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PENSE NISSO:

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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Jovem de 25 anos morre em colisão entre carro e moto na BR-470 neste domingo.


O indaialense Ronald Krauser, de 25 anos, morreu neste domingo após a moto que conduzia colidir com um Gol de Apiúna. Ronald chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros de Indaial, porém não resistiu aos ferimentos e morreu logo depois de chegar ao Hospital Beatriz Ramos.

A colisão aconteceu no KM 77 da BR-470, por volta das 19h20min deste domingo (21). O condutor do Gol não se feriu.
jornalismo@detudoumpoucosc.com.br

Descobrimento do Brasil - 22-04:


A PARTIDA

"Senhor:
Posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães, escrevam a Vossa Alteza a (...) A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi, segunda feira, 9 de março.(...) não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que, para o bem contar e falar, o saiba fazer pior que todos(...)""Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha"
Era um domingo, na segunda semana de março de 1500.
Descobrimento do Brasil
E é o próprio Dom Manuel I que, cercado de grande pompa, assiste à missa na Capela de Nossa Senhora de Belém, diante da praia de Restêlo. Há luzes, incenso e cânticos neste Domingo, 8 de março de 1500.
Um pouco atrás do rei estão as maiores personalidades da corte, solenemente vestidas de luto , como se usava nessa despedida. O bispo de Ceuta, Dom Diogo de Ortiz, celebra da missa , faz um longo sermão, augurando bom êxito à viagem
Depois, abençoa a bandeira das armas reais e a Cruz da Ordem de Cristo - símbolo da fé e dos grandes feitos marítimos portugueses, o rei entrega a Pedro Álvares Cabral, alcaide-mor de Azurara e Senhor de Belmonte, junto com um barrete, presente do papa.
Terminada a missa, a comitiva se encaminha para a praia. À frente está o bispo com os acólitos, precedidos do porta-cruzes e acompanhados dos frades da Ordem de Cristo, com tochas na mão. Dom Manuel e Cabral vem a seguir secundados pelos cortesãos, capitães e tripulantes dos navios. Soam trombetas, flautas, tambores. E o povo acompanha o cortejo fazendo coro aos cânticos solenes. Em grandes botes enfeitados, Cabral e seus homens rumam para as naus ancoradas ao largo, no rio Tejo.
A tarde, com a chegada de ventos propícios, os navios demandam à barra. Começa a longa viagem rumo ao Descobrimento do Brasil, era segunda feira, 9 de março de 1500.
São aproximadamente 1500 homens, entre mercadores, pilotos, oficiais maiores, carpinteiros, caldeireiros, ferreiros, torneiros, soldados e técnicos em navegação.
As caravelas tinham dois ou , mais freqüentemente, três mastros, com popa alta de dois pavimentos, eram ligeiras e facilmente manobráveis. Cada uma transportava perto de 120 homens e, apesar de não serem navios de guerra, possuíam poderosos canhões. Mas a frota compunha-se também de naus mais possantes e maiores, sólidas, preferidas para o transporte de mercadorias.
Eram ao todo treze navios, naus e caravelas, capazes de navegar com vento muito fraco. Sua capacidade variava entre 50 a 100 toneladas, e sua velocidade média aproximava-se dos 13 quilômetros horários. Costeavam praias perigosas e, quando bem dirigidos, podiam até navegar contra o vento.
No comando das treze embarcações, que compõem a esquadra estão alguns dos mais ilustres navegadores do reino:

Armada de Cabral

NAU/CARAVELA DESIGNAÇÃO COMANDANTE
01 Nau Capitânia desconhecida Pedro Alvares Cabral 02 Nau Sota-Capitânia El-Rei Sancho Tovar 03 Nau desconhecida Simão de Miranda de Azevedo 04 Nau desconhecida Aires Gomes da Silva 05 Nau desconhecida Vasco de Ataíde 06 Nau Anunciada Nuno Leitão da Cunha 07 Nau desconhecida Simão de Pina 08 Nau desconhecida Luis Pires 09 Nau desconhecida Nicolau Coelho 10 Caravela desconhecida Bartolomeu Dias 11 Caravela desconhecida Diogo Dias 12 Caravela S. Pedro Pêro de Ataíde 13
Naveta de antimentos desconhecida Gaspar de Lemos
Afonso Lopes Piloto
João de Sá O escrivão, físico, o mestre João, médico e cirurgião do rei.
Pero Vaz de Caminha Escrivão da feitoria que se ia fazer em Calicute.
Frei Henrique Soares de Coimbra Chefiava os frades franciscanos.
Pero de Escobar Piloto, foi com Vasco da Gama na sua primeira viagem à Ásia.
Aires Correia seria o feitor de Calicute.

O RETORNO

Na manhã de 2 de maio , Caspar de Lemos toma o rumo de Portugal, levando as cartas do capitão-mor Pedro Álvares Cabral, de outros capitães, do físico Mestre João e do escrivão -Pero Vaz de Caminha, além de amostras da vegetação local, toras de pau-brasil, arco e flechas, enfeites indígenas e papagaios de cores berrantes. Neste mesmo dia, o resto da esquadra retorna o caminho das Índias. Ficaram em terra os dois degredados e dois grumetes que haviam fugido.
Onze dias depois de sair do Brasil, a frota de Cabral é atingida por violenta tempestade. Os vagalhões arremessam os barcos para o alto e para os lados, como se fossem de brinquedos. As pressas, as velas são recolhidas, os mastros seguros e o leme amarrados. Gritos cruzando o tombadilho, os homens trabalham rápido, na ânsia de sobreviver. É preciso manter as naus vazias de água, impedir que o casco aderne com as ondas e o vento. Mas nem todos conseguem. Naufraga um navio, depois outro. Estão próximos do cabo da Boa Esperança, e mais uma nau afunda. Finalmente, tão rápida quanto viera, a tempestade desaparece. A frota perdera quatro embarcações. Entre os mortos está Bartolomeu Dias, que anos antes descobrira este lugar, agora seu túmulo .
Reduzida a sete navios, a esquadra aporta em Moçambique, na costa oriental da África. Todas as naus estão ali, menos a de Digo Dias, que, navegando sozinha, descobre uma ilha imensa, à qual dá o nome de São Lourenço (hoje Madagascar).
Com apenas seis navios, Cabral prossegue até a ilha de Angediva. E, três meses após deixar o Brasil, Cabral ancora em Calicute, onde não consegue , a princípio, estabelecer relações amistosas com a população.
Depois de um ataque dos muçulmanos, em que mais de trinta portugueses foram mortos, Cabral tomou todas as embarcações fundeadas no porto, confiscou-lhes a carga e mandou incendiá-las. E durante dois dias bombardeou a cidade, até obter a rendição. Então estabelece uma feitoria e celebra tratados de paz. De Calicute, Cabral segue para Canamor, onde se abastece de gengibre e canela. E lá assina novos tratados de paz.
A 16 de janeiro de 1501, Cabral toma o caminho de volta. Na altura de Melinde, mais uma nau afunda. Uma outra e mandada a Sofala, para explorações. E,. com apenas quatro naus Cabral aporta em Moçambique, para fazer reparos em suas embarcações.
A esquadra se junta novamente na altura do cabo da Boa Esperança e segue viagem. De um total de treze navios, o Tejo recebia de volta apenas seis caravelas. Sete foram tragadas pelo mar.
Lisboa inteira festejou a chegada da frota e homenageou Cabral. Os portugueses se alegravam porque aquele viagem era a consolidação do comércio com o Oriente. E isso era atestado pelo carregamento de especiarias, porcelanas e sedas trazido pelas naus. Essa carga foi o suficiente para cobrir todas as despesas da viagem.
Começa para Portugal um período de grande riqueza. Dom Manuel já pode anunciar o sucesso das viagens, pois, pelo tratado de Tordesilhas, as terras lhe pertenciam por direi-to. Escreve aos reis da Espanha contando a viagem de Cabral, mas omite propositadamente a extensão da terra descoberta e a rota utilizada por Cabral na sua viagem às Índias.
O aumento do seu poder leva o soberano a adotar novos títulos. Dom Manuel agora é "Rei de Portugal e dos Algarves, de Aquém e de Além-mar em África, Senhor da Guiné, da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia". Na euforia do domínio das rotas indianas, objeto principal em cem anos de navegações, a descoberta do Brasil passava quase despercebida.
" Assim chega a noite de 22 de abril de 1500. Os marinheiros recolhem velas e baixam âncoras. Os navios vão esperar o dia para se aproximar da costa. Na proa do seu barco, um homem não tira os olhos da terra que a noite vai apagando. É Pedro Alvares Cabral a contemplar a terra que descobrira. Brasil."
Descobrimento do Brasil
E' Vinte e três de abril, 1500, o sol acaba de nascer. Lá está a terra Descoberta, a foz de um rio e um punhado de indivíduos bronzeados andando pela praia. Os capitães se reúnem na Caravela de Cabral. Pero Vaz de Caminha, na carta que enviaria depois ao Rei Dom Manoel, conta que Cabral, como primeira medida, resolve mandar um pequeno barco, com Nicolau Coelho, ver o lugar de perto. Junto à boca do rio, dezoito ou vinte homens se aproximaram do escaler,
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência"todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas vergonhas". Os homens traziam arcos e setas, mas a um sinal dos portugueses baixaram as armas.
Ai deu-se então uma troca de presentes entre descobridores e indígenas. Nicolau Coelho deu-lhes um barrete vermelho, uma carapuça de linho e um chapéu preto: e recebeu em troca um cocar de plumas compridas, que terminava com penas vermelha e castanhas, e um colar de pequenas contas brancas. Depois disso, o português voltou a bordo.
A noite foi de chuva e ressaca, tornando impraticável o desembarque. Levantou-se grossa ventania, sendo recolhidas todas as ancoras. Era preciso encontrar porto mais seguro. Por isso a armada subiu a costa durante todo o dia seguinte, com os navios menores à frete.
Após viajar 10 léguas, encontraram "um arrecife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, (a atual baía de Cabrália, entre a ilha da Coroa Vermelha e a baía rasa de Santa Cruz, no Estado da Bahia). Ancoraram ali, e Cabral mandou à terra seu piloto Afonso Lopes, para fazer sondagens a toda volta da baía. Ao voltar, Pero Vaz de Caminha assim os descreve:
E tomou dois daqueles homens da terra levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.
Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.
Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Mas, apesar de tudo, os visitantes pareciam sentir-se à vontade.
Caminha conta que eles se estenderam no tapete e se prepararam para dormir. Cabral, amavelmente, mandou buscar almofadas para lhes por debaixo das cabeças e com uma coberta cobriram sua nudez. O que teriam achado de tais confortos, mingúem sabe.
No dia seguinte, pela manhã, depois de fundear mais próximo da terra, Cabral mandou Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias levarem de volta os dois homens, e deu a cada um deles uma camisa nova, uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas, que os índios enrolaram no braço, além de vários chocalhos e guizos. E mandou com eles um criminoso condenado ao exílio, Afonso Ribeiro, que deveria ficar em terra.
O Domingo, dia 25, amanheceu cheio de sol. Cabral pediu que fosse celebrada missa e feito um sermão. E mandou que todos os capitães se preparassem e o acompanhassem a uma ilhota verde, hoje Coroa Vermelha, dentro da baia, e com toda tripulação presente, Frei Henrique celebrou a missa. Uma multidão de homens nus olhava admirada e com grande interesse para estes seres sadios do mar que entoavam canções tão estranhas.
Após a missa, em reunião na sua nau, com a presença de todos os comandantes e de Caminha, Cabral decide enviar a notícia da descoberta ao Rei Dom Manual, pois talvez ele quisesse mandar outra esquadra para reconhecer mais detalhadamente a nova terra, ao invés de confiar essa tarefa a uma armada a cominho da Índia. Para isso destaca o navio de mantimentos, comandada por Gaspar de Lemos. Decidiu-se não enviar nativos para Portugal, mas deixa em terra dois degredados, que poderiam servir de informantes quando um próximo navio chegasse.
A semana seguinte foi de explorações. Cabral esteve em terra várias vezes e organizou diversas excursões para conhecer melhor o lugar. Houve brincadeiras, danças, novas trocas de presentes. A beleza das mulheres causa admiração aos português.
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam.E uma daquelas moças era toda tingida de baixo a cima, daquela tintura e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela.
Terminadas as festas e brincadeiras, todos puseram-se a trabalhar. A tripulação abasteceu as naus com lenha e água. Mestre João - o físico, com os pilotos e o grande astrolábio, fez observações em terra, localizou a constelação do Cruzeiro do Sul e escreve um relatório de tudo ao rei. Caminha continuou a escrever sua longa carta. A única coisa que faltava antes de partirem era deixar um padrão que garantisse a terra para Portugal contra todos os que viessem. Para isso, os carpinteiros fizeram uma cruz gigante a ser erguida na praia. E, a l.º de maio, numa Sexta feira, esta cruz foi levada em processão até a margem. Tinhas as armas de Portugal esculpidas, e foi colocada à entrada da floresta, debaixo de qual se improvisaram um pequeno altar. E assim rezaram uma segunda missa, sob olhar de aproximadamente 150 indígenas. Caminha registra:
E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.
Terminada a missa, iniciaram-se os preparativos para deixar aquela terra que Cabral batizara de Vera Cruz, e Caminha assim escreveu:
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa.Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo;
Fonte: www.geocities.com

