 50 km, haveria uma agrópole, que teria 4 agrovilas sob sua jurisdição (cada agrópole teria 500 casas e no máximo 2,5 mil habitantes). Ali funcionariam uma escola secundária, olaria e pequeno comércio – claro, com um posto de gasolina. Por fim, a cada 150 km haveria uma rurópole, com duas agrópoles em sua jurisdição. Parece planejamento soviético, não? Pois nada deu certo. Hoje, existem apenas 20 agrovilas espalhadas pela Transamazônica. “Num primeiro momento, as vilas se estabeleceram em função da mão de obra necessária para a abertura da rodovia”, afirma Geraldo Alves de Souza, da Universidade Federal de Manaus.

“O pessoal foi indo embora junto com o canteiro. Os que continuaram ficaram perdidos, com dificuldades.” Os colonos não tinham crédito, acesso a mercados produtivos e muitas vezes nem terra. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) só conseguiu dar lotes e infraestrutura a 900 famílias. Segundo Pedro Petit, professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), a propaganda do governo “favoreceu a vinda para a Amazônia, sem nenhuma ajuda oficial, de milhares de camponeses sem terra e minifundistas de diversas regiões do Brasil”.

Sem nem chegar perto do que havia sido planejado, a Transamazônica foi inaugurada por Médici em agosto de 1974. Em sua extensão, havia menos de 10% dos colonos imaginados. O marco da inauguração da estrada é um retrato de seu projeto. Sobre o toco de uma grande árvore centenária, em Altamira, no Pará, uma placa de metal dá a notícia do que se fez ali: “Nestas margens do Xingu, em plena selva amazônica, o sr. Presidente da República dá início à construção da Transamazônica, numa arrancada histórica para a verde”. Pelo menos 4 mil operários trabalharam na construção da estrada.

E enfrentaram uma dura realidade: solo miserável, chuvas torrenciais e doenças tropicais. “A medicina terá de enfrentar a malária, tuberculose, lepra, filariose, verminose, febre amarela e febre tifoide, endemias que nem sempre podem ser controladas, e também as doenças desconhecidas, causadas por vírus ainda não isolados”, alertou o jornalista Alberto Tamer em Transamazônica – Solução para 2001, de 1970.

A estrada, entregue em tempo recorde, segue inacabada até hoje. De acordo com o plano original, ela seria um grande escoadouro da produção brasileira para o Pacífico. De Cabedelo, na Paraíba, o estradão iria até a cidade de fronteira de Benjamin Constant, no Amazonas (e de lá, pelo Peru e Equador, até o Pacífico). Mas seu ponto final foi em Lábrea, 687 km antes. Não há planos de expansão.

Para construir os 4 073 km da Transamazônica, o governo gastou 1,5 bilhão de dólares na época (hoje 7,7 bilhões de dólares). Não foi tarefa de pouca monta. A obra foi quase toda em mata fechada e a extensão da estrada poderia cobrir todo o continente europeu, de Lisboa, em Portugal, a Kiev, na Ucrânia. Mais da metade da estrada, 2,2 mil km, não é asfaltada. Durante o período de chuva, de 6 meses, é quase impossível transitar ali. A maior parte da via não tem sinalização e iluminação. A partir de Marabá, no Pará, quando começa o trecho de floresta, surgem os problemas. No Amazonas, dos 1,5 mil km de estrada, só 14 km são asfaltados. Nos anos 90, caminhoneiros indignados incendiavam as pontes de madeira, que costumavam ceder sob o peso das carretas. A maior parte dos rios da região é atravessado por balsas. Em muitos trechos, a “estrada da integração nacional” é só uma picada. O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) vai gastar este ano, nos 1,56 mil km do trecho da estrada no Pará (metade deles pavimentado), 700 milhões de reais. Na briga entre homem e natureza, nossa espécie perde por goleada (ainda que cada gol que marque represente uma séria devastação no frágil ecossistema amazônico). A floresta parece não admitir grandes obras.

