G1 ouviu pais que passaram por partos domiciliar, hospitalar e cesariano.
Experiência faz com que o laço familiar se fortaleça, diz especialista.
Desde a frase “estou grávida” até o primeiro choro do bebê, as vidas de Carlos Nogales, Diego Garcia, Diogo Mantovani e Vitor Goersch mudaram. Os quatro, moradores de São Paulo na faixa dos 30 anos, tiveram a recente experiência de não só se tornarem pais, mas também participaram do nascimento dos filhos ao lado de suas esposas antes, durante e depois do trabalho de parto. Para eles, a experiência, independentemente do tipo de parto, mudou suas vidas.
“A paternidade me trouxe de volta a mim mesmo. Era como se eu vivesse minha infância de novo e pudesse recontar a minha história”, diz Diego Garcia, 30, pai da Teresa, de 28 dias, com Clara Lobo, 36, que teve um parto domiciliar.
Para Diego, a paternidade fez com que ele refletisse sobre si, o próprio pai e o que queria ensinar para o filho que viria. Desta viagem interna, Diego criou o projeto “Quando nasce um pai”, um blog que traz textos ligados à paternidade e uma websérie com entrevistas em vídeos com homens que se tornaram pais.
“O nascimento da Teresa é a lembrança mais forte que tenho. Quando tudo está ruim, eu penso na minha família, na minha mulher, e tudo vale a pena”, conta.
Desde 2005, a Lei Federal 11.108, conhecida como Lei do Acompanhante, regulamenta a presença de uma pessoa escolhida pela gestante para estar com ela durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto em hospitais do Sistema Único de Saúde.
Em 2008, uma resolução estabeleceu que a regra também vale para hospitais privados. Em ambos os casos, a presença do acompanhante no parto depende das condições clínicas da mulher, segundo a Agência Nacional de Saúde.
A ANS e o Ministério da Saúde não informaram o número de reclamações registradas quanto ao descumprimento da lei. O Ministério da Saúde informou que estimula a adoção de práticas humanizadas no parto, como o cumprimento da Lei do Acompanhante durante todos os períodos do parto.
Sonho se realizando
Mesmo quando o homem já é pai, o nascimento do segundo filho emociona. “Me arrepia só de falar. Parecia que eu ia explodir quando peguei ele no colo. Era um sonho se realizando”, diz Carlos Nogales, 36, pai de Augusto, de 3 meses, com Marina Ferreira, 35, que também teve um parto domiciliar.
Para ele, a experiência de ter um filho em casa foi ainda mais especial porque Isabela, de 3 anos, pode ficar por perto e acompanhar o nascimento do irmão.
Carlos Nogales e a mulher Marina Ferreira, com os filhos Augusto e Isabela (Foto: Lela Beltrão)
Carlos Nogales e a mulher Marina Ferreira, com os
filhos Augusto e Isabela (Foto: Lela Beltrão)
Para o terapeuta familiar e psicólogo perinatal Alexandre Coimbra, ele mesmo pai ativo no parto dos seus três filhos, hoje com 8, 6 e 1 ano, participar do parto faz com que o homem viva um ritual de passagem. “A mulher constrói um vínculo com o bebê de forma mais profunda, e muito antes do pai. O ritual do parto faz com que se estabeleçam essas novas conexões do pai com o bebê e do homem com essa nova mulher que se torna mãe”, diz.
Segundo a educadora perinatal e doula Lúcia Junqueira, é comum que os homens sintam, em um primeiro momento, um certo medo em relação ao parto. “Ele pensa que é algo da mulher, que ele não vai poder ajudar. O homem que se acostumou com a ideia de ser ‘provedor’ sente-se inseguro. Depois que percebe que a ajuda é justamente o apoio e a presença, ele passa a querer fazer parte do parto”, afirma.
“São muitos os homens que choram, a felicidade neste momento é enorme. A paternidade vem se formando ao longo de toda a gestação e tem o ápice no parto. Passar por isso faz com que os laços se fortaleçam”, diz César Fernandes, professor de ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC e presidente da comissão científica da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de SP. A experiência de 40 anos na área não fez com que ele deixasse de sentir frio na barriga quando acompanhou o nascimento dos seus três filhos e dos dois netos.
'Agora é para sempre'
A ‘mágica’ da paternidade aconteceu para Diogo Mantovani, 33, quando ele ouviu o choro do Marco Antônio, hoje com 1 mês, e cortou o cordão umbilical. “A hora em que eu ouvi o primeiro choro, eu senti: agora é para sempre”, contou.
“Eu mesmo cortei o cordão umbilical e pensei: estou te dando independência. Vai, meu filho, que a vida é sua, mas nós vamos cuidar de você”, falou Diogo, casado com Fabiana Okamoto Mantovani, que teve um parto hospitalar.
Para Vitor Goersch, 32, o envolvimento com Adriana Cardillo, 39, sua esposa, ficou mais forte após o nascimento de Laura, 2 meses, de parto cesariano.
“É um sentimento de gratidão profunda, porque se a Laura é a coisa mais incrível que já aconteceu na minha vida, minha esposa é a responsável por isso. Eu sinto um carinho muito forte por termos isso juntos”, fala.
Fonte: G1
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