Descobrimento do Brasil

descobrimento do Brasil, aconteceu no dia 22 de abril de 1500, pelos europeus deu-se no contexto da expansão marítima que ocorreu em fins do século XV. A suspeita da existência de terras a ocidente era bastante forte, sobretudo, após a primeira viagem de Cristóvão Colombo (1492), o que explica a insistência do rei de Portugal dom João II durante as negociações do Tratado de Tordesilhas (1494) para estender até 370 léguas a oeste de Cabo Verde as possíveis terras portuguesas. A presença de navegadores espanhóis no litoral brasileiro em 1499-1500 é discutida.
Descobrimento do Brasil
É o caso, por exemplo, de Alonso de Ojeda, que teria chegado ao Rio Grande do Norte, de Vicente Yáñez Pinzón, que partiu de Palos, em 18 de novembro de 1499, e positivamente desembarcou no litoral do brasileiro. Chegou ao cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, que chamou de Santa Maria de la Consolación. No entanto, alguns historiadores acham que pode ter sido a ponta de Mucuripe ou a ponta da Jabarana, no Ceará. Seguindo em direção noroeste descobriu a embocadura do rio Marañon e a do Orinoco que chamou de mar Dulce. Ainda no litoral norte descobriu o cabo de São Vicente, atualmente cabo Orange.
Um mês depois da partida de Pinzón, Diego de Lepe seguiu a mesma rota explorando a costa do Brasil ao sul do cabo de Santo Agostinho. Do lado português, é provável que Duarte Pacheco Pereira, autor do Esmeraldo de situ orbis, tivesse estado no Brasil em 1498 ou 1499. Entretanto, a descoberta oficial deu-se com a expedição de Pedro Álvares Cabral, fidalgo português nomeado pelo rei para comandar a expedição que se destinava à Índia, dando continuidade à abertura da rota para aquela região descoberta, em 1498, por Vasco da Gama. A frota de Cabral era composta por 13 navios, financiados com capitais reais e particulares, inclusive de comerciantes estrangeiros.
Partiu de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Acompanhavam Cabral navegadores experientes como Bartolomeu Dias, o descobridor do Cabo da Boa esperança, Nicolau Coelho, Sancho de Tovar e Gaspar de Lemos. A viagem até o Brasil estendeu-se até o dia 22 de abril, quando foi avistado no litoral sul do estado da Bahia um monte, batizado de monte Pascoal. A nova terra foi primeiramente chamada Vera Cruz e, no ano seguinte, Terra de Santa Cruz. Só posteriormente seria denominada Brasil em decorrência da abundância da árvore pau-brasil existente, no século XVI, na mata Atlântica. A esquadra permaneceu no Brasil até o dia 2 de maio, tendo sido rezadas duas missas, pelo franciscano frei Henrique de Coimbra (26 de abril e 1º de maio). Foram feitos contatos com indígenas e deixados alguns degredados. A expedição seguiu viagem para a Índia, enviando-se Gaspar de Lemos de volta a Portugal para informar ao rei a descoberta. O principal documento que narra tais eventos é a carta escrita ao rei dom Manuel I, o Venturoso pelo escrivão Pero Vaz de Caminha.
Fonte: www.brasilnoar.com.br
Pedro Álvares Cabral
Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje:Brasil.
A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária ( 200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha. .
Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas. Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.

Curiosidades sobre o Descobrimento do Brasil

Pedro Álvares Cabral saiu da praia do Restelo, em Lisboa, ao meio-dia do dia 9 de março de 1500, uma segunda-feira.
Vieram em dez naus e três caravelas, trazendo um total de 1500 pessoas. A viagem levou 44 dias. No dia 22 de abril de 1500, Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal (536 metros de altura).
Uma das naus desapareceu no dia 23 de março de 1500. Era a comandada por Vasco de Ataíde e tinha 150 homens.
Os outros barcos fizeram dois dias de buscas, mas nada encontraram. Então, seguiram viagem.
Cabral, de 32 anos, era casado com uma das mulheres mais nobres e ricas de Portugal. Isabela de Castro era neta dos reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela. Ele foi nomeado capitão-mor da esquadra em 15 de fevereiro de 1500.
A nau capitânia, comandada por Cabral, tinha capacidade para 250 tonéis. Ao todo, havia 190 homens a bordo.
As embarcações ancoraram a 36 quilômetros do litoral brasileiro. No dia seguinte, chegaram mais perto da costa. Foi aí que avistaram sete ou oito homens andando pela praia. Nicolau Coelho, Gaspar da Gama, um grumete e um escravo africanos foram os primeiros a desembarcar. O grupo na praia já aumentara para vinte homens, todos nus.
Os nativos se aproximaram do barco apontando seus arcos e flechas. Nicolau Coelho fez sinal para que eles largassem as armas, o que foi obedecido. Ainda de dentro do barco, ele atirou um gorro vermelho, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava. Em troca, os índios lhe deram um cocar e um colar de pedras brancas. Esses primeiros índios encontrados pelos portugueses eram da tribo tupiniquim.
Em 2 de maio, a expedição deixou o país e seguiu para as Índias. A missão de Cabral era instalar um entreposto em Calicute, principal centro das especiarias.
Cabral era considerado uma espécie de chefe militar da esquadra. Por isso, a frota incluía tantos comandantes experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o sul do continente africano, transformando o cabo das Tormentas em cabo da Boa Esperança; ou Nicolau Coelho, que havia participado da primeira viagem marítima às Índias, chefiada por Vasco da Gama. Gaspar Lemos foi enviado de volta a Portugal para anunciar ao rei Manuel I a descoberta do Brasil.
Havia um total de oito frades na frota de Cabral, liderados por frei Henrique de Coimbra. Cabral levava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, colocada numa capela especialmente construída no convés de sua embarcação.
Pedro Álvares Cabral recebeu 10 mil cruzados pela viagem. Cada cruzado valia 3,5 gramas de ouro. Ele poderia ainda comprar 30 toneladas de pimenta, com seus próprios recursos, e transportá-las gratuitamente no navio. A Coroa se comprometia a comprar o produto pelo preço de mercado em Lisboa (sete vezes mais que nas Índias).
Cada marinheiro poderia trazer 600 quilos de pimenta e fazer o mesmo. Entretanto, poucos voltaram. Além da nau que desapareceu e da outra que voltou a Portugal com a notícia do descobrimento, outras seis afundaram. Das treze, portanto, apenas cinco conseguiram retornar para casa.
Nenhum desenho da frota cabralina sobreviveu. Foram destruídos no terremoto seguido de incêndio que consumiu Lisboa em 1755.
Fonte: www.cpaco.com.br

Descobrimento do Brasil

A PARTIDA

"Senhor:
Posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães, escrevam a Vossa Alteza a (...) A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi, segunda feira, 9 de março.(...) não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que, para o bem contar e falar, o saiba fazer pior que todos(...)""Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha"
Era um domingo, na segunda semana de março de 1500.
E é o próprio Dom Manuel I que, cercado de grande pompa, assiste à missa na Capela de Nossa Senhora de Belém, diante da praia de Restêlo. Há luzes, incenso e cânticos neste Domingo, 8 de março de 1500.
Um pouco atrás do rei estão as maiores personalidades da corte, solenemente vestidas de luto , como se usava nessa despedida. O bispo de Ceuta, Dom Diogo de Ortiz, celebra da missa , faz um longo sermão, augurando bom êxito à viagem
Depois, abençoa a bandeira das armas reais e a Cruz da Ordem de Cristo - símbolo da fé e dos grandes feitos marítimos portugueses, o rei entrega a Pedro Álvares Cabral, alcaide-mor de Azurara e Senhor de Belmonte, junto com um barrete, presente do papa.
Terminada a missa, a comitiva se encaminha para a praia. À frente está o bispo com os acólitos, precedidos do porta-cruzes e acompanhados dos frades da Ordem de Cristo, com tochas na mão. Dom Manuel e Cabral vem a seguir secundados pelos cortesãos, capitães e tripulantes dos navios. Soam trombetas, flautas, tambores. E o povo acompanha o cortejo fazendo coro aos cânticos solenes. Em grandes botes enfeitados, Cabral e seus homens rumam para as naus ancoradas ao largo, no rio Tejo.
A tarde, com a chegada de ventos propícios, os navios demandam à barra. Começa a longa viagem rumo ao Descobrimento do Brasil, era segunda feira, 9 de março de 1500.
São aproximadamente 1500 homens, entre mercadores, pilotos, oficiais maiores, carpinteiros, caldeireiros, ferreiros, torneiros, soldados e técnicos em navegação.
As caravelas tinham dois ou , mais freqüentemente, três mastros, com popa alta de dois pavimentos, eram ligeiras e facilmente manobráveis. Cada uma transportava perto de 120 homens e, apesar de não serem navios de guerra, possuíam poderosos canhões. Mas a frota compunha-se também de naus mais possantes e maiores, sólidas, preferidas para o transporte de mercadorias.
Eram ao todo treze navios, naus e caravelas, capazes de navegar com vento muito fraco. Sua capacidade variava entre 50 a 100 toneladas, e sua velocidade média aproximava-se dos 13 quilômetros horários. Costeavam praias perigosas e, quando bem dirigidos, podiam até navegar contra o vento.
No comando das treze embarcações, que compõem a esquadra estão alguns dos mais ilustres navegadores do reino:

Armada de Cabral

NAU/CARAVELA DESIGNAÇÃO COMANDANTE
01 Nau Capitânia desconhecida Pedro Alvares Cabral 02 Nau Sota-Capitânia El-Rei Sancho Tovar 03 Nau desconhecida Simão de Miranda de Azevedo 04 Nau desconhecida Aires Gomes da Silva 05 Nau desconhecida Vasco de Ataíde 06 Nau Anunciada Nuno Leitão da Cunha 07 Nau desconhecida Simão de Pina 08 Nau desconhecida Luis Pires 09 Nau desconhecida Nicolau Coelho 10 Caravela desconhecida Bartolomeu Dias 11 Caravela desconhecida Diogo Dias 12 Caravela S. Pedro Pêro de Ataíde 13
Naveta de antimentos desconhecida Gaspar de Lemos
Afonso Lopes Piloto
João de Sá O escrivão, físico, o mestre João, médico e cirurgião do rei.
Pero Vaz de Caminha Escrivão da feitoria que se ia fazer em Calicute.
Frei Henrique Soares de Coimbra Chefiava os frades franciscanos.
Pero de Escobar Piloto, foi com Vasco da Gama na sua primeira viagem à Ásia.
Aires Correia seria o feitor de Calicute.

O RETORNO

Na manhã de 2 de maio , Caspar de Lemos toma o rumo de Portugal, levando as cartas do capitão-mor Pedro Álvares Cabral, de outros capitães, do físico Mestre João e do escrivão -Pero Vaz de Caminha, além de amostras da vegetação local, toras de pau-brasil, arco e flechas, enfeites indígenas e papagaios de cores berrantes. Neste mesmo dia, o resto da esquadra retorna o caminho das Índias. Ficaram em terra os dois degredados e dois grumetes que haviam fugido.
Onze dias depois de sair do Brasil, a frota de Cabral é atingida por violenta tempestade. Os vagalhões arremessam os barcos para o alto e para os lados, como se fossem de brinquedos. As pressas, as velas são recolhidas, os mastros seguros e o leme amarrados. Gritos cruzando o tombadilho, os homens trabalham rápido, na ânsia de sobreviver. É preciso manter as naus vazias de água, impedir que o casco aderne com as ondas e o vento. Mas nem todos conseguem. Naufraga um navio, depois outro. Estão próximos do cabo da Boa Esperança, e mais uma nau afunda. Finalmente, tão rápida quanto viera, a tempestade desaparece. A frota perdera quatro embarcações. Entre os mortos está Bartolomeu Dias, que anos antes descobrira este lugar, agora seu túmulo .
Reduzida a sete navios, a esquadra aporta em Moçambique, na costa oriental da África. Todas as naus estão ali, menos a de Digo Dias, que, navegando sozinha, descobre uma ilha imensa, à qual dá o nome de São Lourenço (hoje Madagascar).
Com apenas seis navios, Cabral prossegue até a ilha de Angediva. E, três meses após deixar o Brasil, Cabral ancora em Calicute, onde não consegue , a princípio, estabelecer relações amistosas com a população.
Depois de um ataque dos muçulmanos, em que mais de trinta portugueses foram mortos, Cabral tomou todas as embarcações fundeadas no porto, confiscou-lhes a carga e mandou incendiá-las. E durante dois dias bombardeou a cidade, até obter a rendição. Então estabelece uma feitoria e celebra tratados de paz. De Calicute, Cabral segue para Canamor, onde se abastece de gengibre e canela. E lá assina novos tratados de paz.
A 16 de janeiro de 1501, Cabral toma o caminho de volta. Na altura de Melinde, mais uma nau afunda. Uma outra e mandada a Sofala, para explorações. E,. com apenas quatro naus Cabral aporta em Moçambique, para fazer reparos em suas embarcações.
A esquadra se junta novamente na altura do cabo da Boa Esperança e segue viagem. De um total de treze navios, o Tejo recebia de volta apenas seis caravelas. Sete foram tragadas pelo mar.
Lisboa inteira festejou a chegada da frota e homenageou Cabral. Os portugueses se alegravam porque aquele viagem era a consolidação do comércio com o Oriente. E isso era atestado pelo carregamento de especiarias, porcelanas e sedas trazido pelas naus. Essa carga foi o suficiente para cobrir todas as despesas da viagem.
Começa para Portugal um período de grande riqueza. Dom Manuel já pode anunciar o sucesso das viagens, pois, pelo tratado de Tordesilhas, as terras lhe pertenciam por direi-to. Escreve aos reis da Espanha contando a viagem de Cabral, mas omite propositadamente a extensão da terra descoberta e a rota utilizada por Cabral na sua viagem às Índias.
O aumento do seu poder leva o soberano a adotar novos títulos. Dom Manuel agora é "Rei de Portugal e dos Algarves, de Aquém e de Além-mar em África, Senhor da Guiné, da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia". Na euforia do domínio das rotas indianas, objeto principal em cem anos de navegações, a descoberta do Brasil passava quase despercebida.
" Assim chega a noite de 22 de abril de 1500. Os marinheiros recolhem velas e baixam âncoras. Os navios vão esperar o dia para se aproximar da costa. Na proa do seu barco, um homem não tira os olhos da terra que a noite vai apagando. É Pedro Alvares Cabral a contemplar a terra que descobrira. Brasil."
Descobrimento do Brasil
E' Vinte e três de abril, 1500, o sol acaba de nascer. Lá está a terra Descoberta, a foz de um rio e um punhado de indivíduos bronzeados andando pela praia. Os capitães se reúnem na Caravela de Cabral. Pero Vaz de Caminha, na carta que enviaria depois ao Rei Dom Manoel, conta que Cabral, como primeira medida, resolve mandar um pequeno barco, com Nicolau Coelho, ver o lugar de perto. Junto à boca do rio, dezoito ou vinte homens se aproximaram do escaler,
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência"todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas vergonhas". Os homens traziam arcos e setas, mas a um sinal dos portugueses baixaram as armas.
Ai deu-se então uma troca de presentes entre descobridores e indígenas. Nicolau Coelho deu-lhes um barrete vermelho, uma carapuça de linho e um chapéu preto: e recebeu em troca um cocar de plumas compridas, que terminava com penas vermelha e castanhas, e um colar de pequenas contas brancas. Depois disso, o português voltou a bordo.
A noite foi de chuva e ressaca, tornando impraticável o desembarque. Levantou-se grossa ventania, sendo recolhidas todas as ancoras. Era preciso encontrar porto mais seguro. Por isso a armada subiu a costa durante todo o dia seguinte, com os navios menores à frete.
Após viajar 10 léguas, encontraram "um arrecife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, (a atual baía de Cabrália, entre a ilha da Coroa Vermelha e a baía rasa de Santa Cruz, no Estado da Bahia). Ancoraram ali, e Cabral mandou à terra seu piloto Afonso Lopes, para fazer sondagens a toda volta da baía. Ao voltar, Pero Vaz de Caminha assim os descreve:
E tomou dois daqueles homens da terra levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.
Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.
Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Mas, apesar de tudo, os visitantes pareciam sentir-se à vontade.
Caminha conta que eles se estenderam no tapete e se prepararam para dormir. Cabral, amavelmente, mandou buscar almofadas para lhes por debaixo das cabeças e com uma coberta cobriram sua nudez. O que teriam achado de tais confortos, mingúem sabe.
No dia seguinte, pela manhã, depois de fundear mais próximo da terra, Cabral mandou Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias levarem de volta os dois homens, e deu a cada um deles uma camisa nova, uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas, que os índios enrolaram no braço, além de vários chocalhos e guizos. E mandou com eles um criminoso condenado ao exílio, Afonso Ribeiro, que deveria ficar em terra.
O Domingo, dia 25, amanheceu cheio de sol. Cabral pediu que fosse celebrada missa e feito um sermão. E mandou que todos os capitães se preparassem e o acompanhassem a uma ilhota verde, hoje Coroa Vermelha, dentro da baia, e com toda tripulação presente, Frei Henrique celebrou a missa. Uma multidão de homens nus olhava admirada e com grande interesse para estes seres sadios do mar que entoavam canções tão estranhas.
Após a missa, em reunião na sua nau, com a presença de todos os comandantes e de Caminha, Cabral decide enviar a notícia da descoberta ao Rei Dom Manual, pois talvez ele quisesse mandar outra esquadra para reconhecer mais detalhadamente a nova terra, ao invés de confiar essa tarefa a uma armada a cominho da Índia. Para isso destaca o navio de mantimentos, comandada por Gaspar de Lemos. Decidiu-se não enviar nativos para Portugal, mas deixa em terra dois degredados, que poderiam servir de informantes quando um próximo navio chegasse.
A semana seguinte foi de explorações. Cabral esteve em terra várias vezes e organizou diversas excursões para conhecer melhor o lugar. Houve brincadeiras, danças, novas trocas de presentes. A beleza das mulheres causa admiração aos português.
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam.E uma daquelas moças era toda tingida de baixo a cima, daquela tintura e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela.
, assim como a vivacidade dos nativos
Terminadas as festas e brincadeiras, todos puseram-se a trabalhar. A tripulação abasteceu as naus com lenha e água. Mestre João - o físico, com os pilotos e o grande astrolábio, fez observações em terra, localizou a constelação do Cruzeiro do Sul e escreve um relatório de tudo ao rei. Caminha continuou a escrever sua longa carta. A única coisa que faltava antes de partirem era deixar um padrão que garantisse a terra para Portugal contra todos os que viessem. Para isso, os carpinteiros fizeram uma cruz gigante a ser erguida na praia. E, a l.º de maio, numa Sexta feira, esta cruz foi levada em processão até a margem. Tinhas as armas de Portugal esculpidas, e foi colocada à entrada da floresta, debaixo de qual se improvisaram um pequeno altar. E assim rezaram uma segunda missa, sob olhar de aproximadamente 150 indígenas. Caminha registra:
E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.
Terminada a missa, iniciaram-se os preparativos para deixar aquela terra que Cabral batizara de Vera Cruz, e Caminha assim escreveu:
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa.Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo;
Fonte: www.geocities.com

MESTRE JOÃO UM CIENTISTA AO LADO DE CABRAL...