Foi assim na construção da Madeira-Mamoré, idealizada no meio do século 19, cuja construção foi de 1907 a 1912 e tinha o mesmo objetivo do estradão: fazer a ligação com o Pacífico. A hidrelétrica de Tucuruí, de 1984, é a maior usina 100% brasileira, mas seu lago causou uma tragédia ecológica depois que as árvores submersas começaram a apodrecer e gerar CO2.

A Zona Franca de Manaus, de 1967, enfrenta problemas de logística para abastecer o sul do país. A Transamazônica, que atravessa 7 estados brasileiros, gerou outros convenientes.

As estradas vicinais que partem de seu traçado ajudam a devastar a floresta. “É inegável a relação direta entre desmatamento e a construção de rodovias”, afirma o professor Alves de Souza. “O Brasil precisa decidir se quer uma Amazônia ligada por estradas ou uma Amazônia preservada.” O maior meio de transporte da região ainda é o barco. A Amazônia tem mais de 80 mil km de trechos navegáveis. Um transatlântico poderia avançar 3,7 mil km rio Amazonas adentro. Como dizem os autores de A Selva Amazônica, “de todos os paradoxos da Amazônia, o mais espantoso é o manto de silêncio e ignorância que a envolve”.

Livros
No dia 6 de junho de 1970, o general Emílio Garrastazu Médici, depois de visitar frentes de trabalho e testemunhar uma das secas mais devastadoras da história do Nordeste brasileiro, fez um discurso no Recife. “Com o velho hábito de comandante de tropa que vela pelo seu último soldado, o chefe da nação não pode compreender a existência de compatriotas vivendo em condições tão precárias”, registrou o presidente da República.

“Não, não me conformo. Isso não pode continuar.” Médici vislumbrou ali a solução para o flagelo da seca. Para usar uma frase que ficou famosa na época, o jeito era levar “homens sem terra para uma terra sem homens”. O caminho de um lugar a outro se chamaria Transamazônica.

Do discurso de Médici à inauguração da estrada, o processo correu em velocidade de Fórmula 1. Dez dias depois da fala presidencial em Pernambuco, foi criado o Plano de Integração Nacional (PIN), no qual a Transamazônica era o projeto prioritário. A concorrência foi lançada no dia 18 de junho e as obras começaram em 1º de setembro, menos de 3
A Selva Amazônica: Do Inferno Verde ao Deserto Vermelho?, Robert Goodland e Howard Irwin, Itatiaia/Edusp, 1975.


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REVISTA SADOL
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www.superinteressante.com/
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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ESCULTURAS COMO ROLOS DE PAPEL HIGIÊNICO.


ejam que fantástico o trabalho da artista francesa Anastassia Elias, que criou cenas utilizando r de papel higiênico como matéria prima.




 





















































FONTE
www.r7.com/
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Conheça a história do macarrão.


A Itália não é mãe natural do macarrão, mas o adotou de tal forma que mudou sua história - e influenciou a alimentação em todo o mundo. É o que conta Encyclopedia of Pasta

Leila Zampieri | 01/06/2010 15h10
Não é de hoje que finas tiras de um simples preparado à base de água e farinha enfeitam, geralmente cobertas com molho de tomate, as mesas de pessoas famintas (ou somente gulosas). Ferramentas usadas para a manufatura de massa datadas de antes do século 7 a.C. foram encontradas em tumbas etruscas. Poetas romanos, como Horácio (65-27 a.C.), escreveram na Antiguidade sobre um alimento chamado laganum, o provável ancestral da lasanha. Ele, aliás, não foi nem de longe o único personagem histórico a se render aos encantos da pasta. Há registros de que o escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) era fã de espaguete. O multitalentoso Leonardo da Vinci (1452-1519), que dizia preferir ser mais lembrado como cozinheiro do que como pintor ou engenheiro, gostava tanto de macarrão que chegou a dedicar horas de seu tempo à industrialização do alimento. O Código Atlântico, um compêndio de seus projetos, registra o desenho de uma gigantesca máquina de preparar lasanha. A geringonça não deu certo: a mistura, que deveria ser submetida à alta pressão, quebrava antes mesmo de ser cortada. Frustrado, não sossegou enquanto não conseguiu calcular a exata tensão que o talharim e o espaguete suportavam antes de se romper.


