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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fibromialgia: a dor que não passa.

A sensação é de ter sido atropelada: dói tudo e há um cansaço sem fim. E, pior, sob olhares de desconfiança por não ter “cara de doente” e os exames darem resultado normal. Mas é possível encontrar alívio para a fibromialgia, que ataca sobretudo as mulheres. O exercício é indispensável para a recuperação
“Os atingidos não conseguem precisar o local, dizem que ‘dói tudo’”, informa a reumatologista Evelin Goldenberg, autora do livro O Coração Sente, o Corpo Dói. A pessoa sente um cansaço inexplicável e um conjunto de sintomas. Um estudo da Sociedade Brasileira de Reumatologia, concluiu que as pacientes demoram, em média, dois anos e meio para buscar auxílio médico e cinco anos até obter o alívio de suas queixas. Durante todo esse tempo, peregrinam por consultórios, fazem dezenas de exames e se submetem a tratamentos ineficazes. 

Até 2010, o diagnóstico era positivo quando, dos 18 pontos espalhados pelo corpo pressionados pelo médico na consulta, pelo menos 11 doíam. O último Consenso Brasileiro de Fibromialgia, assinado por 27 especialistas naquele ano, diz que, além de observar a dor, é preciso avaliar o estado físico e emocional do paciente, bem como a presença de sintomas como fadiga, sono não reparador e perda de memória, por pelo menos três meses. Com a adoção dos novos critérios, a incidência no sexo masculino começou a subir. 

O tratamento consiste num pacote, que abrange orientação do paciente, medicamentos e exercícios. A psicoterapia pode ser útil quando o stress emocional tem peso considerável (indica-se a terapia cognitiva comportamental), bem como a meditação e a acupuntura. Há dois remédios específicos para aliviar a dor da fibromialgia. 

O antidepressivo duloxetina é prescrito para quem também tem depressão, enquanto o neuromodulador pregabalina é indicado para quem manifesta formigamento e distúrbios do sono. Para abrandar os demais sintomas, podem ser associados outros antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, fluoxetina), relaxantes musculares (ciclobenzaprina), indutores de sono (zolpidem) e analgésicos comuns (paracetamol) ou opiáceos leves (tramadol). Todos esses fármacos requerem supervisão médica. 

Um estudo publicado na Arthritis Care Research, uma das mais importantes revistas científicas de reumatologia, em fevereiro de 2013, acompanhou pacientes com fibromialgia que começaram com dez minutos de caminhada duas vezes por semana e após três meses caminhavam 30 minutos quatro vezes por semana. Houve melhora dacapacidade física e dos sintomas sem agravar a dor. 

A maioria também tomava remédios, o que mostrou que um programa bem estruturado à base de medicamentos e exercício regular pode controlar o distúrbio. “O exercício evita as contrações musculares (que provocam dor), fortalece, alonga e relaxa a musculatura, melhora o sono, a postura e a disposição, auxilia no controle da ansiedade e do peso e aumenta a autoestima”, enumera o fisioterapeuta Guilherme Henrique Barros Bogolenta, que atende numa clínica de reumatologia em São Paulo. 

Mas pessoas cansadas, cheias de dores e sedentárias tendem a resistir ao treino, temendo que ele intensifique o sofrimento. “Apesar de soar como remédio amargo no início, ele é necessário não para fazer do paciente um atleta, mas para ajudá-lo a superar a dor e voltar às atividades cotidianas”, avisa a fisioterapeuta Vivian Pasqualin, do grupo de apoio a pacientes com fibromialgia criado há dez anos na capital paranaense. “Agora é preciso entender que há um limite”, orienta. 

Os exercícios devem ser leves, progressivos, supervisionados e planejados para que a frequência, a duração e a intensidade aumentem de modo criterioso e individualizado. Do contrário, podem mesmo piorar o quadro. “É um projeto de longo prazo. Não para um mês ou dois, mas para a vida toda, como a reeducação alimentar”, compara a fisioterapeuta. Ainda mais se considerar que a fibromialgia pode voltar a incomodar quando menos se espera. Segundo Vivian, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. 

Conheça os sintomas:
Cansaço inexplicável - Comum em quase 90% dos pacientes, já é observado ao levantar e piora com qualquer esforço físico. 

Sono não reparador - Cerca de 70% dos pacientes apresentam sono leve, acordam várias vezes durante a noite e têm dificuldade para adormecer. 

Rigidez muscular matinal - É uma das sensações mais descritas (60%), seguida de formigamento em braços e pernas e sensação de inchaço (50%). 

Dores de cabeça recorrentes - Metade relata enxaqueca ou cefaleia tensional. 

Dor persistente, de moderada a grave - Começa numa área (pescoço, ombros, região lombar), sem causa aparente, depois se generaliza. Percebida como pontada, agulhada ou queimação, já incomoda pela manhã e piora no período pré-menstrual, no frio e em fases de stress. 

Intestino irritável - Pelo menos 34% apresentam dor e distensão abdominal e episódios alternados de diarreia e prisão de ventre. 

Cistite de repetição - Mais de 10% têm bexiga irritável, que se caracteriza por aumento na frequência de idas ao banheiro e dor ao urinar. 

Problemas Cognitivos - Perda da memória e dificuldade de concentração aparecem em 20% dos pacientes. distúrbios do humor. Além de irritabilidade e ansiedade, 25% dos portadores apresentam depressão no momento do diagnóstico.

Fonte: boa forma

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