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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Novo Renault Logan chega por R$ 28.990 iniciais...

Depois de revelar com exclusividade os detalhes do novo Renault Logan, CARPLACE participa nesta segunda-feira (04) do lançamento oficial da nova geração do sedã no mercado brasileiro. Com preços a partir de R$ 28.990, o novo Logan será oferecido em quatro versões: Authentique 1.0, Expression 1.0 e 1.6 e Dynamique 1.6.
Além do visual completamente novo por fora (ponto fraco da geração anterior), a nova geração traz um padrão superior de acabamento interno e equipamentos inéditos, como o sistema Media NAV 1.2 com tela de 7” integrada ao painel e o ar-condicionado automático. Além disso, o Logan 2014 pode contar com piloto automático, limitador de velocidade, sensor de estacionamento e indicador de trocas de marchas. Tudo para enfrentar melhor a concorrência entre os sedãs compactos: Fiat Siena, Chevrolet Prisma e Cobalt, Toyota Etios, Nissan Versa e VW Voyage.
De série, a versão de entrada Authentique traz airbags frontais, freios ABS e travamento automático das portas, enquanto a intermediária Expression acrescenta direção hidráulica, volante com regulagem de altura, ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, alarme, computador de bordo, banco traseiro com rebatimento 1/1, sistema de som 2 DIN, luzes de direção integradas ao retrovisor e moldura inferior do para-choque dianteiro cromado. Na versão de topoDynamique, além dos itens anteriores, o sedã conta ainda com faróis de neblina, bancos rebatíveis 2/3, controlador de velocidade, vidros elétricos traseiros e retrovisores elétricos.
Com dimensões maiores do que na versão anterior, o novo Logan mede 4,34 m de comprimento e possui 2,63 m de distância entre eixos, enquanto o porta-malas manteve os bons 510 litros do modelo antigo. A gama de motores será composta pelos propulsores 1.0 16V Hi-Power de 77/80 cv (mesmo do Clio, mais potente e econômico) e o conhecido 1.6 8V Hi-Power de 98/106 cv.

Preços:

Authentique 1.0 16V (R$ 28.990): freios ABS, airbag duplo, rodas de 15”, calotas, brake light. Principais opcionais: ar-condicionado, direção hidráulica e desembaçador de vidro traseiro, retrovisor com regulagem interna, quebra-sol com espelho cortesia.

Expression 1.0 16V (R$ 33.390) e 1.6 8V (R$ 39.440): freios ABS, airbag duplo, direção hidráulica, ar-condicionado (versão 1.6) retrovisores e maçanetas na cor da carroceria, banco traseiro rebatível 1/1, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, alarme perimétrico, computador de bordo e rádio com toca CD, MP3, USB e Bluetooth. Principais opcionais: ar-condicionado (versão 1.0), sistema multimídia Media NAV 1.2 e sensor de estacionamento.

Dynamique 1.6 8V (R$ 42.100): freios ABS, airbag duplo, direção hidráulica, retrovisor elétrico, rodas de liga leve aro 15’’, banco rebatível 1/3 e 2/3, vidros elétricos dianteiros e traseiros, piloto automático, limitador de velocidade, luzes repetidoras de direção nos retrovisores e ar-condicionado. Principais opcionais: sistema Media NAV 1.2, sensor de estacionamento e faróis de neblina.
FONTE:

Flagra: novo Ford Ka Sedan aparece pela primeira .

Já não era mais segredo nenhum que o novo Ka contará com uma versão sedã. No entanto, apenas o hatch do modelo havia dado as caras em flagras, inclusive no Brasil. Mas eis que agora finalmente surgem as primeiras imagens do Ka Sedan ainda camuflado.
Os cliques foram realizados pelo site Cars in Depth, que flagrou o modelo ainda sem placas rodando pelas ruas do subúrbio de Detroit (EUA) – próximo de Dearborn, sede da Ford. Como podemos notar pelas imagens, o novo Ka Sedan entrará para a turma dos sedãs “compactos crescidinhos”, com ênfase no porta-malas e no espaço interno, chegando para bater de frente com modelos como Renault Logan, Toyota Etios, Nissan Versa e Fiat Grand Siena. Desta forma, ele também se diferencia do New Fiesta Sedan, que exibe desenho mais dinâmico e acabamento mais refinado, mas fica devendo na acomodação do banco traseiro.
Debaixo do capô o modelo contará com o inédito motor 1.0 12 V ECOnetic de três cilindros (em versão flex com potência estimada acima dos 80 cv) e com o Sigma 1.5 16V (111 cv) que equipa o New Fiesta, ambos ligados ao câmbio manual de cinco marchas. Futuramente, poderá usar também o câmbio automatizado Powershift de dupla embreagem e seis marchas.
A Ford promoverá, em meados de novembro, a primeira mostra do novo Ka para imprensa em Camaçari (BA), mas o carro só deverá chegar às lojas no final do primeiro semestre de 2014, com o sedã em seguida. O Fiesta Rocam deverá conviver com o novo modelo por algum tempo, pois o novo Ka chegará maior e mais equipado. A marca estuda até ter o ar-condicionado como item de série no compacto desde a versão de entrada.
FONTE:

Reflexos do golpe militar.

Por Mariza Magalhães 
Quando o golpe militar aconteceu em 1964, algumas pessoas pensavam que aquela situação seria passageira. No entanto, ele veio com as mesmas características dos demais, ou seja, foi feito na “calada” da madrugada. Quando a população acordou os militares já estavam no poder. Era necessário que a população se organizasse para retirá-los do poder. 
A história mostra que a direita sempre foi mais organizada do que à esquerda, por isso, quando os militares assumiram criaram os famosos Atos Institucionais, mais conhecidos como Ais. Com os Atos Institucionais chegaram também as perseguições e torturas. Foi aí que os presos políticos sentiram o Ai literalmente, a dor. 
Todos os Ais afetaram a sociedade brasileira, porém o AI-5 foi mais desumano, deixando grandes sequelas  físicas e psicológicas na sociedade. 
O AI 5 foi instalado no Brasil, durante o governo de Arthur da Costa e Silva, publicado em 13/12/1968, que lhe concedia o direito de pôr em recesso o Congresso Nacional, decretar intervenção em Estados e municípios, suspender direitos políticos, proibir manifestações sobre assuntos políticos, suspender a garantia do Habeas-corpus. 
Este ato deu a Costa e Silva e a seus sucessores, durante os dez anos de sua vigência, poderes absolutos. A censura à imprensa tornou implacável. 
Os assuntos cortados não eram substituídos por notícias inócuas e sim por poemas épicos. Tinham preferência pelos “Lusíadas” de Luís de Camões. Notícias de prisões, torturas e desaparecimentos não podiam ser publicadas. 
Nas mãos dos censores textos e imagens, movimentos eram proibidos por apresentar conteúdos - no entender dos burocratas a quem se delegara o poder de julgar – subversivo ou imoral. Alguns autores tornaram-se vítimas preferenciais. O compositor Chico Buarque de Holanda foi obrigado a criar um personagem, ao qual deu o nome de Julinho da Adelaide. Um mesmo samba, enviado a julgamento sob o nome de Chico Buarque era vetado, assinado por Julinho da Adelaide, passavam sem corte. 
A repressão que calou vozes e tirou de cena liderança política e administrativa nascente, criou um vazio que tornou cinzento os anos seguintes - até os dias atuais estamos lutando para resgatar os valores perdidos como as organizações estudantis, sindicatos e até a Igreja Católica. 
Foi diante dessa situação que muitos estudantes, sindicalistas e religiosos optaram em lutar contra o governo militar, enfrentando o AI-5. Alguns foram presos, torturados física e psicologicamente, outros morreram dentro dos porões da ditadura. Alguns foram exilados, outros se auto-exilaram. Alguns preferiram viver na clandestinidade lutando para derrubar o regime militar instaurado em 1964. 
E é dentro desse contexto que vamos encontrar Marighella e os freis dominicanos. 