Como se vê, a pasta tem história. E muita. Vários cientistas, baseados em achados arqueológicos, atribuem sua invenção aos chineses, há 4 mil anos. Outros dizem que ela surgiu na Palestina da Antiguidade. Há ainda os que afirmam que os gregos foram os primeiros a consumi-la. Se a origem causa discórdia, uma coisa é certa: foi na península Itálica que a massa se transformou naquilo que hoje conhecemos. Lá, ganhou centenas de formatos, recheios, molhos e fama. Por isso, só podia ter saído da cozinha italiana um livro como Encyclopedia of Pasta (Enciclopédia da Massa, inédito em português), da pesquisadora Oretta Zanini de Vita. Durante dez anos, ela entrevistou centenas de conterrâneos para conhecer antigos métodos de produção do alimento e suas diferenças regionais. E escarafunchou arquivos país afora para encontrar registros sobre a fabricação, o comércio e o consumo de massa. O resultado são os 130 tipos que ela lista em seu livro, um verdadeiro tratado sobre a comida. Oretta tem sido comparada à Julia Child, a americana que ajudou a desmistificar a cozinha francesa ao escrever um best-seller sobre o tema (e que teve sua vida retratada no filme Julie & Julia, de 2009, com Meryl Streep como uma das protagonistas). Mas a italiana esclarece: "Este não é um livro de receitas". E tem razão. Sua obra tem muito de história social. Os verbetes da enciclopédia trazem o nome da massa, os ingredientes, como ela é preparada, outros apelidos pelos quais é conhecida (o espaguete, por exemplo, era chamado vermicelli, algo como "vermezinhos", até a virada do século 20. Hoje há os dois tipos, com espessuras variadas), a forma como é tradicionalmente servida, em que regiões da Itália ela é encontrada e curiosidades sobre sua história.

A pesquisadora traça ainda paralelos entre a trajetória de seu país e a de sua comida preferida. Alguns tipos de massa criados no século 19 foram batizados com os nomes de proezas militares da Itália na África. É o caso do grupo de um macarrãozinho simpático que tem diversos tamanhos e geralmente é servido cozido em um caldo, cujos nomes são tripolini, bengazini e abissini. As referências são, respectivamente, às cidades de Trípoli e Bengazi, na Líbia, e à região da Abissínia (Etiópia), onde os italianos empreenderam algumas campanhas militares. Outra massa desse grupo é a assabesi, uma alusão à compra do porto de Assab, em 1869, no mar Vermelho, por uma companhia de navegação genovesa.
 
Mitos

Encyclopedia of Pasta também se encarrega de desvendar alguns mitos. Talvez o maior deles seja o de que o explorador Marco Polo teria trazido o macarrão para a Itália. Segundo Oretta, uma massa seca feita com trigo duro já era consumida na península por volta do ano 800. Ela foi levada de lá para o resto do mundo por navios de conquistadores muçulmanos da Sicília. No século 12, as repúblicas de Gênova e Pisa comercializavam a pasta seca para várias regiões próximas e também para outros países da Europa. "Existem documentos para provar isso, se há alguém que ainda acredite - e parece mesmo que há - que Marco Polo levou os noodles para a Itália em 1296 em seu retorno a Veneza da China", diz a autora no livro. "Na verdade, naquela época as pessoas de toda a Itália já comiam pasta havia pelo menos um século. Marco Polo relata um encontro com o noodle chinês e usa a palavra ‘pasta’ para descrevê-lo, claramente mostrando familiaridade tanto com o termo quanto com o conceito."

