Presidente inaugurou empreendimento energético em Santa Vitória do Palmar, na Zona Sul, e deixou local sem falar com a imprensa.
Em meio à onda de protestos que agita as rodovias brasileiras, a presidente Dilma Rousseff inaugurou, nesta sexta-feira, no interior de Santa Vitória do Palmar, extremo sul do Estado, o maior empreendimento eólico do Rio Grande do Sul. Diante de apoiadores, fez do ato no Parque Geribatu – capaz de gerar energia para 1,5 milhão de pessoas – uma oportunidade para reverter a queda na popularidade diante da crise nas estradas e das denúncias de corrupção na Petrobras. Em seu discurso, ignorou as manifestações.
Antes de iniciar a agenda positiva, a presidente passou por Pelotas, onde recebeu prefeitos da Associação de Municípios da Zona Sul. Eles entregaram uma carta pedindo a manutenção dos investimentos no polo naval de Rio Grande.
Mais tarde, de helicóptero, Dilma chegou ao palco montado junto aos 129 cataventos gigantes de Geribatu acompanhada do governador José Ivo Sartori e de dois ministros. O empreendimento integra o Complexo Eólico Campos Neutrais, considerado o maior da América Latina, incluindo os parques Chuí e Hermenegildo, ainda em implementação. Minutos antes da aterrissagem, um grupo de mais de cem integrantes do Movimento dos Trabalhadores Autônomos de Cargas ocupou a via de acesso ao parque. Com apitos e faixas – cujos letreiros exibiam frases como “basta de fanfarras” e “fora Dilma” — os manifestantes foram barrados e não conseguiram chegar perto.
A cerca de 200 quilômetros dali, outro grupo, formado por produtores rurais e motoristas profissionais, montou uma barreira na BR-471, em Rio Grande. Em busca da atenção da presidente, os manifestantes espalharam pneus, galões de leite e faixas na rodovia, mas Dilma não passou pela estrada.
Ao subir no palco, ela foi recebida com palmas — ao contrário de Sartori, que acabou vaiado. O apitaço ao fundo ficou em segundo plano, e Dilma deu início a uma fala de 23 minutos, restrita ao tema da geração de energia. Lembrou do período em que atuou como secretária da pasta no governo Olívio Dutra e disse que, desde aquela época, no fim dos anos 1990, sonhava em ver aerogeradores na região.
— Esse parque eólico significa muitas coisas. É energia firme e garantida aqui, para quem quiser vir, investir, trabalhar, progredir, em qualquer área. Aqui vocês têm uma oportunidade de desenvolvimento aberto para toda a região — disse Dilma.
Ela também assegurou que o Brasil conta com “segurança energética”, mas que é preciso “lutar pelo consumo racional de energia” — o “desperdício zero”. E garantiu que “os aumentos nos preços da energia são passageiros”, em função da “maior falta de água dos últimos cem anos”.
Ao final, blindada por seguranças e assessores, longe dos fotógrafos, deixou o local sem falar com a imprensa.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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