Este cientista era o sábio Mestre João que integrava a frota de Cabral.
Ele localizou o Brasil com exatidão, pela primeira vez, de seu observatório astronômico improvisado.
Este personagem além de astrônomo, astrólogo, cosmógrafo, era médico da frota. Mestre João, Joam Faras, natural da Galícia, na Espanha, mudou-se para Lisboa por volta de 1485. Era Bacharel em Artes e Medicina, fisios (como os fisiologistas de hoje) e cirurgião particular de D. Manoel.
As atividades de cosmógrafo, astrônomo e astrólogo estavam até certo ponto, ligadas à prática da medicina. Antes da tratar alguém, ainda mais um rei, fazia-se o mapa astral de seu paciente. O próprio D. Manoel estivesse doente ou não, mandava ver diariamente como andavam os astros.
No perigoso ambiente das caravelas do século XVI, a presença de um médico era imprescindível.

POR QUE ?

1) As condições sanitárias das caravelas eram péssimas
2) A alimentação era baseada quase exclusivamente de uma monodieta de biscoito duro e salgado, quase sempre podre, perfurado por baratas e com bolor malcheiroso. A comida e a água eram guardadas no porão, sem cuidados mínimos de higiene.
3) A maioria dos marinheiros passava tão mal que não tinha forças para subir ao convés e fazer suas necessidades nos baldes reservados para isto. Faziam-nas no porão, muitas vezes já recoberto pelo fruto de seu próprio enjôo.
4) O banho era considerado um malefício à saúde (achavam que 2 ou 3 por ano eram suficientes)
Este conjunto de circunstâncias eram favoráveis à proliferação de doenças. As doenças de pele eram as mais comuns, e até Mestre João, que era médico, contraiu "uma coçadura" na perna, a partir da qual surgiu uma ferida maior que a palma da mão.
O arsenal usado por Mestre João para medir a distância das estrelas
1) Roda Mágica - o astrolábio era uma roda dividida em graus que tinha, presa em seu centro, uma seta móvel. Quando alinhada com os raios do sol (o que era indicado pela sombra), a parte superior da seta mostrava, na roda, a altura do sol acima do horizonte, o que permitia estabelecer a latitude.
2) Kamal - ou tábua da índia, era um pedaço de nós preso em seu centro. Segurava-se o fio com os dentes e afastava-se a tábua até que o astro ficasse encostado na parte de cima e o horizonte na de baixo. Os nós do fio esticado diziam qual era a altura angular da estrela.
3) Angulo certo - para saber quantos graus um astro estava acima do horizonte, usava-se também a balestrilha, conjunto de duas varas graduadas perpendiculares entre si. Olhava-se por uma ponta da maior e movia-se a menor. Quando a extremidade de cima da vara encontrasse o astro e a de baixo encontrasse no horizonte, formava-se o ângulo com o qual se podia calcular a altura da estrela.
A certidão de nascimento do Brasil foi redigida por Pero Vaz de Caminha e ficou perdida até fevereiro de 1773, quando foi redescoberta pelo guarda-mar da Torre de Tombo, José Seabra da Silva. As cartas de Mestre João ficaram na obscuridade mais tempo, sendo encontradas em 1843, também nos recônditos da Torre do Tombo.
A esquadra comandada por Pedro Alvares Cabral era constituída por 8 naus, uma naveta de mantimentos e 3 caravelas. A esquadra de Cabral estava ancorada a dois quilômetros da costa.
Faziam 5 dias que Cabral e sua tripulação tinham avistado os contornos arredondados de um "Grande Monte", no entardecer de 22 de abril, 4ª feira. O Monte foi batizado de Monte Pascoal, pois estava na semana da Páscoa.
No Brasil recém descoberto foram feitos novos estoques de água e lenha, e todos estavam fascinados com o esplendor da natureza e a docilidade dos nativos.
Mestre João fora incumbido de uma das mais importantes tarefas : descobrir, por meio da observação das estrelas, que terra era aquela e em que latitude se localizava. Ele demorou para por os pés em terra por razão de doença (a ferida inflamada na perna), precisou permanecer por mais tempo a bordo "de um navio muito pequeno e muito carregado" do qual não havia "lugar para coisa alguma", segundo escreveu depois ao rei de Portugal D. Manoel.
Quando mestre João meteu-se em um pequeno barco e dirigiu-se à praia, com seu grande astrolábio de madeira, mediu a altura do sol e calculou a latitude em que se localizava a nova terra. Obteve a medida de aproximadamente 17 graus.
Ao observar as estrelas que luziam sobre a bahia, mestre João vislumbrou uma constelação de extraordinária beleza. Embora ela já fosse conhecida desde a antigüidade e servisse para orientar navegantes a cruzarem a linha do Equador, o conjunto de astros ainda não tinha nome. Mestre João, ao ver o desenho no céu, comparou a uma cruz e batizou então de "Cruzeiro do Sul", a constelação que brilha hoje no centro de nossa bandeira.
Se Pero Vaz de Caminha foi o primeiro cronista dos nativos e das belezas da terra recém descoberta, Mestre João foi também alem de médico, o cartógrafo do céu e o primeiro a descrever, por meio de instrumentos, onde estava o Brasil.
Fonte: www.virtual.epm.br

Descobrimento do Brasil

DESCASO COM O BRASIL

Após o descobrimento o Brasil não fora imediatamente inserido no contexto histórico português...nessa época a suposta metrópole portuguesa estava interessada no rentoso comércio das especiarias do oriente, na Índia e, também, para surpresa de muitos, na costa africana onde o marfim, o ouro e, principalmente, o tráfico de escravos rendiam altos indíces para a crescente burguesia européia.

Calicute

A esquadra de Cabral tinha como principal destino o porto de Calicutte aonde era realizada a maior feira das especiarias. Pela história oficial portuguesa o Brasil fora descoberto acidentalmente mas, com o decorrer dos anos muitos historiadores contestaram essa façanha...pois a esquadra de Vasco da Gama, que destinava ao rumo desconhecido da Índia e tendo sida muito antes a de Cabral, já havia declarado que no horizonte ocidental existiam terras...onde, segundo marujos, aves pareciam ir rumando para terra. Há também teses relacionadas ao nome do navegador Duarte Pacheco Coelho que supostamente estivera no Brasil em 1498.
Ao chegar em Calicutte, Pedr'Alvares foi recebido com desconfiança, já que na região haviam muitos mercadores árabes de religião mulçumana. Inicialmente fora instalada uma feitoria portuguesa na capital indiana mas, tudo fora em vão. A feitoria foi destruida pelos mercadores árabes com um saldo de 50 mortos, dentre eles Caminha e o seu feitor Aires Correia. Durante dois dias Cabral havia ordenado um bombardeio a cidade de Calicute matando muita gente.
Após intensos conflitos Cabral decidiu zarpar para o norte, rumo a cidade de cochim onde seu Rajá era rival ao de Calicutte, lá conseguiu abastecer suas naus de pimenta, gengibre e canela, retornando a Lisboa como um novo ídolo a muitos sonhadores.
Fonte: www.geocities.com

Descobrimento do Brasil

Nos séculos XIV e XV, o mundo mudou muito. O comércio europeu desenvolvera-se bastante e surgira uma nova classe social, formada por comerciantes - a burguesia. os burgueses aliaram-se ao rei contra os privilégios do clero e da nobreza. Esse foi um passou importante para as grandes navegações.
Os portugueses desejavam sobretudo descobrir o caminho marítimo para as Índias, para lá criar um centro comercial e trazer especiarias, seda, porcelana, perfumes e pedras preciosas, produtos muito apreciados na Europa.
Em 1498, o português Vasco da Gama chegou a Calicute, nas Índias. Para assegurar essa conquista, o rei de Portugal, D. Manuel, concedeu a Pedro Álvares Cabral o comando de uma esquadra de 13 embarcações e cerca de 1 500 homens. Os navios de Cabral, no entanto, afastaram-se da costa africana e desviaram-se para oeste, aproximando-se de terras brasileiras.
NO dia 22 de abril de 1500, a esquadra avistou um monte, que recebeu o nome de Monte Pascoal. O nome definitivo, Brasil, deveu-se a abundância do pau-brasil, madeira da qual se extraía um corante vermelho.
Cabral deu a notícia do descobrimento, mandando um navio a Pombal com uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha. Essa carta constitui importante documento na história do Brasil, pois conta a viagem e a chegada a terra, descrevendo o novo território e os índios.
Fonte: www.infonet.com.br