Produzir pasta, descreve Oretta, foi durante vários séculos um processo extremamente trabalhoso, que dependia de mão de obra especializada. A massa era feita na martora, uma espécie de tina em que o operário entrava e, como fazem os produtores de vinho ao esmagar as uvas, amassava-a. Misturar sêmola à água levava entre duas e três horas. Depois a massa era transferida para uma máquina com dois rolos, da qual saía mais fina para ganhar seu formato a mão. A secagem era demorada e ainda mais trabalhosa. Massas frescas são sensíveis ao clima - por isso, os antigos produtores eram considerados praticamente mágicos. "Eles rastreavam o céu, questionavam as estrelas e examinavam as fases da Lua e os ventos para estabelecer a posição de secagem da pasta", escreve Oretta. Tudo porque nos primeiros dias era necessário ar úmido, para depois a massa ser submetida ao ar seco. Esse método começou a cair em desuso no século 16, com o surgimento do engenho, que, como os nossos engenhos de açúcar, tornou o trabalho mais rápido e fácil, além de possibilitar o aumento da produção. A massa passou a ser feita com água quente, o que facilitava a mistura. Moinhos eram movidos com água dos rios ou com a força de burros, cavalos ou mesmo humana. Mas foi só no fim do século 17 que esse processo de produção multiplicou-se pelo país e o preço da pasta começou a cair - assim, a população mais pobre pôde, enfim, consumi-la em datas que não fossem exclusivamente a Páscoa, o Natal e o Carnaval.

A industrialização, porém, seguiu caminhos tortuosos. No começo do século 20, ainda faltavam energia e canais de comunicação em diversas províncias. Até hoje, a antiga forma de fazer macarrão sobrevive em pequenos negócios familiares. Cada região, província, cidade e até família, claro, fazia a pasta no formato que quisesse. E esses diversos modelos levaram muito tempo até se espalhar pela Itália. Pouco depois da Segunda Guerra Mundial, quatro quintos da população do campo ainda tinham sua dieta baseada em vegetais. A massa, por ser ainda cara (apesar do barateamento iniciado cerca de 300 anos antes), era reservada a dias especiais - e geralmente servida diluída no meio de uma sopa de legumes. Hoje, o consumo médio de pasta no país é de 25 a 28 kg por ano por pessoa. Para ter uma ideia do que significa isso, nada como examinar a própria mesa: cada brasileiro, no ano passado, comeu apenas 6,4 kg, apesar de sermos o terceiro maior produtor mundial de macarrão.
O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi havia proferido no século 19: "Será o macarrão, eu juro para vocês, que unificará a Itália". Se o alimento não teve a capacidade de fazer isso por sua nação, ele, pelo menos, conseguiu unificar o paladar do mundo todo. Pois não há sujeito bom da cabeça que resista a um saboroso prato de massa.


Variadas e deliciosas


Os mais curiosos tipos de massa



Nhoque

Ingredientes: farinha de trigo ou farinha de trigo duro e água. Às vezes, misturam-se batatas e ovos.

Como é servido: com molhos variados, em sopas de legumes e ainda in brodo (no caldo).

Onde é encontrado: por toda a Itália.

Curiosidades: é o ancestral de todo tipo de pasta na Grande Bota. O termo - gnocco, em italiano - é usado para inúmeras formas, desde a redonda, comum no Brasil, até uma mais alongada, parecida com o espaguete. Costumava ser cozido ou frito, coisa que ainda acontece em certas regiões italianas. Sabe-se que é consumido desde a Antiguidade. A princípio, era feito apenas com farinha e água. Em regiões pobres, sua massa era constituída por sobras de alimentos ou de pão. A batata passou a fazer parte dos ingredientes só no século 19.

Capeletti

Ingredientes: farinha de trigo e ovos. Para o recheio, uma mistura de carne e temperos, de acordo com o costume local, ou de ricota temperada. Espinafre ou outra verdura podem ser adicionados.