OS FREIS DOMINICANOS VOLTADOS ÀS QUESTÕES SOCIAIS 
A década de 1960 foi marcada por movimentos sociais: sindical, popular, alfabetização rural e urbana. A igreja católica foi um dos espaços escolhidos para a mobilização e reunião dos movimentos, os leigos estavam presentes nesta atuação e junto a eles os religiosos. 
No início de 1960 realizaram mudanças significativas nas nações capitalistas e socialistas. E as ideologias estariam se estabelecendo e dominando nações, frágeis. No continente americano, com exceção de Cuba, todas as nações estavam unidas ao sistema político econômico capitalista, representado pelos Estados Unidos. 
Com medo que países da América Latina seguissem o exemplo cubano, os Estados Unidos fixaram diretrizes para gerir as relações continentais, sentindo-se no direito de invadir e mandar ajuda militar aos países que se sentiam ameaçados por uma invasão comunista. 
No interior desse contexto os grupos políticos, sociais, econômicos e religiosos que faziam oposição à política norte americana voltam-se com mais atenção para os movimentos políticos, liderados por sujeitos mais comprometidos com as questões sociais. 
Se de um lado encontramos nações capitalistas preocupadas com as mudanças dentro do seu universo político, do outro vamos encontrar o mundo religioso também preocupado com o avanço do comunismo e conseqüentemente a perda de fiéis. Preocupado com essas mudanças políticas o papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II. 
O mundo havia evoluído econômica, cultural, política e cientificamente. O papa sabia que a Igreja deveria acompanhar esse progresso, e manter suas portas abertas para esclarecer, através de palestras, documentos, discussões e reuniões, os cristãos e os leigos afastados do convívio religioso 
É dentro dessa conjuntura que encontramos alguns religiosos dominicanos preocupados com a situação social do Brasil. A preocupação desses religiosos estava voltada para as atuações sociais. Eles se unem aos injustiçados, que não precisavam só do pão mas também da farinha e do trigo. 
Os jovens dominicanos acreditavam que viver o evangelho era integrar-se à comunidade através de práticas sociais, e para isso tornar-se necessária atuarem dentro da sociedade com participações sociais, políticas e econômicas. Essa nova visão de evangelizar foi influenciada pelo Concílio Vaticano II. Esse grupo de dominicanos foi iluminado pelos ensinamentos filosóficos e teológicos da linha humanista francesa e também pelos discursos realizados dentro co Concílio Vaticano II. 
Esses jovens dominicanos também tiveram participações em movimentos sociais como a Ação Católica, a Ação Popular e também na Juventude Universitária Católica. Após o golpe militar de 1964 esses movimentos foram enxergados como laboratórios de idéias comunistas, os seus participantes perseguidos pelo regime militar. 
Porém, os jovens dominicanos continuaram participando e atuando em movimentos sociais. Foram apoiados pelas mudanças sociais que a igreja católica anunciava. Era a igreja dos pobres, a igreja dos excluídos. A população carente encontrou nessa igreja a sua voz. A igreja preocupada com as questões sociais, a igreja progressista, não agrada aqueles que estavam apoiando o regime militar. 
Não eram só os dominicanos que apoiavam os necessitados, D. Helder Câmara também os amparava. D. Helder dizia que ” quando dou pão aos pobres, chamam-me de santo, quando pergunto pelas causas da pobreza, me chamam de comunista”. 

QUEM FOI MARIGHELLA 
Marighella nasceu em Salvador – na Bahia – em 5 de dezembro de 1911. Em 1932 ingressou na Juventude Comunista, em 1937 já participava do PCB, foi preso três vezes e entrou na clandestinidade sempre que os parlamentares comunistas foram cassados. 
Em 1967 rompe com o PCB e funda a Ação Libertadora Nacional – ALN – e dá início a luta armada contra a ditadura militar. 
Setembro de 1969 ALN e MR-8 seqüestram o embaixador norte americano – Charles Elbrick, que é trocado por 15 presos políticos. 4 de novembro do mesmo ano Marighella é assassinado na Alameda Casa Branca, em São Paulo pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. 
UNIÃO MARIGHELLA E DOMINICANOS 