Descobrimento do Brasil

Nessa aventura, conta-se que o intuito era traçar uma nova rota para as Índias, cujo acesso estava impossibilitado pelo "fechamento" do mar Mediterrâneo realizado pelos árabes. Há controvérsias sobre a versão de que os portugueses tenham chegado aqui por acaso, já que possuíam razoável conhecimento técnico, mas isso é uma outra história.
A jornada foi repleta de ação e de terríveis naufrágios, combates marítimos e terrestres, encontro com povos e terras desconhecidas e inúmeros outros episódios dramáticos. Homens de carne e osso, com desejos e temores, com anseios e expectativas, premidos pela fome e pela sede, lutando por glória e por dinheiro - nossa capacidade de nos identificarmos com aqueles marinheiros, soldados e capitães aumenta enormemente.
No dia 22 de abril, após 44 dias de uma longa viagem, foi avistada terra: um monte, que ficou conhecido como Monte Pascoal, já que estavam em época de Páscoa. Ali mesmo, no sul da Bahia, o Brasil foi batizado de Ilha de Vera Cruz, e os colonizadores tiveram os primeiros contatos com os nativos (denominados, erroneamente, "índios", já que se acreditava que aquela terra fosse a Índia).
Para notificar o rei português Dom Manuel, o escrivão da frota de Cabrall, Pero Vaz de Caminha, escreve um documento de 7 páginas; o primeiro documento da história do Brasil. A Carta de Pero Vaz de Caminha, por sua beleza textual, foi encaixada na escola literária quinhentista.
A designação Ilha de Vera Cruz não "pegou": os marujos preferiam chamá-la de "Terra dos Papagaios". Esse nome mudaria para Brasil, não só pela abundância da árvore de mesmo nome, mas também em função da antiga e lendária "Ilha Brasil".
Assim, graças à poderosa frota naval portuguesa, estava descoberto o país destinado a ser a maior nação católica da Terra: o Brasil.
Fonte: Educaterra
Vasco da Gama retorna vitorioso a Portugal em 1499. Traz uma carga de porcelanas, sedas, tapetes e especiarias que garantem grandes lucros à Coroa. Rapidamente uma nova expedição é organizada e seu comando é entregue ao almirante Pedro Álvares Cabral. A esquadra sai da praia do Restelo, em Lisboa, dia 9 de março de 1500, com destino a Calicute, na Índia. Seu objetivo é estabelecer uma feitoria – espécie de entreposto comercial – e fazer acordos com o soberano local que garantam o monopólio do comércio para Portugal.
Descobrimento do Brasil
Pedro Álvares Cabral (1467-1517) é o segundo filho dos senhores do Castelo e das terras de vila Belmonte, na Beira-Baixa. A história de sua família é semelhante à da maioria da nobreza portuguesa: cavaleiros e soldados, inclusive mercenários, que conquistam títulos e terras na luta pela reconquista do território aos muçulmanos e, num segundo momento, nas guerras contra Castela que levam a casa de Avis ao trono português. Pedro Álvares muda-se para a corte aos 11 anos. Estuda literatura, história e ciências, cosmografia, marinharia e as artes militares. Aos 16 anos é nomeado fidalgo da corte de dom João II. No reinado de dom Manuel, passa a integrar o Conselho do Rei, é admitido na Ordem de Cristo – uma distinção entre os nobres – e recebe uma pensão anual. Aos 33 anos é escolhido para comandar a segunda expedição às Índias. Depois de alcançar as terras brasileiras, retoma a rota de Vasco da Gama. Aporta em várias reinos africanos, estabelece relações com os poderosos locais e chega a Calicute em 13 de setembro de 1500. Ao voltar a Lisboa, dia 6 de junho de 1501, é aclamado herói. Sua glória dura pouco. Desentende-se com o rei sobre o comando da próxima expedição às Índias, programada para 1502. Vasco da Gama é escolhido para comandar a esquadra, e Cabral desaparece do cenário político.

Esquadra de Cabral

Cabral comanda a maior e mais bem equipada frota a zarpar dos portos ibéricos até então. Com dez naus e três caravelas, leva 1.500 homens, quase 3% da população de Lisboa, na época com cerca de 50 mil habitantes. São representantes da nobreza, comerciantes, artesãos, religiosos, alguns degredados e soldados. Participa da expedição um banqueiro florentino, Bartholomeu Marquione, elo de ligação entre a Coroa portuguesa e Lourenço de Medici, o senhor de Florença. É essa expedição que descobre o Brasil, dia 22 de abril de 1500.

Os pilotos

A esquadra inclui alguns dos mais experientes navegadores da época. Um deles é Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o cabo da Boa Esperança e a descobrir a passagem marítima para a Ásia, em 1485. Outro é Duarte Pacheco Pereira, apontado pelos historiadores como um dos mais completos cartógrafos e pilotos da Marinha portuguesa do período. Bartolomeu Dias não chega às Índias. Morre quando seu navio naufraga justamente ao cruzar o cabo da Boa Esperança, que conquistara 12 anos antes.

O polêmico desvio de rota

Por muito tempo, o descobrimento do Brasil, ou "achamento", como registra o escrivão Pero Vaz de Caminha, é considerado simples acaso, resultado de um desvio de rota. A partir de 1940 vários historiadores brasileiros e portugueses passam a defender a tese da intencionalidade da descoberta, hoje amplamente aceita.

Descoberta intencional

Os historiadores argumentam que, no final do século XV, Portugal já sabe da existência de uma grande área de terra firme a oeste do Atlântico. Pode ter sido avistada por seus pilotos que navegaram para regiões ao sul do golfo da Guiné. Até o golfo, as correntes marinhas são descendentes e é possível fazer uma navegação costeira. Do golfo da Guiné para baixo, as correntes se invertem. Para atingir o sul da África é preciso afastar-se da costa para evitar os ventos e correntes que ali têm ascendente (corrente de Benguela), navegar para o ocidente até pegar a "volta do mar", hoje chamada corrente do Brasil : ventos e correntes descendentes que passam pelo nordeste brasileiro e levam ao sul do continente africano. O primeiro a fazer isso é Diogo Cão, em 1482, seguido depois por Bartolomeu Dias e Vasco da Gama ao contornarem o cabo da Boa Esperança.

A "quarta parte"

Em 1498 o rei dom Manuel manda o cosmógrafo e navegante Duarte Pacheco Pereira percorrer a mesma rota de Vasco da Gama e explorar a chamada "quarta parte", o quadrante oeste do Atlântico sul. Em seu livro Esmeraldo de situ orbi, o navegante relata suas descobertas: "...temos sabido e visto donde nos vossa alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além da grandeza do mar Oceano, onde foi achada e navegada uma tão grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes..." Mais dois navegantes espanhóis, Vicente Pinzón e Diego de Lepe, também teriam aportado nessas terras, respectivamente em janeiro e fevereiro de 1500. Não tomam posse do território por saberem estar na área portuguesa demarcada pelo Tratado de Tordesilhas.

A posse da terra

A esquadra portuguesa avista sinais de terra dia 21 de abril pela manhã, segundo a carta de Pero Vaz de Caminha: "...eram muita quantidade de ervas compridas a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo de asno". Na manhã seguinte, 22 de abril, avistam aves e "... neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente de um grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele, e de terra chã..."

Descobrimento do Brasil

Local do desembarque

Na manhã do dia 23, procuram uma área abrigada dos ventos para o desembarque — um porto seguro. Por muito tempo, esse local é confundido com a atual cidade de Porto Seguro, na Bahia. A partir de 1940, historiadores brasileiros e portugueses reestudam a questão e concluem que o verdadeiro local do desembarque é a baia Cabrália, ao norte da cidade de Porto Seguro.

Primeira missa e posse formal

No dia 26 de abril, frei Henrique de Coimbra, capelão da esquadra, celebra a primeira missa na nova terra, no local hoje conhecido como Coroa Vermelha – na época um ilhéu, atualmente um promontório. Cabral toma posse formal do novo território em nome da casa real portuguesa em 1º de maio. No dia seguinte, a esquadra parte rumo às Índias. Uma nau volta a Portugal com as cartas dos pilotos, inclusive a de Caminha, que relatam a descoberta ao rei. Ficam em terra dois desertores e dois marinheiros com a missão de aprender a língua dos nativos.

Os nomes da nova terra

Considerada a princípio uma ilha, a nova terra recebe o nome de Vera Cruz. Desfeito o engano, é chamada de Terra de Santa Cruz. Em mapas da época e relatos de viagem aparece como Terra dos Papagaios, aves que os europeus consideram exótica, e de Terra dos Brasis, devido à abundância da árvore pau-brasil (Caesalpinia echinata).

Origem dos povos americanos

Várias hipóteses procuram explicar a origem dos povos americanos. A mais aceita afirma que o povoamento da América começa entre 15 e 25 mil anos antes da chegada dos europeus. Povos mongólicos teriam migrado da Ásia para a América através do estreito de Bering durante um período de glaciações, quando o gelo teria formado uma ponte natural entre os dois continentes. Caçadores nômades viriam seguindo o deslocamento das manadas de animais, espalhado-se em ondas migratórias sucessivas por todo o continente.
Hipótese alternativa – Muitos historiadores têm trabalhado com uma hipótese alternativa: o povoamento da América teria começado antes, em quatro ondas migratórias principais distanciadas no tempo. Grupos mongólicos teriam chegado por Bering. Australianos, pelo Pólo Sul, polinésios e esquimós pelo oceano Pacífico: os polinésios teriam aportado ao sul, dirigindo-se para a costa oeste sul-americana; os esquimós, ao norte, ocupando a América do Norte.

O nativo brasileiro

São poucos os estudos sobre a presença humana no Brasil antes da chegada de Cabral. Nos sítios arqueológicos de Paranapanema (SP) e Lagoa Santa (MG), os indícios de presença humana datam de 12 mil anos. Recentemente, pesquisas arqueológicas em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, registram indícios de até 48 mil anos – restos de fogueiras e artefatos de pedra. Essas descobertas, no entanto, ainda são polêmicas e não se constituem em prova definitiva.

Grandes grupos indígenas

A primeira classificação dos nativos brasileiros só é feita em 1884 pelo viajante alemão Karl von Steinen. Ele registra a presença de quatro grupos ou nações indígenas: tupi-guarani, a maioria, jê ou tapuia, nuaruaque ou naipure e caraíba ou cariba. São sociedades tribais baseadas no patriarcalismo e numa divisão sexual e etária do trabalho. Vivem principalmente da caça, da pesca, da coleta de frutos e raízes. Alguns grupos já praticam uma agricultura de subsistência. Plantam tabaco, milho, batata-doce, mandioca, abóbora e ervilha e usam a queimada para limpar o solo. Com os portugueses, começam a cultivar também o arroz, o algodão e a cana-de-açúcar.
População indígena original – As estimativas sobre a população indígena na época do descobrimento variam de 1 milhão a 3 milhões de habitantes. Em cinco séculos, a população indígena reduz-se a 280 mil pessoas, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio). A escravização, a aculturação e o extermínio deliberado resultam no desaparecimento de várias nações.

Período pré-colonial

O primeiro reconhecimento da nova terra é feito em maio de 1500 pela nau mandada de volta a Portugal com a notícia do descobrimento. Rapidamente a Coroa envia uma expedição exploratória à terra nova. Chega ao litoral do atual Rio Grande do Norte em 1501 e navega para o sul por cerca de 2.500 milhas. Dá nomes aos lugares descobertos: baía de Todos os Santos, cabo de São Tomé, Angra dos Reis, São Vicente. A segunda expedição, entre 1502 e 1503, conta com a participação de Américo Vespúcio, navegante italiano que tem seu nome associado a todo o continente e, nessa época, trabalha para Portugal.

Entradas

Completamente voltada ao comércio com o Oriente, a Coroa portuguesa arrenda a exploração da costa para um grupo de comerciantes liderados por Fernão de Loronha, que entra para história com o nome de Fernando de Noronha. Eles podem extrair pau-brasil de 300 léguas do litoral por ano, comprometem-se a pagar as taxas devidas e a garantir a defesa da costa.

Expedições de Fernão de Loronha

A primeira expedição chega ao Brasil em 1503 e descobre a ilha de São João, ou da Quaresma, atual arquipélago de Fernando de Noronha. No continente, negociam o corte do pau-brasil com os índios. Conseguem carregar pelo menos seis navios por ano. Em 1511, Loronha leva para Portugal 5 mil toras de pau-brasil, índios escravizados e animais silvestres, como papagaios, tuins e sagüis.

