Foram precisos cinco anos para que o aposentado gaúcho João Alfredo Dresch, de 68 anos, transformasse uma ideia surgida em uma viagem à Europa em realidade. Sem curso superior, mas com um currículo amplo obtido em uma fábrica de fermento na região do Vale do Taquari, João diz ter sido movido pela curiosidade para chegar ao resultado final do seu invento.
O produto em questão é o JAD, o primeiro minicarro elétrico do Brasil. O motor tem 5 cv de potência, alcança os 70 km/h, não polui e é silencioso. O tamanho é outro diferencial, já que possui menos de 2 metros de largura. O gasto por quilômetro rodado, explica João, é de apenas R$ 0,10.
Em busca de investimentos
“Só usei a cabeça. Acho que isso falta nesse ramo. Fui à Itália e vi esses carros pela rua. Voltei decidido a fazer algo parecido”, explica. Com R$ 10 mil emprestados, João começou os trabalhos no minicarro elétrico, no qual ele investiu um total de R$ 40 mil. “O primeiro protótipo era de papelão, depois fizemos um de madeira e outro de fibra, até chegar ao modelo de aço”, explica.
Primeiros protótipos do JAD. (Fonte da imagem: Reprodução/G1)
Embora todos considerem a ideia sensacional, aos olhos da lei brasileira João tem enfrentado problemas. Entre 2011 e 2014 o veículo foi apreendido duas vezes. “Tive que aguardar muito tempo até que a documentação saísse, o que aconteceu só no mês de janeiro”, afirma.
Nesta semana, o JAD de João voltou a ser notícia na mídia, por conta de uma multa recebida na cidade de Lajeado. Por ser pequeno, o carro pode ser estacionado no sentido inverso. Em uma vaga convencional em que cabe apenas um carro, é possível estacionar até 3 JAD.
“O fiscal não gostou da brincadeira, mas tentei mostrar que a função do carro é justamente essa: daria para colocar mais três carros dos meus”, explica. O resultado foi uma multa de R$ 85,13 por conta da situação inusitada, ilustrada na foto abaixo.
Como ele funciona?
Embora só agora tenha recebido autorização para circular, João conta que foi necessário apenas um ano entre a concepção do projeto e o resultado final. O veículo é alimentado por um sistema de 14 baterias, que mantém uma corrente contínua que aciona o motor de 5 cv do minicarro.
Em uma vaga convencional cabem até 3 JADs. (Fonte da imagem: Reprodução/G1)
Dentro do veículo há espaço para apenas duas pessoas, o motorista e o passageiro, e é possível adicionar bagagens na parte traseira. Segundo ele, o tempo de recarga em um plugue convencional de luz é de apenas uma hora. “É para andar na cidade e concorrer com as motos”, confessa o inventor.
João ressalta ainda que o seu JAD é economicamente viável e para isso busca interessados em investir no projeto. “Estou conversando com quatro empresas no momento e creio que o consumidor final pode adquirir um carro como esse por menos de R$ 20 mil”, completa.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico estima que a eficiência de um automóvel elétrico é de aproximadamente 70% – percentual quase cinco vezes maior do que o de veículos convencionais (que variam de 14% a 18%).
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