A opção dos dominicanos pela ALN foi feita pelo frei Oswaldo Resende, em fevereiro de 1968 que convidou os demais para participarem da organização. 
Unir-se a Marighella era um desejo de colocar em prática todo o conhecimento que obtiveram das aulas teóricas, apresentadas por Congar, Chenu, Cardonnel e frei Carlos Josaphat. 
Foi essa simbiose que aproximou os dominicanos de uma organização de esquerda. Essas idéias deveriam ser propagadas em espaço protegido, que não chamasse a atenção de grupos institucionalizados e que tivesse a participação do povo. 
Por pensarem diferente, os freis são vistos como sujeitos “perigosos” . A perseguição aos freis dominicanos conjugados aos ideais da Ação Libertadora Nacional, tinha por objetivo desmoralizar a igreja católica progressista e aprisionar Marighella. 
A desmoralização foi apresentada à sociedade civil como sendo os dominicanos progressistas comunistas, um mal que deveria ser extirpado da sociedade religiosa e civil, prender Marighella era a satisfação do dever cumprido.
Em 2/11/1969, os freis Fernando e Yvo são presos no Rio de Janeiro, em uma ação conjunta com as polícias do Rio de Janeiro (CENIMAR) e São Paulo (DOPS). 
Quando os freis foram presos, alguns policiais invadiram suas casas e se apropriaram de objetos que comprometiam a vida deles. O primeiro objeto procurado foram as cadernetas de anotações. Através delas os policiais chegavam a outras pessoas ligadas direta ou indiretamente na rede da ALN. 
Após a prisão, os freis ficaram incomunicáveis. A ordem dominicana não podia se manifestar, as informações eram transmitidas pelos órgãos oficiais do governo. A incomunicabilidade foi rompida em 21 de novembro de 1969. 
Carlos Marighella foi assassinado na alameda Casa Branca nº 800, no dia 4 de novembro de 1969. No momento do assassinato um clássico estava acontecendo no Pacaembu; Santos x Corinthians. No 2 º tempo de jogo os altos falantes do estádio anunciam a morte do líder comunista. Os policiais denunciam os dominicanos como delatores, era uma maneira de colocarem os religiosos contra a sociedade. Hoje a história mostra que os freis foram barbaramente torturados para denunciarem Marighella.

São Paulo, 1917: A Primeira grande greve brasileira.

"São Paulo é uma cidade morta: sua população está alarmada, os rostos denotam apreensão e pânico, porque tudo está fechado, sem o menor movimento. Pelas ruas, afora alguns transeuntes apressados, só circulavam veículos militares, requisitados pela Cia. Antártica e demais indústrias, com tropas armadas de fuzis e metralhadoras.
Há ordem de atirar para quem fique parado na rua. Nos bairros fabris do Brás, Moóca, Barra Funda, Lapa, sucederam-se tiroteios com grupos de populares; em certas ruas já começaram fazer barricadas com pedras, madeiras velhas, carroças viradas e a polícia não se atreve a passar por lá, porque dos telhados e cantos partem tiros certeiros. Os jornais saem cheios de notícias sem comentários quase, mas o que se sabe é sumamente grave, prenunciando dramáticos acontecimentos."
Dias, Everardo.
"História das Lutas Sociais no Brasil".
Apud Bandeira, M. et alia, op. cit., pp. 56-57.
O texto acima, descrito polo operário e historiador Everardo Dias, caracteriza o cotidiano da cidade de São Paulo em julho de 1917, marcada pela greve geral que paralisou completamente a capital paulista, explicitando o choque entre o operariado - liderado principalmente pelo movimento anarquista - e o Estado oligárquico - através de um forte aparato repressivo.
