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domingo, 19 de abril de 2015

21/04 - Aniversário de Brasília

21/04 - Aniversário de Brasília

21 de Abril

Fundação de Brasília

Antes de ser construída, a capital do Brasil, foi profetizada em Turim, Itália, pelo padre salesiano João Bosco. Ele sonhou que uma grande civilização iria nascer entre os paralelos 15 e 20 exatamente no local em que Brasília foi construída.
O desejo de mudar a capital do Brasil para o interior era antigo. Em 1716, o Marquês de Pombal aventou essa necessidade, visto que uma capital no litoral - como o foram Salvador e Rio de Janeiro - poderia ser facilmente tomada de assalto por nações inimigas.
Em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva sugeriu o nome "Brasília", quando era vice-presidente da junta que cuidava do assunto da interiorização da capital.
Aniversário de Brasília
Somente na primeira Constituição da República, em 1891, foi estabelecido o local onde deveria ser construída a futura capital brasileira. Durante as festividades do centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1922, foi lançada no morro da Capelinha, em Planaltina, a pedra fundamental do Distrito Federal. Estava definitivamente marcado o local que seria o berço da grande civilização profetizada por Dom Bosco.
Somente a partir de 1956, com a eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira, Brasília começou a ser construída. Foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NOVACAP) com Oscar Niemeyer na diretoria de arquitetura e urbanismo.
A NOVACAP abriu concurso para a escolha do plano-piloto, cujo vencedor foi Lúcio Costa.
Em pouco tempo, fiaram prontos não só os desenhos de todos os prédios públicos, como também os de grande parte dos residenciais. Lúcio Costa criou o projeto urbanístico de Brasília, partindo do traçado de dois eixos que se cruzavam em ângulo reto, como uma cruz. Esses eixos foram chamados de Rodoviário e Monumental.
O Eixo Rodoviário, que cortava as áreas residenciais do plano piloto, foi levemente arqueado; a cruz tomou a forma de um avião, dando origem às famosas Asa Norte e Asa Sul.
O Eixo Monumental, com 16 quilômetros de extensão, foi destinado às autarquias e aos monumentos. Foi dividido em três partes: lado leste, com prédios públicos e palácios do governo; centro, com a rodoviária e a torre de TV; lado oeste, com os prédios do governo do Distrito Federal.
Em frente ao Palácio da Alvorada, foi construída a Ermida Dom Bosco, em homenagem ao padre salesiano.
Aos 21 de abril de 1960, após mil dias de construção, o presidente Kubitschek inaugurou Brasília, a nova capital do Brasil, instalando o Distrito Federal. Em 1987, Brasilia foi declarada patrimônio histórico da humanidade pela Unesco.
Fonte: www.paulinas.org.br
Aniversário de Brasília

21 de Abril

"Deste Planalto Central, desta solidão em que breve se transformará em cerébro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
Juscelino Kubistchek
Brasília, a capital do Brasil, inaugurada em 21 de abril de 1960, continua sendo uma das mais belas e a mais moderna cidade do país. Mas a sua história começa há mais tempo do que a maioria das pessoas imaginam.
O Começo do Sonho
Desde a época do Brasil Colônia, já se pensava em construir uma nova capital. O Brasil tinha um imenso território e, além das escaramuças de piratas e contrabando de pau-brasil, muitas nações européias foram tornando constantes os seus ataques à costa brasileira, desafiando a Coroa Portuguesa.
De nada valeram os esforços de D. João III em tentar criar um sistema de policiamento da costa do Brasil. Os ataques estrangeiros foram ficando cada vez mais frequentes e revelavam a intenção de algumas nações em ocupar partes do território brasileiro.
Basta lembrar que Salvador, a primeira capital do Brasil, sofreu diversos ataques de piratas ingleses e foi tomada pelos holandeses liderados pelo almirante Willenkens.
Os invasores só foram expulsos da capital brasileira um ano depois. Aos poucos, alguns brasileiros começaram a perceber que o Brasil estava de costas para o Brasil. Era um povo agrupado no litoral, lançando um olhar nostálgico para o continente europeu.
Surgiriam, então, as primeiras vozes a defender a interiorização do país. Uma nova capital, no interior do Brasil, teria muito mais segurança longe do litoral e dos ataques de canhões das naus inimigas,.
Essa idéia foi defendida pelo Marquês de Pombal, em 1761. A Inconfidência Mineira, em 1789, já demonstrava a insatisfação dos brasileiros com a Coroa portuguesa e um anseio latente por um processo de interiorização do Brasil.
Entre os planos dos inconfidentes estava a transferência da capital do Rio de Janeiro para São João Del Rei. Em 1808, o jornalista Hipólito José da Costa defendia a independência política do Brasil e fundou no exílio, em Londres, o jornal "Correio Braziliense".
Hipólito José da Costa pregava a mudança da capital para o interior do país, que ele chamava de "paraíso terreal".
A Independência do Brasil, em 1822, trouxe mais ânimo para os defensores da interiorização.
Na Assembléia Constituinte de 1823, José Bonifácio defendeu a construção de uma nova capital que, segundo ele, seria uma grande chance de estimular a economia e o comércio. Essa foi a tese que José Bonifácio apresentou no documento que se intitulou "Memória sobre a necessidade e meios de edificar no interior do Brasil uma nova capital".
José Bonifácio chegou a sugerir dois nomes para a nova cidade, que ele imaginou no Planalto Central: Petrópolis e Brasília.
O diplomata e historiador Francisco Adolfo de Varnhagem, Visconde de Porto Seguro, também foi outro importante defensor da mudança da capital. Ele chegou a realizar estudos e também concluiu que a região do Planalto Central seria o local ideal para a nova capital.
Em 1891, na elaboração da primeira constituição republicana, a transferência da capital voltou a ser discutida. Foi aprovada a emenda do deputado catarinense Lauro Müller, que estabeleceu a demarcação de uma área no Planalto Central de 14 mil quilômetros para a construção da nova capital da República.
Aquele foi o primeiro passo constitucional para a mudança. Mas, se você acompanhar os próximos capítulos, verá que houve uma longa jornada, cheia de acidentes políticos, que percorreram a Primeira e a Segunda República.
A Assembléia Constituinte de 1891 aprovou a emenda do deputado Lauro Müller, que propunha a mudança da capital para o interior do país. Coube então ao novo governo republicano organizar uma missão de reconhecimento e demarcação da área do futuro Distrito Federal.
O diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, Luís Cruls, foi encarregado de chefiar a missão.
Primeiras Concretizações
Em 9 de Junho de 1892, os vinte e dois membros da missão Cruls partiram de trem, com destino a Uberaba, Minas Gerais. Eles levavam quase dez toneladas de equipamentos, como lunetas, teodolitos, sextantes, barômetros e material fotográfico para demarcar a área da futura capital no Planalto Central.
A partir de Uberaba, a expedição seguiu em cavalos e mulas, passando por Catalão, Pirenopólis e Formosa. A missão formada por biólogos, botânicos, astrônomos, geólogos, médicos e militares percorreu mais de quatro mil quilômetros.
Foram sete meses de muitas caminhadas e trilhas percorridas a pé ou em mulas, descobrindo a imensidão do Planalto Central do país.
Através dos relatórios da Missão Cruls, o Brasil pôde, pela primeira vez, conhecer em detalhes o clima, o solo, os recursos hídricos, minerais, a topografia, a fauna e a flora do Planalto Central. Cruls destacou a qualidade do solo pesquisado, suas possibilidades para a agricultura e fruticultura e também o clima da região.
"É inegável que até hoje o desenvolvimento do Brasil tem-se sobretudo localizado na estreita zona de seu extenso litoral, salvo, porém, em alguns dos seus Estados do sul, e que uma área imensa de seu território pouco ou nada tem se beneficiado com este desenvolvimento. Existe no interior do Brasil uma zona gozando de excelente clima com riquezas naturais, que só pedem braços para serem exploradas."
O Arquivo Público do Distrito Federal mantém os documentos originais da expedição. É emocionante verificar os diários, as anotações e dados científicos misturados a pequenos bilhetes de amor dos integrantes da missão endereçados às suas esposas e namoradas.
O Presidente Epitácio Pessoa, amparado na constituição de 1891, lança a pedra fundamental da nova capital do Brasil, no Morro do Centenário, em Planaltina, no estado de Goiás.
Aniversário de Brasília
O Presidente atendia ao pedido de alguns deputados, entre eles um de nome bastante curioso:
Americano Brazil, que disse: "a pedra fundamental, em Planaltina, é um alento para a fibra adormecida do ideal nacional." Americano Brazil seguiu sua cruzada, discursando no Congresso Nacional em defesa da mudança da capital. Ele até lançou um título para a dura caminhada "rumo ao Planalto." Mas nada aconteceu durante um longo tempo.
Era Juscelino
Aniversário de Brasília
No dia 2 de outubro de 1956, pousou numa pista improvisada, no Planalto Central, um avião da FAB trazendo o Presidente Juscelino Kubitscheck. Na comitiva presidencial estavam o Ministro da Guerra, General Lott, o Governador da Bahia, Antonio Balbino, o Ministro da Viação, Almirante Lúcio Meira, o arquiteto Oscar Niemeyer, a diretoria da Novacap e ajudantes do presidente.
Eles foram recepcionados pelo Governador de Goiás, Juca Ludovico e por Bernardo Sayão. O avião aterrisou às 11:45h, numa manhã de outubro.
Olhando as fotografias daquele ensolarado dia, dá para imaginar o desafio que se apresentava aos olhos do Presidente: o vasto e imenso horizonte de um cerrado virgem, longe de tudo e de todos, sem estradas, sem energia ou sistemas de comunicação.
Juscelino, em seu livro "Por que construí Brasília", conta que "de todos os presentes, o General Lott era o que se mostrava mais desconcertado.
Distanciado-se dos presentes, deixou-se ficar à beira da pista. O presidente lembra em sua obra: " Ao me aproximar dele, não se conteve e perguntou: O senhor vai mesmo construir Brasília, Presidente ?"
Juscelino escreveu no livro de ouro de Brasília: "Deste Planalto Central, desta solidão em que breve se transformará em cerébro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
A primeira visita do Presidente Juscelino Kubitschek ao Sítio Castanho, escolhido para sediar a futura Capital, não foi apenas simbólica. Na ocasião, foram determinados o local para construção do aeroporto de Brasília, a restauração e melhoria das estradas para Goiânia e Anápolis, a construção das estradas entre os canteiros de obras, dos prédios provisórios para os operários e a elaboração do projeto do Palácio da Alvorada.
Mas, antes da conclusão do projeto do Alvorada, um grupo de amigos de Juscelino resolveu presentear o Presidente com uma residência provisória no Planalto.
Aniversário de Brasília
Nascia, assim, o "Catetinho", primeiro prédio de Brasília, um palácio de tábuas projetado por Oscar Niemeyer.
O nome veio do diminutivo do palácio presidencial no Rio, Palácio do Catete. Niemeyer elaborou um projeto simples, apenas com o uso da madeira e que pudesse ser executado em dez dias. Apesar da simplicidade de seu projeto, o Catetinho traz os traços da arquitetura moderna brasileira.
É como se Niemeyer tivesse criado uma maquete de sua futura e imensa obra na Capital. O Catetinho é um símbolo dos pioneiros, um palácio de tábuas, mas que serviu como a primeira residência de Kubitschek e foi também a primeira sede do Governo na Capital. Foi construído próximo à sede da antiga Fazenda do Gama, onde Juscelino descansou e tomou o seu primeiro cafezinho no Planalto.
Houve quem acreditasse em Brasília e, tão logo a notícia se espalhou, surgiria na poeira do cerrado um herói anônimo: o candango. A expressão candango, que no ínicio teve um tom pejorativo, aos poucos, passou a ser a marca dos pioneiros que se engajaram na aventura de construir Brasília.
A nova capital abria a chance de uma vida melhor. Os candangos foram chegando e erguendo barracos e casas de madeira na cidade provisória. Em dezembro de 1956 eram apenas mil habitantes; em maio de 1958 já havia mais de trinta e cinco mil.
O movimento era frenético, jipes e tratores cortando o cerrado. Um trabalho duro, sem domingo nem feriado. Israel Pinheiro organizou suas equipes de trabalho com uma disciplina de guerra. Dia e noite, sol ou chuva, Brasília não parava.
No dia 19 de setembro de 1956, foi lançado o edital para o concurso do plano piloto, que estabelecia o prêmio de um milhão de cruzeiros para o autor do projeto vencedor.
A nova capital nascia sob o signo de uma grande aventura e havia a expectativa de se encontrar um projeto que imprimisse a contemporaneidade e a ousadia esperada de Brasília.

Sonho realizado
Cabe lembrar que a arquitetura moderna brasileira despontara a partir de 1927 com a construção da primeira casa modernista de Warchavchik, em São Paulo. Rino Levi, Lúcio Costa, Álvaro Vital Brazil, o polêmico Flávio de Carvalho e Oscar Niemeyer deram grande impulso à criação da arquitetura moderna no país.
Era grande a influência das idéias de arquitetos como Mies Van der Rohe, Frank Loyd Wright, Gropius e, sobretudo, o grande mestre Le Corbusier, que teve imensa importância na formação e avanço da moderna arquitetura no Brasil.
Até o dia 11 de março de 1957, a comissão julgadora do concurso tinha recebido 26 projetos, num total de 63 inscritos. Dentre os jurados estavam o arquiteto Oscar Niemeyer, um representante do Instituto de Arquitetos do Brasil, outro do Clube de Engenharia do Brasil, bem como o urbanista inglês William Holford, o francês André Sive e o americano Stamo Papadaki. Havia projetos ousados e até mesmo curiosos como o de M.M.M Roberto, que previa uma cidade construída em sete módulos circulares com 72.000 habitantes em cada módulo.
No projeto de Rino Levi, Cerqueira Cezar e Carvalho Franco, seriam construídos superblocos de 300 metros de altura, que abrigariam 288.000 pessoas.
O projeto escolhido foi o de Lúcio Costa, que nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar, promovendo o encontro de dois eixos. Um conceito simples e universal.
Lúcio Costa foi o vencedor, não pelo seu detalhamento, que era pobre perto de outros concorrentes, que apresentaram maquetes, croquis e estatistícas, mas pela concepção urbanística e pela fantástica descrição de seu estudo. Não deixa de ser curioso que num concurso urbanístico, as palavras tenham vencido o detalhamento técnico.
Mas Lúcio Costa tratava as palavras com a precisão de um poeta, era a obra de um ser livre que se permitiu sonhar. O próprio Lúcio Costa destaca, entre os "ingredientes" da concepção urbanística de Brasília, as lembranças dos gramados ingleses de sua infância, das auto-estradas americanas, dos altiplanos da China e da brasileríssima Diamantina.
Lúcio Costa planejou uma Brasília moderna, voltada para o futuro, mas ao mesmo tempo "bucólica e urbana, lírica e funcional".
Ele eliminou cruzamentos para que o tráfego dos automóveis fluísse mais livremente, concebeu os prédios residenciais com gabarito uniforme e construídos sobre pilotis para não impedir a circulação de pessoas.
Uma cidade rodoviária com amplas avenidas e vasto horizonte, valorizando o paisagismo e os jardins. O plano de Lúcio Costa foi, contudo, vago no que se referia à expansão imobiliária e à criação de bairros operários.
Ele diz na memória descritiva do Plano Piloto: deve-se impedir a enquistação de favelas tanto na periferia urbana quanto na rural. Cabe à Companhia Urbanizadora prover, dentro do esquema proposto, acomodações decentes e econômicas para a totalidade da população.
Não foi preciso que muitos anos se passassem para que surgissem problemas ligados à habitação popular que, durante a própria construção da capital foram chamados de invasões e se multiplicaram.
Todos os dias, novos barracos eram erguidos na chamada Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, e também próximos aos canteiros de obras. Os operários, que trabalhavam na construção da cidade, não pretendiam abandonar a Capital depois de sua inauguração.
s cidades satélites não surgiram como fruto de um plano detalhado, conforme o que regia a
construção do Plano Piloto, mas pela urgência imposta pelas invasões. Em junho de 1958, nascia a primeira cidade satélite, propriamente dita: Taguatinga, construída às pressas para abrigar 50.000 pessoas, em sua maioria operários com suas famílias.
Aniversário de Brasília
As Satélites, aos poucos, se transformariam em importantes centros econômicos. Depois de Taguatinga, Israel Pinheiro iniciou a construção de outras Satélites: Sobradinho, Paranoá e Gama.
Durante três anos, Brasília viveu um ritmo de trabalho alucinante. O Presidente Juscelino Kubitscheck vistoriava as obras pessoalmente com Israel Pinheiro.
Os partidos de oposição alegavam que Brasília não ficaria pronta no prazo e insistiam para que adiassem a transferência da Capital.
Aniversário de Brasília
Brasília, vencendo os prognósticos pessimistas da oposição, foi inaugurada em 21 de abril de 1960, com toda pompa que a capital merecia.
Hoje, Brasília é uma bela cidade como no sonho de um homem que um dia vislumbrou o futuro de olhos bem abertos.
Fonte: www.velhosamigos.com.br