Como é servido: com caldo de frango ou carne.

Onde é encontrado: no norte da Itália (Emilia-Romagna), mas também em Lazio, Marche e Úmbria.

Curiosidades: o formato é o de um chapéu medieval, do qual vem seu nome. Na Idade Média, uma grande variedade de massa recheada deliciava o paladar dos mais afortunados. O capeletti sem carne, como era feito em Romagna, ajudava a preencher o vácuo que a Quaresma e outros feriados deixavam no estômago dos menos privilegiados.

Farfalle

Ingredientes: farinha de trigo, ovos e água.

Como é servido: os menores são geralmente cozidos em caldo. Os maiores, servidos com molhos típicos da região em que são consumidos.

Onde é encontrado: por toda a Itália.

Curiosidades: o nome significa "borboletas", por causa de seu formato. Algumas de suas variações ganharam nomes também referentes ao mundo animal, como lumachine ("minhoquinhas", em italiano), coralli ou corallini ("coral") e fischiotti (uma espécie de pato).

Gloria patri

Ingredientes: farinha, ovos e água.

Como é servida: geralmente em sopas, com condimentos tradicionais de cada região.

Onde é encontrada: Marche e Úmbria.

Curiosidades: o nome significa "Glória ao Pai". Donas de casa, na cozinha, costumavam rezar orações como o pai-nosso ou ave-maria para medir o tempo de cozimento da pasta. Gloria patri era reservada apenas para os dias de festividades porque exigia um processo de preparo longo e trabalhoso. Os pauzinhos usados para fazê-la eram de um tipo muito específico de madeira, como a faia.

Mafalda
Ingredientes: farinha de trigo duro e água.

Como é servida: como o espaguete, com molhos tradicionais de acordo com a região.

Onde é encontrada: por toda a Itália.
Curiosidades: o nome é uma homenagem à princesa Mafalda, nascida em 1902. No começo do século 20, um pequeno grupo de massas foi dedicado à casa real de Savoia, os novos monarcas italianos. Têm o mesmo formato que a mafalda as massas chamadas regine, "rainhas", e seus diminutivos, como reginelle e reginette, além de signorine, "senhorita".


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A obra

Encyclopedia of Pasta
Oretta Zanini de Vita, University of California Press, 2009 R$ 74,88

Seis mil anos de pão: a importância do pão para a humanidade.


Vítima da fome (como judeu perseguido na Segunda Guerra), Heinrich Eduard Jacob fez um retrato apurado de um dos principais alimentos da história da Humanidade

Ernani Fagundes | 29/03/2012 16h3
Há três mil anos, numa província egípcia próxima de Tebas, um grupo de operários trabalhava sob o sol forte em obras ordenadas pelo faraó Ramsés IX. Ao fim da jornada, aliviados e ansiosos, os trabalhadores esperam o salário pelo dia de labuta: três pães e duas canecas de cerveja. Mas a ração naquela tarde chegou diferente: gordura no lugar da mistura assada de farinha, água, sal e um pouco de fermento. Não deu outra: na manhã seguinte, recusaram-se a sair de casa. No registro do livro de pagamentos, a prova de uma das primeiras greves da História.

