Dado aparece no estudo Tolerância social à violência contra as mulheres, realizado pelo Ipea
Ao todo, 68,8% concordaram, total ou parcialmente, que o “homem deve ser a cabeça do lar”
RIO - “Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”. Ao ler essa afirmação em um questionário do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 58,5% dos 3.810 entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com a frase. O dado aparece no estudo Tolerância social à violência contra as mulheres, realizado pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social e divulgado nesta quinta-feira.
Realizada entre maio e junho de 2013, a pesquisa aponta ainda que 63% concordaram, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. Além disso, 89%, somando aqueles que concordaram totalmente e parcialmente, disseram concordar que “a roupa suja deve ser lavada em casa”. O percentual dos que acreditam que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” também foi alto: 82%.
No entanto, o estudo mostra também que 91% concordaram, total ou parcialmente, que “homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”. E 78% concordaram totalmente com a prisão para maridos que batem em suas esposas. A aparente contradição se desfaz, segundo a pesquisa, quando os entrevistados mostram que aderem “majoritariamente a uma visão de família nuclear patriarcal, ainda que sob uma versão contemporânea. Nessa visão, embora o homem seja ainda percebido como o chefe da família, seus direitos sobre a mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”. Ao todo, 68,8% concordaram, total ou parcialmente, que o “homem deve ser a cabeça do lar”. Ao mesmo tempo, 89% tenderam a discordar da afirmação “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”.
A pesquisa traz ainda informações sobre a percepção em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ao afirmar que “casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido”, 51,7% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, com a afirmação. Ao lerem a afirmação “Casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais”, 40,5% discordaram, total ou parcialmente. Segundo o estudo, os jovens apresentaram maior tolerância à homossexualidade. A religião também foi significativa: católicos só se mostraram intolerantes além da média no que toca à ideia de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os evangélicos, no entanto, foram o grupo mais intolerante à homossexualidade.
G 1
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