21/04 -- DIA DE Tiradentes

21/04 -- DIA DE Tiradentes

Líder da Inconfidência Mineira

1746, Minas Gerais
21/04/1792, Rio de Janeiro

Líder da Inconfidência Mineira e primeiro mártir da Independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nasceu em Minas Gerais em 1746, filho do proprietário rural português Domingos da Silva Santos.
Antes mesmo de frequentar a escola, já havia aprendido a ler e escrever com a mãe. Órfão de mãe e pai desde a juventude, ficou sob a tutela de um tio até a maioridade, quando resolveu conhecer o Brasil. Já adulto, foi tropeiro, mascate e dentista (daí o apelido). Trabalhou em mineração e tentou a carreira militar, chegando ao posto de alferes no Regimento de Cavalaria Regular.
Foi na tropa que Tiradentes entrou em contato com as idéias iluministas, que o entusiasmaram e inspirariam a Inconfidência Mineira, a primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar claramente sua intenção de romper laços com Portugal, marcando o início do processo de emancipação política do Brasil.
A revolta foi motivada ainda pela decisão da coroa de cobrar a derrama, uma dívida em atraso. A conspiração foi delatada por Joaquim Silvério dos Reis e todos os seus participantes foram presos.
Sobre Tiradentes, recaiu a responsabilidade total pelo movimento, sendo o único conspirador condenado à morte. Enforcado em 21 de abril de 1792, teve seu corpo esquartejado. Seus membros foram espalhados pelo caminho que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua cabeça foi exposta em Vila Rica.
Com a morte de Tiradentes, o Estado português queria demonstrar uma punição exemplar para desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Tiradentes tornou-se mártir da Independência e da República.
Fonte:  educacao.uol.com.br
Tiradentes

VIDA E OBRA DE TIRADENTES

As páginas da História de nossa Pátria estão repletas de figuras de varonis brasileiros que alicerçaram e conseguiram, a mercê de sofrimentos, e à custa de suas próprias vidas, a nossa tão almejada Independência.
Não deixemos, portanto, que os seus feitos caiam no esquecimento neste dia de civismo – 21 de abril, rendamos nossa sincera homenagem ao corajoso brasileiro, Joaquim José da Silva Xavier – O Tiradentes.
Tiradentes
Há pessoas no mundo, que são predestinadas ao sofrimento. Tiradentes foi um exemplo delas. Muito cedo, aos nove anos de idade perdeu sua mãe. Restava-lhe o pai, que também faleceu dois anos depois. Ficou irremediavelmente só.
Ainda muito jovem, teve que enfrentar a vida cotidiana, sem ter quem o amparasse. Precisou então procurar um meio de sustento. O mercado mais comum de trabalho era a extração de minério e havia sempre vagas.
Tentou trabalhar com os mineiros. Não tendo muita sorte neste ramo, começou a vender mercadorias de vila em vila, de cidade em cidade. Viajou por toda a capitania Natal, percorreu as imensas terras da Bahia e chegou até à capital – Salvador.
Nessas andanças, de casa em casa, podia sentir e ouvir de perto todas as queixas e amarguras das pessoas escravizadas, ao jugo dos ambiciosos colonizadores.
Essas queixas do povo causaram-lhe grande impressão, e ao fazer-se homem era um revolucionário autêntico. Seu maior desejo era ver o Brasil sem senhores, senhor absoluto do seu território, das suas riquezas, com suas próprias leis governadas por brasileiros, com instalação de escolas e indústrias. Queria um Brasil livre de barreiras, rico e justo, com igualdade e fraternidade entre seu povo, sem fazer distinção de raça ou de condição social.
A luta na sua vida era uma constante. Não tinha meios de realizar os seus sonhos, seus ideais, com o pequeno lucro que conseguia juntar como vendedor ambulante, o que, mal dava para sua sobrevivência. Teria que fazer algo pela sua vida. Mudar para outro ramo de atividade. Encontrou em suas longas viagens, alguém que o ensinou a profissão dentista prático e exercitou-se bastante. Logo ficou muito conhecido, e apelidado de “O Tiradentes”.
Havia em Vila Rica, o Regimento dos Dragões da Capitania (cavalaria paga), e Tiradentes na esperança de melhor sorte, alistou-se. Procurou ser um soldado modelar, cumpridor de seus deveres. Mas, não progrediu muito na carreira militar, conseguindo o posto de alferes (antigo posto da hierarquia militar, situada entre Sargento e Sub-Tenente).
Lá no quartel, presenciando as injustiças do dia a dia, o clamor da Liberdade cresceu e o envolveu, completamente.
O Alferes chegou ao Rio de Janeiro em agosto de 1788, em missão especial enviado pelo Regimento dos Dragões. Sabendo que havia chegado recente da Europa, José Álvares Maciel, formado em Filosofia e História Natural, em Coimbra (era costume de muitos brasileiros de posses, mandar seus filhos estudar na Europa). Resolveu procura-lo, sob o pretexto de conversar sobre obras hidráulicas, assunto que dominava razoavelmente. José Álvares Maciel era filho do Capitão-mor de Vila Rica, cheio de idéias liberais. Conversaram sobre a Europa, e Tiradentes entusiasmou-se quando lhe disse, que, “pelas nações estrangeiras por onde tinha andado, ouvira falar com admiração de não terem (os brasileiros) seguido o exemplo da América Inglesa”.
Após este encontro tiveram outros encontros em casa de Maciel, sendo neles discutidos vários assuntos e a possibilidade de um levante, que desse ao Brasil a sua independência. Daí, não se pode afirmar de quem partiu a idéia de independência.
De volta à Vila Rica, Tiradentes iniciou sua propaganda em favor da independência, a qual repercutiu pelos arredores da cidade, sendo bem aceita pelo povo, tendo em vista que não estavam satisfeitos com a “derrama”, impostos cobrados pela Coroa em ouro e outras séries de sufrágios contra o povo. Aderiram ao movimento, o padre Carlos Correia de Toledo e Melo, Luiz Vieira da Silva (cônego de Mariana), o padre José da Silva e Oliveira Rollim, Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Domingos Vidal Barbosa.
Depois de muitos esforços, Tiradentes conseguiu persuadir o Tenente Coronel Francisco de Paula Freire, comandante do Regimento dos Dragões de Vila Rica aderir ao movimento e tomar a iniciativa do mesmo. Este movimento iniciaria em minas e a sua bandeira teria a seguinte legenda: “Libertas quae será tamem”. Tiradentes sugerira como símbolo um triângulo, que representaria a Santíssima Trindade.
Infelizmente a notícia do levante chegou aos ouvidos do Coronel Joaquim Silvério dos Reis, que veio imediatamente ao Rio de Janeiro denunciá-lo ao vice-Rei, Don Luiz de Vasconcellos e Souza.Tiradentes encontrava-se no Rio de Janeiro, por esta razão, ao perceber que estava sendo seguido, tentou fugir, mas foi preso a 10 de maio de 1789.
Às vésperas de completar três anos na prisão, tempo este decorrido com longos processos e julgamento dos participantes do movimento.
Na manhã de 20 de abril de 1792, abriu com estrondo as portas da prisão, e o escrivão iniciou a leitura da acusação:
“Horroroso crime de rebelião e alta traição de que se constitui chefe e cabeça na Capitania de Minas”, a sentença: “A pena de morte, extensiva a todos havia sido comutada. Um só entre eles pagaria pelo crime de todos”.
O mais nobre de todos, por sorte, o mais corajoso também, ouviu calado sua sentença, permanecendo impassível.
Dia 21 de abril de 1792, os tambores ruflaram e o corpo do mártir da nossa Independência balançava –se suspenso numa trave armada, na praça da Lampadosa, hoje Praça Tiradentes, tendo o sol por testemunha de tão nobre sacrifício.
O martírio de Tiradentes representou na História do Brasil o farol da Liberdade!
Iraí Verdan
Fonte: 66.228.120.252
Tiradentes

Alferes Tiradentes

O NASCIMENTO
Joaquim José da Silva Xavier nasceu na fazenda do Pombal, comarca do Rio das Mortes, próximo a Vila de são José Del Rei. (Atual Tiradentes) no ano de 1746, não se sabendo, porém o dia de seu nascimento. Era o quarto filho de Domingos da Silva 406 Santos, Português e de Dona Antônia da Encarnação Xavier, e seus irmãos eram: Domingos, Antonio e José, e as irmãs eram Antonia Rita, Maria Vitória, e Eufrásia Maria. Tiradentes foi batizado no dia 12 de novembro de 1746, tendo sido seu padrinho o Dentista Sebastião Ferreira Leitão e como madrinha Nossa Senhora da Ajuda.
INFÂNCIA E JUVENTUDE
Tiradentes foi criado e passou parte de sua infância na fazenda de seu pai, sendo que aos nove anos de idade, morre sua - mãe, e aos doze morre seu pai. A família se desfez. Tiradentes foi morar na casa de seu Padrinho, o dentista Sebastião Ferreira Leitão, que - procurou interessá-lo por sua profissão, incentivando-o a ler livros de medicina e ensinando-lhe noções práticas de cirurgia e odontologia. Bem cedo começou a ajudar o padrinho no trabalho.
Fazia curativos e logo aprendeu a tirar dentes e substitui-los por dentaduras e dentes postiços, ficando assim conhecido na Vila de São José Del Rei como o Tiradentes.
Trabalhou também como tropeiro e mascate, caminhando pelos garimpos de Minas e fazendo viagens ate a Bahia. Depois tentou a sorte na atividade mineradora, ocasião em que comprou uma pequena porção de terras e quatro escravos, aplicando o que economizou como dentista, porém não deu certo esta sua - tentativa, deixando-lhe apenas muitas dívidas.
O MILITAR
Em lº de Dezembro de 1775 ingressou na carreira militar e alistou-se na 6º Cia. de Dragões da Capitania de Minas Gerais, e por ser - descendente de portugueses cristãos, teve o privilégio de ingressar nas armas já como oficial, sem passar pelos postos subalternos. Tornou-se - Alferes, posto este correspondente ao de 2º tenente.
Recebeu missões perigosas, que cumpriu com eficiência, devido ao seu conhecimento do sertão.
À frente do destacamento acabou com o banditismo na serra da Mantiqueira e combateu os contrabandistas de ouro.
Comandou a guarda dos armamentos depositados no quartel de Vila Rica. Em 1781, foi nomeado pela rainha de Portugal para chefiar a patrulha do Caminho Novo, estrada que ligava Minas ao Rio de Janeiro, por onde seguiam as Tropas de Mulas trazendo o ouro para ser embarcado no porto do Rio de Janeiro.
Nessa fase de sua vida, Tiradentes fez amizades em todas as vendas e hospedarias da estrada, onde ficou muito popular. Também nessa mesma época - Tiradentes, já aos 35 anos, namorou uma jovem de quem gostou muito, de nome Ana, que morava no Tijuco (atual Diamantina) e era sobrinha do Padre Rolim, seu amigo e, mais tarde, também membro da Conjuração Mineira. Quando Tiradentes pediu-a em casamento, através do Padre, ficou sabendo que - ela já estava prometida a outro.
Tiradentes nunca se casou. Continuava só, porem duas outras mulheres haviam passado em sua vida; ambas de nobre condição social. A primeira, uma mulata, Eugênia Joaquina da Silva, de quem Tiradentes teve um filho de nome João. A outra uma viúva, Antônia Maria do Espírito Santo, vivia nos - arredores de Vila Rica (atual Ouro Preto), e também lhe deu uma criança, uma menina de nome Joaquina.
No ano de 1787, cansado da vida militar, Tiradentes pediu licença no regimento, e foi para o Rio de Janeiro, onde apresentou ao vice-rei Dom Luiz de Vasconcelos alguns projetos de engenharia e hidráulica, para a canalização e captação dos rios Catete e Maracanã, para abastecimento da cidade e edificação de moinhos; e construção de armazéns para o gado a ser exportado. Seus projetos porem ficaram aguardando a aprovação das autoridades de Portugal, e nunca foram executados. Enquanto permanecia no Rio de Janeiro, reuniu-se com o estudante José Álvares Maciel, que acabava de chegar da Inglaterra, com o Padre Rolim e com o Coronel Joaquim Silvério dos Reis, e juntos elaboraram os primeiros planos da revolta contra Portugal.
Terminada sua licença Militar, Tiradentes, em Agosto de 1788, volta a Minas comandando a escolta da mulher do Visconde de Barbacena, novo Governador de Minas.
Em Vila Rica se tornou o principal articulador da conspiração para a libertação do país. Organizou um grupo do qual faziam parte pessoas de grande - projeção na capitania.
Era ao mesmo tempo, um idealista e um espírito prático. Não hesitava em fantasiar os fatos para atingir seus objetivos.
Inventou, por exemplo, que o novo governador trazia instruções para que - as fortunas particulares em Minas, não ultrapassassem dez mil cruzados. Garantiu a todos o apoio de potências estrangeiras à conjuração.
Em fins de 1788, aconteceu a primeira reunião dos conspiradores na casa do Tenente-Coronel Paula Freire. A ele se unira o Padre Carlos Correia de Toledo, vigário de São João Del Rei, homem rico e influente, e a conspiração foi crescendo com a participação do Cônego Luiz Vieira da Silva, do Padre Rolim, Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e outros que no decorrer do tempo se juntaram aos primeiros.
A INICIAÇÃO DE TIRADENTES
Naquela época a maçonaria permitia que se fizesse iniciações fora dos templos e às vezes por um irmão com autoridade, o que era denominado de: Iniciação por Comunicação. E assim José Álvares Maciel iniciou Joaquim Jose da Silva Xavier, sendo que este tipo de iniciação foi suprimido em 1907, com a promulgação da constituição
Lauro Sodré. O Coronel Francisco de Paula Freire, não gostava do Alferes Tiradentes, com o qual mantinha fria distância. Esse tratamento mudou completamente quando Tiradentes de volta do Rio de Janeiro, participou-lhe que havia si do iniciado nos mistérios da Maçonaria.
A DELAÇÃO
0s planos foram traçados, na ocasião da derrama, Tiradentes depois de prender o governador, despertaria Vila Rica aos gritos de Liberdade. A pretexto de restaurar a ordem, Paula Freire e suas tropas ocupariam a cidade e, com Vila Rica sob controle, declararia sua Adesão à Inconfidência. Tiradentes resolve passar em todos os conjurados e verificar se cada um estava cônscio de sua responsabilidade, obtendo um sim de cada um deles e em Março de 1789, segue para o Rio com desculpa de ver como iam os seus requerimentos de obras públicas, porém sua verdadeira missão era conseguir o "apoio da guarnição do Rio de Janeiro e durante sua viagem ia divulgando suas idéias, sem maiores cautelas, pelas hospedarias e vilas do Caminho Novo e durante sua viagem a conspiração foi denunciada em uma carta dirigida ao Governador Visconde de Barbacena e assinado pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis do seguinte teor:
“Existe um movimento contra a Coroa e automaticamente contra V. Excia. no sentido de derruba-lo por ocasião da derrama e em seguida sublevar o povo e a tropa, para logo após, partirem com adesão do povo de outras províncias, para uma louca independência.
Para isso contam com as maiores inteligências desta terra e pessoas de destaque do vosso governo, tendo como principal chefe o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, um dos mais inflamados oradores, acompanhado de perto por homens com ideais impregnados pelos últimos acontecimentos de independência da América Inglesa.
Se V. Excia. der crédito a esta missiva, gostaria de ser chamado sigilosamente ao vosso gabinete, onde declinaria pessoalmente o nome de todos os que tramam contra nossa Augusta e Soberana Rainha.
Ponha todos estes importantes participantes na presença de V. Excia. pela obrigação de felicidade, não por meu intento, nem vontade, sejam de ver a ruína de pessoa alguma, o que espero em Deus que, com o bom discurso de V. Excia. há de acontecer tudo e dar as providências, sem a perdição dos vassalos. O prêmio que peço tão somente a v. Excia. é o de rogar-lhe que pelo amor de Deus se não perca ninguém”.
A PRISÃO E MORTE
Todos os inconfidentes foram presos, porém Tiradentes encontrava-se na casa de seu amigo Domingos Fernandes da Cruz, na cidade do Rio de Janeiro, onde no dia 10 de maio de 1789, foi preso e ficou incomunicável cerca, de três anos e nesse período só foi visitado por seu - confessor, o Padre Raimundo Penaforte. No dia 18 de abril de 1792, foi proferida a sentença dos cinco réus padres, e no dia 19, dos demais conjurados. A Tiradentes foi proferida a seguinte sentença:
"Portanto condenam ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a que com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde em lugar mais publico dela, será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma; e o seu corpo será dividido em quatro Quartos, e pregado em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve suas infames práticas, e os mais, nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma; Declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo os seus bens aplicados para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica, será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique."
No dia 21 de abril de 1792, as 9.00 H, inicia o triste cortejo: À frente uma Cia. de Soldados, depois os frades dizendo orações e em seguida Tiradentes, o laço da forca no pescoço e a ponta da corda segura pelo carrasco, e quase abraçado ao condenado, Frei Penaforte reza com ele.
Descalço, com o cabelo todo raspado e sem barba, vestido com uma camisola branca, Tiradentes seguia de Cabeça erguida, porte ereto, e passo firme a marcha para a forca, construída no Lago da Lampadosa (Atual Praça Tiradentes) onde às 11:20 hs Tiradentes foi enforcado.
Frei Raimundo Penaforte, o confessor, escreveu o seguinte sobre Tiradentes: "Foi um daqueles indivíduos da espécie humana, que põem em espanto a própria natureza. Entusiasta, empreendedor com o fogo de um D.
Quixote, habilidoso com um desinteresse filosófico, afoito e destemido, sem prudência às vezes, em outras temeroso ao cair de uma folha; mas o seu coração era sensível ao bem. A Coroa quisera, com o espetáculo do enforcamento, afirmar o seu domínio sobre a colônia brasileira.
Tiradentes tentara, com o sacrifício, salvar os companheiros e abrir ao povo o caminho da emancipação política." Um espírito inquieto, um homem leal, esse Alferes Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha TIRADENTES.
Herói sem medo de todo um povo”.
Fonte: www.pael.com.br
Tiradentes