Um mês depois, a ração mais uma vez veio incompleta e os operários voltaram a cruzar os braços. Os grevistas foram protestar na capital, até serem atendidos, por ordem direta do governador. A falta de pão pode ter um duro efeito sobre qualquer patrão ou Estado - e, como se vê, há bastante tempo. Desde que ganhou espaço na dieta das famílias com base na receita inventada no Egito, por volta de 4000 a.C. Em Seis Mil Anos de Pão - A Civilização Humana através de Seu Principal Alimento, o escritor e historiador Heinrich Eduard Jacob revela a saga do pão de trigo, marcada por poucas mesas fartas e muitos períodos de fome e guerras.
Do Egito, o alimento seguiu para a Europa mediterrânea e se espalhou pelo planeta (ilustração: Vanessa Reyes)
O intelectual judeu alemão, autor de 29 livros, sobrevivente da Primeira Guerra e perseguido pelo nazismo, foi preso em Viena, em março de 1938, e teve seus bens confiscados. Ficou cativo no campo de concentração de Dachau, na Alemanha, até que um tio americano conseguisse libertá-lo, em 1939. Refugiou-se primeiro na Inglaterra e depois obteve asilo nos Estados Unidos. Lá escreveu Seis Mil Anos de Pão, publicado originalmente em 1944. Gravuras do antigo Egito são os rastros primordiais do pão. Os agricultores das margens férteis do Nilo conseguiram cultivar o trigo em safras regulares. Eles perceberam que, além de uma papa, o cereal fornecia uma massa que, levada ao forno, resultava num alimento saboroso e nutritivo. "Os cereais foram domesticados pelo homem no Egito e na Mesopotâmia na mesma época", afirma Pedro Paulo Funari, professor de arqueologia e história antiga da Unicamp, conhecedor da obra de Jacob. De acordo com o livro, o processo de levedura da massa, a fermentação, tardou algum tempo para ser dominado. Os egípcios perceberam que, se deixassem a massa "descansar" antes de assá-la, isso a fazia crescer e, se parte dela fosse acrescentada a outra massa, ela a faria crescer mais. "Tão logo isso aconteceu, os egípcios passaram a comer o pão assado com frutas como figos e tâmaras e, mais tarde, com azeite ou azeitonas, quando estabeleceram contatos com outros povos do Mediterrâneo, como os gregos", diz Funari.

"Não foi preciso muito tempo para que houvesse 50 variedades de pão. Assado, ele não tinha semelhança com nenhum dos ingredientes", escreve Jacob.

Até o fim do Novo Império (de 1550 a 1070 a.C.), os egípcios viviam quase isolados entre os desertos da Líbia, do Sinai e da Núbia (no atual Sudão). Nessa época, o pão já tinha o status de moeda. Esse isolamento foi rompido com as invasões dos hicsos, um povo de origem semita, e pelas guerras com os hititas (que habitavam a região da Turquia), o que gerou uma nova dinâmica para a cultura do trigo.

Rota


Os egípcios passaram a exportar seu excedente de produção para outros povos do Mediterrâneo pelas mãos de comerciantes fenícios. Foi dessa forma que os gregos (e toda a Europa, em seguida) conheceram o trigo e a arte de fermentar o pão.

Antes disso, os gregos comiam uma espécie de broa de cevada e uma bolacha de centeio. A chegada do trigo reservou ao cereal importado um papel de destaque em cerimônias ao culto de Deméter, "a mãe que faz crescer o povo" e de Dionísio, incorporado pelos romanos como Baco: o casamento perfeito entre pão e vinho.

Os judeus, sobretudo, atribuíram um significado sagrado a esse alimento - a Páscoa judaica tem raízes na comemoração da saída do Egito. No capítulo 13 do Êxodo, Moisés diz: "Recordai-vos deste dia em que saístes do Egito, da casa de servidão. Não se comerá pão fermentado. (...) Durante sete dias comer-se-ão pães ázimos, e no sétimo dia haverá uma festa em honra ao Senhor". Ele também proibiu que, nesse período, eles mantivessem em casa qualquer produto fermentado.

Historiadores interpretam a ordem para consumir o pão ázimo (sem fermento) como uma forma de diferenciação do pão egípcio. Jacob, porém, oferece outra hipótese e cita o mesmo costume de diversos povos nas oferendas às divindades. Ele lembra, por exemplo, que os sacerdotes de Júpiter, o deus supremo para os romanos, eram proibidos de usar farinam fermento imbutam, ou seja, farinha embebida em fermento.

