Duster Tech Road é robusto, mas câmbio de 4 marchas incomoda.
O Renault Duster Tech Road 4x2 era um carro bastante aguardado por nossa redação para a avaliação no dia-a-dia. Afinal, ele vem equipado com o sistema Media Nav, um dos mais interessantes do mercado, com tela de 7 polegadas sensível ao toque. O Duster Tech Road está disponível em três versões: 1.6 manual de 5 marchas, 2.0 manual de 6 marchas e 2.0 automático de 4 marchas. O carro cedido para o teste era branco com transmissão automática de 4 marchas, que custa R$ 63.840. Trata-se do topo da linha.
A primeira impressão que você tem ao começar a dirigir o Duster é de que se trata de um carro robusto. Certamente esse foi um dos motivos que o fizeram desbancar o Hyundai Tucson da vice-liderança do segmento de SUVs. Até abril, o Renault Duster já havia emplacado 11.258 unidades, contra 5.682 do Tucson. O líder do segmento é o Ford EcoSport, com 21.582 unidades vendidas até abril. O motor do Duster 2.0 mostra força e faz um barulho imponente. Não esperávamos do Duster nenhum comportamento “fru-fru” que se vê em outros carros. Ele é mesmo selvagem, robusto e não nega o DNA de jipão. É um pouco barulhento, portanto.
Nas ruas, o Duster Tech Road chama atenção por dois motivos. Primeiro: é bonito, sem dúvida o que tem o visual mais agradável da linha. Segundo: é imponente. O Duster se impõe no trânsito e são poucos os carros que ameaçam “dividir espaço” com ele. A maioria das motos também prefere ficar longe. Dominados esses primeiros “instintos” do Duster, é hora de usá-lo em todas as suas habilidades. A primeira delas é o Media Nav. Os botões grandes e as letras generosas facilitam a operação. O navegador é relativamente simples de usar e rapidamente se mostra amigável ao motorista. A posição de dirigir é bastante elevada e isso favorece a visibilidade. Entretanto, a posição de alguns comandos é irritante. Durante todos os dias que fiquei com o carro não consegui me acostumar com a posição dos comandos dos vidros elétricos. Ao invés de ficar no “braço” da porta, eles ficam muito à frente, mais perto da coluna A. Você tateia com os dedos e simplesmente não os acha, obrigando-o a desviar o olhar para encontrá-los. Mas nada supera a localização do comando dos vidros elétricos – o botão fica quase escondido debaixo do freio-de-mão.
O espaço interno foi aprovado por toda a família, mesmo na parte de trás. E o cão parece ter gostado do espaço do porta-malas de 475 litros, que oferece a comodidade de retirar a cobertura. Mas, na hora de viajar, o Duster Tech Road 2.0 automático não se mostra tão amigável como em sua utilização urbana. O barulho do motor aumenta bastante e isso interfere no sistema de som, que precisa ficar em maior volume. O resultado de tudo isso é uma viagem mais barulhenta. Mas o grande vilão é o câmbio automático de 4 marchas. É evidente que o carro e o motor se adaptariam muito melhor a um câmbio automático com pelo menos 5 marchas. Tendo apenas 4 velocidades, a transmissão exige a terceira e a quarta marchas muito longas e, principalmente, o giro do motor em regimes mais elevados. O consumo de combustível também fica devendo na estrada, pelo mesmo motivo. Conseguimos médias muito parecidas com as do fabricante: 6,7 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada, com etanol. Não temos receio de dizer que o Duster Tech Road é um bom carro, mas não recomendamos a versão automática de 4 marchas, e sim a manual de 6 marchas, que é até mais barata (R$ 60.240). Ela vem com o mesmo motor 2.0 de 142 cavalos, mas sua utilização é muito mais tranquila. O torque é bom, mas demora um pouco para entregar toda sua força: os 20,9 kgfm só surgem a 3.750 rpm. Para quem não faz muita questão de potência, mas sim de racionalidade, o Duster Tech Road 1.6 é a opção indicada, com seu motor de 115 cavalos e transmissão de 5 velocidades.
O Duster Tech Road automático de 4 marchas não passa muita confiança na estrada na hora das ultrapassagens, pois parece estar sempre já no limite da velocidade. Entretanto, tivemos uma boa surpresa com seu comportamento em curvas, pois o Duster é bem largo e tem estabilidade boa para um SUV. Os pneus 215/65 R16 não são de uso misto, mas também não são nada macios. Esse carro, entretanto, deve ser observado muito mais pelo custo/benefício do que por seu comportamento dinâmico. Nunca é demais lembrar que o Duster 2.0 foi eleito a “Compra do Ano 2012” pelo site Motor4 há cerca de um ano. Isso porque sua oferta de equipamentos é realmente muito boa. Além dos básicos ar-condicionado, direção hidráulica, comandos satélites do Media Nav no volante, sistema de áudio com Bluetooth, freios com ABS e airbag duplo, o carro vem com sensor de estacionamento traseiro muito útil.
Minha garagem não é estreita, mas o Duster é tão largo na traseira que o sensor de estacionamento foi muito útil para que o carro fosse devolvido à Renault sem nenhum arranhão. Também coloquei o Duster Tech Road em alguns caminhos de terra, pedra e lama leve – ele se saiu bem, pois era uma situação em que sua robustez ficava evidente ao motorista. Também ficou claro em nosso teste que o Duster, mesmo na bonita versão Tech Road, não é um carro que transfere grande status ao seu proprietário, mas certamente é um veículo que será “amigo” do dono ao longo de sua vida útil, pregando poucos sustos e, principalmente, estando pronto para encarar qualquer tipo de utilização não radical.
Texto: Sergio Quintanilha / Fonte: Motor4 / Fotos: Divulgação
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