AFINAL, QUEM FOI TIRADENTES?

Considerado pela Coroa Portuguesa como o cabeça da conjuração Mineira, morto por enforcamento, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, tornou-se herói nacional e uma das figuras mais polêmicas da nossa história. Muito tem-se falado dele, mas sabe-se pouco de sua vida.
O que conhecemos dele encontra-se nos Autos de Devassa da Inconfidência Mineira (Publicado pela Imprensa Oficial, Belo Horizonte,1982) em alguns documentos. Mesmo assim, pela intensidade e pela trama em que se meteu nos últimos anos de vida, nos foi legado um envolvente material que nos permite não só polemizar, como discutir esta figura, até certo ponto enigmática de nossa história.
Portanto, para compreendermos quem foi Tiradentes e buscarmos algumas pistas de seu papel na Inconfidência Mineira, é necessário analisarmos os Autos como fonte e documentação históricas. Montados pelas autoridades portuguesas, eles representam o poder da época construindo fatos, escolhendo seus personagens e suas vítimas e mesmo protegendo determinadas figuras quando isso convinha.
Desta forma, ao trabalharmos com os Autos, os utilizaremos como um documento/monumento que reflete os conflitos que marcaram uma época. Segundo Jacques Le Goff: "O documento é monumento. Resulta do esforço das sociedade históricas para impor ao futuro - voluntária ou involuntariamente - determinada imagem de si próprias. No Limite, não existe um documento-verdade. Todo documento é mentira. Cabe ao historiador não fazer o papel de ingênuo".(Documento/Momumento, Einaud, v.1, 1984, p.103)
Portanto, é a partir desse conceito, que devemos trabalhar com os Autos, não esquecendo que os presos encontravam-se incomunicáveis, sujeitos a toda forma de pressões psicológicas e torturas. Não é por acaso que o réu Francisco Antônio de Oliveira Lopes acusa o escrivão da Devassa, José Caetano César Manitti, de ter manipulado seu depoimento, que já chegou lavrado e que ele assinou sem nem ao menos ter lido. (Autos, v.4, p.275)
Em outro documento, conhecido como Exposição sobre a repressão e Julgamento dos réus da Inconfidência Mineira, atribuído a Francisco Gregório Pires Monteiro Bandeira, ex-Intendente de Vila Rica e amigo de Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, existe outra acusação ao escrivão Manitti: "... iludiu com promessa e insinuações; e, se algum resistia, com tratos. Dos sacerdotes, alguns foram encerrados em prisões tão escuras, úmidas, apertadas e fétida ...". (Autos, v.9, p.254)
Vejamos, então, como Tiradentes surge nos Autos, através de seus próprios depoimentos e de seus companheiros de conjuração. Nas suas três primeiras inquirições ele tanto nega o movimento como sua participação. Perguntado sobre o levante responde: "... que tal não há, que tudo é uma quimera, que ele não é pessoa, que tenha figura, nem valimento, nem riqueza, para poder persuadir um povo tão grande a semelhança asneira". (Autos, v.9, p.254)
Assim, ele negou até a quarta inquirição quando, repentinamente e sem uma explicação plausível, confessa ser o cabeça da conjuração, assumindo toda a responsabilidade pela tentativa de levante em Minas Gerais. Foi a partir desta resposta que grande parte dos historiadores começam a forjar sua trajetória de herói: "...que ele até agora negou por querer encobrir a sua culpa, e não querer perder ninguém; porém que a vista das fortíssimas instâncias com que se vê atacado, e a que não pode responder corretamente senão faltando clara, e conhecidamente à verdade, se resolve a dizê-la, como ela é: que é verdade, que se premeditava o levante, que ele ... confessa ter sido quem ideou tudo, sem que nenhuma outra pessoa o movesse, nem lhe inspirasse coisa alguma, e que tendo projetado o dito levante, o que fizera desesperado, por ter sido preterido quatro vezes, parecendo a ele ..., que tinha sido muito exato no serviço, e que achando-o para as diligências mais arriscadas, para as promoções e aumento de postos achavam os outros, que só podiam campar por mais bonitos, ou por terem comadres ...". (Autos, v.5, p.36)
Em outro ponto da inquirição, insiste que não havia um cabeça, mas assume a responsabilidade de ser o primeiro a falar em conjuração: "que não havia cabeça algum, que o réu ...fora sim o primeiro que falara na matéria conversando a respeito da derrama, os mais foram seguindo, e aprovando mas sem nenhum se fazer cabeça e na realidade sempre a coisa ficou como meio feito no ar ...". (Autos, v.5, p.44)
Entretanto, a sua participação surge em quase todos os interrogatórios dos demais envolvidos. A maioria revela um Tiradentes louco, falastrão, leviano, uma pessoa sem maior importância e caráter.
O Coronel Alvarenga Peixoto afirma que o tenente-coronel Freire de Andrada, comandante da Tropa Paga de Minas Gerais, e também conspirador, insistia para que o ouvisse, pois: "fazia gosto que ouvisse ao dito Alferes Joaquim José, só por ver quanto inflamado na matéria, que chegava a chorar...". (Autos, v.5, p.116)
Em outra passagem refere-se a seu aspecto físico: "Neste mesmo dia de tarde, estando ... no escritório de João Rodrigues Macedo, lhe apareceu um oficial feio, espantado ... ".(Auto, v.5, p.116)
Em um encontro entre Alvarenga e o Padre Oliveira Rolim, em que estava presente Tiradentes, após sua retirada, o próprio Alvarenga informa: "o dito padre disse a ele ... que aquele rapaz era um herói, que se lhe não dava morrer na ação, contando que ela se fizesse ...". (Autos, v.5, p.121)
O próprio Padre Rolim fala de um outro Tiradentes, muito diferente do suposto "herói" de que nos dá notícia Alvarenga: "... porém como o mesmo alferes disse a ele ..., em outra ocasião, que a alguns dizia que entravam várias pessoas a que ele não tinha falado nem sabia que entrassem, por isso ficou na dúvida, e ainda hoje está nela, de que o dito Desembargador entrasse ...". (Autos, v.5, p.348)
O Padre Toledo e Melo, outro envolvido na conspiração, fala de Tiradentes: "... O Alferes Joaquim José da Silva Xavier disse também, que ele queria para si a ação maior, e de maior risco nesta conjuração ...". (Autos, v.5, p.142)
É neste depoimento que aparece um Tiradentes que chama para si a ação de maior risco: ir a Cachoeira de Campo e cortar a cabeça do Governador Visconde de Barbacena. O Cônego Luís Vieira, grande orador e entusiasta da Revolução Americana de 1776, menciona-o em seu interrogatório, dizendo: "... que o mesmo Alferes - Tiradentes - andava por Vila Rica por casa de várias meretrizes a prometer prêmios para o futuro quando se formasse um República ...". (Autos, v.5, p.243)
É nesse interrogatório que ele surge como um bêbado que vivia nas tabernas e casas de prostituição, prometendo absurdos para as pessoas, após a formação do novo governo. Assim, o Cônego sustenta a tese do louco que não podia ser levado em consideração. Entretanto, os próprios juizes da Devassa desconfiavam que ele tivesse este conceito tão negativo em relação a Tiradentes. O que podemos constatar pelo teor de uma pergunta, que lhe foi feita: "... aí disse que o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha Tiradentes, era um homem animoso, e o abonou, e que se houvesse muitos como ele, seria o Brasil uma república florente" (Autos, v.5, p.243)
O depoimento de Vicente Vieira Mota, guarda-livros dos contratos do poderoso comerciante João Rodrigues de Macedo, é cheio de referências a Tiradentes.
Para ele, o Alferes era um louco sem limites que falava publicamente sobre liberdade e a República que se pretendia instalar nas Minas Gerais: "... que já era mui público ele andar com aquelas loucuras, e despropósitos tanto naquela Vila, como nesta cidade do Rio de Janeiro ... a que ele impaciente tornou, dizendo-lhe, o certo é que já não há homens; porém que havia de armar uma meada tal, que em dez, vinte, ou cem anos se não havia de desembaraçar ..." (Autos, v.5, p.406-407)
Ainda para o guarda-livros, até o famoso médico de Vila Rica, Dr. Tomás de Aquino Belo e Freitas o considerava um louco ao falar em liberdade pelas tavernas da cidade: "(...) tanto assim, que em uma ocasião, segundo o seu parecer depois das prisões, o médico Belo, falando-se nas ditas prisões, dissera em sua casa, que o dito Alferes era tão louco, que até pelas tavernas andava falando em República e liberdade de Minas". (Autos, v.5, p.409-410)
Porém, outros personagens vão se ocupar da figura de Tiradentes de uma maneira diferente, nos legando uma imagem até hoje aceita, e consolidada no nosso imaginário. São duas narrativas de frades franciscanos que testemunharam os momentos derradeiros dos inconfidentes: "Últimos momentos dos Inconfidentes de 1789, pelo frade que os assistiu em confissão", de Frei Raimundo da Anunciação Penaforte, que, na província franciscana da Repartição Sul, ocupava o cargo de Custódio da Mesa, de 1792 e "Memórias do êxito que teve a conjuração de Minas e dos fatos relativos a ela acontecidos nesta cidade do Rio de Janeiro desde 17 até 26 de abril de 1792", atribuída por Tarquínio J.B de Oliveira ao Frei José Carlos de Jesus do Desterro, guardião do convento de Santo Antônio.
Nestes testemunhos/narrativas vislumbramos as primeiras tentativas de formalizar, contemporaneamente, a memória histórica de Tiradentes e da Inconfidência Mineira. Elaboradas segundo o ideal e imaginário cristão, estão repletas, principalmente, de representações histórico-culturais destes autores.
Assim, Tiradentes torna-se modelo de cristão, generoso, arrependido, castigado, mas preparado para bem morrer.
Segundo Frei Desterro, Tiradentes recebeu sereno e convencido da gravidade de seus pecados a sentença de condenação.
Após a leitura do Decreto Régio, sua reação foi de alegria pelos outros réus que receberam o perdão real, e pouco trabalho tiveram seus confessores em seu consolo, pois já estava "humilhado e contrito, exercitando-se em muitos atos das principais virtudes" (Autos, v.9, p.108)
Descreve sua caminhada para a forca, como se fosse o próprio Cristo: beija os pés e perdoa o carrasco; recebe a alva, despe a camisa e fala: "Nosso Senhor morreu nu por meus pecados ..."; caminha com o crucifixo na mão, certo de "oferecer a morte como sacrifício a Deus". (Autos, v.9, p.108)
Também Frei Raimundo Penaforte relata os momentos derradeiros de Tiradentes, descrevendo a cena com o carrasco e a preparação para a execução, traçando, também, seu perfil cristão: "Ligeiramente subiu os degraus; e sem levantar os olhos que sempre conservou pregados no crucifixo, sem estremecimento algum, deu lugar ao carrasco para preparar o que era necessário; e, por três vezes, pediu-lhe para abreviar a execução" (Autos. v.9, p.174)
Assim, os frades franciscanos nos legaram um Tiradentes arrependido de seus pecados e culpa, uma imagem idealizada segundo os princípios cristãos. No final do período monárquico a vida histórica da Inconfidência Mineira é refeita.
O acontecimento é acolhido através de novas reconstruções que lhe dão vida e, por sua vez, resgatam os valores presente, inevitáveis e necessários à perpetuação ou criação do passado histórico.
O marco historiográfico que coloca a Inconfidência Mineira novamente em evidência é o livro do monarquista Joaquim Norberto de Souza e Silva, História da Conjuração Mineira, de 1873. Em um trabalho de fôlego, quando pela primeira vez são utilizados os Autos e outros documentos importantes por ele descoberto, o autor não deixa transparecer que Tiradentes pudesse ser o líder do movimento. Na sua visão, ele não passava de uma pessoa leviana, aliciado pelos ideais libertários de Álvares Maciel.
Apesar de considerá-lo tenaz e fogoso, não acreditava que tivesse condições, principalmente por sua falta de caráter, de ser o cabeça da conjuração. Ao contrário, a sua presença era muito mais nefasta do que benéfica para a causa do movimento.
Na vida ou na morte, Tiradentes não foi bem acolhido por Joaquim Norberto. Porém, delineia-se em sua obra o mesmo comportamento sereno e cristão traçado pelos frades franciscanos: "dirigiu como um mártir cristão brandas palavras repassadas em unção e de amor ao próximo ao padre que confortava dizendo que morria cheio de prazer". (SILVA, v.2, p.203)
A sua imagem é propagada, permanecendo o homem cristão resignado e convicto da vida eterna. Porém, não é desta forma que Joaquim Norberto gostaria de vê-lo diante da morte.
Para ele, esta não era uma morte digna de um herói, que não deveria morrer arrependido, contrito, humilde e conformado: "Morrera o Tiradentes, não como um grande patriota, com os olhos cravados no povo, tendo nos lábios os sagrados nomes da pátria e da liberdade ... mas como cristão preparado há muito tempo pelos sacerdotes". (SILVA, v.2, p.211)
O historiador José Murilo de Carvalho, em seu livro, A Formação das almas, nos mostra a busca republicana por um herói que representasse um mito de origem.
Este foi Tiradentes, herói místico, que Joaquim Norberto delineou com o objetivo de desqualificá-lo por sua postura cristã, acabando por contribuir para sua mitificação. Para Carvalho, o êxito de Tiradentes estava na sua identificação com Cristo, passando pelos mesmos sacrifícios, tocando o sentimento popular. Portanto, os republicanos tomam a dianteira da apropriação de sua memória, uma vez que, segundo Carvalho: "a elaboração de um imaginário é parte da legitimação de qualquer regime político". (CARVALHO, p.10)
Surge, então, a obra do historiador e pensador cristão, Lúcio José dos Santos, A Inconfidência Mineira - papel de Tiradentes na Inconfidência Mineira, de 1927. Suas idéias coincidem com a forma de pensar dos narradores religiosos do século XVIII. Ele resgata a figura de Tiradentes, colocando-o como o grande líder da Inconfidência Mineira.
Assim, para Lúcio dos Santos, a grande lição histórica da Inconfidência foi a prova que Tiradentes deixou de dedicação religiosa e de sacrifício. Acreditava que "quem é incapaz de sacrifício, é incapaz de amar, é incapaz de patriotismo". (SANTOS, p.29)
A tentativa de deixar para os futuros leitores a imagem de mártir em sintonia com os ideais religiosos não foi em vão. Os resultados, encontramos na própria historiografia da Inconfidência, no Tiradentes dos monumentos e obras de arte e finalmente como parte do nosso imaginário mítico.
O movimento sobrevive no tempo. As obras historiográficas, que utilizam os Autos e as narrativas como fonte histórica, constituíram a sobrevida necessária para que a Inconfidência Mineira não permanecesse no esquecimento.
Vários cronistas, estudiosos, historiadores, poetas e compositores escreveram sobre Tiradentes e seu ideal de liberdade: Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, exalta o "animoso Alferes" (p.79), o historiador Francisco Iglésias falou da generosidade e do símbolo do homem livre, "com o sentido de dignidade da pátria e do cidadão" (Minas de Liberdade, p.25); para o compositor Fernando Brant, o corpo espalhado em quatro cantos "são sonhos que nos alimentam de vida e de esperança" (Idem, p.31); o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, diz que "o sonho de liberdade não morre, mesmo quando esquartejada, e que o futuro tem gosto de Tiradentes" (Idem, p.39); o escritor e jornalista Zuenir Ventura, com os olhos no presente, afirma " que hoje ele não se conformaria: iria lutar também pela cidadania - ainda que tardia" (Idem, p.63), e o cronista e romancista Otto Lara Resende fala com intimidade de um rapaz meio maluco e sonhador: "A chama que ele acendeu não pode se apagar, mas sempre corre perigo. A utopia do Tiradentes continua por isso atualíssima. Ela cabe numa palavra - Liberdade". (Idem, p.91)
O brasilianista Kenneth Maxwell, em seu livro A Devassa da Devassa sugere que Tiradentes foi o bode expiatório escolhido pelas autoridades portuguesas: "Não era influente, não tinha importantes ligações de família, era um solteirão que passava a maior parte de sua vida à sombra de protetores mais ricos e bem-sucedidos". (MAXWELL, p.215-216)
Para ele Tiradentes era um homem cheio de ressentimentos, ambicioso, lutando por uma ascensão social dentro da estrutura implantada pela coroa portuguesa. Assim, afirma que: "Era óbvia a sedução que o enforcamento do alferes representava para o governo português: pouca gente levaria a sério um movimento chefiado por um simples Tiradentes...". (MAXWELL, p.216)
Resta-nos a pergunta: Afinal, quem foi Tiradentes? Apesar de tudo que se tem escrito e falado, sabemos muito pouco de sua vida. Ainda estamos presos aos Autos - o documento-monumento montado pelo poder e saber de uma época - para levantarmos algumas hipóteses em relação a sua figura e ao seu papel na Inconfidência Mineira.
Possivelmente, sua função fosse a de atrair e seduzir novos elementos para o levante. Era o aliciador que circulava por todos os lugares e no meio do povo.
Ele próprio em um de seus interrogatórios nos fornece uma pista: "Em consequência do ajuste. De que ele ... capacitasse, e seduzisse as pessoas que pudesse, para entrar na sublevação, e motim, procurou ele ...falar a algumas pessoas, usando da arte, que lhe parecia necessária conforme caracteres delas, e aproveitando as ocasiões, que se lhe ofereciam para isso ...". (Autos, v.5, p.37-38)
Além do mais, vários dos envolvidos na conspiração declararam que foram convidados por ele para tomarem parte na sedição que se preparava. O tenente coronel Francisco de Paula Freire de Andrada afirma: "Que a primeira pessoa que lhe falou na matéria do levante, e conjuração, que se premeditava fazer na Capitania de Minas Gerais, foi o Alferes Joaquim José da Silva Xavier...". (Auto, v.5, p.180)
José Álvares de Maciel, jovem estudante que acabara de chegar da Europa cheio de idéias novas, diz "... que a primeira vez que ouviu a má proposição, de que a Capitania de Minas Gerais havia de ser independente e livre, foi ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha - o Tiradentes - ...". (Autos, v.5, p.327)
O Padre Manuel Rodrigues da Costa, também, revela suas conversações com o Alferes: "...se lembra que o mesmo alferes lhe falou em que havia de falar a alguns soldados, e oficiais para aquilo mesmo". (Autos, v.5, p. 490)
Sabemos que a maioria dos indiciados tentou incriminá-lo. Se foi Tiradentes o cabeça da conjuração, não se pode afirmar com certeza. Porém, por força de ofício, sabemos que ele circulou com bastante desenvoltura e, por onde passava, exercendo a arte de falar, propagava a conjuração.
Contudo, sua imagem foi cuidadosamente e deliberadamente trabalhada pelos frades franciscanos e, mais tarde, apropriada pelos republicanos em busca da legitimação do novo regime.
O resto ficou por conta da historiografia, dos políticos, dos poetas, dos cronistas, dos romancistas, dos artistas, dos estudiosos, enfim, das paixões humanas, que o transformaram em mito de origem do nosso ideal de liberdade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUTOS DE DEVASSA da Inconfidência Mineira. Belo Horizonte, Imprensa Oficial de Minas Gerais, v. 1-9, 1976.
CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Cia da Letras, 1990.
LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1984.v.1. p.103.
MAXWEEL, Kenneth. A devassa da Devassa - A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-1808. 3ª ed, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
MINAS de Liberdade. Belo Horizonte: Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais/Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, 1992.
SANTOS, Lúcio José dos. A inconfidência Mineira: Papel de Tiradentes na Inconfidência Mineira. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1972.
SILVA, Joaquim Norberto de Souza. História da Conjuração Mineira. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948.
Fonte: www.asminasgerais.com.br
Tiradentes