Pau-brasil

O pau-brasil é colocado sob monopólio da Coroa portuguesa. A exploração é feita através de contratos de arrendamento com companhias particulares, que devem pagar um quinto do valor obtido ao governo português. É extraído do litoral do Rio Grande do Norte até o do Rio de Janeiro. O corte e o transporte local são realizados inicialmente pelos índios, sob controle de feitores, comerciantes ou colonos. Depois, por escravos negros. Até 1875 o "pau de tinta" aparece nas listas de produtos exportados pelo Brasil.

Primeiros imigrantes

Muitos europeus se fixam no Brasil nos primeiros anos após o descobrimento. São náufragos, marinheiros desertores, degredados expulsos de Portugal pelas draconianas Ordenações Manuelinas, legislação criminal portuguesa considerada a mais severa da Europa. Chegam também aventureiros de várias nacionalidades, inclusive fidalgos em missões oficiais ou em busca de fortuna. Vêm ainda judeus portugueses convertidos ao cristianismo, os chamados cristãos-novos.
João Ramalho (?-1580?) é um dos primeiros europeus a assentar vida no Brasil. A data de sua chegada é imprecisa. A versão mais aceita sobre sua vida o aponta como um degredado pelas Ordenações Manuelinas. Deixa a esposa grávida em Portugal e aporta em São Vicente, onde se estabelece. Junta-se com a índia Bartira, filha de Tibiriçá, chefe da tribo dos tupinambás, e tem muitos filhos. Os jesuítas o encontram por volta de 1550 e sua vida é descrita pelo padre Manoel da Nóbrega como petra scandali: "Tem muitas mulheres. Ele e seus filhos andam com as irmãs das esposas e têm filhos delas. Vão à guerra com os índios e suas festas são de índios e assim vivem andando nus como os mesmos índios". João Ramalho é o guia de Martim Afonso de Souza nas entradas de reconhecimento do planalto de Piratininga e ajuda a contatar tribos indígenas da região. Mais tarde, fixa moradia no povoado de São Paulo de Piratininga, combate os índios tupiniquins ao lado dos portugueses e recebe o título e os privilégios de capitão-mor.

Concorrência estrangeira

Atraídos por histórias de tesouros fantásticos, outros povos fazem viagens freqüentes às costas do novo território, principalmente espanhóis e franceses. Voltam com os navios abarrotados de pau-brasil e obtêm lucros certeiros nos mercados europeus. As expedições são feitas por particulares: comerciantes, traficantes e piratas, a maioria com apoio velado de seus governos.
Fonte: www.conhecimentosgerais.com.br

Descobrimento do Brasil
Durante sua estada no Brasil, Cabral teve contato com cerca de 500 nativos
Vasco da Gama retorna vitorioso a Portugal em 1499. Traz uma carga de porcelanas, sedas, tapetes e especiarias que garantem grandes lucros à Coroa. Rapidamente uma nova expedição é organizada e seu comando é entregue ao almirante Pedro Álvares Cabral. A esquadra sai da praia do Restelo, em Lisboa, dia 9 de março de 1500, com destino a Calicute, na Índia. Seu objetivo é estabelecer uma feitoria – espécie de entreposto comercial – e fazer acordos com o soberano local que garantam o monopólio do comércio para Portugal.
O descobrimento do Brasil é um dos momentos marcantes do processo de expansão marítima e comercial portuguesa nos séculos XV e XVI. A fim de aumentar sua atuação política e comercial, Portugal volta-se para o oceano Atlântico, explorando primeiramente as ilhas próximas do país e a costa africana. Com o apoio da burguesia mercantil e da nobreza, o Estado desenvolve uma poderosa estrutura de navegação e comércio, dirigida inicialmente pelo infante dom Henrique. No começo, obtém da África ouro, marfim e escravos. Mais tarde, traz da Índia as lucrativas especiarias. Depois de 1492, a crescente disputa dos reinos europeus pelas terras do continente americano impulsiona os descobrimentos e a colonização do Novo Mundo.
As circunstâncias que antecederam o descobrimento do Brasil não são inteiramente conhecidas, apesar dos avanços da pesquisa histórica. Há duas hipóteses principais: uma defende que o descobrimento teria sido casual e a outra afirma que foi intencional.
Os que acreditam na tese do descobrimento acidental se baseiam no fato de não haver prova documental que confirme o envio oficial da esquadra ao litoral brasileiro no meio da viagem para a Índia. Porém, não se crê mais na possibilidade de a frota ter encontrado a costa brasileira por erro de navegação. Desde as primeiras décadas do século XV, Portugal envia expedições ao Atlântico Sul, e seus navegadores conheciam bem as direções dos ventos e das correntes marítimas entre os continentes africano e americano.
Sabiam da existência da corrente descendente (Canárias), que permite a navegação costeira ao redor da África até o golfo da Guiné, e da corrente ascendente (Benguela), que inverte o sentido das embarcações. Para atingir o extremo sul do Atl
ântico, os navegadores portugueses afastavam-se da costa africana, evitando ventos e correntes ascendentes, e corrigiam a rota empurrados pela corrente descendente chamada corrente do Brasil, que passa pelo Nordeste brasileiro e atinge o sul do continente africano.
O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações que possuem uma "certidão de nascimento" tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o "achamento" da nova terra. Ainda assim, uma dúvida paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral muito mais para oeste do que o necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do Brasil realmente um mero acaso?
Por muito tempo, o descobrimento do Brasil, ou "achamento", como registra o escrivão Pero Vaz de Caminha, é considerado simples acaso. A partir de 1940 vários historiadores brasileiros e portugueses passam a defender a tese da intencionalidade da descoberta, hoje amplamente aceita.
A favor da hipótese da descoberta intencional há o fato de que Portugal, como os demais reinos europeus, sabia da existência de terras no Ocidente desde 1492, quando Cristóvão Colombo chega à América. Tanto que busca garantir logo a posse de parte dessas terras pelo Tratado de Tordesilhas. Os portugueses também tinham informações sobre viagens espanholas como as de Vicente Yañes Pinzón e de Diego Lepe, que teriam costeado o atual Nordeste brasileiro pouco antes de Cabral.
Além disso, imediatamente após o retorno de Vasco da Gama da Índia, em 1499, Portugal teria mandado o cosmógrafo e navegante Duarte Pacheco Pereira refazer sua rota e explorar a "quarta parte", o quadrante oeste do Atlântico Sul. Apesar de não existir uma completa comprovação da realização dessa missão – a Coroa portuguesa tinha uma política de sigilo nos empreendimentos marítimos –, Duarte Pacheco Pereira participa da viagem de Cabral em 1500. Isso pode indicar que a expedição teria dois objetivos: um público e outro secreto. O primeiro seria desenvolver as operações comerciais na Índia e o segundo, confirmar as explorações realizadas anteriormente no Atlântico Sul, com a tomada de posse oficial das novas terras.

A esquadra de Cabral

Pedro Álvares Cabral (1467-1517) estuda literatura, história e ciências, cosmografia, marinharia e as artes militares. Aos 16 anos é nomeado fidalgo da corte de dom João II. No reinado de dom Manuel, passa a integrar o Conselho do Rei, é admitido na Ordem de Cristo – uma distinção entre os nobres – e recebe uma pensão anual. Aos 33 anos é escolhido para comandar a segunda expedição às Índias.
Cabral comanda a maior e mais bem equipada frota a zarpar dos portos ibéricos até então. Com dez naus e três caravelas, leva 1.500 homens, quase 3% da população de Lisboa, na época com cerca de 50 mil habitantes. São representantes da nobreza, comerciantes, artesãos, religiosos, alguns degredados e soldados. Participa da expedição um banqueiro florentino, Bartholomeu Marquione, elo de ligação entre a Coroa portuguesa e Lourenço de Medici, o senhor de Florença. É essa expedição que descobre o Brasil, dia 22 de abril de 1500.
A esquadra inclui alguns dos mais experientes navegadores da época. Um deles é Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o cabo da Boa Esperança e a descobrir a passagem marítima para a Ásia, em 1485. Outro é Duarte Pacheco Pereira, apontado pelos historiadores como um dos mais completos cartógrafos e pilotos da Marinha portuguesa do período.
Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos. Eram, se saberia depois, tupiniquins - uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século XVI, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupi-guaranis tinham chegado à região numa série de migrações de fundo religioso (em busca da "Terra Sem Males"), no começo da Era Cristã. Os tupiniquins viviam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Betioga, em São Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570, já estavam praticamente extintos, massacrados por Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil.
Depois de alcançar as terras brasileiras, Cabral retoma a rota de Vasco da Gama. Aporta em várias reinos africanos, estabelece relações com os poderosos locais e chega a Calicute em 13 de setembro de 1500. Ao voltar a Lisboa, dia 6 de junho de 1501, é aclamado herói. Sua glória dura pouco. Desentende-se com o rei sobre o comando da próxima expedição às Índias, programada para 1502. Vasco da Gama é escolhido para comandar a esquadra, e Cabral desaparece do cenário político.
Fonte: www.unificado.com.br

