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sábado, 28 de setembro de 2013

“Brasil quer ser protagonista do clima, mas se contradiz”.

Vanessa Barbosa / Portal Exame 
Quantas vezes você já não ouviu dizer que o Brasil será um protagonista no debate sobre clima no mundo? Mas, entre a promessa e o fato, surgem as controvérsias. É um cenário que nasce de um “apagão de coordenação climática”, diz Suzana Kahn, presidente do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudança Climática.

Autoridade no assunto, ela diz que o país dá sinais trocados – quer ser protagonista ambiental, mas reduz imposto de carros e promove termelétricas a carvão. “O Brasil precisa encontrar uma direção, definir o que quer ser quando crescer”, afirma.

Suzana conversou com EXAME.com sobre o quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que será apresentado nesta sexta-feira em Estocolmo, na Suécia, e que conta com contribuição de cientistas brasileiros. Na entrevista, falou dos polêmicos céticos e negacionistas do clima, de política econômica e sobre o papel contraditório do Brasil na discussões ambientais.

É comum confundir o IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, com um único estudo científico sobre clima, quando na verdade é uma compilação de milhares de pesquisas. Você pode explicar como ele funciona de fato?
O IPCC foi criado pelas Nações Unidas para tirar as dúvidas que existiam sobre clima em 1988, principalmente com o surgimento dos estudos sobre aquecimento global, que é um problema que afeta todos os países. O relatório em si é feito por cientistas, mas o que consta no sumário do relatório passa pelo escrutínio dos governos que compõem as Nações Unidas e é aprovado por eles.

Outra questão que gera confusão é que não produzimos material novo. Os cientistas compilam tudo que foi dito sobre o assunto e ponderam em cima disso. Mais de 200 autores coordenadores estão envolvidos na confecção do relatório, que é baseado em cerca de 9.000 estudos científicos e milhares de comentários de especialistas.
Qual o grau certeza e incerteza do relatório sobre as mudanças climáticas?
O que estamos dizendo é que o CO2 está gerando um desequilíbrio. De uma forma muito simples, estamos tirando toneladas de carbono que estava estocado na natureza, na forma de carvão, petróleo, e lançando na atmosfera, o que altera a composição da atmosfera. É claro que isso vai ter um impacto. Agora o impacto é de quanto? Quanto a isso não temos muita certeza. Mas evidentemente estamos mexendo com coisas muito perigosas. Nem que seja pelo princípio da precaução, é preciso agir. Você vai entrar num avião que tem 5% de chances de cair? E a gente está falando de um percentual que é o contrário – o grau de certeza do aquecimento global é de 95%.

O que você tem ainda na questão climática no nível de incerteza é o que esse sistema vai provocar em outros sistemas envolvidos. A temperatura conseguimos dizer com certeza que está aumentando e que a concentração de CO2 também está. Agora, ainda não conseguimos dizer com precisão onde exatamente vai chover mais, e onde vai chover menos. Outra incerteza é quanto aos efeitos dessas transformações em nível regional. Porque você trabalha com médias, o que dificulta saber o que vai acontecer com uma determinada região.

Mas o princípio da precaução não acaba sendo deixado de lado tendo em vista que os riscos climáticos são apresentados como algo para daqui a 30 ou 50 anos?
Bom, você não sabe exatamente quando seu dano vai acontecer porque ele não vai acontecer de imediato, ok. Mas algumas decisões que os países e governos tomam hoje vão ter impacto muito grande no longo prazo. Se você decide construir uma termelétrica, você vai ficar com ela por pelo menos 30 anos. Se um país investe num parque tecnológico que pode ficar obsoleto em breve, ele está assumindo o risco.

Se ficarmos dizendo que precisamos de energia a qualquer custo, porque é mais barato investir em termelétrica a carvão, por exemplo, isso vai nos levar àquilo que chamamos de “efeito aprisionamento”, você fica com uma porção de tralha velha, que depois pra mudar vai ser muito mais caro. Essa é a diferença de um país ser protagonista ou figurante.