Biografia do Herói da Inconfidência Mineira

Alferes Joaquim da Silva Xavier, cognominado Tiradentes é o maior Herói Nacional já consagrado pelo apoio popular e por lei, considerado o protomártir, o maior dentre todos os mártires do processo brasileiro de independência, nasceu na Fazenda do Pombal situada na circunscrição territorial da Vila de São José del Rei em 1746, seu pai pertencia a elite branca civil e servira como Almotecê na Câmara da Vila de São José del Rei, ficou órfão de pai e mãe aos onze anos de idade e por este motivo a família se dispersou e ele ficou aos cuidados de seu tio e padrinho Sebastião Ferreira Leitão, que era cirurgião-dentista registrado dos onze aos dezoito anos de idade, foi quando aprendeu os conhecimentos básicos de odontologista por isto conseguiu a profissão de dentista pratico, e com o seu primo Frei José Mariano da Conceição Velloso que fez os seus estudos em Mariana, quando desenvolveu extraordinária habilidade em botânica e estando no convento do Rio de Janeiro organizando a obra Flora Fluminense, nesta época Tiradentes manteve longo contato com o frei e desses contatos, ele recebeu extraordinário conhecimento das plantas medicinais, curando varias pessoas e espalhando a fama neste sentido no Rio de Janeiro.
Tiradentes aos dezoito anos de idade optou pela carreira das armas, alistando-se em 1 de Dezembro de 1775 diretamente ao posto de Alferes no Regimento de Cavalaria de Minas Gerais sendo designado para a sexta companhia, aonde foi aceito pelo fato de pertencer a elite branca e de possuir uma utilíssima habilidade técnica, que era a de dentista.
Durante o período de 1777 a 1779 esteve morando no Rio de Janeiro em missão oficial. Servindo nas forças de defesa contra possíveis invasões espanhola e no ano de 1780 estava na cidade de Sete Lagoas em Minas Gerais como Comandante do Destacamento local encarregado da guarda do registro da porta de entrada do Vale Médio do Rio São Francisco, onde estabeleceu correspondência com o contratador João Rodrigues de Macedo sobre alguns problemas na administração dos seus contratos naquela região e em 9 de Abril de 1781 o Alferes foi nomeado como Comandante do Destacamento do Caminho Novo com o objetivo de construir uma variante no caminho de Vila Rica para o Rio de Janeiro, e em 26 de Junho de 1781 Tiradentes iniciou as picadas com a pequena tropa e mais oito escravos pertencentes ao Tenente Coronel Manoel do Vale, devido a pouco mão de obra empregada os trabalhos se tornaram lentos, porém em ritmo intenso, com isto o Alferes conseguiu fazer chegar a picada até lugar em que foi instalado o Quartel de Porto de Meneses aonde Tiradentes permaneceu destacado como comandante da tropa militar de guarda do novo caminho. No ano de 1784 por indicação do Governador, o alferes e designado pela portaria de 16 de Abril de 1784 para tomar providencias e guarnecer as fronteiras a leste da Capitania de Minas Gerais nos limites com o Rio de Janeiro, pelo fato de ser vedado a mineração e ao cultivo na área por razões de segurança tributarias, a partir de 1786 até 1789 o Alferes iniciou uma serie de viagens ao Rio de Janeiro, em uma época decisivamente do período conspiratório, além de apresentar notáveis projetos de melhoramento urbano para o Rio de Janeiro.
Como o de abastecimento de água, pois as lagoas e os pântanos eram poluídos e insalubres o que obrigavam que os habitantes a buscarem a água em lagoas distantes, através do trabalho escravos, e o seu projeto de canalização e de construção de novos moinhos atiçaram a ira dos comerciantes, mesmo assim ele foi apresentado ao Conselho Ultramarino em Lisboa, que despachou ao Vice-rei com a recomendação que a Câmara Municipal opinasse sobre o projeto de Tiradentes.
A Câmara que era composta por elementos que tinha interesses contrários ao projeto, rejeitou o plano e consideraram o mesmo como prejudicial e inconveniente, sem apresentar os motivos, Tiradentes ainda tentou insistir junto ao Vice-rei e nessa luta para conseguir ver aprovado o seu projeto, o Alferes procurava convencer as pessoas em todos os lugares e desses contatos, passou a expor o plano da revolução a diversas pessoas que teriam interesses em separar o Brasil do reino lusitano e especialmente com os comerciantes, cujos projetos liberais se chocavam com o sistema mercantilista fechado que obstava o comercio livre e generalizado com todas as nações. Tiradentes andava por todos os lados com livros sobre a Independência norte-americana e cada vez mais procurava ler tudo que se relacionasse ao assunto de modo aberto e sem preocupação, pois estava entusiasmado pelo assunto, ele era loquaz e procurava convencer as pessoas as suas idéias, sempre andava apressado e agitado e devido a esse modo de ser e de agir, demonstrava o reflexo de uma personalidade exaltada e por esta razão recebeu os apelidos de além da própria palavra tira-dentes, chamam-lhe o de corta-vento, Gramático, o Republica, o Liberdade.
Se não serve para a historia, serve para a cultura geral demonstrar a aparência pessoal de um personagem, em todos os países civilizado os vultos nacionais estão em telas espalhado pelos museus, escolas, instituições culturais, infelizmente no Estado do Brasil a arte pictórica não se desenvolveu acentuadamente no século XVIII, aquela tendência verificada na Europa de se guardar as cenas familiares, por este motivo os quadros referentes a Tiradentes são todos imaginários e feitos no final do Império ou no início da Republica ou seja mais de um século depois de sua existência.
E o único modo de se conseguir a descrição física de Tiradentes são as referencias documentais encontradas no Arquivo Histórico Ultramarino em Lisboa, em 1789 ele estava com quarenta e dois anos de idade, era branco, usava bigode e muito provavelmente não usava barba, andava com uma farda azul forrada de vermelho e adornada com fios prateados, e alguns historiadores afirmam que ele tinha uma cicatriz no rosto, morreu solteiro mais deixou descendência, uma de nome Joaquina de sua união com Antonia do Espírito Santo.
Tiradentes teve papel destacado na conspiração e a sua participação foi decisiva, entregou-se de corpo e alma ao movimento, literalmente; a Independência do Brasil, tornou-se o motivo de sua vida, pois radicalizou sua posição ao ponto de não importa-se com a entrega da própria vida naquela revolução, preparada silenciosamente por homens notáveis, seu modo de agir contrastava com o dos outros conspiradores, pois falava abertamente sobre a necessidade da revolução e pregava-a em qualquer lugar, e sabia-a do desejo do povo mineiro, por este motivo não receava abrir-se com quem quer que fosse, nem escolhia o momento e o lugar.
O Alferes Silva Xavier tinha uma caráter excepcionalmente elevado, pois suas respostas no primeiro depoimento em 22 de Maio de 1789 foram firme, sem medo, não comprometeu a ninguém não deu nenhum detalhe, não confirmou nada a respeito sobre a sua participação na conjuração, negou tudo, e cinco dias depois foi interrogado novamente e continuou negando tudo, levando o depoimento para detalhes sem importância, resistindo tudo e a todos bravamente.
No terceiro interrogatórios em 30 de Maio de 1789 continuou negando firmemente, porém quando acareado com Joaquim Silvério dos Reis, sofre um forte abalo, pois até o presente momento, Tiradentes não sabia que Silvério dos Reis havia delato a conspiração e neste momento descobriu que a revolução e os revolucionários já eram do conhecimento dos devassantes e após mais de seis meses incomunicável, ele e novamente interrogado em 18 de Janeiro de 1790, foi quando resolveu confessar a participação no movimento revolucionário, assumindo sozinho a culpa e isenta os demais participantes; diz que planejou a revolução por motivos pessoais, com isto o radical revolucionário iluminista do século XVIII lavara a alma e entregara sua vida.
A estrutura moral de Tiradentes revelada por seus depoimentos é que lhe conferiu a grandeza de líder da fracassada revolução mineira de 1789, pois em todos os depoimentos que continuaram até ao seu enforcamento continuou despistando e negando a participação de outras pessoas e revelando apenas o que os ministros já sabiam. Tiradentes foi morto na manhã de um sábado dia 21 de Abril de 1792, em uma forca armada no Largo da Lambadas defronte a Igreja da Lambadas no Rio de Janeiro.