A fundação da Confederação Operaria Brasileira (COB) em 1906, por iniciativa de sindicatos do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco foi um dos mais importantes marcos no processo de mobilização do operariado brasileiro. Na esfera ideológica, desde 1892, verificava-se a presença de princípios socialistas entre elementos da incipiente classe operária, que até a década de 1920 era mais influenciado pela ideologia anarquista e anarco-sindicalista, inspirada nas doutrinas dos russos Bakunin e Kropotkin e no francês Proudhon.
Para o anarquismo, o operariado deve ter como objetivo final a implantação de uma sociedade igualitária, antecedida da destruição do Estado capitalista. O anarquismo, contrário a toda forma de governo, entende o Estado e a política como invenções burguesas, negando qualquer forma de poder institucionalizado.
A afirmação do socialismo em substituição ao anarquismo no Brasil, ocorre principalmente depois dos anos de 1917-18, quando um grande movimento grevista agita inicialmente o eixo São Paulo-Rio para logo depois afetar os principais centros industriais do país.
A primeiro grande movimento grevista da história sindical no Brasil que paralisou a cidade de São Paulo em 1917, iniciou-se com greves localizadas em fábricas têxteis, ainda no mês de junho nos bairros da Moóca e do Ipiranga. Os líderes grevistas reivindicavam melhores salários e melhores condições de trabalho, além da exigência de supressão da contribuição "pró-pátria" (campanha de apoio financeiro à Itália, desenvolvida pela burguesia imigrante de São Paulo, chegando até a fazer descontos dos salários dos trabalhadores, como foi o caso do Cortonifício Crespi).
 As manifestações de rua foram duramente reprimidas pela polícia, culminando com o assassinato do sapateiro anarquista Antonio Martínez. Durante um mês a cidade de São Paulo viveu a agitação dos comitês de greves, que apesar de mostrar uma considerável capacidade de mobilização do operariado, não serviram para sensibilizar o Estado.
Ao longo de toda República Velha (1889-1930) os governos oligárquicos tratavam a questão social como "caso de polícia", preferindo assim, adotar medidas arbitrárias, como espancamento e prisão das lideranças grevistas e expulsão dos estrangeiros do país.
Apesar da forte repressão, o movimento grevista liderado pelo sindicalismo de inspiração anarquista e com a participação maciça de imigrantes italianos e espanhóis, estendeu-se praticamente até 1919 para várias regiões do território brasileiro.
Se por um lado as greves não alcançaram seus objetivos mais imediatos, certamente contribuíram para promover debates no meio operário sobre os rumos do movimento sindical.
Colocando em crise a ideologia anarquista, as greves de 1917 foram decisivas para o crescente avanço dos ideais socialistas, e para formação do Centro Comunista do Rio de Janeiro em 1921, que antecedeu a fundação do Partido Comunista Brasileiro no ano seguinte.
No cenário internacional, a transição do anarquismo para o socialismo é consolidada sobretudo, após a vitoriosa Revolução Bolchevista na Rússia, que inaugurou o primeiro Estado socialista da História sob o comando de Lênin. O líder revolucionário assumia o poder em novembro de 1917, após comandar, no exílio, a corrente bolchevista dos socialistas russos. É nesse contexto que cresce a influência da doutrina socialista no meio operário, contribuindo para uma ampla difusão do marxismo pelo mundo, até o final dos anos 80 que assinalam a crise do socialismo stalinista.
FONTE:

A SUDENE. No período entre 1960 e 1964, o Plano da SUDENE...

A SUDENE
No período entre 1960 e 1964, o Plano da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para a agricultura nordestina estava apoiado no estudo da realidade da região e constava dos seguintes programas prioritários: 1) produção de alimentos na zona úmida do Nordeste; 2) desenvolvimento no semi-árido de uma agricultura resistente aos efeitos da seca; 3) colonização do Maranhão; 4) desenvolvimento da irrigação no São Francisco.
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA ZONA ÚMIDA
O Programa de produção de alimentos na zona úmida, uma das poucas
áreas existentes no Nordeste isentas do problema da seca, tinha como principal objetivo combater a fome secular que se abate sobre aquela região do País.
A produção de alimentos deveria desenvolver-se com base nas terras liberadas pela modernização do complexo agroindustrial da cana-de-açúcar do Nordeste. A SUDENE iniciou contatos com usineiros no sentido de propor um plano de modernização da agricultura da cana e reaparelhamento das usinas. Os investimentos necessários seriam financiados pelo governo e parte desta inversão paga com terras liberadas, que seriam entregues à SUDENE. "
Esta proposta despertou interesse dos usineiros mais progressistas, mas não
logrou o consenso da classe, que rejeitou a oferta. A oligarquia agrária da
cana-de-açúcar não era tão progressista: como a SUDENE pensava, e era muito, mais apegada à terra do que se poderia prever. O primeiro sonho frustrou-se.
A SUDENE iniciou então um estudo sobre os tabuleiros da região litorânea e
delimitou áreas totalizando aproximadamente 3 milhões de hectares, existentes entre Salvador e Fortaleza, todas elas servidas de infra-estrutura de estradas pavimentadas, energia elétrica e próximas aos principais centros consumidores do Nordeste. Esta vasta extensão de terra estava praticamente desocupada, pois se tratava de solos muito lavados, de baixa fertilidade, para os quais não se conheciam técnicas econômicas de manejo
O propósito da SUDENE era realizar ensaios de fertilização nesses tabuleiros costeiros e, no momento em que tivesse conhecimento de como aproveitá-los no cultivo econômico de alimentos, iniciar o processo de desapropriação por interesse social dessas áreas abandonadas.
Por outro lado, enquanto se realizavam as pesquisas para saber como corrigir a acidez dos solos de tabuleiros, a SUDENE teve a oportunidade ímpar de fazer uma experiência no campo da organização econômica e social na zona úmida do Nordeste. Os trabalhadores rurais de cinco engenhos da Usina Salgado, no município do Cabo, em Pernambuco, tinham entrado em greve e não havia acordo. Usineiro e trabalhadores procuraram a SUDENE para dar uma solução, pois já tinham esgotado as negociações junto ao Ministério do Trabalho e outras autoridades. Nessa oportunidade, o Departamento de Agricultura e Abastecimento da SUDENE propôs ajudar os camponeses na organização de uma Cooperativa de Trabalho para explorar as terras dos engenhos de Tiriri, Massangana, Ajgodoais, serraria e Jardim e constituir-se ern fornecedora de cana para a Usina Salgado. Aceita a proposta depois de um trabalho de conscientização dos camponeses sobre organização de cooperativa e trabalho comunitário, foi organizada a Cooperativa de Tiriri e eleita a primeira diretoria, formada integralmente de camponeses. A cooperativa firmou um contrato de fornecimento de cana à Usina Salgado, ao preço oficial; o pagamento do arrendamento das terras seria realizado na base de 10% da produção bruta de cana colocada na Usina. A Cooperativa pagava salário mínimo aos trabalhadores por uma quantidade fixa de cana cortada e adicionais pela margem de produção alcançada acima destes níveis fixados. No fim de cada ano agrícola, o balanço da Cooperativa, depois de proceder à integralização do fundo de capitalizaçào, distribuía 50% dos lucros entre os trabalhadores, de acordo com o trabalho feito por cada um durante o ano.
A SUDENE dava assistência técnica na elaboraçào do plano anual de cultivo e corte de cana, assim como na gestào da Cooperativa. Os camponeses assumiram as tarefas cotidianas de implantação dos cultivos e administração da Cooperativa. Retiraram as mulheres e meninos do árduo trabalho da cana.
As mulheres, com assistência da SUDENE, organizaram um programa de
aprendizagem de corte e costura e produçào de roupas para os trabalhadores
rurais de Pernambuco. Os meninos iam às escolas e os adultos freqüentavam
cursos noturnos de alfabetização. Talvez pela primeira vez, foi posto em prática no meio rural o método de alfabetizaçào do professor Paulo Freire.
Os problemas internos de gestào da Cooperativa eram resolvidos com certa facilidade. Contudo, aqueles derivados de contatos externos da Cooperativa,
principalmente no que se refere à obtençào de crédito e compra de equipamentos e insumos, se constituíram em sérios obstàculos. A cooperativa de trabalhadores era uma exceção, difícil de se relacionar com o sistema bancàrio e com os fornecedores de insumos.
Depois de 1964, a ação foi no sentido de descaracterizar o trabalho comunitàrio desenvolvido pelos camponeses de Tiriri. As terras dos engenhos foram, parceladas e vendidas a cada família camponesa. Os camponeses sabiam que era difícil manter cultivos de cana em pequena escala, pois este cultivo só é econômico quando produzido em larga escala. Contudo, ante a alternativa de ficarem sem nada, aceitaram a imposiçào do parcelamento das terras. Entraram na Cooperativa alguns elementos estranhos, que não eram camponeses. Como era de se esperar, estes foram comprando as parcelas dos demais e concentrando a propriedade da terra. Em 1984, a Cooperativa de Tiriri estava desvirtuada e em plena crise.
Quanto ao programa de fertilização de tabuleiros, para produção de alimentos, foi imediatamente desativado. Em seu lugar, com o advento do Proálcool, seria intensificado o éultivo da cana-de-açùcar nos tabuleiros que apresentavam melhores condições de topografia para sua expansão.
A região semi-árida abarca quase dois terços da área do Nordeste, com cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados, e abriga uma população de aproximadamente 20 milhões de habitantes.
Nessa região, a seca periódica dizima as lavouras e quebra o equilíbrio entre a população e os recursos existentes e os nordestinos se transformam em flagelados e retirantes.