Como o Brasil pode ganhar mais voz nesse debate? Recentemente, tivemos leilão de energia nova, onde as termelétricas a carvão participaram da disputa. Não é contraditório?
O Brasil dá sinais trocados a toda hora. A gente reduz IPI de carro pra todo mundo ficar engarrafado o trânsito. Estamos sofrendo um apagão de coordenação climática. A questão ambiental tinha que sair do Ministério do Meio Ambiente e ir para o núcleo duro do governo, que envolve a economia. Se isso, pode esquecer o clima, economia verde, etc, tudo isso vira uma questão de minoria. Meio ambiente é economia, desenvolvimento, é o Brasil se perguntar o que quer pra daqui a 20 anos. Eu vejo isso mais claramente na China do que aqui. Os chineses estão investindo pesado nas renováveis, apesar da dependência que têm nas fontes sujas. Um país em crescimento como a gente tem que ter direcionamento.
Já saíram algumas prévias do quinto relatório do IPCC. E as notícias não são nada boas. Será que a pauta ambiental volta ao topo da agenda dos governos?
Eu acho que por conta do relatório não. O impacto que o quarto relatório teve, em 2007, não vamos mais conseguir ter. Na ocasião, houve uma grande surpresa. Mas hoje, com a facilidade de acesso à informação que temos, as previsões estão aí e são conhecidas. Na realidade, ele está confirmando o que já sabíamos.

Agora o que eu acho que o relatório pode fazer é mostrar que o último relatório, de 2007, estava certo. O quinto relatório não só confirma como piora um pouco mais a situação.

A crise de reputação do IPCC vai ser superada aí? [Em 2007, cientistas admitiram falhas de fundamentação cientifica nas advertências sobre o degelo no Himalia]
Sim. Eu acho que esse é o grande ganho desse novo relatório. Passados vários anos desde o último estudo, um novo grupo de trabalho reitera várias evidências alarmantes. Há uma coerência no que foi dito sobre praticamente todos os temas. Restaurar essa credibilidade será um grande ganho.

Ainda há espaço pros céticos na discussão climática?
Não podemos colocar todos os céticos no mesmo saco. Há alguns que só querem causar polêmica e outros que não, embora não se digam descrentes do aquecimento global, discordam de alguma evidências ou da metodologia, do modelo utilizado.
Existe esse espaço pros céticos por várias razões. Primeiro pela petulância e arrogância de muitos cientistas, pelo jeito profético com que muitos falam, às vezes, como senhores do universo.

Acho que isso provoca uma reação e uma antipatia por parte de quem dúvida e acaba abrindo espaço para negacionistas. Outra questão é que você não dá muita alternativa. É um discurso negativo né, de que o urso polar vai desparecer, as geleiras vão derreter, o calor vai ficar infernal, é ruim ouvir isso. Então, discursos que contestem isso são bem recebidos também. É mais agradável de ouvir e pensar “ah, que bom, então eu posso continuar comprando meu carrinho, queimando todo combustível, sem me preocupar com o fim da terra..”
O derretimentimento do permafrost e a liberação de gás metano não serão contemplados nesse novo relatório, por quê?
No ciclo do relatório, o estudo não conseguiu ser contemplado porque foi lançado tardiamente, e não daria tempo de passar na mão de todos os cientistas. Por isso que eu disse que, por conta da velocidade com que a informação circula hoje em dia, esse quinto relatório não deve causar tanto barulho, tanto impacto. Nem bem ele surge, já tem informação nova aparecendo e que não dá tempo de incluir.

Você comentou sobre o papel dos governos na construção desse documento. E eles fazem ressalvas ao sumário. O IPCC não acaba sendo conservador, já que tende a um denominador comum?
Com certeza, é isso mesmo. Tem umas coisas até curiosas. No outro relatório que eu participei, que era de fontes renováveis, eu tinha colocado uma frase sobre biocombustível, que eu não lembro agora qual foi, e recebi vários comentários, uns dizendo que era um absurdo, outros dizendo que era para colocar mais coisa.

O Brasil, por exemplo, defende com unhas e dentes a questão do biocombustíveis, já os alemães tem toda antipatia, dizem que estamos desmatando tudo, e nós, como coordenadores, tínhamos que responder a isso tudo.