Motivos do levante

Entre os principais movimentos emancipacionistas que já possuem um caráter questionador do Sistema Colonial, o de maior importância foi a INCONFIDÊNCIA MINEIRA, o mesmo que CONJURAÇÃO MINEIRA.
Na segunda metade do século XVIII, Minas Gerais entrou em fase de decadência econômica. As jazidas de ouro estavam se esgotando, e cada vez mais os mineiros se endividavam e empobreciam. Mas a Coroa Portuguesa não reduzia seus impostos, O QUINTO, que era o imposto cobrado sobre toda a produção aurífera, não atingia mais as 100 arrobas ( 1500 kg), alegando que a diminuição da quantidade do mineral extraído se dava pelo contrabando do ouro nas minas.
No ano de 1788 Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena, veio substituir o corrupto governador Luís da Cunha Meneses. Mostrando assim o zelo que a Coroa tinha para com sua Capitania mais produtiva, Minas Gerais.
O visconde chegou a Vila Rica (hoje Ouro Preto) com ordens expressas para aplicar o alvará de dezembro de 1750, segundo o qual Minas precisava pagar cem arrobas (ou 1.500 Kg) de ouro por ano para a Coroa, caso não fosse atingida a meta estabelecida seria feita A DERRAMA, que seria um imposto extra cobrada de toda a população até que o montante de 100 arrobas fossem recolhidos. O Imposto já teria data marcada, fevereiro de 1789 era o dia escolhido.
Um clima de tensão e revolta tomou conta das camadas mais altas da sociedade mineira. Por isso, importantes membros da elite econômica e cultural de Minas começaram a se reunir e a planejar um movimento contra as autoridades portuguesas. Inconfidência Mineira foi o nome pelo qual ficou conhecido o movimento rebelde e foi organizado pelos homens ricos e cultos de Minas Gerais. Ricos que não queriam pagar os impostos abusivos cobrados pela Metrópole. Cultos que tinham estudado na Europa e voltavam ao Brasil com influências do pensamento liberal dos filósofos franceses (Rousseau, Montesquieu, Voltaire e Diderot). Gente que se inspirava nas idéias do Iluminismo, que estavam em alta na Europa e impulsionaram a independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).
No dia 26 de dezembro de 1788, na casa do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, chefe do Regimento dos Dragões, alguns dos sujeitos mais importantes de Minas se encontraram para uma reunião conspiratória. Três tipos de homens estavam na reunião: ideológicos, como o filho do capitão-mor de Vila Rica, José Álvares Maciel; ativistas revolucionários como o alferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) e, em maior número e muito mais voz de comando, mineradores e magnatas endividados, como Alvarenga Peixoto e o padre Oliveira Rolim, notório traficante de diamantes e escravos.
Mais tarde na segunda reunião, no mesmo local, se juntaria ao grupo o negociante Joaquim Silvério dos Reis, talvez o homem mais endividado da capitania, com um passivo oito vezes superior aos ativos. Também participaram do movimento Cláudio Manuel da Costa (minerador e poeta, formado em Coimbra), Tomás Antônio Gonzaga (poeta e jurista), Toledo e Melo (padre e minerador), Abreu Vieira e Oliveira Lopes (coronéis). Ficou decidido que, no dia em que fosse decretada a derrama, a revolução eclodiria. Os planos para o golpe eram tão vagos quanto os projetos do futuro governo.
O que pretendiam
A Inconfidência Mineira não foi uma revolta de caráter popular. Visava apenas o fim da opressão portuguesa que prejudicava a elite mineira. Não tinha como finalidade acabar com a opressão social interna que explorava a maioria do povo, e nem com escravidão. Visa alcançar:
Rompimento com a dominação metropolitana e a proclamação da República do Brasil, e não de uma República Mineira.
Mudança da Capital de Vila Rica (Ouro Preto), para São João Del Rei-MG.
Tomás Antônio Gonzaga, governaria por 3 anos e após este período haveria eleições.
Criação da Casa da Moeda, fábrica de pólvora e uma siderúrgica.
O envio do dízimo aos padres das paróquias para que mantivessem hospitais, escolas e casas de misericórdias.
Traição
Para destruir um movimento desorganizado como esse, bastou que o coronel Joaquim Silvério dos Reis denunciasse os planos dos inconfidentes ao governador de Minas Gerais. O objetivo de Silvério dos Reis era conseguir perdão para suas dívidas junto à Fazenda Real, o que realmente obteve. Participaram também da denúncia dois outros militares: Basílio de Brito Malheiros e Inácio Correia Pamplona.
Informado pelos traidores da conspiração que se tramava, o visconde de Barbacena suspendeu imediatamente a cobrança dos impostos. E rapidamente organizou tropas para prender, um por um, os revoltosos.
Julgamento
Todos os participantes da Inconfidência Mineira foram presos, julgados e condenados. Onze deles receberam sentença de morte, mas D. Maria I, rainha de Portugal, modificou a pena para degredo perpétuo em outras colônias portuguesas na África. Só Tiradentes teve sua pena de morte mantida.
Era justamente o mais pobre e mais entusiasmado com a idéia de tornar o Brasil um país independente. Percorrendo o país como mascate e, depois, como militar encarregado de proteger o caminho que liga Minas ao Rio, Tiradentes impressiona-se com a pobreza e a exploração do povo. Influenciado pelas idéias iluministas, Tiradentes prega a revolução nas tavernas, bordéis e casas de comércio.
Entusiasmado e falador, é conhecido também como Corta-Vento, Gramaticão, República e Liberdade. Apesar da atitude considerada imprudente pelos colegas de conspiração, o alferes jamais seria delatado por alguém que tivesse aliciado. No dia da execução de Tiradentes, um sábado de 21 de abril de 1792, o governo convocou sua tropa de soldados para assitir à cerimônia em uniforme de gala. O objetivo era exibir a força do poder para matar Tiradentes: aquele que mais simbolizava a figura do povo na Inconfidência.
A condenação de Tiradentes foi de uma crueldade terrível. Foi enforcado em praça pública, no Campo de São Domingos, no Rio de Janeiro. Depois, sua cabeça foi cortada e levada até a cidade de Vila Rica, para ser pregada no alto de um poste. O resto do seu corpo foi dividido em quatro partes e pregado pelos caminhos de Minas Gerais. Sua casa foi arrasada e seus possíveis filhos foram declarados infames.
Os conspiradores
José da Silva Xavier (Tiradentes): (1746-1792) Assentou praça no Regimento de Dragões, chegando até o posto de alferes (na época, posto abaixo de tenente) apesar do longo tempo de serviço. Explorou mina de ouro sem muito sucesso e exercia a profissão de dentista, de onde veio o apelido de Tiradentes. Era mascate (vendedor ambulante) quando, em Vila Rica, conheceu José Alves Maciel, que regressara da Europa e trazia idéias de república e libertação.
A partir daí participou da Inconfidência Mineira. Ele foi preso em maio de 1789 no Rio de Janeiro, quando buscava apoio da província vizinha. No dia 18 de abril de 1792 era proferida a sentença aos 29 presos, sendo 11 condenados à forca e os restantes ao degredo.
No entanto, 48 horas depois, no dia 20 de abril, era proferida nova sentença condenando Tiradentes à forca e os demais ao degredo na África. No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado no Campo de S. Domingos, no Rio de Janeiro.
Seu corpo foi esquartejado e os despojos expostos em locais onde exercera seu papel de conspirador. Na década de 1870 os clubes republicanos tentaram resgatar a memória de Tiradentes. Um Decreto de 1890 considerou o dia 21 de abril de feriado nacional. Em 1928, Décio Vilares pintou a óleo o retrato de Tiradentes, aproximando suas feições de uma gravura popular de Cristo, numa simbologia de mártir da pátria.
Claúdio Manuel da Costa: (1729-1789) Bacharelou-se em Canônes na universidade portuguesa de Coimbra e logo após abriu um escritório de advocacia em Vila Rica. É um dos fundadores da Arcádia Ultramarina. Era juiz das Demarcações de Sesmarias do Termo de Vila Rica quando começou a Inconfidência Mineira. Ao ser preso com os conspiradores, enforcou-se dois dias depois na cela. mesmo assim foi declarado infame sua memória e seu filhos e netos, tendo os bens confiscados. Em 1792 o tribunal de Alçada revogou a sentença, determinado que o governo entregasse, a quem pertencessem, os bens confiscados.
Inácio de Alvarenga Peixoto: (1732-1793) Doutorou-se pela Universidade de Coimbra, em 1759. Como protegido do marquês de Pombal, permanceu em Portugal até 1776. Logo depois, no posto de coronel, assumiu o comando do Regimento de Cavalaria de Campanha do Rio Verde, onde possuía grandes propriedades rurais. Casou com a poetisa Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira. Envolveu-se na Inconfidência Mineira e foi preso em maio de 1789, em S.João D'El Rei, sendo enviado para Vila Rica e daí para a Corte. Durante o interrogatório denunciou os companheiros. Condenado inicialmente à morte, teve a pena comutada para degredo em Angola, onde morreu em 1793.
Tomás Antônio Gonzaga: (1744-1812) Ingressou na Universidade de Coimbra em 1763 e formou-se em Leis. Voltou ao país em 1782 e trouxe uma biblioteca com 90 livros. Foi nomeado Ouvidor da Comarca de Vila Rica, fez amizade com o advogado Cláudio Manuel da Costa e conheceu a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, chamada de Maríla em suas poesias. Foi preso em maio de 1789 sendo recolhido à cadeia da Ilha das Cobras. Condenado ao degredo perpétuo na África, teve a pena comutada para 10 anos. partiu para Moçambique em 1792 e exerceu o cargo de Juiz de Alfândega. Casou-se em 1793 com a filha de um rico negreiro Alexandre Roberto Mascarenhas. No final de sua vida perdeu a razão. Deixou as obras literárias Marília de Dirceu, versos, e Cartas Chilenas, crítica mordaz ao governo de Minas Gerais.
Joaquim Silvério dos Reis: primeiro a delatar a conspiração, em troca de perdão de uma dívida de 220 mil réis. Foi para Portugal em 1794 depois de sofrer dois atentados em Minas e Rio. Em Lisboa, é recebido pelo príncipe-regente D.João. Condecorado com o Hábito de Cristo e o título de fidalgo da casa real em foro e moradia, recebe pensão anual de 200 mil-réis. volta ao Brasil com a corte real, em 1808, e assume o posto de tesoureiro da bula de Minas, Goiás e Rio.
Sentença Mortal
Sentença de condenação de Tiradentes, proferida pelo tribunal de alçada em 18 de abril de 1792.
(...) Portanto, condenam ao réu Joaquim da Silva Xavier, por alcunha de Tiradentes, Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas Gerais, a que, com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural, para sempre, e que depois de morto, lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, aonde, em lugar mais público dela, será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos e pregados em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também o consuma. Declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e no mesmo chão se levantará um padrão, pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu.
Fonte: www.abrali.com
Tiradentes

"LIBERTAS QUAE SERA TAMEM", LIBERDADE AINDA QUE TARDIA 21 DE ABRIL

QUANDO TUDO ACONTECEU...
1746: Nasce em Pombal, distrito de S. José d’el Rei (hoje Tiradentes), Minas Gerais, Joaquim José da Silva Xavier. Os pais são Domingos da Silva Santos, nascido em Portugal, e Maria Antónia da Encarnação Xavier, nascida na Vila de São José d’el Rei (Brasil).
1755: Morre Maria Antónia; o viúvo e os órfãos mudam-se de vez para a Vila de São José.
1757: Órfão de pai.
1780: Arregimenta-se como soldado.
1781: É promovido a Alferes.
1786: A mando do governador da capitania de Vila Rica, leva brilhantemente a cabo estudos demográficos, geográficos, geológicos, mineralógicos - quer de aplicação civil, quer militar.
1788: Envolve-se na Inconfidência contra a Coroa portuguesa
1789: Como conspirador, é preso no Rio de Janeiro.
1792: É enforcado em praça pública e depois esquartejado.
Tiradentes
À BEIRA DO FIM...
Tiradentes incita os Inconfidentes.
1789, Rio de Janeiro.
A 1º de maio aparece na cidade o coronel Joaquim Silvério. Logo trata de visitar - e com que frequência – o conde de Resende.
No dia 2, grande azáfama. Cubículos especiais são mandados construir em algumas das piores prisões. A sua guarda pessoal passa a ser constituída exclusivamente por portugueses. Dois granadeiros são encarregados de vigilância extraordinária. Informações sobre as origens de todos os seus soldados são solicitadas com urgência – estes são portugueses, aqueles são brasileiros....
Os granadeiros vigiam Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes, por causa do ofício que aprendera com o padrinho. Agora é alferes do Regimento, pago por Vila Rica, Minas Gerais. Procurava gente que o ajudasse a libertar o Brasil através duma conspiração abominável.
Sabedor de tal crime, o governador de Minas havia encarregado o Coronel, amigo do suspeito, de seguir seus movimentos e comunicar seus achados diretamente ao
Vice-Rei. Tiradentes sonha. Ao ajudante de artilharia Nunes Cardoso, proclama: - Esta terra há ser um dia maior que a Nova Inglaterra! Mas as suas riquezas só as poderemos alcançar no dia em que nos libertarmos do jugo dos portugueses, para sermos os senhores da terra que é nossa.