A AGRICULTURA RESISTENTE A SECA DO SEMI ÁRIDO
O programa da SUDENE para esta área foi concebido para enfrentar essa dura realidade. Em primeiro lugar, a SUDENE concentrou os recursos federais num plano de ação prioritário (Primeiro Plano Diretor), a fim de evitar a atomização dos recursos em obras sem importância e combater o clientelismo
político institucionalizado no Nordeste. Assumiu também o controle do Plano
de Emergência contra as Secas, distribuindo as obras programadas com as entidades especializadas e procedendo à fiscalização de sua execução. Por úl-
timo, passou a distribuir os alimentos nas frentes de trabalho.
No setor agropecuário, a SUDENE adotou uma estratégia no sentido de desenvolver uma agricultura resistente aos efeitos da seca. Nesse sentido, definiu subprogramas para o semi-árido, entre os quais o desenvolvimento da pecuária.
O subprograma da SUDENE para o desenvolvimento da pecuària no semi-
árido baseava-se fundamentalmente melhoria da alimentação do rebanho. Em grandes áreas do sertão, o gado era miùdo e com visíveis características de raquitismo, por falta de alimentação suficiente. A perfuração de poços, e
conseqüente descentralização das aguadas, permitiria melhor aproveitamento das pastagens, evitando maior pisoteio e destruição dos pastos.
A perfuração de poços foi uma ação de impacto. O poço não seria mais perfurado nas fazendas dos grandes proprietários e chefes políticos locais constituindo-se em propriedade privada. A SUDENE estabeleceu prioridade para a perfuração de poços públicos nos povoados, não só para atender às necessidades da população carente de água, mas também como sustentação do desenvolvimento da pecuária.
Depois de 1964 o governo apoiou-se no poder dos latifundiários do semi-árido. Em conseqüência, os subprogramas para a região só foram implantados nas partes que beneficiavam os grandes proprietários e chefes políticos locais.

COLONIZAÇÃO DO MARANHÃO
A SUDENE, através de seus estudos sobre o Nordeste, constatou a existência de uma progressiva corrente migratória de cerca de cinco mil famílias por ano do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e principalmente do Cearà e Piaui para as áreas de Caxias, Bacabai e Pindaré-Mirim no Maranhão, à medida que se abria a BR-316, ligando o Nordeste seco à Amazônia. Em 1960-61, quando a SUDENE estudou esta corrente migratória, a população migrante entrava pela picada aberta para a construção da estrada. Os nordestinos forjavam com sacrifício mais uma saga na história de sua sobrevivência.
A população camponesa, tangida pela agrura das secas, ia em busca de novas terras para reconstruir suas vidas. Alimentava a esperança de conseguir um pedaço de chão. Contudo, a omissão premeditada do governo facilitava a grilagem das terras e sua repartição entre empreiteiros e políticos locais. Depois de formados o roçado e a plantação de arroz, aparecia o grileiro para cobrar ao camponês a "meia" e, caso não fosse atendido, botava a polícia em cima do "invasor" para obrigá-lo ao pagamento do "tributo". O camponês tinha que optar entre ficar como meeiro na esteira do latifúndio em formação ou ganhar a estrada e abrir outro roçado mais adiante, em terra pública, que lhe renovava a ilusão de ter um dia o seu próprio chão.
O Estado do Maranhão, através de lei estadual de 1961, colocou as terras compreendidas entre os rios Pindaré e Turiaçu, ao longo da atual BR-316, à
disposição da SUDENE para o projeto de Colonização do Maranhão.
O projeto previa a incorporação anual de umas cinco mil famílias, pois o
processo migratório se estava desencadeando num ritmo acelerado. A SU-
DENE, então, preparou uma estratégia para enfrentar os problemas de manejo
dos solos; estudou as melhores formas de nucleação para ordenar o povoa-
mento da região e assessorou a organização de uma cooperativa centrai, para
garantir o abastecimento de insumos à produção e comercialização das colheitas.
Depois de 1964, a SUDENE, junto com o Banco Mundial, redefiniria a orientação do projeto de Colonização do Maranhão. O desenvolvimento da pecuária passou a ter prioridade. O Banco Mundial financiou a formação de pastagens e o desenvolvimento da criação de gado na área. Este projeto
foi danoso por vários motivos: concentrou a propriedade da terra e da renda; não gerou emprego, pois a criação de gado extensiva requer apenas duas jornadas de trabalho por hectare ao ano; se bem melhorou a oferta de carne, não contribuiu para aumentar a produção de azeite no Nordeste, assim como de outros alimentos, nem gerou excedentes exportáveis e suas conseqüentes divisas; desencadeou um processo violento de erosão e desequilíbrio ecológico em toda a regiào compreendida entre o Pindaré-Mirim e a fronteira do Pará.

