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sábado, 11 de outubro de 2014

Contrariando ritual depois de 11 jogos, seleção começa uma partida no Mundial pela primeira vez do lado esquerdo da quadra e não resiste às consistentes americanas

Contrariando ritual depois de 11 jogos, seleção começa uma partida no Mundial pela primeira vez do lado esquerdo da quadra e não resiste às consistentes americanas

Por Lydia GismondiDireto de Milão, Itália

Nas 11 vezes anteriores em que jogara no Mundial da Itália até então, o Brasil começou a partida do lado direito da quadra. Neste sábado, contra os Estados Unidos, no Mediolanum Forum, em Milão, pela primeira vez as brasileiras iniciaram na posição inversa. Foi justamente dessa maneira, estranha, diferente, que a seleção viu o seu sonho do ouro inédito escapar das mãos. O ritual foi quebrado justamente no dia em que o time do supersticioso técnico José Roberto Guimarães sofreu sua primeira queda, na semifinal do torneio. Alheia ao curioso detalhe, a equipe de Karch Kiraly se agigantou no momento em que mais precisou: contra as favoritas ao ouro. Era o dia delas. Em incríveis 3 sets a 0, com parciais de 25/18, 29/27 e 25/20, eliminaram as atuais bicampeãs olímpicas e garantiram vaga na disputa pelo alto do pódio. As brasileiras agora lutam pela medalha de bronze, domingo, contra o perdedor da outra semifinal, entre Itália e China. 

- Elas foram melhores. A gente jogou muito abaixo hoje. Não jogamos como vínhamos jogando, isso ficou nítido. Talvez também por mérito delas, que jogaram muita bola. Queria muito esse ouro. É difícil falar o que fica de saldo. Esse ciclo ainda tem uma Olimpíada em casa pela frente. Infelizmente, não deu para ganhar o Mundial. Agora é tirar lições para a Olimpíada - lamentou Sheilla, segunda maior pontuadora do Brasil na partida com 11 pontos, atrás de Fernanda Garay (14).

Thaisa lamenta erro na derrota do Brasil para os EUA na semifinal em Milão (Foto: AP)

O jogo foi marcado por reclamações de ambos os lados com a arbitragem. O técnico brasileiro, inclusive, se irritou a ponto de entrar em quadra e levar um cartão amarelo no segundo set.


- Não adianta ficar falando disso, mas a arbitragem em determinados momentos pecou demais e prejudicou o espetáculo. Mas faz parte do jogo. Elas foram melhores, e nós não fomos tão bem em todos os fundamentos - declarou Zé Roberto.

Camisa 10 dos Estados Unidos, Larson foi a mais eficiente do jogo, com 15 pontos, à frente de Murphy e Hill, com 13. Neste domingo, o SporTV 2 transmite a disputa pelo terceiro lugar às 12h30 (de Brasília), e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real. Mais tarde, às 15h, oSporTV transmite a grande final. Os assinantes do Canal Campeão também podem assistir a tudo pelo SporTV Play.

Hill leva a melhor sobre o bloqueio duplo brasileiro (Foto: Divulgação / FIVB)

Os dois primeiros pontos foram para o Brasil, com Thaísa no bloqueio. Mas logo as americanas mostraram que dariam trabalho. Depois de um ace de Kimberly Hill, assumiram a liderança do placar em 3/2. O saque forçado da ponteira seguiu dificultando a recepção brasileira, e as americanas abriam 6/3. Com ataque de Sheilla, o Brasil encostou (7/6), mas logo deixou abrir de novo. Kimberly e Larson seguiram voando no ataque: 18/10. Com um ponto de bloqueio e uma bela bola na paralela, Jaqueline deu esperança ao time: 20/15. Depois de um longo rali cheio de incríveis defesa, o juiz apitou irregularidade americana, e o ponto foi para as brasileiras. Mas já não dava mais para recuperar o prejuízo. Os Estados Unidos fecharam o set em 25/18, com uma falha na armação da jogada da equipe de Zé Roberto.


O Brasil voltou diferente. Mais calmo, se encontrou em quadra. Com Thaísa forçando o saque, a seleção cresceu no jogo. Depois de uma defesa incrível do time americano, Fabiana soltou o braço em uma bola rápida pelo meio: 5/1. Um problema técnico no placar interrompeu a partida por alguns minutos, mas não quebrou o bom ritmo brasileiro. Thaísa marcou um ace em seguida e ampliou: 6/1. Larson acertou mais um ataque, e Sheilla conduziu uma bola; os EUA diminuíram a diferença para quatro pontos (8/4). Fê Garay cortou a possível reação adversária com um perfeito ataque no meio fundo. Em seguida, Fabiana ainda pontuou no bloqueio. 

Zé Roberto: imagem da desolação na derrota para os EUA (Foto: Divulgação / FIVB)
SAIBA MAIS

Com Larson forçando novamente no saque, com direito a um ace, as americanas pressionaram outra vez: 11/9. O duelo foi ficando cada vez mais nervoso, com as duas equipes reclamando muito da arbitragem. Depois de voltar um ponto, Fê Garay soltou mais uma pancada: 16/14. Depois de um ataque Hill e um erro na defesa brasileira, o placar ficou empatado: 19/19. Após contestar mais uma decisão da arbitragem, Zé Roberto entrou na quadra e levou cartão amarelo. O confronto seguiu acirrado até o fim, mas as americanas outra vez conseguiram a vitória. A seleção perdeu três set points, e Larson encerrou o set em 29/27.

As americanas seguiram embaladas, lideradas agora por Kelly Murphy. Depois de um erro de Sheilla ao tocar na rede e um bloqueio em cima de Fabiana, fizeram 5/3. As brasileiras sentiram e passaram a ter muita dificuldade para definir os pontos. Zé Roberto testou algumas mudanças, colocou Fabíola, Tandara e Natália em quadra, mas nada adiantou. Bem na defesa, os Estados Unidos continuaram aproveitando bem os contra-ataques e foram abrindo cada vez mais a diferença no placar. Nervosa, a seleção não conseguiu mais reagir. O dia era mesmo das adversárias. Por 25 a 20, encerraram o set e adiaram o sonho do ouro inédito do Brasil.

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