Nunes Cardoso empalidece. Roga-lhe que nunca mais se refira a tais assuntos… Mas Tiradentes não desiste. Pede a várias pessoas que lhe traduzam livros políticos ingleses, também a Declaração da Independência americana. Alguns dos livros têm até referências elogiosas à República…
Em Vila Rica, na casa de João Rodrigues de Macedo, chegara mesmo a exibir a lista, por ele levantada, dos habitantes da capitania e comentara: - Têm Vossas Mercês aqui todo este povo açoitado por um só homem, e nós todos a chorarmos como negros – ai, ai... E de três em três anos vem um, e leva um milhão; e os criados levam outro tanto; e como hão-de passar os pobres filhos da América? Se fosse outra nação já se tinha levantado!
Os amigos pedem-lhe que pare. "Além disso, tens estado a ser seguido por dois granadeiros", informam-no. Tiradentes primeiro pensa em liquidá-los. Depois opta por regressar mais depressa a Minas, quem sabe se na mira de precipitar o golpe...
Pede um bacamarte emprestado e inicia os preparativos para a fuga. Mas, vigiado como anda, logo percebe que é impossível fugir. Esconde-se. Em viagem anterior, havia curado a chaga cancerosa no pé da filha de uma viúva. Pede-lhe ajuda.
O decoro manda que não alberguem homem em casa. Tiradentes, por sua recomendação, vai para casa do ourives Domingos Fernandes, guiado pelo Padre Inácio Nogueira, sobrinho da viúva. Aí entra, no dia 7de maio, por volta de dez da noite.
O desaparecimento de Tiradentes provoca pânico entre os adversários. Na manhã do dia 8, pede ao padre que visite o coronel Joaquim Silvério, que continua a julgar seu amigo. O delator, que periodicamente envia relatórios escritos ao Vice-Rei sobre as atividades do amigo, finge-se preocupado. Quer saber do paradeiro de Tiradentes para poder ajudá-lo...
Mas o padre é jesuíta, contorna a inquirição, afirma não morar na Corte. Silvério não desarma e, ao encontrar na rua, no dia seguinte, outro clérigo, pergunta pelo padre Inácio. - Tenho bom negócio a propor-lhe. O outro cai na esparrela e eis o padre Inácio arrastado para o palácio do Vice-Rei.
Pessoa comum, não resiste às ameaças, inclusive de morte. A teia começa a ser tecida.
INFRA-ESTRUTURA I
Tiradentes
Na segunda metade do século XVIII, do Rio de Janeiro para o Norte, o processo econômico dominante é a monocultura agrária sustentada pela mão-de-obra escrava, uma espécie de feudalismo tardio importado da Europa.
Já no Centro, em Minas Gerais, e também em Mato Grosso, a presença de ouro e diamantes, recentemente revelada, produz outro tipo de sistema econômico. São Paulo era a província em que mais tomara forma uma população brasileira autêntica, pronta a tomar posse de tudo a que pudesse lançar mão: mineral, vegetal, ou… humano.
Depressa irrompem por Minas e Mato Grosso e não viram a cara ao confronto com aqueles que se lhes opõem. Assim, em 1708, no Rio das Mortes, chacinam os emboabas. Este é a alcunha tupi que davam aos "reinois" (portugueses que ensacavam ouro), pois emboaba quer dizer galinha ou pinto calçudo, evocação sarcástica das botas de cano alto usadas pelos portugueses que vinham da Metrópole para sacar e enviar para Lisboa o ouro do Brasil.
A cidade principal da capitania é Vila Rica, vinte mil habitantes, luxo, esbanjamento, aventura, sangue. E a nova situação afeta os mercados do Norte, pois "isto anda tudo ligado". O preço dos negros sobe consideravelmente nos mercados de escravos.
Tanto basta para que, no Reino, os poderosos imponham as suas vontades: esse ouro pertence à Metrópole e não à Colônia de onde é extraído. Se necessário, não vão hesitar em recorrer à força. Porém, o tempo é amigo da distância e esta é irmã do desrespeito.
Os escravos são trocados por ouro, através da Baía. As trocas comerciais estimulam o aparecimento de novas necessidades e, consequentemente, alarga-se o leque das ofertas. A sociedade prospera.
Em Minas, e também em São Paulo, há grandes feiras. Rasgam-se caminhos para o Sul, sedimenta-se o território. O gado vem do Rio Grande, quer para o abate, quer para a produção leiteira. A repressão aumenta, ciclo vicioso. Novas leis ditando os direitos da Coroa sobre o ouro.
Igualmente visando pôr fim ao contrabando, a revolta cresce e nessa revolta começa a germinar uma idéia: nacionalidade. Como todas as idéias, tem uma história e um precursor, que por sua vez tem
Nome: Filipe dos Santos.

A PRISÃO

Tiradentes
Os vultos assomam às janelas. Os mais afoitos saem à rua, timidamente, olham de longe, falam baixinho. Uma centena de soldados comandados pelo Alferes Francisco Pereira Vidigal impede o trânsito no quarteirão onde fica a casa do ourives Domingos Fernandes, contratador e marcador de prata.
O cerco aperta. A casa parece deserta. Um soldado informa que um homem se escondeu no sótão com uma arma na mão. Vidigal, incerto, acaba por mandar forçar a entrada. Irrompe no sótão, rodeado por dezenas de soldados. O homem escondido encara todos de frente, mas não reage, não fala.
Entrega-se. Veste o dólman. Põe o chapéu. - Que pretendia fazer com o bacamarte? -Resistir, mas são tantos…
INFRA-ESTRUTURA II
As contas do Rei são fáceis: seu, é um quinto de todo o ouro brasileiro. Não admira que aumentem as confrontações entre brasileiros e portugueses. Os resultados são variáveis. Se no Rio das Mortes quem leva a melhor são os paulistas, no Caeté vira-se o feitiço.
Braz Baltazar da Silveira, governador desde 1713, passa a cobrar outros impostos além do quinto, as chamadas taxas de entrada. E, como o Rei supunha ser na mesma enganado, para garantir o quinto, cobram-se dez oitavas de ouro por bâtea. O governador tenta um acordo que o Rei reprova.
Nova tentativa resulta num compromisso. Para além de uma redução nos outros impostos e taxas, em vez do quinto, passarão as capitanias a arrecadar trinta arrobas de ouro e a enviá-las para o Reino. O governador inclui no acordo uma cláusula que virá a se tornar importante: autorizações para decretar derramas (para garantir mesmo as trinta arrobas) e para criar novos impostos quando quisesse. E isso acontece mesmo.
Antes do(s) acordo(s), surge a revolta do Rio Vermelho. Depois, as de Vila Rica, de Pitangui, do Rio das Velhas.
Instabilidade:
Entra em cena um novo governador, em 1717, o Conde de Assumar.
Agitação:
O Conde propõe reduzir a taxa para vinte e cinco arrobas, mas todos os impostos vão para a Coroa por inteiro, nada fica no Brasil. O Rei ainda não está satisfeito e manda construir quatro fundições em Minas, que devem tratar todo o ouro e mandar vinte por cento do total fundido para a Metrópole.
O quinto, o famigerado quinto...
Até hoje, em pleno século XXI, o brasileiro ainda usa a expressão, que tanto marcou negativamente a sua História: quintos do Inferno... Naquela época, para piorar as coisas, o Governador exige que não mais se use o ouro em pó, até aí a real, apesar de não ser a Real, moeda.
Revolta:
A de Vila Rica é a mais importante. O Conde de Assumar assina o acordo. O povo festeja. A mando do Governador, os soldados praticam violências e saques. Prendem também os chefes do movimento, que são enviados para Lisboa, condenados e presos. Filipe Santos é o chefe popular. Sabendo que não pode recuar, incita as massas contra o opressor: libertem os prisioneiros, rompam-se as amarras com a Metrópole! É preso, julgado e enforcado. O cadáver é preso a um cavalo que lançam a galope. Sangue e morte. E a encenação ainda virá a se repetir...
INFRA-ESTRUTURA III
Ouro e diamantes:
Destes confirma-se que valem uma fortuna pela peritagem holandesa. Logo, o monopólio pela Metrópole. A zona de Rio Frio, conhecida pelo Distrito Diamantino, vive quase em estado de guerra, tal é a repressão, o rigor no controle. Nada escapa à voracidade da Metrópole.
Consequência direta: o aumento do contrabando. E é no contrabando que vai ganhando forma a idéia nacional, pois não é ele, por excelência, o meio de luta contra a Coroa? Tanto quanto as armas, vale a criação de uma verdadeira economia regional. Além do mais, o fenômeno do contrabando não é tipicamente brasileiro, nem sequer latino-americano, nem apenas exclusivo da época…
ILUMINISMOS E ILUMINAÇÃO
"Está mais ou menos generalizada no Brasil a idéia de que a Inconfidência foi só um movimento de protesto contra a derrama que o governo português mandou fazer em 1789, a fim de recolher na capitania, de forma violenta, as quinhentas e vinte e oito arrobas de ouro de que se julgava credor. Isso não é verdade.
A notícia de que a derrama se aproximava contribuiu, é claro, para agravar a situação e apressar o trabalho dos conspiradores, mas a idéia da conspiração - ou da revolução, pode-se mesmo dizer - vinha de mais longe e tinha razões mais complexas. "A Inconfidência não pretendia apenas libertar Minas e o Brasil do jugo da Metrópole. Queria - e isto é o que precisa ficar bem claro - formar aqui uma grande nação republicana, com suas indústrias, com um corpo de leis moderníssimas, de acordo com os postulados revolucionários que agitavam a França, e por influência inglesa e francesa, tinham já sido vitoriosos nos Estados Unidos." (Brasil Gerson, in "História Popular de Tiradentes")
A riqueza de Vila Rica permite a formação de uma elite intelectual, homens de Letras, homens de leis. Uma certa juventude desafogada estuda na França, onde bebe o fermento revolucionário. E nesse mundo, os revolucionários dão-se as mãos. Kosciuzko, o libertador da Polônia, bem como Lafayette, Bouilé e Rochanbeau, heróis franceses, tornam-se heróis ianques e lutam ao lado dos founding fathers - Benjamin Franklin, George Wahington e Thomas Jefferson.
Miranda, o aventureiro venezuelano, torna-se general do exército francês em luta contra ingleses, austríacos e prussianos. Abreu e Lima, brasileiro e filho de padre é, nos Andes, general de Bolívar.
José Joaquim da Maia, filho de pedreiro, estuda na França às custas do pai. Pede audiência reservada a Jefferson, então embaixador na França. Apenas tem entusiasmo para oferecer. Trocam correspondência. Apesar de tudo, o amigo americano afirma que reconhecerá a independência do Brasil, tão logo ela aconteça. E trocas comerciais. E ajuda no estabelecimento de indústrias. Vandek (tal é o nom de guerre de José Joaquim), aproveita a troca de cartas para cimentar idéias. É o início ainda tímido do pan-americanismo.
Morre sem sequer ver a Inconfidência - doente, por ironia em Portugal. Influência em Tiradentes, será muito mais direta a de José Álvares Maciel, que andava pela Inglaterra enquanto José Joaquim estava na França.
INFRA-ESTRUTURA IV
Os governadores se sucedem. A turbulência social não diminui. A sangria do ouro, face às novas leis, é ainda maior. Um dos governadores decreta uma dotação extraordinária de 125 arrobas. Os impostos não param de aumentar; não apenas sobre a mineração - todas as atividades econômicas são sujeitas ao mesmo tratamento.
Apesar de tudo, única maneira de acalmar os ânimos, chegam ao fim as casas de fundição. Curvello tenta a Revolução.
Quinze conspiradores são exilados para não mais voltarem. E, a partir de 1755, são proibidas as indústrias. Os teares apenas podem fabricar tecidos para uso dos escravos. E o fisco persegue a mineração como nunca. O caos se instala. O descontentamento aumenta.
Em 1780, Rodrigo José de Menezes é o Governador que tenta rumar contra a maré. Propõe uma série de reformas que considera essenciais. O Rei apenas se propõe a contemplar a implantação do serviço postal.

TIRADENTES: "MORTE MATADA"

No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes é enforcado no Largo do Lampadário, no Rio de Janeiro. Dos Inconfidentes, é o único executado e serve de exemplo. O seu corpo é esquartejado. Pedaços dele são espalhados pela estrada que vai para Vila Rica. Uma gaiola com a sua cabeça é alçada a um poste cravado no centro de Vila Rica.
De morte assim "matada", Tiradentes morre solteiro. Deixa, porém, dois filhos menores, Joaquina e João. Apesar de terem declarado infame o nome do pai e o da família, João é adotado por um comerciante. Seguirá a carreira militar. Joaquina vive com a mãe até a maioridade - ambas pobres, afastadas do mundo e de todos, privadas de auxílio pelo clima de terror.
Eugênia Maria de Jesus, a companheira de Tiradentes, era considerada bonita - despretensiosa, clara, de olhos azuis. Mas a pobreza tudo mata. Tiradentes será herói e lenda, elas de nada sabem.
INCONFIDÊNCIA
Alguns Inconfidentes resistem ao interrogatório, outros não. A insurreição está marcada para quando começar a derrama. É até desenhada uma bandeira, um triângulo e os dizeres em latim LIBERTAS QUAE SERA TAMEM (Liberdade ainda que tardia). Mas os Inconfidentes começam a ficar inquietos. O Governador parece mandar indiretas a Alvarenga.
Tiradentes
O padre Carlos de Toledo percebe que se alguma coisa correu mal, só pode ser por denúncia. - Mas de quem, homem de Deus? - Só pode ter sido Joaquim Silvério, por alguma razão lhe chamam Joaquim Sallieri... (evocação de Sallieri que traíra Mozart).
E, de fato, o Coronel Joaquim Silvério, crivado de dívidas perante a Coroa, trai os seus companheiros na Inconfidência e tudo vai delatar às autoridades portuguesas.
Para suprimir o sinal para a revolta, o Governador não executa a derrama. Um vulto vestido de mulher, cabeça coberta por grande chapéu, vai de casa em casa. Todos os conspiradores são avisados que Tiradentes havia sido preso no Rio. Um a um são todos presos e enviados para o Rio, maltratados. Ficam por três anos presos, incomunicáveis.
O desembargador e poeta Tomás Antônio Gonzaga acabará desterrado em Moçambique. Em versos à sua musa Marília, escrevera premonições: "...mil inocentes / Nas cruzes pendentes, / Por falsos delitos, / Que os homens lhes dão."
O advogado e poeta Cláudio Manuel da Costa, sessenta anos, espera menos tempo. Aparece misteriosamente morto no cubículo infecto onde o encerraram e aviltantemente interrogaram. Suicídio, dizem... Presos, uns resistem e outros não. Os três anos de sofrimento e a perspectiva de morte revelam personalidades inesperadas entre os Inconfidentes. Maciel, o teórico do movimento, depõe várias vezes e em todas elas tenta passar por inocente e atribuir todas as culpas aos outros conjurados.
Que o instigador de tudo fora Tiradentes... O mesmo afirma em carta ao Governador o Tenente-Coronel Francisco de Paula. Comandante da tropa mais importante em terra brasileira, sua pena será decerto das mais severas.
Alvarenga, esse, inventa. Afirma que Tiradentes é estúpido, que as reuniões dos Inconfidentes eram cenas depravadas. Em latim, lança elogios ao Governador. Como podem fazer parte da mesma história que Tiradentes?
TIRADENTES
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, (Fazenda do Pombal, batizado em 12 de novembro de 1746 — Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792) foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil colonial, mais especificamente nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Brasil, é reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico e herói nacional.
Biografia
Nascido em uma fazenda no distrito de Pombal, próximo ao arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, à época território disputado entre as vilas de São João del-Rei e São José do Rio das Mortes, na Minas Gerais. O local de nascimento é uma ironia da história. O Marquês de Pombal foi arqui-inimigo de Dona Maria I contra a qual Tiradentes conspirou, e que comutou as penas dos inconfidentes.
Joaquim José da Silva Xavier era filho do reinol Domingos da Silva Santos, proprietário rural, e da brasileira Maria Antônia da Encarnação Xavier, tendo sido o quarto dos sete filhos.
Em 1755, após o falecimento da mãe, segue junto a seu pai e irmãos para a sede da Vila de São José; dois anos depois, já com onze anos, morre seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perde as propriedades por dívidas. Não fez estudos regulares e ficou sob a tutela de um padrinho, que era cirurgião. Trabalhou como mascate e minerador, tornou-se sócio de uma botica de assistência à pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, e se dedicou também às práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de vendedor de alho, o que lhe valeu a alcunha Tiradentes, um tanto depreciativa. Não teve êxito em suas experiências no comércio.
Com os conhecimentos que adquirira no trabalho de mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos. Começou a trabalhar para o governo no reconhecimento e levantamento do sertão brasileiro.
Em 1780, alistou-se na tropa da Capitania de Minas Gerais; em 1781, foi nomeado comandante do destacamento dos Dragões na patrulha do "Caminho Novo", estrada que servia como rota de escoamento da produção mineradora da capitania mineira ao porto Rio de Janeiro.
Foi a partir desse período que Tiradentes começou a se aproximar de grupos que criticavam a exploração do Brasil pela metrópole, o que ficava evidente quando se confrontava o volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia. Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, tendo alcançando apenas o posto de alferes, patente inicial do oficialato à época, e por ter perdido a função de comandante da patrulha do Caminho Novo, pediu licença da cavalaria em 1787.
Morou por volta de um ano na cidade carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como o bondinho do pão-de-açucar e a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para a melhoria do abastecimento d'água no Rio de Janeiro; porém, não obteve aprovação para a execução das obras. Esse desprezo fez com que aumentasse seu desejo de liberdade para a colônia. De volta às Minas Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela província.
Organizou um movimento aliado a integrantes do clero e da elite mineira, como Cláudio Manuel da Costa, antigo secretário de governo, Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor da comarca, e Inácio José de Alvarenga Peixoto, minerador.
O movimento ganhou reforço ideológico com a independência das colônias estadunidenses e a formação dos Estados Unidos da América. Ressalta-se que, à época, oito de cada dez alunos brasileiros em Coimbra eram oriundos das Minas Gerais, o que permitiu à elite regional acesso aos ideais liberais que circulavam na Europa.
O movimento