Descobrimento do Brasil

FROTA DE CABRAL

Descobrimento do Brasil
RÉPLICA da nau capitânia com que Pedro Álvares Cabral atingiu terras de Vera Cruz
está a ser construída na base naval de Aratu, no estado brasileiro da Baía
O Brasil está a construir uma réplica da nau capitânia de Pedro Álvares Cabral. Os trabalhos estão a desenvolver-se na base naval de Aratu, na Baía, local onde permanecem os "esqueletos" de três naus similares às usadas na frota de Pedro Álvares Cabral.
Segundo o presidente do Club Naval, Domingos Castelo Branco, a nau deverá ser lançada ao mar em Agosto de 1999, iniciando-se a fase de acabamento, para que, em Abril do ano 2000, possa liderar as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil.
Diz Castelo Branco que nenhuma das 13 naus com que Cabral zarpou de Lisboa, no dia 9 de Março de 1500, tinha nome. Assim, será reconstruída não só a nau capitânia como outras duas, todas sem nome, ao contrário do que ocorreu com Cristóvão Colombo e as caravelas Santa Maria, Pinta e Nina. Acrescenta o presidente do Club Naval _ entidade responsável pela coordenação da construção das naus - que tanto a nau capitânia com as outras terão aparência externa igual à das embarcações verdadeiras e o mesmo tamanho - 28 metros. No entanto, internamente, disporão de técnicas mais modernas de projecto.
Sobre isso, explica Castelo Branco que a técnica de construção e navegação evoluiu tanto que uma embarcação sem projecto moderno não recebe certificado para navegar. Algumas partes internas serão de fibra de vidro, sem mudar o aspecto externo.
Diz ainda Castelo Branco: "A existência no Brasil de uma réplica da nau capitânia, a exemplo do que ocorre em outros países, que também possuem réplicas de embarcações históricas, contribuirá significativamente para a reflexão e o ensino de história e para o incremento e a divulgação das tradições históricas e culturais."
Durante a fase de construção, vieram à tona informações interessantes. A réplica terá instalações para 20 tripulantes e 15 passageiros. Mas, apesar do seu pequeno tamanho, a nau original de Cabral, com apenas 28 metros de comprimento, trazia a bordo nada menos do que 165 pessoas. "Com 13 naus pequenas, Cabral chegou ao Brasil com mais de 1500 homens", acentua.
A viagem inaugural da nau capitânia ocorrerá em Dezembro de 1999. No dia 15 de Abril do ano 2000, a nau capitânia receberá réplicas de barcos portugueses - serão duas caravelas, dois bacalhoeiros e o moderno navio-escola português, a Sagres.
Em Salvador, no estado da Baía, haverá um festival náutico. No dia 22 de Abril do ano 2000, ocorrerão os eventos máximos, com a entrada de um dos navios na baía de Cabrália.
Em terra, estarão os presidentes do Brasil e de Portugal, o rei de Espanha e, possivelmente, o Papa e outros chefes de Estado.
Da nau capitânia, descerão, num bote, personagens com roupas da época, representando Pedro Álvares Cabral, o capelão de bordo, frei Henrique de Coimbra, e o escrivão Pêro Vaz de Caminha. Com a presença também de índios, haverá missa no mesmo local em que foi celebrada a primeira missa no Brasil, por frei Henrique de Coimbra.
Os homens que interpretarão os papéis de Cabral, Coimbra e Caminha são todos membros da marinha do Brasil (Força Armada), todos capitães-de-mar-e-guerra: Ralph Rosa será Cabral, não só na interpretação, como também comandará a nau capitânia; Tarcizo Fernandes será Caminha, o escrivão da frota; João Navarro celebrará a primeira missa no Brasil, a exemplo de frei Henrique de Coimbra.
A comissão dos festejos é presidida pelo vice-presidente da República brasileira, Marco Maciel, e conta com o apoio do Ministério da Marinha, da Petrobras e de diversas instituições e empresas. Após as cerimónias na Baía, local do descobrimento, a comitiva irá para o Rio de Janeiro, onde haverá outros festejos, incluindo um desfile naval de tall ships - veleiros de mastro alto - e uma regata com dois mil barcos.
Segundo Domingos Castelo Branco, o povo brasileiro vai-se emocionar e Portugal igualmente , tal como uma boa parte do mundo: o descobrimento é o facto mais importante da história do Brasil e ajuda a resgatar a importância das navegações portuguesas, iniciativa que marcou a ousadia dos nossos antepassados.
A união das características do desafio das navegações com o descobrimento ajudará o Brasil a vencer as actuais dificuldades. A epopeia portuguesa dos descobrimentos, iniciada na primeira metade do século XV e que se estendeu ao longo do século XVI, indo até meados do século XVIII, foi uma das mais notáveis obras do engenho, da organização e da determinação inquebrantável do ser humano em todos os tempos _ conclui Castelo Branco.
Após os festejos, a nau capitânia ficará permanentemente exposta à visita pública no Museu Naval, no Rio de Janeiro.

O fascínio pelo mar está na base das celebrações


NAU. Em Novembro, já estava edificado o "esqueleto" do navio, que deverá ficar concluído em meados de 1999
O fascínio pelas embarcações movidas à vela e a vontade de contribuir para a consciência marítima de um povo, em especial das suas gerações mais novas, contam-se entre os objectivos que nortearam este projecto de construção das três réplicas das naus, usadas pela frota de Pedro Álvares Cabral, na sua viagem de descoberta do Brasil, em 1500.
O projecto de construção da nau capitânia, para o Brasil, "reveste-se de grande importância histórica, pela possibilidade de divulgação da origem da nação brasileira", mas, em simultâneo, dizem os promotores da iniciativa, ajudará a reforçar a consciência marítima do povo.
"Uma embarcação deste tipo, construída nos moldes daquelas usadas na época do nosso Descobrimento", lê-se nos objectivos do programa, "certamente exercerá um grande apelo não apenas sobre a população como, também, sobre os diversos veículos de informação."
A reprodução da viagem histórica da chegada da frota de Cabral ao Brasil, composta por nove naus e três caravelas, começará no dia 8 de Março do ano 2000, com partida de Lisboa.
As embarcações, como na rota original, farão escala nos arquipélagos da Madeira e de Cabo Verde, prevendo-se a sua chegada a Salvador, na Baía, para o dia 12 de Abril. Os barcos participam, na capital do estado, num desfile naútico e rumam, posteriormente, para Coroa Vermelha, no Sul da Baía, onde devem atracar a 22 de Abril.
Na primeira semana de Maio, as réplicas das naus vão participar num festival naútico, no Rio de Janeiro, organizado pela Prefeitura da cidade.
Findas as comemorações, a nau capitânia de Pedro Álvares Cabral ficará exposta no Espaço Cultural da Marinha, no Rio de Janeiro, durante seis meses. Nos restantes seis meses do ano viajará de porto em porto, abrindo as suas portas ao público que a deseje visitar.
Fonte: www.instituto-camoes.pt

Descobrimento do Brasil

INTENCIONALIDADE OU DESCOBERTA DO BRASIL

Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, no ano de 1467 ou 1468. Era filho de Fernão Cabral, e de D. Isabel de Gouveia. Era casado com uma das mulheres mais ricas de Portugal, D. Isabel de Castro. Os documentos mostram Pedro Álvares Cabral como homem de vigor e finura. A carta de Caminha retrata-o dinâmico, agindo entretanto, com precaução.
Portugal tornou-se o país mais arrojado e ativo da Europa, pela ousadia de abrir as fronteiras marítimas graças aos conhecimentos náuticos portugueses. Lisboa possuía inúmeros aventureiros, cavaleiros, navegantes, astrônomos e especialistas no astrolábio e no quadrante.
Com dez naus e três caravelas, a esquadra liderada por Cabral era a maior e a mais extraordinária que Portugal jamais enviara para navegar o Atlântico. Partiu de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Cabral dirigia 1500 homens entre marujos, soldados, grumetes, degredados, pilotos, escrivãos e capitãos de sangue nobre. Levava na expedição: canhões, pólvora e espadas afiadas. Ainda hoje, algumas imprecisões existem a respeito do descobrimento do Brasil, envolta em mistérios insondáveis . De grande complicação, é a questão da intencionalidade ou não do descobrimento, não há, entretanto, apontamento para confirmação ou negação. Atualmente, a quase totalidade dos historiadores elege a intencionalidade da descoberta. O acontecimento indiscutível é que foram os portugueses que "descobriram" o Brasil, tomando posse da terra. Devemos aos portugueses boa parte da nossa formação.
Em uma quarta feira, 22 de abril de 1500, a esquadra de Cabral que no dia anterior encontrara sinais de terra, avistou um grande monte, e depois serras mais baixas ao Sul, com grandes arvoredos. O primeiro ponto avistado chamou-se monte Pascoal.No dia 23 de abril de 1500, a vida dos índios que viviam na região onde hoje está a cidade de Porto Seguro, no sul da Bahia, foi interrompida por um espetáculo assombroso. Treze navios enormes, muitos maiores do que as canoas que conheciam, atravessaram um após o outro a passagem entre os recifes da Coroa Vermelha e aportaram perto dapraia.
Na carta de Pero Vaz de Caminha, que foi enviada a D. Manuel I, estava escrito que se a terra não era a Índia e nem a África, era uma terra nova, uma ilha como outras já descobertas no Atlântico, pelos portugueses, foi lhe dado o nome de Ilha de Vera Cruz . Mas esta mesma Ilha de Vera Cruz, depois Terra de Santa Cruz, acabou por se chamar Brasil, enaltecendo a questão puramente comercial , cuja origem do nome todos nós conhecemos(uma árvore da qual se extraía tintura vermelha para tecidos – mercadoria de grande procura na Europa. A árvore era o pau-brasil).
Escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha redigiu carta ao rei D. Manuel para comunicar-lhe o descobrimento das novas terras. Datada de Porto Seguro, no dia 1º de maio de 1500, foi levada a Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos da frota; sendo o primeiro documento escrito da nossa história.
A primeira carta descreve com realismo a terra descoberta . A segunda cita a presença da constelação do Cruzeiro do Sul em nosso céu . O governo português sempre teve muito cuidado em esconder as informações sobre suas descobertas marítimas. Como parte dessa política de sigilo, Portugal excluía metodicamente documentos que poderiam cair em mãos inimigas.
O governo português sabia muito mais sobre as novas terras do que deixava desvendar. Por isso temos notícia de que o mapa do Brasil mais antigo que se conhece é o chamado "mapa de Cantino". Foi encomendado por Alberto Cantino, espião a serviço do duque de Ferrara, e realizado no final de 1501 por algum cartógrafo português que conhecia as descobertas.
O mapa mostra o desenho do litoral brasileiro desde a foz do Amazonas até Cabo Frio, o que indica com certeza que outros viajantes já haviam explorado as novas terras. Alguns historiadores identificam o nome Brasil não com o de uma árvore. A palavra teria o significado de Ilha Afortunada, ou a ilha do Paraíso. A seu favor, os defensores da idéia já encontraram mapas feitos a partir de 1367, nos quais ilhas desconhecidas aparecem indicadas como "Braçile", "Braçir", "obrasil", "O brasil" e "hobrasill".
Fonte: www.pedagogia.brasilescola.com
Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava terra - mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto
Descobrimento do Brasil
Na terça-feira à tarde, foram os grandes emaranhados de "ervas compridas a que os mareantes dão o nome de rabo-de-asno." Surgiram flutuando ao lado das naus e sumiram no horizonte. Na quarta-feira pela manhã, o vôo dos fura-buchos, uma espécie de gaivota, rompeu o silêncio dos mares e dos céus, reafirmando a certeza de que a terra se encontrava próxima. Ao entardecer, silhuetados contra o fulgor do crepúsculo, delinearam-se os contornos arredondados de "um grande monte", cercado por terras planas, vestidas de um arvoredo denso e majestoso.
Era 22 de abril de 1500. Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava terra - mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Nos nove dias seguintes, nas enseadas generosas do sul da Bahia, os 13 navios da maior armada já enviada às Índias pela rota descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra e seus habitantes.
O primeiro contato, amistoso como os demais, deu-se já no dia seguinte, quinta-feira, 23 de abril. O capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi a terra, em um batel, e deparou com 18 homens "pardos, nus, com arcos e setas nas mãos". Coelho deu-lhes um gorro vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu um cocar de plumas e um colar de contas brancas. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava, naquele instante, no curso da história.
O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações que possuem uma "certidão de nascimento" tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o "achamento" da nova terra. Ainda assim, uma dúvida paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral muito mais para oeste do que o necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do Brasil um mero acaso?
É provável que a questão jamais venha a ser esclarecida. No entanto, a assinatura do Tratado de Tordesilhas que, seis anos antes, dera a Portugal a posse das terras que ficassem a 370 léguas (em torno de 2 mil quilômetros) a oeste de Cabo Verde, a naturalidade com que a terra foi avistada, o conhecimento preciso das correntes e das rotas, as condições climáticas durante a viagem e a alta probabilidade de que o país já tivesse sido avistado anteriormente parecem ser a garantia de que o desembarque, naquela manhã de abril de 1500, foi mera formalidade: Cabral poderia estar apenas tomando posse de uma terra que os portugueses já conheciam, embora superficialmente. Uma terra pela qual ainda demorariam cerca de meio século para se interessarem de fato.