O que civilizações tão diferentes tinham em comum? Consideravam o fermento "algo podre" e "impuro" para agradar aos deuses. O hábito de tornar alimentos sagrados era comum a vários povos da Antiguidade. Mais de mil anos depois da saída de Moisés do Egito, quando os judeus passavam fome para atender aos tributos romanos, Jesus Cristo repartiu o pão da Páscoa (em 27 d.C.) e o consagrou para bilhões de seguidores no futuro. Distribuiu os pedaços aos apóstolos como o "pão da vida", a transformação do alimento em sua própria carne.

Pão e circo


"Foi nesse mundo do Império Romano que apareceu Jesus Cristo. Era um mundo de carência, de verdadeira fome, um mundo em que especuladores retinham os cereais e no qual o Estado e o imperador se serviam do pão para fins políticos, dando alimento a quem apoiasse o seu poder", diz o autor, referindo-se ainda à prática dos governantes de oferecer trigo e diversão, como as disputas entre gladiadores. Para alimentar a plebe, sucessivos dirigentes canalizaram todo o trigo do Egito e das províncias para Roma, deixando a população mediterrânea sem pão.

Os romanos herdaram dos gregos o gosto pelo pão e a adoração a Deméter, batizada como Ceres e incluída nos mistérios de Elêusis, único culto que concorria seriamente com o cristianismo nascente da época. Tão importantes que eram no cotidiano romano, o pão e o azeite tinham preço e estoque controlados pelo Estado. Entre tipos e formatos variados, como o panis testuatius, cozido num vaso de barro, o pão de Parta era considerado uma especialidade leve - a massa era deixada dentro da água durante muito tempo e só depois cozida. Registros apontam que, em 72 a.C., 40 mil romanos recebiam o cereal gratuitamente do Estado. Com Júlio César, esse número passou para 200 mil e seguiu crescendo. Mas toda essa estrutura ruiu entre os séculos 3 e 4, quando as províncias não puderam mais suportar o peso de Roma e sua estrutura corrupta e inflacionada. E os invasores bárbaros trouxeram um novo gosto alimentar: sopas de legumes, aveia e centeio, que levaram a civilização ocidental para a Idade Média do sabor. À época, boa parte da população adulta era desdentada e a sopa vinha bem a calhar.

Jacob afirma que, por cerca de mil anos, até quase o fim do medievo, os europeus comeram mal. Nas crises de abastecimento, até cascas de árvore eram misturadas a grãos de trigo nas moendas do cereal. A partir daí, o historiador conta como a humanidade teve de se virar em diferentes partes do planeta para alimentar a população. O milho e a batata encontradas na América pelos colonizadores se espalharam para a Europa, a China e a Arábia. Mas, segundo Jacob, a preferência pelo trigo parecia imbatível. "O pão era rico em calorias: 2,4 mil calorias por quilo." Além disso, era um alimento barato.
O livro é um clássico não apenas sobre o trigo mas também sobre a agricultura e as técnicas de produção e conservação de alimentos - essenciais ao avanço das civilizações. E, claro, cita a importância de exércitos bem alimentados em todas as guerras. Napoleão, por exemplo, alimentava suas tropas com "um pão fabricado com duas partes de trigo e uma de centeio", enquanto o restante da população francesa comia uma mistura de farelo de trigo que não matava a fome. Na Revolução Francesa, durante períodos de escassez do cereal, as mulheres foram ao Palácio de Versalhes e à Convenção de Paris exigir das autoridades o essencial. Conseguiram, em 1793, fazer valer uma lei (mesmo que por pouco tempo) que distribuía o pão gratuitamente. Só assim diminuíram os gritos nas ruas: "Queremos pão!" O mesmo apelo dos grevistas egípcios e de qualquer família (faminta ou não) até hoje.


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A obra

Seis Mil Anos de Pão - A Civilização Humana através de seu Principal Alimento.
Heinrich Eduard Jacob, Nova Alexandria, 2003. R$ 93.


FONTE
REVISTA SADOL
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