Além das influências externas, fatores regionais e econômicos contribuíram também para a articulação da conspiração nas Minas Gerais. Com a constante queda na receita provincial, devido ao declínio da atividade mineiradora, a administração de Martinho de Melo e Castro instituiu medidas que garantissem o quinto, imposto que obrigava os moradores das Minas Gerais a pagar, anualmente, cem arrobas de ouro, destinadas à Real Fazenda. A partir da nomeação de Luís da Cunha Meneses como governador da província, em 1782, ocorreu a marginalização de parte da elite local em detrimento de seu grupo de amigos.
O sentimento de revolta atingiu o máximo com a decretação da derrama, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos atrasados, mesmo que preciso fosse confiscar todo o dinheiro e bens do devedor, a ser executada pelo novo governador das Minas Gerais, Luís Antônio Furtado de Mendonça, 6.º Visconde de Barbacena (futuro Conde de Barbacena), o que afetou especialmente as elites mineiras. Isso se fez necessário para se saldar a dívida mineira acumulada, desde 1762, do quinto, que à altura somava 538 arrobas de ouro em impostos atrasados.
O movimento se iniciaria na noite da insurreição: os líderes da "inconfidência" sairiam às ruas de Vila Rica dando vivas à República, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, em 15 de março de 1789 foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro do Lago, tenente-coronel, e Inácio Correia de Pamplona, luso-açoriano, em troca do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda. Anos depois, por sua delação e outros serviços prestados à Coroa, Silvério dos Reis receberia o título de Fidalgo.
Entrementes, em 14 de março, o Visconde de Barbacena já havia suspendido a derrama o que de esvaziara por completo o movimento. Ao tomar conhecimento da conspiração, Barbacena enviou Silvério dos Reis ao Rio para apresentar-se ao vice-rei, que imediatamente (em 7 de maio) abriu uma investigação (devassa). Avisado, o alferes Tiradentes, que estava em viagem licenciada ao Rio de Janeiro escondeu-se na casa de um amigo, mas foi descoberto ao tentar fazer contato com Silvério dos Reis e foi preso em 10 de maio. Dez dias depois o Visconde de Barbacena iniciava as prisões dos inconfidentes em Minas.
Dentre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva e Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante dos Dragões, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Joaquim Silvério dos Reis (um dos delatores do movimento), os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor.
Os principais planos dos inconfidentes eram: estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar manufaturas no país que surgiria, uma universidade em Vila Rica e fazer de São João del-Rei a capital. Seu primeiro presidente seria, durante três anos, Tomás Antônio Gonzaga, após o qual haveria eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam a autonomia somente da província das Minas Gerais, e em seus planos não estava prevista a libertação dos escravos africanos, apenas daqueles nascidos no Brasil.
Julgamento e sentença
Negando a princípio sua participação, Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir toda a responsabilidade pela "inconfidência", inocentando seus companheiros. Presos, todos os inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à exceção apenas para Tiradentes, que permaneceu com a pena capital, porém não por morte cruel como previam as Ordenações do Reino: Tiradentes foi enforcado.
Os réus foram sentenciados pelo crime de "lesa-majestade", definida, pelas ordenações afonsinas, como traição contra o rei. Crime este comparado à hanseníase pelas Ordenações Afonsinas:
-“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa.”
Em parte por ter sido o único a assumir a responsabilidade, em parte, provavelmente, por ser o inconfidente de posição social mais baixa, haja vista que todos os outros ou eram mais ricos, ou detinham patente militar superior. Por esse mesmo motivo é que se cogita que Tiradentes seria um dos poucos inconfidentes que não eram maçons.
E assim, numa manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo despertou a ira da população que presenciou o evento.
Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse.
Tiradentes permaneceu, após a Independência do Brasil, uma personalidade histórica relativamente obscura, dado o fato de que, durante o Império, os dois monarcas, D. Pedro I e D. Pedro II, pertenciam à casa de Bragança, sendo, respectivamente, neto e bisneto de D. Maria I, quem havia emitido a sentença de morte de Tiradentes. Foi a República – ou, mais precisamente, os ideólogos positivistas que presidiram sua fundação – que buscaram na figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do Brasil, mitificando a sua biografia. Daí a sua iconografia tradicional, de barba e camisolão, à beira do cadafalso, vagamente assemelhada a Jesus Cristo e, obviamente, desprovida de verossimilhança. Como militar, o máximo que Tiradentes poder-se-ia permitir era um discreto bigode. Na prisão, onde passou os últimos três anos de sua vida, os detentos eram obrigados a raspar barba e cabelo a fim de evitar piolhos. Também, o nome do movimento, "Inconfidência Mineira", e de seus participantes, os "incofidentes", foi cunhado posteriormente, denotando o caráter negativo da sublevação – inconfidente é aquele que trai a confiança.
Tiradentes nunca se casou, mas teve dois filhos: João, com a mulata Eugênia Joaquina da Silva, e Joaquina, com a ruiva Antônia Maria do Espírito Santo, que vivia em Vila Rica. Atualmente, foi concedida à sua tetraneta Lúcia de Oliveira Menezes, por meio da Lei federal 9.255/96, uma pensão especial do INSS no valor de R$ 200,00, o que causou polêmica sobre a natureza jurídica deste subsídio, mas solucionado pelo STF no agravo de instrumento 623.655.
Atualmente, onde se encontrava sua prisão foi erguido o Palácio Tiradentes; onde foi enforcado ora se encontra a Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência. Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, sendo a data de sua morte, 21 de abril, feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.
EXALTAÇÃO À TIRADENTES
Foi Confidente de Minas Gerais
Foi Confidente de Minas Gerais

Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a vinte e um de abril
Pela independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
O Inconfidente de Minas Gerais
Foi traído e não traiu jamais
O Inconfidente de Minas Gerais

Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado

Foi sacrificado pela nossa liberdade
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado

Jorge Goulart
TIRADENTES
(Mártir do Brasil)
Fazenda Pombal - MG

De Minas Gerais e Patrono da nação brasileira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Almejava ver o seu país independente.
Pela liberdade, promovia ações alvissareiras! Para lutar pela independência da nação, Inconfidentes, preparam a conspiração.
Aí, sobressai-se o alferes e dentista Tiradentes, Que ideava pela causa, em unhas e dentes! Tiradentes, com funções de enfermeiro e dentista,
Também é alferes na carreira militar.
A alguns, suas práticas não eram bem-vistas,
E aos portugueses, passava a incomodar!
Cel. Joaquim Silvério dos Reis, um dos revoltados,
Trai a causa e delata os planos às autoridades... Um a um, inconfidentes são presos ou deportados.
Tiradentes é enviado à cidade do Rio de Janeiro, Lá, em praça pública, é enforcado e esquartejado!
O enforcamento ocorreu no dia vinte e um de abril.
Tiradentes é denominado o "Mártir do Brasil"!!! *Brasileiros:
Esta data guardem com orgulho, pois o exemplo transfere ao país um melhor futuro!"
(* Parte do pré-livro = Caminho Fácil à História do Brasil)
Manuel de Almeida (Manal)
Fonte: www.velhosamigos.com.br
Tiradentes