IRRIGAÇÃO NA REGIÃO DA BACIA DO SÃO FRANCISCO
O rio São Francisco é conhecido como o rio da integraçào nacional. A bacia hidrogràfica do Sào Francisco abarca uma àrea de aproximadamente
670.000 quilômetros quadrados. Colonizada desde o século 17, constituiu-se na principai via de comunicação interior entre o sul do País e o Nordeste até
os anos 40, quando, com o bloqueio marítimo das costas brasileiras durante a Segunda Grande Guerra, iniciaram-se os primeiros esforços para implantar uma infra-estrutura rodoviària de integração do interior do Nordeste com o resto do País.
O São Francisco corta uma vasta regiào de caatingas secas dos sertões da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Esta área, por suas características favoráveis à criação de gado, foi o centro mais importante de desenvolvimento
da pecuária extensiva da zona seca no Brasil, desde a época colonial.
Até os anos 50, antes da construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso (1954), a irrigação no São Francisco era incipiente. As populações ribeirinhas aproveitavam as vazantes para, nas terras umedecidas e fertilizadas pelo húmus trazido pelo rio, estenderem progressivamente suas culturas de arroz, jerimum, batata-doce, milho e feijão-de-corda. Essas "culturas de vazantes" garantiam a subsistência da população. Os excedentes eram comercializados nos centros urbanos dos sertões nordestinos dentro da área de infÌuência do "Grande Rio". Os cultivos de mercado mais importantes desenvolveram-se dos anos 50 em diante, no médio São Francisco: em Pernambuco, com a cultura da cebola, principalmente em Cabrobó; com o arroz, nas vazantes das várzeas alagadas do baixo São Francisco, em Alagoas e Sergipe, assim como nas "lagoas de arroz" formadas ao longo das margens pelo transbordamento anual do rio.
A SUDENE estudou o São Francisco e as primeiras conclusões foram as seguintes: 1) o rio São Francisco tinha uma grande potencialidade de produção de alimentos à base de irrigação, pois os primeiros trabalhos revelaram que existiam aproximadamente 150 mil hectares de terras baixas e de caatingas aptas para a irrigação; 2) o aproveitamento progressivo desses 150 mil hectares com culturas irrigadas não só poderia gerar uma grande oferta de alimentos no sertão e aplacar a fome secular do Nordeste, como daria para abrigar diretamente cerca de 50 mil famílias de pequenos produtores agrícolas, com um nível de renda elevado, além de gerar mais 300 mil empregos indiretos (transporte, agroindústrias, bancos, pesquisas e assistência médica); 3) as amplas áreas da região oeste da Bahia, que vão da margem esquerda do São Francisco até a fronteira do Estado de Goiás, cujas terras na sua maioria eram de propriedade do Estado, ficariam como uma grande reserva para programas futuros de colonização e de produção de alimentos; 4) por último, o trabalho revelou que a SUDENE não poderia contar com a cooperação da Comissão do Vale São Francisco (CVSF), pois este organismo federal especializado no aproveitamento dos recursos do vale era prisioneiro de poderosos políticos corruptos da Bahia e Pernambuco. Com a impossibilidade de superar a situação existente, a SUDENE teria que enfrentar diretamente os problemas da irrigação no São Francisco.
Assim, foi iniciada a primeira experiência da SUDENE em Bebedouro, entre Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco, que contou com a cooperação da FAO, organismo das Nações Unidas.
A partir de 1974, a autoridade federal encarregada dos projetos de irrigação e desenvolvimento do rio é a CONDEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) A CODEVASF, mesmo tendo conhecimento dos trabalhos da SUDENE sobre a grande subocupação existente no Nordeste e a necessidade de aumentar a produção de alimentos a fim de minorar as deficiências alimentares e garantir o abastecimento da área, deu prioridade ao desenvolvimento de destilarias do Proálcool, de usinas de açúcar e de grandes empresas, inclusive de criação de gado.
Quando, em 1983, percorrendo o Nordeste para verificar os resultados de 20 anos de atuação da SUDENE após 1964, constatamos que nas terras irrigadas do São Francisco estavam sendo produzidos álcool para o parque automobilístico, suco de tomate para abastecimento dos grandes centros urbanos e uvas qualidade a serem exportadas para Paris. Enquanto isso, milhares de flagelados da seca invadiam cidades para matar a fome e dar alimentos a seus filhos famintos.
Este texto foi retirado do Livro "Retrato do Brasil", vol.I
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