Os Tupiniquins

Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos. Eram, se saberia depois, tupiniquins - uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século XVI, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupi-guaranis tinham chegado à região numa série de migrações de fundo religioso (em busca da "Terra Sem Males"), no começo da Era Cristã. Os tupiniquins viviam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Betioga, em São Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570, já estavam praticamente extintos, massacrados por Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil.
Fonte: educaterra.terra.com.br
Há cinco séculos, no início de março de 1500, partiu de Lisboa, a principal cidade do Reino português, uma expedição de treze navios. Ia em direção a Calicute, nas Índias.
Era a maior e mais poderosa esquadra que saía de Portugal. Dela faziam parte mil e duzentos homens: famosos e experientes navegadores e marinheiros desconhecidos. Eram nobres e plebeus, mercadores e religiosos, degredados e grumetes. Parecia que todos os portugueses estavam nas embarcações que enfrentariam, mais uma vez, o Mar Tenebroso, como era conhecido o Oceano Atlântico.
Armada de Pedro Álvares Cabral, Livro das Armadas
A expedição dava prosseguimento às navegações portuguesas. Uma aventura que, no século XV, distinguira Portugal, por mobilizar muitos homens, exigir inúmeros conhecimentos técnicos e requerer infindáveis recursos financeiros. Homens, técnicas e capitais em tão grande quantidade que somente a Coroa, isto é, o governo do Reino português, possuía condições de reunir ou conseguir. Uma aventura que abria a possibilidade de obter riquezas: marfim, terras, cereais, produtos tintoriais, tecidos de luxo, especiarias e escravos. Uma aventura que também permitia a propagação da fé cristã, convertendo pagãos e combatendo infiéis. Uma aventura marítima que atraía e, ao mesmo tempo, enchia de medo, tanto os que seguiam nos navios, quanto os que permaneciam em terra.
Cândido Portinari, A Primeira Missa no Brasil
O rei Dom Manuel I, que a seu nome acrescentara o título de "O Venturoso", confiou o comando da esquadra a Pedro Álvares Cabral, Alcaide - Mor de Azurara e Senhor de Belmonte. Dom Manuel esperava concluir tratados comerciais com o governante de Calicute, o samorim, para ter, com exclusividade, acesso aos produtos orientais. Sua intenção era, também, que fossem criadas condições favoráveis à pregação da religião cristã, por missionários franciscanos. A missão da frota de Cabral reafirmava, assim, os dois sentidos orientadores da aventura das navegações portuguesas: o mercantil e o religioso.
E, ao que parece, Dom Manuel esperava ainda, com essa expedição, consolidar o monopólio do Reino sobre a Rota do Cabo, o caminho inteiramente marítimo até as Índias, aberto por Vasco da Gama, em 1498. Era preciso garantir a posse daquelas terras do litoral atlântico da América do Sul. Terras que, de direito, pertenciam a Portugal, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494.
Victor Meirelles, Primeira Missa no Brasil, RJ
Quarenta e cinco dias após a partida, na tarde de 22 de abril de 1500, um grande monte "mui alto e redondo" foi avistado e, logo em seguida, "terra chã com grandes arvoredos", chamada de Ilha de Vera Cruz pelo Capitão, conforme o relato do escrivão Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal.
Em Vera Cruz os portugueses permaneceram alguns dias, entrando em contato com seus habitantes. Em 26 de abril, frei Henrique de Coimbra, o chefe dos franciscanos, celebrou uma missa observada, a distância, por homens "pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos, andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma coisa cobrir, nem mostrar suas vergonhas, e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto", na descrição de Caminha.
Os portugueses não puderam com eles conversar, porque nem mesmo o judeu Gaspar - o intérprete da frota - conhecia a língua que falavam. Neste momento de encontro, conhecido pelo nome de Descobrimento, a comunicação entre as culturas européia e ameríndia tornou-se possível, somente, por meio de gestos. Duas culturas apenas se tocavam, abrindo margem às interpretações que ressaltavam as diferenças entre elas. Assim, quando um dos nativos "fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar", Caminha concluiu que era "como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra".
Fonte: www.multirio.rj.gov.br

Descobrimento do Brasil

Descobrimento do Brasil
O termo Descoberta do Brasil se refere à chegada, no ano de 1500, da esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral ao território onde hoje se encontra o Estado brasileiro e a tomada de posse do território pelo reino de Portugal.

A armada

Confirmando o sucesso da odisseia de Vasco da Gama o rei D. Manuel I depressa se aprontou em mandar emparelhar nova frota para a Índia, desta feita bastante maior que aquela usada por Gama. A nova frota era composta por treze navios e mais de mil homens. Pela primeira vez liderava uma frota um fidalgo, Pedro Álvares Cabral, filho de Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte.
Sabe-se que a armada levava mantimentos para dezoito meses. Pouco antes da partida, mandou el-Rei rezar uma missa, no Mosteiro de Belém, presidida pelo bispo de Ceuta, D. Diogo de Ortiz, onde benzeu uma bandeira com as armas do Reino e a entregou em mão a D. Pedro Álvares Cabral, despedindo-se pessoalmente o rei do fidalgo e dos restantes capitães.
Vasco da Gama teria tecido considerações e recomendações para a longa viagem que se chegava: a coordenação entre os navios era crucial para não se perderem uns dos outros, pelo que recomendou ao capitão-mor disparar os canhões duas vezes e esperar pela mesma resposta de todos os outros navios antes de mudar o curso ou velocidade (método de contagem ainda hoje utilizado em campo de batalha terrestre), entre outros códigos de comunicação semelhantes.

A viagem

Zarpava a grande frota de 13 navios do Restelo a 9 de Março de 1500, com o objetivo formal de concluir relações comerciais com os portos índicos de Calicute, Cananor e Sofala, iniciadas na viagem de Vasco da Gama. Pelo dia 14 do mesmo mês já se encontravam nas Canárias e no dia 22 chegavam a Cabo Verde. No dia seguinte desaparecia misteriosamente o navio de Vasco de Ataíde.
No dia 22 de Abril , acidente de percurso ou missão secreta de legitimação de posse, avistava-se «terra chã, com grandes arvoredos: ao monte». Ao grande monte, Pedro Álvares Cabral baptizou de Monte Pascoal e à terra deu o nome de Terra da Vera Cruz — hoje denominado Porto Seguro, no estado da Bahia. Aproveitando os alísios, a esquadra bordeja a costa baiana em direção ao norte, à procura de uma enseada, achada afinal pouco antes do pôr-do-sol do dia 24 de abril, em local que viria a ser denominado Baía Cabrália. Ali permaneceram até 2 de maio, quando rumaram para a Índia, cumprindo seu objetivo formal de viagem e deixando dois degredados e dois grumetes que desertaram. Estava iniciada a ocupação do Brasil por europeus.

A chegada a Vera Cruz

No dia 24 de Maio Cabral recebe os nativos no seu navio. Aí, acompanhado de Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia e Pêro Vaz de Caminha, recebia o grupo de índios que reconheceram de imediata o ouro e prata que se fazia surgir no navio — nomeadamente um fio de ouro de D. Pedro e um castiçal de prata — indicando aos portugueses que ali havia destes metais.
O encontro entre portugueses e índios está muito bem documentada na famosa carta escrita por Pêro Vaz de Caminha, escrivão a bordo. O choque cultural foi evidente. Os indígenas não reconheciam os animais que traziam os navegadores, à excepção de um papagaio que o capitão trazia consigo; ofereceram-lhes comida e vinho que os índios rejeitaram. O fascínio tocava-lhes pelos objectos não reconhecidos - como umas contas de rosário, e a surpresa dos portugueses pelos objectos reconhecidos - os metais preciosos.
Primeira missa, de Victor Meirelles.Os indígenas começaram a tomar conhecimento da fé dos portugueses ao assistirem a Primeira Missa, rezada por Frei Henrique de Coimbra, em 26 de abril de 1500. A cruz foi plantada no solo do novo domínio português, que recebera o nome de Ilha de Vera Cruz. Logo depois de realizada a missa, a frota de Cabral rumou para a Índia, seu objetivo final, mas enviou um dos navios de volta a Portugal com a carta de Pero Vaz de Caminha.
Primeira missa, de Victor Meirelles.
Primeira missa, de Victor Meirelles.

Os povos nativos

Quando do “achamento” do Brasil pelos portugueses, o litoral baiano estava ocupado por duas nações indígenas do grupo linguístico tupi: os Tupinambás, que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e a foz do Rio S. Francisco, e os Tupiniquins, que se estendiam de Camamu até o limite com o atual Estado do Espírito Santo. Mais para o interior, ocupando faixa paralela àquela apropriada pelos Tupiniquins, estavam os Aimorés. Tais grupos dominavam aqueles territórios há apenas dois séculos e, provavelmente, provinham do Alto Xingu, na Amazônia.

Polêmica

No ano 2000 comemorou-se os 500 anos do Descobrimento do Brasil, o que provocou muita polêmica ao redor da data. Para muitos, a comemoração implicaria que a história do Brasil completou quinhentos anos no ano 2000, uma perspectiva claramente eurocêntrica, pois parte do princípio de que apenas com a chegada da esquadra de Cabral teve início o processo histórico nas terras que hoje formam o Brasil. Isso é particularmente relevante do ponto de vista indígena, uma vez que os primeiros habitantes do território sofreram com a escravidão e mesmo as guerras de extermínios levadas a cabo pelos recém-chegados, o que, junto com as doenças e processos de aculturação, levou à desaparição de grande parte das tribos indígenas originais.
Outro fator polêmico é a descoberta de que alguns portugueses foram enviados ao Brasil em missões secretas antes mesmo da descoberta oficial, como, por exemplo, Duarte Pacheco Pereira.
Outros consideram que as comemorações, tanto oficiais como não oficiais, serviram como um bom pretexto para a reflexão sobre toda a história brasileira, uma vez que a Descoberta do Brasil é certamente um dos momentos-chave da História do Brasil.


Fonte: pt.wikipedia.org