A sentença de Tiradentes

ACCORDÃO em Relação os da Alçada etc.
Vistos este autos que em observância das ordens da dita senhora se fizeram sumários aos vinte e nove Réus pronunciados conteúdos na relação folhas 14 verso, devassas, perguntas apensos de defesa alegada pelo Procurador que lhe foi nomeado etc, Mostra-se que na Capitania de Minas alguns Vassalos da dita Senhora, animados do espírito de perfídia ambição, formaram um infame plano para se subtraírem da sujeição, e obediência devida a mesma senhora; pretendendo desmembrar, e separar do Estado aquela Capitania, para formarem uma república independente, por meio de urna formal rebelião da qual se erigiram em chefes e cabeças seduzindo a uns para ajudarem, e concorrerem para aquela pérfida ação, e comunicando a outros os seus atrozes, e abomináveis intentos, em que todos guardavam maliciosamente o mais inviolável silêncio; para que a conjuração pudesse produzir efeito, que todos mostravam desejar, pelo segredo e cautela, com que se reservaram de que chegasse à notícia do Governador, e Ministros porque este era o meio de levarem avante aquele horrendo atentado, urgido pela infidelidade e perfídia
Pelo que não só os chefes cabeças da Conjuração, e os ajudadores da rebelião, se constituíram Réus do crime de Lesa Majestade da primeira cabeça, mas também os sabedores, e consentidores dela pelo seu silêncio; sendo tal a maldade e prevaricação destes Réus, que sem remorsos faltaram à mais incomendável obrigação de Vassalos e de Católicos, e sem horror contraíram a infâmia de traidores, sempre inerente, e anexa a tão enorme, e detestável delito.
Mostra-se que entre os chefes, e cabeças da Conjuração o primeiro que suscitou as idéias de república foi o Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes, Alferes que foi da Cavalaria paga da Capitania de Minas, o qual a muito tempo, que tinha concebido o abominável intento de conduzir os povos daquela Capitania a uma rebelião; pela qual se subtraíssem da justa obediência devida á dita senhora, formando para este fim publicamente discursos sediciosos que foram denunciados ao Governador de Minas atencessor do atual, e que então sem nenhuma razão foram desprezados como consta a folhas 74 folhas 68 verso folhas 127 verso e folha 2 do apenso numero 8 da devassa principiada nesta cidade; e suposta que aqueles discursos não produzissem naquele tempo outro efeito mais do que o escândalo a abominação que mereciam, contudo como o Réu viu que o deixaram formar impunemente àquelas criminosas práticas, julgo por ocasião mais oportuna para continua-las com maior eficácia, no ano de mil setecentos, e oitenta e oito em que o atual Governador de Minas tomou posse do governo da Capitania, e travava de fazer lançar a derrama, para completar o pagamento de cem arrobas de ouro, que os povos de Minas se obrigaram a pagar anualmente, pelo oferecimento voluntário que fizeram em vinte e quatro de março de mil setecentos e trinta e quatro; aceito e confirmado pelo Alvará de três de dezembro de mil setecentos e cinquenta em lugar da Capitação desde então abolida.
Porem persuadindo-se o Réu, de que o lançamento da derrama para completar o computo das cem arrobas de ouro, não bastaria para conduzir os novos à rebelião, estando eles certos, em que tinham oferecido voluntariamente aquele computo, como um subrogado muito favorável em lugar do quinto de ouro que tirassem nas Minas, que são um direito real em todas as Monarquias; passou a publicar que na derrama competia a cada pessoa pagar as quantias que arbitrou, que seriam capazes de atemorizar os povos, e pretender fazer contemeratio atrevimento, e horrendas falsidades, odioso o suavíssimo e ilustradíssimo governo da dita senhora, e as sábias providências dos seus Ministros de Estado, publicando que o atual governador de Minas tinha trazido ordem para oprimem, e arruinar os leais Vassalos da mesma senhora, fazendo com que nenhum deles pudesse ter mais de dez mil cruzados, o que jura Vicente Vieira da Morta a folhas 60 e Basilio de Brito Malheiro a folhas 52 verso ter ouvido a este Réu, e a folha 108 da devassa tirada por ordem do Governador de Minas, e que o mesmo ouvira a João da Costa Rodrigues a folhas 57, e o Conego Luiz Vieira a folhas 60, verso da devassa tirada por ordem do Vice-Rei do Estado.
Mostra-se que tendo o dito Réu Tiradentes publicado àquelas horríveis e notórias falsidades, como alicerce da infame machine, que pretendia estabelecer, comunicou em setembro de mil setecentos e oitenta e oito as suas perversas idéias, ao Réu José Alves Maciel visitando-o nesta cidade a tempo que o dito Maciel chegava de viajar por alguns Reinos estrangeiros, para se recolher a Vila Rica donde era natural, como consta a folhas 10 do apenso n. 1 e folhas 2 verso, do apenso n. 12 da devassa principiada nesta Cidade, e tendo o dito Réu Tiradentes encontrado no mesmo Maciel, não só aprovação mas também novos argumentos que o confirmaram nos seus execrandos projetos como se prova a folhas 10 do dito apenso n. 1 e a folhas 7 do apenso n. 4 da dita devassa; saíram os referidos dois Réus desta Cidade para Vilia Rica Capital da Capitania de Minas ajustados em formarem o partido para a rebelião, e com efeito o dito Réu Tiradentes foi logo de caminho examinando os ânimos das pessoas a quem falava como foi aos Réus José Aires Gomes, e ao Padre Manoel Rodrigues da Costa; e chegando a Villa Rica a primeira pessoa a quem os sobreditos dois Tiradentes e Maciel falaram foi ao Réu Francisco de Paula Freire de Andrade que então era Tenente Coronel comandante da tropa paga da Capitania de Minas cunhado do dito Maciel; e supostos que o dito Réu Francisco de Paula hesitasse no princípio conformar-se com as idéias daqueles dois pérfidos Réus, o que confessa o dito Tiradentes a folhas 10 verso do dito apenso n. 1; contudo persuadido pelo mesmo Tiradentes com falsa asserção, de que nesta Cidade do Rio de Janeiro havia um grande partido de homens de negocio prontos para ajudarem a sublevação, tanto que ela se efetuasse na Capitania de Minas; e pelo Réu Maciel seu cunhado com a fantástica promessa, de que logo que se executasse a sua infame resolução teriam socorro de Potências estrangeiras, referindo em confirmação disto algumas práticas que dizia ter por lá ouvido, perdeu o dito Réu Francisco de Paula, todo o receio como consta a folhas 10 verso e folhas 11 do apenso n. 1 e a folhas 7 do apenso n. 4 da devassa desta cidade, adotando os pérfidos projetos dos ditos Réus para formarem a infame conjuração, de estabelecerem na Capitania de Minas uma república independente.
Mostra-se que na mesma Conjuração entrara o Réu Ignácio José de Alvarenga Coronel do primeiro regimento auxiliar da Companhia do Rio Verde ou fosse convidado e induzido pelo Réu Tiradentes, ou pelo Réu Francisco de Paula, como o mesmo Alvarenga confessa a folhas 10 do apenso n. 4 da devassa desta Cidade e que também entrara na mesma Conjuração do Réu Domingos de Abreu Vieira, Tenente Coronel de Cavalaria Auxiliar de Minas Novas convidado, e induzido pelo Réu Francisco de Paula como declara o Réu Alvarenga a folhas 9 do dito apenso n. 4 ou pelo dito Réu Paula juntamente com o Réu Tiradentes, e Padre José da Silva de Oliveira Rolim como confessa o mesmo Réu Domingos de Abreu a folhas 10 verso da devassa desta Cidade; e achando-se estes Réus conformes no detestável projeto de estabelecerem uma república naquela Capitania corno consta a folhas 11 do apenso n. 1 passaram a conferir sobre o modo da execução, ajuntando-se em casa do Réu Francisco de Paula a tratar da sublevação nas infames sessões que tiveram, como consta uniformemente de todas as confissões dos Réus chefes da conjuração nos, apensos das perguntas que lhe foram feitas; em cujos ventículos não só consta que se achasse o Réu Domingos de Abreu, ainda que se lhe comunicada tudo quanto neles se ajustava corno consta a folhas 10 do appenso n. 6 da devassa da Cidade, e se algumas vezes se conferisse em casa do mesmo Réu Abreu sobre a mesma matéria entre eles e os Réus Tiradentes, Francisco de Paula, e o Padre José da Silva de Oliveira Rolim; sem embargo de ser o lugar destinado para os ditos conventículos a casa do dito Réu Paula, para os quaes eram chamados estes Cabeças da Conjuração, quando algum tardava como se vê, a folhas 11 verso do apenso 1 da devassa desta Cidade, e do escrito folhas 41 da devassa de Minas do Padre Carlos Corrêa de Toledo para o Réu Alvarenga dizendo-lhe que fosse logo que estavam juntos.
Mostra-se que sendo pelo princípio do ano de mil setecentos e oitenta e nove se ajuntaram os Réus chefes da Conjuração em casa do Réu Francisco de Paula lugar destinado para os torpes, execrandos conventiculos, e ahi depois de assentarem uniformemente em que se fizesse a sublevação e motim na ocasião em que se lançasse a derrama, pela qual supunham que estaria o povo desgostoso, o que se prova por todas as confissões dos Réus nas perguntas constantes dos apensos; passaram cada um a proferir o seu voto sobre o modo de estabelecerem a sua ideada república, e resolveram que lançada a derrama se gritaria uma noite pelas ruas da dita Villa Rica - Viva a liberdade - a cujas vozes sem duvida acudiria o povo, que se achava consternado, e o Réu Francisco de Paula formaria a tropa fingindo querer rebater o motim, manejando-a com arte de dissimulação, enquanto da Cachoeira aonde assistia o Governador Geral, não chegava a sua cabeça, que devia ser-lhe cortada, o segundo voto de outros bastaria que o mesmo General fosse preso, e conduzido fora dos limites da Capitania dizendo-lhe que fosse embora, e que dissesse em Portugal que já nas Minas se não necessitava de Governadores; parecendo por esta forma que o modo de executar esta atrocíssima ação ficava ao arbítrio do infame executor prova-se o referido do apenso n. l folhas 12 apenso n. 5 folhas 7 verso apenso 4 folhas 9 verso e folhas 10 pelas testemunhas folhas 103 e folhas 107 da devassa desta cidade e folhas 84 da devassa de Minas.
Mostra-se que no caso de ser cortada a cabeça do General, seria conduzido à presença do povo, e da tropa, e se lançaria um bando em nome da república, para que todos seguissem o partido do novo Governo consta do apenso n. 1 a folhas 12 e que seriam mortos todos aqueles que se lhe opusessem que se perdoaria aos devedores da Fazenda Real tudo quanto lhe devessem consta a folhas 89 verso da devassa de Minas e folhas 118 verso da devassa desta Cidade; em que apreenderia todo o dinheiro pertencente à mesma Real Fazenda dos cofres reaes para pagamento da tropa consta do apenso n. 6 a folhas 6 verso e testemunhas folhas 104 e folhas 109 da devassa desta Cidade e a folhas 99 verso da devassa de Minas; assentando mais os ditos infames Réus na forma da bandeira e armas que deveria ter a nova república consta a folhas 3 verso apenso n. 12 a folhas 12 verso apenso n. 1 folhas 7 apenso n. 6 da devassa desta Cidade; em que se mudaria a Capitania para São João El-Rei, e que em Villa Rica se fundaria uma Universidade; que o ouro e diamantes seriam livres, que se formariam Leis para o governo da republica, e que o dia destinado para dar princípio a esta execranda rebelião, se avisaria aos Conjurados com este disfarce - tal dia é o batizados - o que tudo se prova das confissões dos Réus nos apensos das perguntas; e ultimamente se ajustou nos ditos conventiculos o socorro, e ajuda com que cada um havia de concorrer.
Mostra-se, quanto ao Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes, que esta monstruosa perfídia depois de recitar naquelas escandalosas, e horrorosas assembléias as utilidades, que resultaria do seu enfame, se encarregou de ir cortar a cabeça do General consta a folhas 103 verso, e folhas 107, e dos appensos n. 4 a folhas 10 e n. 5 a folhas 7 verso da devassa desta cidade a folhas 99 verso da devassa de Minas, e conduzindo-a a faria patente ao povo e tropa, que estaria formada na maneira sobredita, não obstante dizer o mesmo Réu a folhas 11 verso do apenso n. 1 que só se obrigou a ir prender o mesmo General e conduzi-lo com a sua família fora dos limites da Capitania dizendo-lhe que se fosse embora parecendo-lhe talvez que com esta confissão ficaria sendo menor o seu delito.
Mostra-se mais que este abominável Réu ideo a forma da bandeira que ia ter a república que devia constar de três triângulos com alusão as três pessoas da Santíssima Trindade o que confessa a folhas 12 verso do apenso n. 1 ainda que contra este voto prevaleceu o do Réu Alvarenga que se lembrou de outra mais allusiva a liberdade que foi geralmente approvada pelos conjurados; também se obrigou o dito Réu Tiradentes a convidar para sublevação a todas as pessoas que pudesse confessa a folhas 12 apenso n. 1 satisfez ao que prometeu falando em particular a muitos cuja fidelidade pretendeu corromper principiando por expor-lhes as riquezes daquela Capitania que podia ser um Império florente, como foi a Antonio da Fonseca Pestana, a Joaquim José da Rocha, e nesta Cidade a João José Nunes Carneiro, e a Manoel Luiz Pereira, furriel do regimento de artilharia a folhas 16 e folhas 18 da devassa desta Cidade os quaes como atalharam a prática por onde o réu costumava ordinariamente principiar para sondar, os ânimos, não passou avante comunicar-lhe com mais clareza os seus malvados o perversos intentos confessa o Réu a folhas 18 verso apenso n. 1.
Mostra-se mais que o Réu se animou com sua costumada ousadia a convidar expressamente para o levante do Réu Vicente Vieira da Motta confessa este a folhas 73 verso e no apenso n. 20 chegando a tal excesso o descaramento deste Réu que publicamente formava discursos sediciosos aonde quer que se achava ainda mesmo pelas tavernas com mais escandaloso atrevimento, como se prova pelas testemunhas folhas 71 folhas 73 apenso n. 8 e folhas 3 da devassa desta Cidade e a folhas 58 da devassa de Minas; sendo talvez por esta descomedida ousadia com que mostrava ter totalmente perdido o temor das justiças, e o respeito e fidelidade de vida á dita senhora, reputado por um heroe entre os conjurados consta a folhas 102 e apenso n. 4 a folhas 10 da devassa desta Cidade.
Mostra-se mais que com o mesmo perfido animo, e escandalosa ousadia partiu o Réu de Villa Rica para esta Cidade em março de mil setecentos e oitenta e nove, com intento de publica e particularmente com as suas costumadas praticas convidar gente para o seu partido, dizendo a Joaquim Silvério dos Reis, que reputava ser do numero dos conjurados encontrando-o no caminho perante várias pessoas - Cá vou trabalhar para todos - o que juram as testemunhas folhas 15 folhas 99 verso folhas 142 verso folhas 100 e folhas 143 da devassa desta Cidade; e com efeito continuou a desempenhar a perfida comissão, de que se tinha encarregado nos abominaveis conventiculos falando no caminho a João Dias da Morta, para entrar na rebelião e descaradamente na estalagem da Varginha perante os Réus João da Costa Rodrigues e Antonio de Oliveira Lopes, dizendo a respeito do levante que - não era levantar que era restaurar a terra - expressão infame de que já tinha usado em casa de João Rodrigues de Macedo sendo repreendido de falar em levante, consta a folhas 61 da devassa desta Cidade e a folhas 36 da devassa de Minas.
Mostra-se que nesta cidade falou o Réu com o mesmo atrevimento e escandalo, em casa de Valentim Lopes da Cunha perante várias pessoas, por ocasião de se queixar o soldado Manoel Corrêa Vasques, de não poder conseguir a baixa que pretendia ao que respondeu o Réu como louco furioso que era muito bem feito que sofresse a praça, e que o assentasse, porque os cariocas americanos (sic) eram fracos vis de espíritos baixos porque podiam passar sem o julgo que sofriam, e viver independentes do Reino, e o toleravam, mas que se houvesse alguns como ele Réu talvez, que fosse outra cousa, e que elle receava que houvesse levante nas Capitanias de Minas, em razão da derrama que se esperava, e que em semelhantes circunstâncias seria fácil de cujas expressões sendo repreendido, pelos que estavam presentes, não declarou mais os seus perversos e horríveis intentos consta a folhas 17 folhas 18 da devassa desta Cidade; e sendo o Vice-Rei do Estado já a este tempo informado dos aborninaveis projetos do Réu, mandou vigiar-lhe os passos, e averiguar as casas aonde entrava, de que tendo ele alguma noticia ou aviso, dispôs a sua fugida pelo sertão para as Capitanias de Minas sem dúvida para ainda executar os seus malévolos intentos se pudesse ocultando-se para este fim em casa do Réu Domingos Fernandes, aonde foi preso achando-se-lhe as cartas dos Réus Manoel José de Miranda, e Manoel Joaquim de Sá Pinto do Rego Forte, para o Mestre de Campo Ignácio de Andrade o auxiliar na fugida [...]
Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas publicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Villa Rica aonde em lugar mais publico dela será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes pelo caminho de Minas no sitio da Varginha e das Sebolas aonde o Réu teve as suas infames práticas e os mais nos sítios (sic) de maiores povoações até que o tempo também os consuma; declaram o Réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Villa Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável Réu; igualmente condenam os Réus Francisco de Paula Freire de Andrade Tenente Coronel que foi da Tropa paga da Capitania de Minas, José Alves Maciel, Ignácio José de Alvarenga, Domingos de Abreu Vieira, Francisco Antonio de Oliveira Lopez, Luiz Vás de Toledo Piza, a que com baraço e pregão sejam conduzidos pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morram morte natural para sempre, e depois de mortos lhe serão cortadas as suas cabeças e pregadas em postes altos até que o tempo as consuma as dos Réus Francisco de Paula Freire de Andrade, José Alves Maciel e Domingos de Abreu Vieira nos lugares de fronte das suas habitações que tinham em Villa Rica e a do Réu Ignácio José de Alvarenga, no lugar mais publico na Villa de São João de El-Rei, a do Réu Luiz Vaz de Toledo Piza na Villa de São José, e do Réu Francisco Antonio de Oliveira Lopes defronte do lugar de sua habitação na porta do Morro; declaram estes Réus infames e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens por confiscados para o Fisco e Câmara Real, e que suas casas em que vivia o Réu Francisco de Paula em Villa Rica aonde se ajuntavam os Réus chefes da conjuração para terem os seus infames conventiculos serão também arrasadas e salgadas sendo próprias do Réu para que nunca mais no chão se edifique.
Igualmente condenam os Réus Salvador Carvalho de Amaral Gurel, José de Resende Costa Pae, José de Resende Costa Filho, Domingos Vidal Barbosa, que com baraço e pregão sejam conduzidos pelas ruas públicas, lugar da forca e nlla morram morte natural para sempre, declaram estes Réus infames e seus filhos e netos tendo-os e os seus bens confiscados para o Fisco e Câmara Real, e para que estas execuções possam fazer-se mais comodamente, mandam que no campo de São Domingos se levante uma forca mais alta do ordinario. Ao Réu Claudio Manoel da Costa que se matou no carcere, declaram infame a sua memoria e infames seus filhos e netos tendo-os e os seus bens por confiscados para o Fisco e Câmara Real. Aos Réus Thomás Antonio Gonzaga, Vicente Vieira da Morta, José Aires Gomes, João da Costa Rodrigues, Antonio de Oliveira Lopes condemnam em degredo por toda a vida para os presidios de Angola, o Réu Gonzaga para as Pedras, o Réu Vicente Vieira para Angocha, o Réu José Aires para Embaqua, o Réu João da Costa Rodrigues para o Novo Redondo; o Réu Antonio de Oliveira Lopes para Caconda, e se voltarem ao Brasil se executará nelles a pena de morte natural na forca, e applicam a metade dos bens de todos estes Réus para o Fisco e Camara Real. Ao Réu João Dias da Morta condemnam em dez anos de degredo para Benguela, e se voltar a este Estado do Brasil e nelle for achado morrerá morte natural na forca e applicam a terça parte dos seus bens para o Fisco e Camara real. Ao Réu Victoriano Gonçalves Veloso condemnam em açoutes pelas ruas publicas, tres voltas ao redor da forca, e degredo por toda a vida para a cidade de Angola, achado morrerá morte natural na forca para sempre, e applicam a metade de seus bens para o Fisco e Camara Real.
Ao Réu Francisco José de Mello que faleceu no carcere declaram sem culpa, e que se conserve a sua memória, segundo o estado que tinha. Aos Réus Manoel da Costa Capanema e Faustino Soares de Araújo absolvem julgando pelo tempo que tem tido de prisão purgados de qualquer presumpção que contra elles podia resultar nas devassas.
Igualmente absolvem aos Réus João Francisco das Chagas e Alexandre escravo do Padre José da Silva de Oliveira Rolim, a Manoel José de Miranda e Domingos Fernandes por se não provar contra eles o que basta para se lhe impor pena, e ao réu Manoel Joaquim de Sá Pinto do Rego Fortes fallecido no carcere declaram sem culpa e que conserve a sua memória segundo o estado que tinha; aos Réus Fernando José Ribeiro, José Martins Borges condemnam ao primeiro em degredo por toda a vida para Benguela e em duzentos mil para as despesas da Relação, e ao Réu José Martins Borges em açoutes pelas ruas publicas e dez annos de galés e paguem os Réus as custas. Rio de Janeiro,18 de Abril de 1792.
Vas.los
Gomes Ribrº
Cruz e Silva
Veiga
Figdº
Guerreiro
Montrº
Gayoso."

Os juízes que condenaram Tiradentes e assinaram a sentença apenas com o sobrenome foram:
Sebastião Xavier de Vasconcellos Coutinho (Chanceler da Rainha);
Antônio Gomes Ribeiro;
Antônio Diniz da Cruz e Silva;
José Antônio da Veiga; João de Figueiredo;
João Manoel Guerreiro de Amorim Pereira;
Antônio Rodrigues Gayoso
Tristão José Monteiro
Fonte: Sentença Criminal", Adalto Dias Tristão, Ed.DelRey, 4ªEd., 1999