Esse é um documento importante para a Convenção Quadro nas Nações Unidas. Não é frustrante ver que apesar das evidências contidas ali, os governos não conseguem chegar a um acordo para redução de emissões realmente efetivo?
É frustrante sim. Mas o que é interessante é que no processo de elaboração, você lê muita coisa. Porque o que vai pros governos é o sumário. Os relatórios estão lá, mas ninguém aguenta ler, porque são muitas páginas. Pra quem trabalha em pesquisa e quer estudar o assunto, é interessante. Em termos intelectuais, é incrível. Em termos políticos, você não consegue interferir tanto, é um processo muito vagaroso. Quando eu era adolescente, ninguém falava de aquecimento global. Hoje, já se vê mudanças.
Em momento de crise, a preocupação com o meio ambiente é mandado pra escanteio. Como trazer o debate ambiental para o centro da gestão dos países?
Meio ambiente é uma questão muito mais estratégica do que uma coisa conjuntural. E este não me parece ser o foco da Fazenda. Mas deveria ser estratégia de desenvolvimento do país. Corremos o risco de chegar a um paradoxo de, mantendo o modelo atual, acabemos por comprometer nosso desenvolvimento no futuro. Porque se a gente chegar daqui a alguns anos completamente sucateados, vamos só importar painel solar da China, como já fazemos, a pá eólica vai vir de não sei onde…É uma visão muito míope. Temos que olhar além. Porque se não olharmos além, alguém está se preparando e vamos ter que engolir, vamos virar colônia dos países que estão crescendo.
Quando a gente quis fazer algo bem feito, a gente fez. Quando a Petrobras resolveu avançar no offshore, a gente virou campeão nisso. Quando houve a decisão de investir no álcool, viramos campeão também. Mas aí descansamos, e outros países foram avançando, e ejá estão chegando à segunda geração, enquanto ficamos patinando. Fala isso parta o Brasil. Linhas claras para investir e pegar essa onda das renováveis e reduzir pressão sobre o recursos naturais. É um processo inevitável, independente das questões climáticas. É inevitável porque os recursos vão acabar um dia.
Foto: George Campos/USP Imagens
FONTE:

QUE PIB, QUE NADA! Menos crescimento, mais prosperidade. Até pouco tempo atrás, qualquer economista com essa ideia seria tachado de louco, mas Tim Jackson fala sério. Professor de desenvolvimento sustentável na Universidade de Surrey, na Inglaterra, ele acha que nossa obsessão pelo aumento do PIB já causou danos demais ao planeta.

Foto Creative Commons / Ilustração Mauricio Planel
Que nova ideia de prosperidade você propõe no livro "Prosperity without Growth"?
Prosperidade tem a ver com estar bem. Significa ter comida e moradia, mas também dignidade, identidade, participar da comunidade onde você vive e dar segurança para sua família. São coisas nem sempre obtidas através do dinheiro, e sim pelo tipo de sociedade que temos. Ao buscar só crescimento econômico, minamos as bases de nossa prosperidade no futuro, pois destruímos florestas, esgotamos o solo e geramos mudança climática. 

O mundo todo deve parar de crescer?
Não. O crescimento ainda é necessário nos países pobres. Neles, pequenos aumentos na renda geram enormes impactos na prosperidade das pessoas - por exemplo, maior expectativa de vida e acesso à educação. Isso é importante, ainda há 2 bilhões de desnutridos no planeta. Mas nos países ricos é diferente: eles já alcançaram esses objetivos e continuam buscando crescimento de uma forma muito materialista. Deveriam buscar um modelo que já não dependa do aumento do consumo para criar prosperidade. O Brasil está justo no meio do caminho: promoveu grande desenvolvimento social nos últimos anos, mas ainda tem problemas que precisam ser resolvidos.

O que nos espera adiante? 
Se os países ricos crescerem em média 2% por ano, seu PIB per capita vai atingir cerca de US$ 50 mil até meados deste século. Para estender esse nível de renda aos 9 bilhões de pessoas que vão habitar o planeta em 2050, a economia global teria que ser 15 vezes maior que a atual. A depredação do planeta seria catastrófica. Mas se baixarmos nossa expectativa para US$ 20 mil per capita, os países mais pobres poderão multiplicar sua renda por 10 e continuar crescendo. Os países médios vão duplicar ou quadruplicar seus níveis de renda. Já os mais ricos precisarão estabilizar ou decrescer. Temos que ser realistas.

Então o crescimento do PIB no mundo rico deveria ser zero ou negativo?
Na Europa e nos EUA, a taxa de crescimento do PIB já vem caindo nos últimos 40 anos. Isso é natural para economias maduras, onde é cada vez mais difícil ter aumento da produtividade. Temos que desenhar economias que aceitem essa transição. Claro que alguns setores ainda vão crescer no futuro, enquanto outros vão cair. Mas não importa tanto se o crescimento geral será positivo ou negativo. O fundamental é ter os tipos certos de investimento e empreendimento que nos garantam prosperidade dentro dos limites de nossos recursos naturais finitos.
FONTE:

Dificuldades Ortográficas: P e B-Atividades.

FONTE:

Exercícios de Ortografia-MP ou MB.

Link:

Atividades de Matemática para o 3ºano prontas para imprimir.

Fonte: